quinta-feira, 14 de março de 2013

SEM TEMPO PARA DEUS

Hoje, 14 de março, é dia de Santa Matilde (895 - 14/03/968), uma santa da alta nobreza e mãe de cinco filhos que pregava incessantemente a necessidade do homem 'ter tempo para Deus'.

Esta é a história de um homem que nunca achou tempo para Deus: 

1. Quando criancinha, quiseram ensiná-lo a rezar, mas alguém objetou: ‘É muito cedo para ele pensar em Deus. Não compreende nada ainda.' 

2. Quando era menino, acharam que seria bom mandá-lo para o catecismo, mas relevaram: 'É muito cedo ainda para esta criança preocupar-se com Deus.' 

3. Quando ficou jovem, as paixões humanas foram facilmente sobrecarregando os seus valores morais e religiosos (estes últimos, bem facilmente, já que não tivera nenhum). 'Deus? Depois eu penso em Deus, pois  tenho uma vida inteira pra curtir'.

4. Formado, trabalhou feito um condenado na ânsia cada vez maior de ter e poder. Deus era apenas uma abstração longínqua. 'Estou muito cansado para pensar em Deus.' 

5. Homem maduro, casado, com família, a resposta vinha fácil e taxativa: 'Estou muito ocupado para pensar em Deus.' 

6. No limiar da velhice, a resposta era sempre inconclusiva e adiada. 'Trabalhei muito e mereço descansar. Deus pode esperar mais um pouco.'

7. Em idade avançada, não tinha mais tempo pra quaisquer concessões e propósitos. 'Não me preocupo. Deus sabe o que eu fiz na vida'.

8. Morto, não tinha mais o tempo que sempre tivera, mas teria agora a eternidade pra pensar porque perdera Deus.
(autor desconhecido, adaptado)


Santa Matilde, rogai por nós!

quarta-feira, 13 de março de 2013

HABEMUS PAPAM

266: Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Bergoglio



Qui sibi nomen imposuit Francisco

DA VIDA ESPIRITUAL (45)



Filho, guarda com profundo louvor ao Pai a dádiva imensa deste coração inquieto: que ele não se escravize sob o joio das paixões humanas, que não se embriague com os prazeres do mundo, mas que seja campo fértil onde floresçam os tesouros da graça, que as traças não corroem e que a ferrugem não desgasta.

domingo, 10 de março de 2013

PAI DE MISERICÓRDIA

Neste Quarto Domingo da Quaresma, São Lucas nos mostra um das páginas mais belas dos Evangelhos, que é a parábola do filho pródigo. Que poderia muito bem ser a parábola da verdadeira conversão. Ou, com muito mais correção e sentido espiritual, a parábola do pai de misericórdia. Três personagens: o filho mais velho e o filho mais novo que, em meio às dolorosas experiências da vida humana, se reencontram  no grande abraço da misericórdia do pai.

Com a parte da herança que lhe cabe, o 'filho mais novo' opta pelo caminho fácil e tortuoso dos prazeres e vícios humanos, dos instintos insaciados, do vazio do mal. E esbanja, na via dolorosa do pecado, os bens que possuía: a alma pura, o coração sincero, os nobres sentimentos, a fortuna da graça. E, a cada passo, se afunda mais e mais no lodo das paixões humanas desregradas, da vida consumida no nada. Mas, eis que chega o tempo da reflexão madura, da conversão sincera, do caminho de volta ao Pai: 'Pequei contra ti; já não mereço ser chamado teu filho' (Lc 15, 18-19). 

O pai nem ouve as palavras do filho pródigo; no abraço da volta, somente ecoa pelos tempos a misericórdia de Deus: 'Haverá maior alegria no Céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não necessitem de arrependimento' (Lc 15, 7). Diante do filho que volta, um coração de misericórdia aniquila a justiça da razão: 'Trazei depressa a melhor túnica para vestir o meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés.' (Lc, 15, 22). Como as talhas de água que se tornam vinho, a conversão verdadeira apaga e aniquila o mal desejado e consumido outrora: na reconciliação de agora desfaz-se em pó as misérias passadas de uma vida de pecado.

O 'filho mais velho' não se move por igual misericórdia e se atém aos limites difusos da justiça humana. Na impossibilidade absoluta de compreender o júbilo do pai com o filho que volta, faz-se vítima e refém da soberba e do orgulho humano: 'tu nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos' (Lc, 15,29).  O filho mais novo, que estava tão longe, está lá dentro outra vez. E o filho mais velho, que sempre lá esteve, recusa-se agora a entrar na casa do pai. Tal como no caso do primeiro filho, o pai de misericórdia vem, mais uma vez, buscar a ovelha desgarrada no filho mais velho que está fora e não quer entrar. Porque Deus, pura misericórdia, quer salvar a todos os seus pobres filhos afastados de casa e espera, com paciência e amor infinitos, a volta dos filhos pródigos e a volta dos seus filhos que creem apenas na justiça dos homens.

sábado, 9 de março de 2013

NO CAMINHO DA VIA ESPIRITUAL

'Deus comunica à alma o seu ser, de tal sorte que a pessoa parece ser Deus mesmo. Poder-se-ia dizer que a alma mais parece ser Deus do que alma.' (Santa Teresa). 

Leônidas, a caminho do martírio, beijou o coração do filho Orígenes, dizendo: 'Aqui mora Deus!' O mesmo Orígenes escreveu: 'Ó cristão, tu és um céu e tu irás ao céu!'

'Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Tal foi o sonho do Criador: contemplar-se em sua obra, ver aí brilharem todas as suas perfeições.' (Beata Isabel da Trindade). 

'Congratulemo-nos e demos graças a Deus, pois nos tornamos não somente cristãos e, sim, Cristo.' (Santo Agostinho). 

'Permanecer pequena é reconhecer o seu nada e esperar tudo de Deus. É não se afligir demais com as próprias faltas. Significa não se atribuir a si mesmo as virtudes que pratica. É não desanimar com as próprias falhas; afinal, as crianças caem muito.' (Santa Teresinha). 

'Eu não tenho mais nenhum desejo a não ser o de amar Jesus até à loucura.' (Santa Teresinha). 

'Deus não te proíbe amar as criaturas, mas só de afeiçoar-te a elas como última felicidade. Podes apreciá-las e louvá-las para amar o Criador.' (Santo Agostinho). 

'Ao entardecer da vida sereis julgados sobre o amor!' (São João da Cruz). 

'Quando o homem pensa em Deus, sente doce emoção no coração, o que demonstra que Deus é o Deus do coração humano. O amor é a bandeira do exército das virtudes: todas estas vêm enfileirar-se atrás dela.' (São Francisco de Sales). 

'A oração do justo é a chave do céu. Sobe a prece, desce a misericórdia. E por sua bondade excessiva, o Senhor dá sempre mais do que foi pedido.' (Santo Agostinho). 

'Quem reza se salva; quem não reza se condena. Todos os condenados se perderam por não rezar.' (Santo Afonso). 

'Deus dá a graça da fé, mas a da perseverança só dá aos que rezam.' (Santo Agostinho). 

'Há dias em que a gente vai à oração como à guerra; outras vezes como ao baile.' (São Nicolau de Flue). 

'Os dois pés, com os quais caminhamos na via da perfeição, são mortificação e amor a Deus. Aquele é o pé esquerdo; este, o direito.' (Santa Teresa).

'Quanto mais abraçamos a cruz, mais abraçamos Jesus'. (Beato Charles de Foucauld). 

'O monge não tem o oficio de doutor, mas o de penitente, chorando sobre o mundo e sobre si mesmo.' (São Jerônimo). 

'Nosso coração nunca se farta, porque o bem infinito não tem limites.' (São Gregório de Nissa). 

GALERIA DE ARTE SACRA (IV): CATACUMBAS CRISTÃS

(O Bom Pastor, mausoléu de Galla Placidia, Ravena, Itália, início do século V d.C.)

 (Jonas sendo atirado ao mar, catacumbas de Marcelino e S. Pedro, Roma, século IV)

   (Outra figura do Bom Pastor, locação desconhecida)

  (Cristo com barba, 380 d.C.)

 (Nossa Senhora e o Menino Jesus, locação desconhecida)

sexta-feira, 8 de março de 2013

POEMAS PARA REZAR (IX)


NO TE RINDAS (NÃO TE RENDAS)

(Mário Benedetti, poeta uruguaio, 1920 - 2009)

No te rindas,
aún estás a tiempo
De alcanzar y comenzar de nuevo,
Aceptar tus sombras,
Enterrar tus miedos,
Liberar el lastre,
Retomar el vuelo.

Não te rendas, 
ainda tens tempo
de conseguir e começar de novo.
Aceitar tuas sombras
enterrar teus medos,
libertar o lastro
retomar o voo.

No te rindas que la vida es eso,
Continuar el viaje,
Perseguir tus sueños,
Destrabar el tiempo,
Correr los escombros,
Y destapar el cielo.

Não te rendas, que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir teus sonhos,
destravar o tempo,
Remover os escombros,
e desvelar o céu.

No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se esconda,
Y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma
Aún hay vida en tus sueños.

Não te rendas, por favor não cedas,
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se esconda,
e se cale o vento,
ainda há fogo em tua alma
ainda há vida em teus sonhos.

Porque la vida es tuya y tuyo
también el deseo
Porque lo has querido
y porque te quiero
Porque existe el vino y el amor,
es cierto.
Porque no hay heridas
que no cure el tiempo.

Porque a vida é tua e teu 
também o desejo.
Porque o tens querido
e porque te quero.
Porque existe o vinho e o amor,
 é certo.
Porque não há feridas
 que o tempo não cure.

Abrir las puertas,
Quitar los cerrojos,
Abandonar las murallas
que te protegieron,
Vivir la vida y aceptar el reto,
Recuperar la risa,
Ensayar un canto,
Bajar la guardia
y extender las manos
Desplegar las alas
E intentar de nuevo,
Celebrar la vida y retomar los cielos.

Abrir as portas,
Remover os ferrolhos,
Abandonar as muralhas
que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio
recuperar o riso,
ensaiar uma canção
baixar a guarda 
e estender as mãos,
distender as asas
e tentar de novo,
Celebrar a vida e retomar os céus.

No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se ponga
y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma,
Aún hay vida en tus sueños

Não te rendas, por favor não cedas,
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se esconda,
e se cale o vento,
ainda há fogo em tua alma
ainda há vida em teus sonhos.

Porque cada día
es un comienzo nuevo,
Porque esta es la hora
y el mejor momento.
Porque no estás solo,
porque yo te quiero..

Porque cada dia
 é um novo começo,
porque esta é a hora
e o melhor momento.
 Porque não estás só, 
porque eu te quero...