quarta-feira, 21 de outubro de 2015

SÍMBOLOS CRISTÃOS (I)

ROSA

Na arte cristã, a rosa vermelha é símbolo do martírio, a rosa branca constitui símbolo da pureza e uma grinalda de rosas é um símbolo da eterna alegria celestial. A rosa amarela (ou dourada) é o símbolo da perfeição. 

A rosa é um símbolo por excelência de Nossa Senhora; com efeito Maria é  a Rosa das rosas, Rosa Mística (como é invocada na Ladainha Lauretana), Rainha das Rosas, Nossa Senhora do Rosário, do latim Rosarium, que significa 'Coroa de Rosas'. O rosário pode ser considerado como uma coroa simbólica de rosas vermelhas, brancas e amarelas: os Mistérios Gozosos, que são relacionados com os acontecimentos felizes da vida de Maria seriam as rosas brancas; os Mistérios Dolorosos, aqueles relacionados com o sofrimento, seriam as rosas vermelhas e os Mistérios Gloriosos, relativos aos eventos triunfantes, são simbolizados por rosas amarelas ou douradas. 

Maria é a rosa sem espinhos, por ter nascido isenta do pecado original (na simbologia cristã, a rosa nascida no éden não tinha espinhos e passou a tê-los, uma vez transplantada à terra depois da queda de Adão e Eva, como uma memória perene pelos pecados cometidos pelo homem, mantendo, entretanto, a beleza e o aroma, como reflexos da perfeição do Paraíso). As rosas brancas de cinco pétalas fazem referência às cinco alegrias de Maria e às cinco letras do seu nome, sendo símbolo da Natividade, pois há brotar sempre no Natal, fechar-se como morta durante a Paixão e reflorescer triunfante na Ressurreição do Senhor.

CRAVO

Símbolo do amor puro e do verdadeiro amor maternal. Na simbologia cristã, a flor teria nascido das lágrimas derramadas por Maria ao seguir Jesus no caminho do Calvário. Por correlação direta, tornou-se o símbolo da fidelidade e do matrimônio cristão. Em outra simbologia, estas flores representam os cravos que pregaram as mãos e os pés de Cristo durante a Crucificação.

LÍRIO

O lírio constitui o símbolo da pureza e da natureza humana e divina de Cristo, da Virgem Maria e do homem: da semente aparentemente inútil, brota uma flor de beleza ímpar, ou seja, do corpo sepultado sem vida, nasce uma alma para a vida eterna. A flor-de-lis é um lírio estilizado, comumente composto por três pétalas, simbolizando a Santíssima trindade.

domingo, 18 de outubro de 2015

QUEM ESTARÁ À DIREITA OU À ESQUERDA DO SENHOR?

Páginas do Evangelho - Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum


A glória humana alimentava o pedido despropositado de Tiago e João, filhos de Zebedeu, feito a Jesus quando da sua derradeira subida a Jerusalém: 'Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!' (Mc 10, 37). Aqueles dois homens (que representam o conjunto de todos os demais apóstolos, que se 'indignaram' depois pela audácia deles), mais do que moldados pela graça, ainda estavam envoltos pela penumbra das glórias terrenas e, na dimensão dos poderes de um reino fictício no mundo dos homens, pleiteavam os postos mais elevados 'à direita e à esquerda' do Senhor.

Jesus vai prometer a ambos uma glória muito maior que qualquer poder concedido na escala dos homens. Os poderes e as glórias do mundo, por maiores que sejam, são instáveis e passageiros; Jesus tem a oferecer a eles heranças eternas. Na busca dos valores humanos, imperam a cobiça, a ambição, a disputa desenfreada por aplausos e pompas; a eternidade é moldada pelo recolhimento interior, pela oração e despojamento do ser, pela via do sofrimento e da dor: 'Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?' (Mc 10, 38).

Quando ambos afirmam que 'sim', estão sendo apenas suscetíveis à crença de superação de dificuldades passageiras. Não conseguem vislumbrar os eventos tão próximos da Paixão e Morte do Senhor, o drama do Calvário, tantas vezes mencionado e reafirmado por Jesus em outras ocasiões. Jesus vai, num primeiro momento, confirmar este 'sim': 'Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado' (Mc 10, 39). Com efeito, São João, o discípulo amado, acompanhou Jesus até o instante derradeiro da Paixão e Morte na Cruz; São Tiago foi o primeiro apóstolo a colher as palmas do martírio.

Mas, em seguida, Jesus os alerta que as moradas eternas estão destinadas àqueles forjados pela Santa Vontade do Pai: 'não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado' (Mc 10, 40). Na escala dos valores eternos, o maior é o que serve a todos, o posto mais alto será destinado ao que, por amor a Deus, tornar-se o menor entre os seus irmãos. A verdadeira glória passa pelo Calvário, por uma senda de dor e de sofrimento, e quem estará 'à direita ou à esquerda' de Jesus será aquele que viver e morrer, com maior semelhança, a própria vida e morte do Senhor: 'Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos' (Mc 10, 45). 

sábado, 17 de outubro de 2015

ANJOS E DEMÔNIOS (III): SANTA GEMMA GALGANI


Não admira que este vivo afeto, numa alma simples e ingênua, desse origem a uma familiaridade que pode parecer excessiva. Ao ouvir as conversas de Gemma com o seu querido Anjo, ao ouvi-la discutir vivamente para o levar a ter a sua opinião, dir-se-ia que se tratava com um igual. Eu mesmo a princípio fiquei admirado, adverti-a de que era mau o seu proceder e disse-lhe que era orgulhosa, pois levava a familiaridade até ao ponto de tratar por ‘tu’ a um espírito puro em vez de tremer diante dele. Para a experimentar, proibi que ultrapassasse certos limites. A donzela baixou a cabeça e respondeu com toda a humildade: 'Tendes muita razão, Padre; hei de corrigir-me. Daqui por diante direi sempre ‘vós’ ao Anjo; e quando me for dado vê-lo, testemunhar-lhe-ei grande reverência, conservando-me a cem passos atrás dele'.

Na primeira visita do celeste guarda, Gemma advertiu-o da norma de conduta: 'Tende paciência, querido Anjo, o Padre não está contente, preciso de mudar de procedimento'. E absteve-se de ultrapassar o limite marcado enquanto não levantei a proibição. Pela força do hábito, acontecia-lhe muitas vezes enganar-se e misturar o ‘tu’ com o ‘vós’, mas corrigia-se, mesmo em êxtase. Algumas vezes o Anjo não aparecia só, mas com outros espíritos celestes para fazerem alegre companhia à angélica irmãzinha. Logo que tive conhecimento disso, mostrei estar muito descontente e escrevi a Gemma dizendo, sempre para por à prova a sua virtude, que era tempo de acabar. Gemma respondeu: 'Na verdade, Padre, não compreendo nada disso. Os outros, quando estão a rezar, vêem o seu Anjo da Guarda. Se eu também o vejo, ralhais e afligi-vos. Mas ontem, dia em que eles se festejavam, despedi-os a todos. O meu não quis partir, nem o outro em que vos falei; ora que hei de eu fazer? Não vos zangueis outra vez, serei boa e obediente'.

A familiaridade de Gemma com o Anjo da Guarda era simples, espontânea, cheia de humildade, como testemunham as duas seguintes aparições, tomadas entre mil e contadas pela própria menina: 'Estava eu no leito, muito atormentada, quando me senti subitamente possuída de um profundo recolhimento. Juntei as mãos e com toda a força do meu fraco coração fiz o ato de contrição com uma viva dor dos meus inúmeros pecados. Estando o meu espírito absorvido pela lembrança das minhas ofensas, notei o Anjo junto do leito. Fiquei envergonhada de me ver em sua presença. Ele, ao contrário, com uma amabilidade cheia de encanto, disse-me: 'Jesus tem uma grande afeição por ti, ama-O muito'. Depois acrescentou: 'Amas a Mãe de Jesus? Envia-lhe muitas vezes as tuas saudações. Ela fica muito contente em as receber e nunca deixa de as retribuir. Se não o faz sempre sensivelmente, é para experimentar a tua fidelidade'. Abençoou-me e desapareceu'.

Outra visão: 'Enquanto fazia as minhas orações da noite, o Anjo da Guarda aproximou-se de mim e, batendo-me no ombro, disse: ‘Gemma, como é que tu levas tanto desgosto para a oração'? – 'Não é desgosto', respondi, 'há dois dias que não me sinto bem'. Ele continuou: ‘Faze o teu dever com cuidado e Jesus te amará mais'. Roguei-lhe que fosse pedir a Jesus permissão para passar a noite junto de mim. Desapareceu imediatamente e, obtida a permissão, voltou para o meu lado. Oh! Como se mostrou bom! Quando estava para partir, pedi-lhe que não me deixasse ainda. ‘Não posso', respondeu, 'é conveniente que eu vá’. – 'Está bem, ide', eu lhe disse, 'saudai a Jesus por mim'. Lançando-me um último olhar, acrescentou: ‘Não quero que tenhas conversações com as criaturas. Quando quiseres falar, fala com Jesus e com o teu Anjo da Guarda'.

Tal é, pouco mais ou menos, o gênero das outras aparições. Daqui se pode concluir como devia ser amada de Deus esta virgem que recebia a honra de ser assim visitada, assistida e dirigida por espíritos angélicos nos caminhos da santidade. Não lhe tenhamos inveja, porque também nós recebemos do mesmo Pai celeste um Anjo para nos guardar, e se formos, como Gemma, muito puros, muito humildes, simples de coração, cheios de fé e de santos desejos de perfeição, ele também nos cercará da mesma solicitude e do mesmo amor.

(...)

Diz-nos o Espírito Santo que satanás, nos últimos momentos da nossa vida, sabendo que tem pouco tempo para [nos] fazer mal, nos assalta com pérfidas tentações, como um leão que vê a presa prestes a escapar-lhe. Que supremos e furiosos ataques não devia dirigir contra a angélica donzela, a quem tinha perseguido durante toda a vida com ódio mortal, e procurado vencer ou ao menos desanimar com uma guerra sem tréguas! De outros santos se lê que, no fim dos seus dias, tiveram que suportar assaltos do demônio mais ou menos longos e terríveis, mas passageiros. Gemma, porém, suportou um ataque contínuo de sete meses, apenas interrompidos por curtos intervalos de trégua. O fato é aterrador, mas absolutamente certo, porque é unanimemente atestado por todas as pessoas que assistiram a jovem virgem durante a sua última doença. 

O espírito das trevas perturbava-lhe a imaginação com mil fantasmas próprios para encher o seu coração de tristeza, de ansiedades, de temor. O seu fim era levá-la ao desespero. Representava-lhe, sob os mais tétricos aspectos, o quadro de sua vida tão cheia de angústias, as desgraças da sua família, as privações de toda ordem; fazia-lhe passar por diante dos olhos os agentes da força pública indo, depois da morte de seu pai, acompanhados pelos credores, sequestrar os bens da sua casa, depois exclamava: 'Eis o resultado de todas as tuas fadigas no serviço de Deus'. Aproveitando o estado de extrema aridez espiritual em que, durante a maior parte do tempo, o Senhor a deixava para mais purificar a sua alma, o anjo das trevas empregava todos os artifícios para a persuadir de que estava irremediavelmente abandonada por Deus e que, de modo algum, escaparia à condenação. O tentador astucioso insinuava-lhe que as suas heróicas virtudes e mesmo os mais insignes favores divinos não eram mais que ilusão e hipocrisia. (...)

Procurou mais uma vez [o infernal inimigo] insultar o pudor virginal da santa menina. Sabia muito bem com que amor e cuidado este anjo tinha guardado, durante toda a vida, o casto tesouro, com que heroísmo tinha já sustentado, neste campo, lutas terríveis, coroadas sempre de triunfo, mas queria, senão alcançar uma vitória que julgava impossível, ao menos vingar-se das suas derrotas por meio daquelas tentações que sabia serem as mais próprias para encher de amargura os últimos dias da inocente pomba. 

O quarto da enferma pareceu então estar convertido num vestíbulo do inferno. Não eram pensamentos, imaginação, impulsos lascivos, aos quais não podia ser sensível uma alma daquela têmpera; eram aparições reais sob formas sempre novas e de um cinismo brutal. 'Padre, Padre, escrevia-me Gemma do seu leito de dor, este sofrimento é muito intenso para mim. Pedi a Jesus que o troque por qualquer outro. Enviai, mesmo de longe, maldições e esconjuros para afastar o velhaco do demônio, ou ordenai ao vosso Anjo da Guarda que venha afastá-lo para longe daqui'. 

Vencido em todos os campos, terminou por afligi-la com cruéis vexações exteriores. A enfermeira da Serva de Deus escrevia-me por várias vezes: 'Esta besta hedionda acaba-nos com a querida Gemma. Saio sempre de junto dela a chorar; este horrível demônio consome-a, e não vejo nenhum remédio a opor. São pancadas ensurdecedoras, figuras espantosas de animais ferozes; mata-a com certeza. Corremos em seu auxílio, lançando água-benta no quarto, o barulho cessa, mas para recomeçar pouco depois com mais raiva'.

Até onde o invisível inimigo do homem levou a crueldade para com a doce vítima! Gemma sentiu melhoras quanto à dificuldade de ingerir os alimentos. Satanás, porém, estava de atalaia; logo que apresentavam a comida à doente, parecia-lhe coberta de insetos repugnantes, de tudo quanto possa imaginar-se de nojento. Perante a repugnância do estômago, era forçoso retirar tudo. Animais repelentes, reais ou imaginários, entravam-lhe no leito, iam-lhe para o corpo e torturavam-na de mil maneiras, sem que se pudesse ver livre deles. Dizia muitas vezes à irmã enfermeira, com acentos de terror, que sentia uma serpente a envolvê-la da cabeça até aos pés e procurando sufocá-la. 

Pediu muitas vezes que se fizessem exorcismos mas, como julgassem que não deviam atender aos seus pedidos, ela mesma, voltando-se para o inimigo com o rosto inflamado, exclamou: 'Espíritos perversos, ordeno-vos que entreis no lugar que vos está destinado, aliás, desgraçados de vós! Acuso-vos ao meu bom Deus'.” Depois, voltada para a sua Mãe Celeste, começou a dizer: 'Minha Mãe, encontro-me em poder do demônio que me fere, me flagela, trabalha por me arrancar das mãos de Jesus. Não, não, Jesus, não me abandoneis, ser-vos-ei fiel. Ó minha Mãe, pedi a Jesus por mim. De noite, estou só, cheia de terror, oprimida e como que ligada em todas as potências da alma e em todos os sentidos do corpo, sem me poder mexer. Viva Jesus'!

De tempos a tempos, o Divino Mestre vinha reanimar-lhe a coragem e sossegá-la, fazendo-lhe sentir a sua doce presença e dizendo-lhe algumas palavras: 'Minha filha, por que é que, em vez de te entristeceres com as perseguições do inimigo, não aumentas a tua esperança em Mim? Humilha-te sob a minha poderosa mão, não te deixes abater pelas tentações. Resiste sempre, sem desânimo, e, se a tentação perseverar, persevera também na resistência; a luta levar-te-á à vitória'. 

Outras vezes era o Anjo da Guarda que vinha confortá-la. Mas estes momentos felizes duravam pouco, em breve a sua alma recaía nas trevas e o tentador aparecia de novo, mais furioso que nunca. Deste modo se passavam, para a pobre donzela, os dias, as semanas, os meses. Que exemplo admirável de resignação e que motivo de salutar receio para nós, que não temos os méritos de Gemma, na hora terrível da morte!

Excertos da obra 'Gema Galgani, Virgem de Luca', do Pe. Germano de Santo Estanislau, tradução do Pe. Matos Soares, 1923).

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

15 DE OUTUBRO - SANTA TERESA DE ÁVILA


Terceira dos nove filhos do segundo casamento de Alonso Sanchez Cepeda e Beatriz D'Ávila y Ahumada, Teresa nasceu em 28 de março de 1515 na cidade medieval de Ávila, na região de Castela (Espanha). Inteligente e extremamente afável, desenvolveu desde muito cedo um espírito de intensa oração e vida interior que a levaria, antes dos 20 anos, a ingressar no Convento da Encarnação das Carmelitas onde vivenciou fenômenos místicos extraordinários, como a transverberação de seu coração por um Serafim e o 'desposório místico' com Cristo.

Superando doenças e provações diversas, transformou-se, então, na grande reformadora da Ordem dos Carmelitas, a partir de 1562, quando passou a aplicar à mesma as regras formais dos antigos conventos, impondo o rigor das orações, do silêncio completo e de meditações contínuas. Neste modelo, fundou vários outros conventos e, junto com São João da Cruz, o ramo masculino dos Descalços. Seus escritos e obras expressam a singular inspiração mística de sua vida interior e a poesia de sua intimidade espiritual com Cristo.  

Em 1582, durante uma viagem a Alba de Tormes, seu estado de saúde piorou rapidamente e a santa teve a certeza que era chegada a hora de sua morte. Ao receber os últimos sacramentos do Pe. Antônio de Heredia, ergueu-se de repente do leito exclamando: 'Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!' e, em seguida, pronunciou sua última frase: 'Morro como filha da Igreja'. Eram 9 horas da noite do dia 4 de outubro de 1582. Uma vez que, exatamente no dia seguinte efetuou-se a mudança para o calendário gregoriano com a supressão de dez dias do mesmo, a data de sua celebração é comemorada no dia 15 de outubro.

Suas relíquias repousam ainda em Alba de Tormes. Teresa foi beatificada pelo Papa Paulo V em 1614 e canonizada por Gregório XV em 1622. O Papa Paulo VI, em 27 de setembro de 1970, proclamou Santa Teresa de Ávila como Doutora da Igreja.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

SOBRE O PECADO MORTAL

Antes de passar adiante, quero dizer-vos que considereis o que será ver este castelo tão resplandecente e formoso (que é a alma), esta pérola oriental, esta árvore de vida que está plantada nas mesmas águas vivas da Vida, que é Deus, quando cai em pecado mortal. Não há trevas mais tenebrosas, nem coisa tão escura e negra que ela o não esteja muito mais. Basta saber que, estando até o mesmo sol, que lhe dava tanto resplendor e formosura no centro de sua alma, todavia é como se ali não estivesse, para participar d'Ele, apesar de ser tão capaz de gozar de Sua Majestade, como o cristão o é para nele resplandecer o sol. Nenhuma coisa lhe aproveita; e daqui vem que todas as boas obras que fizer, estando assim em pecado mortal, são de nenhum fruto para alcançar glória; porque, não procedendo daquele princípio que é Deus, do qual vem que a nossa virtude é virtude, e apartando-nos d'Ele, não pode a obra ser agradável aos seus olhos; porque, enfim, o intento de quem faz um pecado mortal, não é contentar a Deus, senão dar prazer ao demônio o qual, como é as mesmas trevas, assim a pobre alma fica feita de uma mesma treva.

Eu sei de uma pessoa a quem Nosso Senhor quis mostrar como ficava uma alma quando pecava mortalmente. Diz aquela pessoa que lhe parece que, se o entendessem, não seria possível que alguém pecasse, ainda que se pusesse nos maiores trabalhos que se possam pensar para fugir das ocasiões. E assim, deu-lhe um grande desejo de que todos o entendessem. Assim vo-lo dê a vós, filhas, de rogar a Deus pelos que estão neste estado, todos feitos uma escuridão, e tais são suas obras; porque, assim como duma fonte muito clara, claros são os arroiozinhos que dela emanam, assim é uma alma que está em graça, pois daqui lhe vem serem suas obras tão agradáveis aos olhos de Deus e dos homens, porque procedem desta fonte de vida, onde a alma está como uma árvore plantada; nem ela teria frescura e fruto, se não lhe viesse dali; é isto que a sustenta e faz com que não seque, e que dê bom fruto. Assim a alma que, por sua culpa se aparta desta fonte e se transplanta a outra de uma negríssima água e de muito mau odor, tudo o que dela sai é da mesma desventura e sujidade.

É de considerar aqui que a fonte e aquele sol resplandecente que está no centro da alma, não perde seu resplendor e formosura, que está sempre dentro dela, e não há coisa que lhe possa tirar a sua formosura. Mas, se sobre um cristão que está ao sol, se pusesse um pano muito negro, claro está que, embora o sol dê nele, a sua claridade não fará o seu efeito no cristal.

Ó almas remidas pelo Sangue de Jesus Cristo! Entendei-vos e tende dó de vós mesmas! Como é possível que, entendendo isto, não procureis tirar este pez deste cristal? Olhai que, se a vida se vos acaba, jamais tornareis a gozar desta luz. Ó Jesus! O que é ver uma alma apartada dela! Como ficam os pobres aposentos do castelo! Que perturbados andam os sentidos, que é a gente que vive neles! E as potências, que são os alcaides, mordomos e mestres-salas, com que cegueira, com que mau governo! Enfim, como onde está plantada a árvore é o demônio, que fruto pode dar?

Ouvi uma vez a um homem espiritual, que não se espantava do que fazia quem está em pecado mortal, mas sim do que não fazia. Deus, por sua misericórdia, nos livre de tão grande mal, que não há outra coisa, enquanto vivemos, que mereça este nome de mal, senão esta; pois acarreta males eternos para sempre. É disto, filhas, que devemos andar temerosas e o que temos de pedir a Deus em nossas orações; porque, se Ele não guarda a cidade, em vão trabalharemos, pois somos a própria vaidade.

Dizia aquela pessoa que tinha aproveitado duas coisas da mercê que Deus lhe fez: uma, um temor grandíssimo de o ofender, e assim sempre lhe andava suplicando que não a deixasse cair, vendo tão terríveis danos; a segunda, um espelho para a humildade, vendo que, coisa boa que façamos, não tem seu princípio em nós mesmos, mas naquela fonte onde está plantada esta árvore das nossas almas, e neste sol que dá calor às nossas obras. Disse que se lhe representou isto tão claro que, em fazendo alguma coisa boa ou vendo-a fazer, acudia ao seu princípio e entendia como, sem esta ajuda, não poderíamos nada; e daqui lhe procedia ir logo a louvar a Deus, e, habitualmente, não se lembrava de si em coisa boa que fizesse.

(Excertos da obra 'Castelo Interior', de Santa Teresa de Ávila)

PALAVRAS DE SALVAÇÃO



'Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria. Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como a lama. Amei-a mais que a saúde e a beleza, e quis possuí-la mais que a luz, pois o esplendor que dela irradia não se apaga. Todos os bens me vieram com ela, pois uma riqueza incalculável está em suas mãos' (Sb 7, 7 - 11).

terça-feira, 13 de outubro de 2015

ANJOS E DEMÔNIOS (II): SANTA GEMMA GALGANI


Um dos dogmas mais consoladores da nossa crença é o dos Anjos Custódios. Depois do pecado original, o homem, enfraquecido e miserável, tinha necessidade de auxílio e conselho para andar pelo caminho do bem e atingir o fim para que foi criado. Em sua misericórdia infinita e paternal ternura, o Senhor veio em auxílio dos pobres filhos de Eva que queria salvar, colocando-os sob a proteção dos Anjos, ministros da Sua Corte Celeste. Cada um de nós é assistido por um destes puros espíritos, que chamamos com razão 'o nosso bom Anjo'. Toma-nos pela mão, logo que entramos na vida, para não mais nos deixar durante a nossa peregrinação pelo mundo. 'Eis', diz o Senhor, 'que Eu envio o meu Anjo para ir adiante de ti, para te proteger no caminho e introduzir no lugar que te preparei'.

Se Deus provê com solicitude as necessidades de todas as suas criaturas, tem um particular cuidado com as eleitas que, como Ele mesmo diz, lhe são tão queridas como as meninas dos seus olhos e, entre os escolhidos, tem ainda preferências. Daí resultam os diferentes graus de importância da missão misericordiosa dos Anjos Custódios. Estando Gemma predestinada para um grau muito elevado de glória e felicidade celeste, era natural e conforme à sabedoria divina que o anjo proposto para a guardar tivesse com ela um cuidado muito especial. A graça que já se manifestava nesta alma ditosa por fenômenos tão prodigiosos, ia aumentar de um modo não menos prodigioso com a assistência do seu bom Anjo.

Quem não conhecesse pelos Sagrados Livros a tocante história de Tobias e pela hagiografia cristã a sua frequente repetição na vida dos santos canonizados, seria tentado talvez a supor exagerados os detalhes maravilhosos que vou referir. Mas o Senhor prodigaliza todos os dias aos seus filhos bens muito preciosos sem que ninguém se lembre de lhe dizer: 'por que Vos mostrais tão bom'? Gemma estava admiravelmente preparada para os favores do seu Anjo pelas mais belas virtudes: inocência, pureza, candura, simplicidade de criança, e, acima de tudo, uma fé muito viva que lhe deixava ver quase a descoberto os mistérios da eternidade. Com certeza o espírito celeste devia encontrar na sua feliz protegida alguma semelhança com a natureza angélica que lhe permitia, sem se rebaixar muito, conservar com ela relações familiares. O mais maravilhoso neste suave comércio era a presença sensível e quase contínua do Anjo da Guarda.

Gemma via-o com os olhos do corpo, tocava-o com as mãos, como se fosse uma pessoa viva, conversava com ele como com um amigo. Escrevia-me o seguinte: 'Há seis dias que não vejo Jesus. Ele porém não me deixou completamente só; o Anjo da Guarda conserva-se sempre visível junto de mim'. Com que fervor dava graças a Deus por este benefício, e testemunhava ao espírito protetor o seu reconhecimento! 'Se alguma vez for má, querido Anjo', lhe dizia ela, 'não te zangues. Quero mostrar-te a minha gratidão'. – 'Sim', respondia o celeste guarda, 'serei teu guia e teu companheiro inseparável. Não sabes quem te confiou à minha guarda? Foi o misericordioso Jesus'. A estas palavras a santa menina, não podendo conter os sentimentos da sua alma, perdia os sentidos e entrava em êxtase na companhia do seu Anjo. O que se passava então ela mesma o conta por estas simples palavras: 'Permanecíamos ambos com Jesus. Oh! Se estivésseis conosco Padre...'. 

Permanecer com Jesus era mergulhar-se, com o espírito e o coração, no oceano imenso da Divindade para aí aprender e contemplar inefáveis mistérios. De ordinário, Gemma e o Anjo da Guarda passavam os seus colóquios a orar juntamente ou a louvar o Altíssimo. Os Anjos, segundo um santo Doutor, deleitam-se em assistir às almas em oração. O arcanjo Rafael disse ao velho Tobias que durante as suas orações ele mesmo as oferecia secretamente ao Senhor. Que objeto de complacência devia ser para o seu Anjo da Guarda esta admirável menina cujo coração, como a lâmpada do Santuário, velava sempre diante do seu Deus com extraordinária vivacidade de fé? Gostava de lhe aparecer, uma vezes ajoelhado ao seu lado, outras elevado da terra, com as asas abertas e as mãos estendidas sobre ela, ou juntas na atitude de orar. Recitavam alternadamente as orações vocais e os salmos, e, se diziam jaculatórias, 'era' [ele], segundo as próprias palavras de Gemma, 'quem com mais força exclamava: Viva Jesus! Bendito seja Jesus! E outras afetuosas aspirações'.

Nas horas de meditação, o Anjo infundia-lhe no espírito luzes altíssimas, dava ao seu coração suaves e fortes impulsos para que o santo exercício fosse perfeito, e, como a Paixão do Salvador era quase sempre o assunto da meditação, descobria-lhe os seus profundos mistérios. 'Considera', dizia ele, 'quanto Jesus sofreu pelo homem, considera uma por uma estas chagas. Foi o amor que as abriu todas. Vê quão horrível é o pecado cuja expiação custou tanta dor e tanto amor'. Estes belíssimos pensamentos iam ferir o coração da donzela como outros tantos raios de luz e de fogo. Tendo assistido pessoalmente muitas vezes às orações e às meditações de Gemma e do seu Anjo da Guarda, pude convencer-me, só pelas minhas observações exteriores, da realidade de todos os detalhes que ela me dava depois do exercício nas suas comunicações de consciência.

Notei igualmente que todas as vezes que ela levantava os olhos para o Anjo a fim de o ouvir ou lhe falar, mesmo fora da oração, perdia o uso dos sentidos. Nesses momentos, podia-se picar, queimar sem que a sua sensibilidade fosse despertada. Mas vinha a si logo que afastava os olhos do Anjo ou cessava o colóquio. Este fenômeno renovava-se infalivelmente em cada uma das suas comunicações celestes, por mais próximas que fossem. Sempre e por toda a parte, no meio das ocupações, no caminho, mesmo à mesa, o Anjo esta à disposição de Gemma e Gemma à disposição do Anjo. Nenhum sinal exterior manifestava os seus santos colóquios, exceto a absoluta imobilidade da vidente e o brilho sobrehumano do seu olhar. Bastava tocá-la para nos convencermos, em atenção à sua insensibilidade, que estava fora dos sentidos e em relações com o sobrenatural. Estes colóquios respiravam muitas vezes a maior simplicidade, e a familiaridade do Anjo só tinha igual na do Arcanjo Rafael com o jovem Tobias.

'Dizei-me, meu Anjo', interrogava a donzela, 'o que tinha esta manhã o meu confessor para ser tão severo e recusar ouvir-me? E o Padre, responderá de Roma à carta urgente em que lhe peço uma regra de conduta sobre tal ponto? Dize-me, meu querido Anjo, quando é que Jesus me converterá este pecador por quem me interesso? Que devo responder a tal pessoa que me pede conselho? E o que vos parece de mim? Jesus está contente? Como poderei agradar-Lhe'? O Anjo, acomodando-se com uma encantadora condescendência a esta ingenuidade algo tanto importuna, respondia a tudo. E os acontecimentos não tardavam a mostrar a origem sobrenatural das respostas. Seria preciso um volume para referir estas diversas comunicações, mas talvez me fosse preciso um outro para defender a sua realidade, tão extraordinárias parecem muitas vezes e tão difíceis de aceitar pelo racionalismo contemporâneo.

Pode dizer-se, de um modo geral, que o Anjo da Guarda era para Gemma um segundo Jesus. Ela expunha-lhe as suas necessidades e as dos outros, queria-o incessantemente junto de si durante os seus temores e sobretudo durante as lutas contra o infernal inimigo; confiava-lhe diversas mensagens para Deus, para a Virgem Santíssima, para os santos seus advogados, dava-lhe até cartas fechadas e lacradas com destino a um ou outro destes advogados, pedindo-lhe que a seu tempo trouxesse a resposta, e a maravilha é que estas cartas eram levadas realmente por um ser invisível. Depois de ter tomado todas as precauções para me certificar da intervenção de uma causa sobrenatural no seu desaparecimento, vi que me devia convencer de que, neste ponto, como em outros não menos prodigiosos, o Céu, para assim dizer, queria brincar com uma menina, cuja simplicidade lhe era tão querida.

Muitas vezes encarregava o Anjo da Guarda de um negócio particular perante alguma pessoa deste mundo, e qual não era a sua admiração quando não via chegar a resposta! 'E não obstante', escrevia ela, 'há já tantos dias que vo-lo mandei dizer pelo Anjo; como não fizeste caso? Ao menos podíeis mandar-me dizer por ele que não era vossa intenção ocupar-vos deste negócio. Em todo o caso não vos zangueis, insisto de novo por meio deste carta'.

Deste modo o mensageiro celeste encontrava-se constantemente preparado para o serviço desta jovem virgem de inefável candura. Além disso, prestava-se de bom grado a todos os seus desejos, acudia, mesmo sem ser invocado, ao menor perigo, à menor necessidade; refreava a audácia do demônio, sempre pronto a maltratar a sua protegida, e algumas vezes lutava para tirá-la das suas mãos brutais. Eis alguns fatos relativos a esta assistência: uma vez, estando à mesa ainda em casa de seus pais, uma das pessoas presentes, deixando-se levar pelos maus costumes do nosso tempo, proferiu uma blasfêmia contra o adorável Nome de Deus. Logo que Gemma a ouviu perdeu os sentidos com a dor e ia a cair da cadeira; antes, porém, que batesse com a cabeça no chão, o Anjo a acudiu e com uma só palavra dita ao coração fez-lhe retomar imediatamente os sentidos. Por outra vez, perdida na contemplação, encontrava-se ainda na igreja, sendo já tarde; o Anjo advertiu-a e na volta acompanhou-a, sob uma forma visível, até à porta de casa.

Um dia o demônio tinha-lhe batido tão cruelmente no momento da oração da noite que a pobre menina ficou impossibilitada de se mover. O Anjo da Guarda ofereceu-lhe o seu auxílio, ajudou-a a subir para o leito e pôs-se de guarda à cabeceira. O Anjo avisava-a em muitas circunstâncias em que a sua vida podia correr perigo e indicava-lhe as precauções a tomar. Sem a sua intervenção, por mais de uma vez teria sido vítima de algum acidente, tão pouco era o cuidado que tinha de si. Um dia disse-lhe [o Anjo] em tom de amável censura: 'Pobre pequena, como és imperfeita; tenho de velar continuamente por ti'.

A missão dos Anjos Custódios tem como objeto principal os interesses espirituais das almas. Eles devem ser, segundo os desígnios da Providência, instrumentos de santificação para nos conduzir pelos caminhos difíceis da virtude. O Anjo de Gemma não perdia uma ocasião de a repreender, de a aconselhar e mesmo de a instruir por ensinamentos cheios de celeste sabedoria, que a menina conservou em parte nas relações que enviava ao diretor espiritual. Uma vez, para que não se perdesse uma sílaba, o Anjo fez-lhe escrever alguns destes ensinamentos que ia ditando. Por sua ordem, Gemma sentou-se à mesa, tomou a pena e o papel, enquanto que ele, de pé a seu lado, como um professor junto do aluno, começava: 'Lembra-te que aquele que ama verdadeiramente a Jesus fala pouco e sofre tudo. Ordeno-te, da parte de Jesus, que nunca digas a tua opinião, se não te for pedida, que nunca sustentes o teu sentimento, mas que cedas depressa. Quando cometeres qualquer falta, acusa-te imediatamente sem ser preciso que outros te avisem. Obediência pontual e sem réplica ao teu confessor, sinceridade com ele e com os outros; não te esqueças de guardar a vista, lembrando-te que os olhos mortificados contemplarão as belezas do Céu'.

O santo Anjo sabia usar de rigor com a sua discípula; não lhe deixava passar nenhuma imperfeição e corrigia-a sem piedade, a ponto dela me dizer: 'O meu Anjo é um pouco severo, mas sinto-me bem com isso. Nos últimos dias chegou a repreender-me três a quatro vezes por dia'. Parece até que o vigilante guarda saiu dos justos limites em uma ocasião: 'Ontem', escrevia-me Gemma, 'durante a refeição levantei os olhos e vi o Anjo lançar-me olhares severos, não falava. Mais tarde ,quando fui repousar, olhei outra vez para ele, mas baixei a vista depressa; meu Deus como estava irritado'! Disse: ‘Não tens vergonha de cometer faltas em minha presença?’ Lançava-me alguns olhares tão severos... eu não fazia senão chorar. Supliquei a Deus e a minha celeste Mãe que o tirasse de diante de mim, pois não podia resistir mais. De quando em quando repetia: ‘Envergonho-me de ti.’ Pedi para que ninguém o veja neste estado, pois os que o vissem com certeza não quereriam mais aproximar-se de mim. Sofri um dia inteiro, não pude recolher-me um só momento; o seu aspecto permanecia tão severo que eu não tinha coragem para lhe falar. Ontem de noite não consegui adormecer até que, finalmente, pelas duas horas da manhã, o vi aproximar-se; pôs-me a mão sobre a fronte dizendo: ‘Dorme, má.’ E não o vi mais'.

Não se pode dizer quanto fruto tirava deste magistério angélico a santa menina, sempre sedenta de virtude e de santidade. Atenta ás menores palavras do Anjo, cumpria de todo o coração as penitências que ele muitas vezes impunha, para ver se lhe agradava. 'Repugnava-me muito', dizia-me ela, 'andar a dizer ao meu confessor certas coisas, como o Anjo me ordenava por penitência; todavia obedeci e, logo de manhã, violentando-me, corri a dizer-lhas. Depois desta vitória sobre mim mesma, o Anjo, muito contente, tornou-se bom para mim'. Gemma amava este guarda tão dedicado pelo bem da sua alma. Tinha constantemente o seu nome nos lábios como no coração. 'Querido Anjo', dizia ela, 'quanto vos amo'! – 'E por quê'? perguntava ele. – 'Porque me ensinais a ser boa e a conservar-me na humildade'.

Excertos da obra 'Gema Galgani, Virgem de Luca', do Pe. Germano de Santo Estanislau, tradução do Pe. Matos Soares, 1923).