quinta-feira, 30 de maio de 2013

30 DE MAIO - SANTA JOANA D'ARC


Jeanne D'Arc nasceu em 6 de janeiro de 1412, na aldeia de Domrémy-la-Pucelle (na região da Lorena francesa). Descendente de camponeses analfabetos, apresentou-se, ainda adolescente e em trajes masculinos diante do rei da França Carlos VII, como a enviada por Deus para comandar as tropas francesas para a libertação da cidade de Orleans, então dominada pelos ingleses (os monarcas ingleses dominavam desde o século XI vários territórios franceses e a chamada Guerra dos Cem Anos, que durou na verdade 116 anos (1337 - 1453), foi o conflito sangrento travado entre os dois países, movidos pelo desejo francês de recuperar os territórios perdidos para a Inglaterra). Em face de vários eventos sobrenaturais, tal missão foi concedida e Orleans foi libertada em 9 de maio de 1429. Esta vitória recendeu a esperança das tropas francesas que conseguiram, em seguida, a retomada de vários outros territórios e que culminou com a coroação do rei francês em Reims, em 17 de julho de 1429. 

(coroação do rei Carlos VII e Joana D'Arc à frente das tropas francesas)

No dia 23 de maio de 1430, em Compiègne, Joana D' Arc foi aprisionada e vendida aos ingleses, a preço de ouro. Presa em Rouen, foi julgada numa farsa de processo e condenada à morte na fogueira por heresia. Foi queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas 19 anos de idade, após ter recebido os sacramentos da confissão e da comunhão. Suas cinzas (além do coração que, ao contrário do resto do corpo, permaneceu intacto e cheio de sangue) foram lançadas no Rio Sena, por ordem dos ingleses, para evitar quaisquer cultos futuros de suas relíquias. A revisão da condenação e a invalidação do processo que a julgou ocorreram já na época do Papa Calisto III (1455-1458), mas somente quase quinhentos anos depois, em 1920, é que Joana d'Arc foi canonizada pelo Papa Bento XV e hoje é venerada como a santa padroeira da França.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

DA VIDA ESPIRITUAL (51)




Teu caminho de santificação está delineado diante do teu coração manso e humilde e de tuas palavras de discípulo: 'Senhor, eis aqui o meu propósito: que o meu sim seja sim, que o meu não seja não e, entre o meu sim e o meu não, esteja tudo o me pedes!'

terça-feira, 28 de maio de 2013

ABERRAÇÕES LITÚRGICAS (II)

Os Sacerdotes e ministros de meu Filho, por causa de sua má vida, pelas suas irreverências e por sua impiedade ao celebrar os santos mistérios, pelo amor ao dinheiro, por amor às honras e aos prazeres, converteram-se em cloacas de impureza. Sim, os Sacerdotes provocam a vingança e a vingança pende sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e pessoas consagradas a Deus que, pelas suas infidelidades e má vida, crucificam meu Filho de novo! Os pecados das pessoas consagradas a Deus clamam ao céu e atraem vingança, e eis que a vingança está às portas, porque já não se encontra ninguém para implorar misericórdia e perdão para o povo. Já não há almas generosas, já não há ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Eterno pelo mundo.
(Nossa Senhora de La Salette)




Arcebispo Giancarlo Bregantini María, membro da Comissão Pontifícia para o Clero e a Vida Consagrada, Arquidiocese de Campobasso-Bojano/Itália)

(Bispo John Ford - Plymouth/EUA)

Aberrações Litúrgicas (postagens anteriores)

UMA ORAÇÃO MARIANA DO SÉCULO III

Um pequeno fragmento de papiro (nomeado Ryl. III, 470), com medidas de 18 x 9,4 cm e muito deteriorado, datado provavelmente do século III, encontrava-se desde 1917 na Biblioteca John Ryland, em  Manchester (Inglaterra). O texto em grego foi editado pela primeira vez em 1938, ainda sem identificação, sendo traduzido, então, no ano seguinte, por F. Mercenier, que, intercalando letras gregas no texto perdido, verificou-se tratar de uma antiga oração mariana, conhecida e recitada ainda hoje. A tradução é a seguinte:





Sob a tua misericórdia nos refugiamos, Mãe de Deus!
Não deixes de considerar as nossas súplicas em nossas dificuldades, 
Mas livra-nos do perigo,
Única casta e bendita!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

GALERIA DE ARTE SACRA (V)

A arte barroca teve origem na Itália no século XVII e rapidamente propagou-se para outros países da Europa, chegando à América trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista.

A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidades do chamado 'ciclo do ouro' em Minas Gerais, ao longo do século XVIII. O principal representante do barroco mineiro foi o escultor Antônio Francisco de Lisboa, conhecido como Aleijadinho. Sua obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil. Outros artistas importantes do barroco brasileiro foram o pintor mineiro Manuel da Costa Ataíde e o escultor carioca Mestre Valentim. Na Bahia, o estilo barroco destacou-se na decoração das igrejas em Salvador como, por exemplo, de São Francisco de Assis e a da Ordem Terceira de São Francisco.

(Igreja de São Francisco de Assis - Salvador/Bahia)

(Retábulo da Basílica de Nossa Senhora do Carmo - Recife/Pernambuco)

(Interior da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência no Rio de Janeiro)

(Teto da Nave da Igreja de São Francisco de Assis - Ouro Preto/Minas Gerais)

(Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Ouro Preto/Minas Gerais)

(Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Ouro Preto/Minas Gerais)

(Basílica de Nossa Senhora do Pilar - Ouro Preto/Minas Gerais)

domingo, 26 de maio de 2013

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE


O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de conhecimento e de amor. Pois, desde toda a eternidade, o Pai, conhecendo-se a Si mesmo com conhecimento infinito de sua essência divina, por amor gera o Filho, Segunda Pessoa da Trindade Santa. E esse elo de amor infinito que une Pai e Filho num mistério insondável à natureza humana se manifesta pela ação do Espírito Santo, que é o amor de Deus por si mesmo. Trindade Una, Três Pessoas em um só Deus.

Mistério dado ao homem pelas revelações do próprio Jesus, posto que não seria capaz de percepção e compreensão apenas pela razão natural, uma vez inacessível à inteligência humana:  'Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele (o Espírito Santo) receberá e vos anunciará, é meu' (Jo 16, 15). Mistério revelado em sua extraordinária natureza em outras palavras de Cristo nos Evangelhos: 'Em verdade, em verdade vos digo: O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vir fazer o Pai; porque tudo o que fizer o Pai, o faz igualmente o Filho. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que ele faz (Jo 5, 19-20) ou ainda 'Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho (Mt 11, 27). Nosso Senhor Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito homem, sob duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana. Enquanto homem, Jesus teve as três potências da alma humana: inteligência, vontade e sensibilidade; enquanto Deus, Jesus foi consubstancial ao Pai, possuindo inteligência e vontade divinas.

'Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo'. Glórias sejam dadas à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Neste domingo da Santíssima Trindade, a Igreja exalta e ratifica aos cristãos o  maior dos mistérios de Deus, proclamado e revelado aos homens: O Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho (Conselho de Florença, 1442).

sábado, 25 de maio de 2013

HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (VIII)

O Padre Jonas não se sentia nada satisfeito naquela paróquia minúscula no fim do mundo. Nada daquilo batia com as suas pretensões e anseios do seminário. Rezara a sua primeira missa há coisa de menos de um ano e viera para aquela vila para iniciar a sua caminhada pela salvação das almas. E Deus não teria pra ele maiores desígnios? Afastou o mau pensamento que não lhe era peculiar, mas a insatisfação o perseguia no trajeto até a fazenda de Zé Miguel, afastada da vila. Lembrou-se do homenzarrão, velho fazendeiro, chamado quase sempre por Miguelão. A sua fazenda podia ser avistada de longe, no final da trilha sinuosa da estrada cortando a planície de planura quase indivisível. Era a sua segunda vinda à fazenda, naquele março final das temporadas de chuvas. 

Ah, meu São José! O que tinha sido aquilo? A chuva não tinha sido nada demais, mas e a ventania? O ar enraivecido e em turbilhão frenético passara zumbindo pelas janelas da casa paroquial como um furacão de outros mundos, para arrebentar por completo o telhado da Igreja de Nossa Senhora das Graças, no alto da pequena colina, uns cem metros acima da casa paroquial. O que tinha sido aquilo? Nem uma telha fora do lugar na casa paroquial ou em qualquer outra casa da vila, mas um desastre completo na igreja. Aceitara sem maiores delongas a explicação, pelos 'ventos altos' que atingiram apenas as partes elevadas da vila, que se limitavam à pequena colina da igreja e a cumeada alongada da fazenda dos Bartos. Mas, e a preservação quase milagrosa só do altar e da imagem de Nossa Senhora?

O velho Barto, homem de posses mais avantajadas de toda a região, perdera tudo: a casa, o celeiro, o curral, o pomar, a plantação. O padre acabara de ver o cenário de guerra do que antes certamente deveria ter sido o paraíso; a fúria do vendaval parecia ter concentrado todas as suas forças em destruir aquele local e transformar todo o trabalho humano de uma geração em pó e escombros. E, além dali, só a igreja. Que coisa mais estranha... O Padre Jonas olhava agora o horizonte desenhado à sua frente, sob o céu ainda nublado, e como a paisagem era diferente: nenhuma destruição, nenhum sinal da fúria da natureza; coisa dos 'ventos altos' sem dúvida.

Miguelão estava de pé, à sua espera, ao abrigo da varanda espaçosa da casa. Não era um homem religioso, disso sabia o padre que viera da primeira vez para convidá-los à igreja, sem qualquer retorno. Mas era preciso tentar fazer a enorme tarefa que lhe havia caído em mãos: reconstruir a igreja da vila. Encostou o carro evitando o gramado bem cuidado, cumprimentou o fazendeiro e a mulher, agradeceu o café oferecido e foi direto ao assunto, explicando os acontecimentos da noite anterior, os 'ventos altos', a destruição da igreja, a necessidade de reconstrução, o pedido de ajuda. Contou que nada tinha acontecido na vila, mas que estava vindo da fazenda dos Bartos e que a mesma tinha sido totalmente destruída, até o ponto de não sobrar coisa alguma e como o desespero tomara conta da família mais abastada da região...

'E a imagem de Nossa Senhora das Graças?' a pergunta irrompeu do velho fazendeiro, enquanto a sua mulher levava a mão à boca assustada e tremendo. O padre ficou por instantes emudecido, diante da pergunta inesperada e algo descontextualizada da realidade dos fatos. 

'A imagem foi preservada integralmente, assim como o altar; foram as únicas coisas que restaram da igreja.' O padre notou a profunda emoção que envolveu o homem. ' Mas por que o senhor fez essa pergunta?'

O velho fazendeiro apoiou-se melhor na cadeira, olhou para a mulher em palpos de aflição, e respondeu, com voz pausada e tomada de emoção:

'Padre, há 40 anos, eu e o Bartolomeu, que todos chamam Barto, disputamos a ferro e a fogo a posse das terras da colina da Fazenda das Missões. Eram as melhores terras da região, terras de ninguém, e que tinham sido transferidas em data remota ao povo da vila com o objetivo de se construir lá, no terreno mais alto, uma igreja dedicada à Nossa Senhora das Graças. Mas eu as queria para mim e Barto ainda mais do que eu. E as disputamos por meses, com intrigas e todas as maquinações possíveis, ludibriando o bom e velho pároco local, o padre Amâncio, com promessas e concessões nunca realizadas até a morte dele. Na minha loucura pela riqueza fácil, ofereci a imagem de Nossa Senhora das Graças para a igreja que seria construída. Enganamos facilmente o padre que o sucedeu e que só queria ir embora o mais rápido daqui e trocamos a igreja de lugar. Mas, quando me dei por mim, as terras já estavam passadas para as mãos do Barto, muito mais esperto do que eu. Possesso de raiva e de desdém, vim morar aqui, afastado da vila, de todos, da igreja. Já com o Padre Anselmo, Bartolomeu fez a sua manipulação final e vendeu, como obra de grande caridade sua, a construção da igreja. 

Padre Jonas, há quarenta anos tenho sido consumido por sentimentos e desejos de ódio e de vingança, ansiando pela morte e maldição de Bartolomeu e de sua família. Há quarenta anos, anseio a oportunidade de retomar o que sempre achei que deveria ter sido meu e que agora teria todas as chances do mundo para fazê-lo. Nesta minha loucura, arrastei minha esposa e meus filhos e os isolei da igreja e de quaisquer valores espirituais. Mas com Deus não se brinca. E Deus nos cumula de tanta misericórdia que espera pacientemente a nossa conversão, mesmo que um dia, como hoje, tenha de usar a força do seu braço poderoso'. 

As lágrimas escorriam livres pelos olhos do velho homem e da sua mulher, agora apoiada em seus joelhos, que tentava em vão conter os soluços. Afastou-a delicadamente, beijando-lhe a fronte e, pondo-se de pé, fez um testemunho de fé definitivo:

'Vamos corrigir o passado e fazer um novo recomeço. Vamos reconstruir a igreja onde for possível e a Fazenda das Missões. Mas vamos reconstruir primeiro os templos ruídos de dois homens maus. Por favor, padre, vamos agora à casa do Bartolomeu para um reencontro definitivo entre dois filhos afastados de Deus. E, depois disso, receba a minha confissão e a de todos da minha família. Mas vamos logo, padre, que Nossa Senhora das Graças já esperou quarenta anos pela minha conversão...'