domingo, 22 de março de 2020

COMO REZAR A SANTA MISSA


Jesus Cristo veio ao mundo para nos oferecer a Cruz. O sacrifício de Nosso Senhor foi o maior ato de caridade que já ocorreu na história da humanidade: 'Não há amor maior do que dar a sua vida por aqueles que você ama' (Jo 15,13). O Sacrifício de Nosso Senhor está no coração da Igreja, no coração de nossas almas, no coração da nossa salvação. Nós temos que participar deste sacrifício para a salvação de nossas almas. 

Nada pode substituir o sacrifício da cruz. A missa é a continuação da cruz; o propósito de Nosso Senhor foi o de continuar a sua cruz por meio do Santo Sacrifício da Missa até o fim dos tempos. E devoção alguma pode substituir o Santo Sacrifício da Missa, porque esta devoção foi criada, manifestada e desejada diretamente por Nosso Senhor Jesus Cristo pelos séculos dos séculos. Consideremos pois que:

1. A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo que, sob as espécies do pão e do vinho, se oferece pelas mãos do sacerdote a Deus sobre o altar. É, portanto, a renovação incruenta do sacrifício da Cruz. 

2. A Santa Missa é o único ato de adoração digno de Deus na Terra; o único modo de ação de graças digno de Deus; o único desagravo digno da justiça divina por nossas ofensas; o único ato de impetração suficiente e superabundante para todas as graças que o Bom Deus quiser nos conceder. 

3. A Santa Missa é o ato principal da nossa Santa Religião e a ação mais augusta da Igreja, pois é a renovação real do fato mais estupendo da terra: o Sacrifício da Cruz. 

4. A Santa Missa é a melhor devoção que um cristão pode ter; a que mais agrada a Deus; a que mais alivia as almas do purgatório; a que mais graça nos alcança do Céu. 

5. A Missa é geralmente subdividida em quatro partes: 

I. Desde o princípio até o Evangelho, unimo-nos a Jesus agonizante no Horto e se louvam a Bondade e a Misericórdia de Deus. 

II. Do Ofertório até a Elevação, unimo-nos a Jesus flagelado e coroado de espinhos, e damos graças a Deus por todos os benefícios recebidos, sobretudo pela benefício da Redenção. 

III. Da Consagração até a Comunhão, unimo-nos a Jesus agonizante e morto na Cruz, e pedimos perdão das próprias culpas. 

IV. Da comunhão até o fim, unimo-nos a Jesus depositado no Sepulcro e pedimos, pela sua Paixão e Morte, as graças que precisamos para nossa Salvação. 

Métodos para rezar com máxima devoção a Santa Missa

I - Método de São Francisco de Sales

1. Desde o começo da Missa até o padre subir ao altar, faze com ele a preparação que consiste em te apresentares a Deus, em confessares a tua indignidade e em pedires perdão de teus pecados. 

2. Depois de subir o padre ao altar, até ao Evangelho, considera a vinda e a vida de Nosso Senhor neste mundo, lembrando-te delas com uma representação simples e geral. 

3. Do Evangelho até depois do Credo, considera a pregação de Nosso Senhor; protesta-lhe sinceramente que queres viver e morrer na fé, na prática de sua palavra divina e na união da santa Igreja Católica. 

4. Do Credo ao Pai Nosso, aplica o teu espírito à meditação da paixão e morte de Jesus Cristo, as quais se representam atual e essencialmente neste santo sacrifício, que oferecerás em união com o padre e com todo o povo a Deus, o Pai de misericórdia, para sua glória e nossa salvação. 

5. Do Pai Nosso à comunhão, excita teu coração, por todos os modos possíveis, a querer ardentemente unir-se a Jesus Cristo pelos laços mais fortes do eterno amor. 

6. Da comunhão ao final da Missa, agradece a divina majestade por sua encarnação, vida, paixão e morte e também pelo amor que nos testemunhou neste santo sacrifício, conjurando-o por tudo isso a ser propício a ti, a teus parentes e amigos e a toda a Igreja e, ajoelhando-te em seguida com profunda humildade, recebe devotamente a bênção que Nosso Senhor te dá na pessoa de seu ministro. 

II - Método de Santo Afonso Maria de Ligório

Antes da Missa começar

Fazei, Senhor, que participemos deste santo sacrifício com a mesma fé e o mesmo amor que tiveram os Apóstolos, quando assistiram à sua instituição e também com o mesmo espírito de sacrifício e de reparação que teve a Santíssima Virgem Maria, quando assistiu, ao pé da Cruz, à paixão e morte de seu divino Filho. Dai-nos a graça de morrermos para nós mesmos, para vivermos unicamente da vida divina, que Jesus nos vai comunicar na Sagrada Comunhão. E seja assim, a Santa Missa, a nossa passagem duma vida de pecado para a vida da graça; duma vida imperfeita para a de perfeição. Amém. 

Às Orações ao Pé do Altar

Jesus entra no Horto de Getsêmani... Vai começar a Sua Paixão! Geme, suspira e exclama: 'A minha alma sofre uma tristeza mortal'. Ele vê todos os pecados... Também os meus. Vê a série de todos os tormentos que lhe estão preparados... os flagelos... os espinhos... os cravos... e a Cruz! 

Ao Confiteor 

A sua santíssima Humanidade fica aterrada e pede ao Eterno Pai que afaste o cálice da sua Paixão... Mas o Pai não lhe perdoa e condena-o à morte. Jesus desfalece, cai por terra e sua sangue. Ó Jesus, quão ingrato e cruel fui para convosco que tão bom e amável fostes para comigo! Os meus pecados traspassaram o vosso santíssimo Coração e abriram uma larga ferida, donde manou o Sangue precioso que banha a vossa face adorável e corre por terra. Oh! Perdoai-me, pela Vossa infinita misericórdia!  

Ao Beijo do Altar 

Jesus, sabendo que os seus inimigos vêm para o prender, levanta-se da oração e vai ao seu encontro. Judas imprime um ósculo de traição na face do Senhor e assim entrega o seu Mestre, o seu Benfeitor. Também eu, ó Jesus, tenho imitado, e por muitas vezes, esse apóstolo ingrato! Tende piedade de mim, Senhor, e dai-me a graça de vos ser fiel até a morte. 

Ao Introito, Kyrie e Gloria 

Jesus é preso e arrastado ao tribunal de Anás e ali recebe uma cruel bofetada na sua face divina! Em seguida é levado a Caifás. Confessa a sua divindade e, em vez de adoração, recebe insultos, bofetadas e escarros! Ó Jesus, eu vos agradeço o amor que me tendes e que vos obriga a sofrer tanto por mim. Fazei que eu também sofra, por vosso amor, as afrontas e as contrariedades da vida.

À Oração da Coleta 

Jesus é levado à presença de Herodes. Não responde às acusações, nem às perguntas. Uma palavra só bastaria para declarar a sua inocência e para transformar os insultos em aplausos. Mas Ele cala-se! Ó Sabedoria infinita, dai-me a graça de desprezar a sabedoria do mundo e seguir a loucura da Cruz! 

À Epístola 

Jesus é julgado inocente, mas condenado à flagelação e ao suplício dos escravos! Vê como prendem o Cordeiro divino a uma coluna, como lhe despem as roupas... Como ligam-lhe estreitamente as mãos... Como levantam ao alto os flagelos! Ouve os golpes, os escárnios dos algozes, os gemidos da vítima! O Corpo de Jesus primeiramente torna-se lívido, depois abre-se em mil feridas e o sangue corre abundante a banhar as mãos dos algozes, a coluna e a terra... Jesus sofre um martírio indizível e oferece ao Eterno Pai cada ferida do seu Corpo e cada gota do seu Sangue, em expiação dos meus pecados. Finalmente os algozes cansam e Jesus cai por terra, sem alento e banhado no seu sangue. Ó Jesus, a que estado vos reduziram os meus pecados! Se eu não tivesse pecado, vós não teríeis padecido tanto! Pesa-me, Senhor, de vos ter ofendido e proponho, com a vossa graça, não mais vos ofender. 

Ao Evangelho

Jesus está reduzido todo a uma chaga! Todavia os algozes não estão satisfeitos. Levantam da terra a Vítima divina e cobrem-lhe os ombros chegados com um pedaço de púrpura; põem-lhe na cabeça uma coroa de espinhos agudíssimos! Os espinhos rasgam a pele, a carne, as veias e o sangue sai das feridas abertas e banha os cabelos, os olhos, a boca de Jesus. Depois, ajoelham, por escárnio, diante dele, cospem-lhe na face, esbofeteiam-no e, arrancando-lhe das mãos a cana, dão-lhe com ela na cabeça cercada de espinhos. Jesus sofre. Cala-se e ama! Ó Jesus, pelos méritos dos vossos martírios, criai em mim um coração puro, humilde, mortificado!

Ao Credo

Jesus, nesse estado de dor e de agonia, é apresentado ao povo. O amoroso Salvador passou a sua vida fazendo sempre o bem. Mas o povo rejeita-o e pede a sua morte! Ó meu Jesus, as vossas humilhações não me escandalizam, antes vos tomam mais estimado e mais querido ao meu coração. Creio que sois o Senhor do Paraíso, gerado, desde a eternidade, no seio do Divino Pai, cheio de graça, de verdade e de amor. Se esse povo ingrato vos rejeita, eu vos adoro e reconheço por meu Salvador e meu Rei. Reinai sobre a minha inteligência e sobre o meu coração!

Ao Ofertório 

Jesus é condenado à morte. Nós merecíamos a morte eterna no inferno e o Filho de Deus, para nos salvar, sujeita-se à morte, e à morte da Cruz! Levanta ao céu os olhos, banhados em lágrimas e sangue e oferece ao Divino Pai o sacrifício de sua vida. Ó meu Jesus, como sois bom! Eu me ofereço todo a vós, para ser uma vítima imolada no altar do vosso amor. Aceitai este sacrifício e dai-me a graça para não faltar às minhas promessas. 

Ao Lavabo 

O Filho de Deus abraça, com imensa ternura, o seu patíbulo e, encaminhando-se para o Calvário,  vacila a cada passo e cai por terra! As feridas reabrem-se. Os algozes enfurecem-se e, com blasfêmia e golpes, levantam o Cordeiro Imolado. Depois, Jesus encontra sua Mãe, a sua pobre e dileta Mãe!

Ao Prefácio 

Novos martírios para o seu Coração amantíssimo! Mais além, uma piedosa mulher limpa a face de Jesus. Finalmente, depois de uma viagem dolorosa, Jesus chega ao Calvário. Ó meu Jesus, dai-me força e coragem para levar a cruz das minhas tribulações até o fim da minha vida! 

Ao Sanctus 

Chegando ao Calvário, Jesus é despido, com violência, de suas roupas entranhadas ao seu Corpo lacerado. Renovam-se as dores... corre mais sangue... O Salvador, por ordem dos algozes, estende-se sobre a cruz e apresenta as mãos e os pés para serem pregados. Os algozes pregam terríveis cravos nas mãos e nos pés do Salvador. Os cravos rasgam a pele, rompem as veias, traspassam a carne. Quanto sofre o nosso Bom Jesus! Ó meu Deus, por que amastes tanto os pecadores ingratos? Acabada esta obra de sangue, levantam ao alto a cruz e a deixam cair na cova preparada! Que doloroso abalo! Ó Jesus, atraí-me ao vosso Santíssimo Coração, para que eu chore sempre os meus pecados e os vossos sofrimentos. 

À Elevação da Hóstia 

Eu vos adoro, ó Corpo Divino de Jesus, todo lacerado, para expiar os meus pecados! Eu vos adoro, ó chagas sacratíssimas, testemunho do amor infinito do meu Salvador e penhor da minha felicidade eterna!. Eu vos amo, ó Jesus amantíssimo, meu Senhor e meu Deus, e prometo amar-vos sempre por toda a eternidade! 

À Elevação do Cálice 

Eu vos adoro, ó Sangue preciosíssimo do meu Jesus, derramado com tanta generosidade para expiar os meus pecados! Ó Sangue inocente, subi em perfume de suavidade ao trono do Altíssimo, aplacai a sua cólera e, transformado em orvalho de graça e em fogo de amor, descei sobre a minha alma, para purificar das suas culpas e consumi-la nas chamas de vossa caridade... 

Depois da Elevação do Cálice

O Redentor está agonizante sobre a Cruz. Não encontra o menor alívio naquele leito de dores. Os espinhos penetram-lhe, cada vez mais, na cabeça e os cravos rasgam feridas nas mãos e nos pés. Como Jesus sofre! A estas dores do corpo, juntam-se as desolações do espírito! A ruína da cidade deicida... a ingratidão dos homens... a perda de tantas almas... são outros tantos espinhos que laceram o Coração amantíssimo de Jesus! Ó como jesus sofre!

Ao Nobis Quoque Peccatoribus

Jesus levanta os olhos para o Céu e pede perdão e misericórdia para os seus algozes. Que bondade! Ó Jesus, também eu fui um dos algozes, pois vos causei tantos desgostos e martírios com os meus pecados! Pedi também por mim, e o vosso Pai me perdoará. Depois, Jesus promete o Paraíso a um criminoso que lhe tinha pedido a sua lembrança! Ó meu adorado Redentor, os meus pecados são grandes, mas a vossa misericórdia é infinita. É nessa misericórdia que eu tenho sempre confiado... Lembrai-vos de mim, Senhor, agora e sobretudo na hora terrível da minha morte Que felicidade a minha se, nesse momento, ouvir da vossa boca aquelas palavras que dirigistes ao criminoso arrependido: 'Hoje estarás comigo no Paraíso!'. 

Ao Pai Nosso

Ó Jesus, vós sois o meu Pai! Depois de me terdes criado, infundis a vossa graça na minha alma, elevando-a a uma vida sobrenatural e tornando-a semelhante à vossa essência. Mas quantos sofrimentos, quanto sangue vos está custando a minha felicidade! E, como se todas essas finezas não satisfizessem o vosso amor, dai-me por Mãe a vossa própria Mãe! Jesus é meu Pai, porque verte por mim tanto sangue, Maria é minha Mãe, porque derrama por mim tantas lágrimas! Bendito o meu Jesus, que, na hora da morte, me constitui filho da mais pura, da mais santa, da mais amável de todas as criaturas! 


Ao Agnus Dei 

Jesus é o amparo, a consolação de todos os que sofrem. Mas Ele, agonizado no patíbulo da Cruz, não encontra o menor lenitivo! Se o Pai o consolasse! Mas o Pai, vendo-o oprimido pelos pecados do mundo inteiro, abandona-o à raiva dos inimigos! Jesus queixa-se amorosamente deste abandono e exclama: 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?'. Ó Jesus, por esse tormento que amargurou e feriu o vosso Coração amantíssimo, não me desprezeis na vida, não me desampareis, sobretudo, na hora da minha morte! Jesus tem sede... sede de outros sofrimentos... sede do meu amor, da salvação da minha alma! Meu adorado Redentor, quero dar-vos refrigério na sede ardente que devora o vosso Coração. Vós desejais o meu amor! Renuncio a todos os bens miseráveis e mundanos, para não amar senão a vós, que sois tão amável e tão amante da minha alma! 

À Comunhão 

A grande obra da Redenção está acabada. Jesus entrega a sua alma nas mãos do Pai. Os seus olhos obscurecem-se e o Coração amoroso bate com lentidão; a cabeça inclina-se, como para dar aos pecadores o ósculo do perdão e da misericórdia... E, assim, o Senhor do Céu e da Terra, o nosso amado Redentor, abandonado por Deus e escarnecido pelos homens, solta o último suspiro e morre!... Jesus morreu. Um Deus morreu por mim! Ó meu Jesus, quanto vos devo! Que seria de mim se não tivésseis expiado, com a vossa Paixão, a morte que mereço, como pecador, e uno-a desde já à vossa morte dolorosíssima. Naquele momento terrível, tende piedade de mim! 

Às Abluções e Últimas Orações 

O Corpo do Redentor é descido da Cruz. Maria estende os seus braços, com imenso desvelo, e recebe o seu Filho, não belo e cândido como em Belém, mas todo ferido e desfigurado... E, chorando amargamente, inclina-se sobre o seu Jesus morto. Pobre Mãe! Ó Maria, fui eu que dei a morte a Jesus e causei tão acerbas dores ao vosso Coração. Perdoai-me, pelo Sangue do vosso dileto Filho e impetrai-me a graça de amar a Deus e a de perseverar neste amor até o fim da minha vida. 

Ao Último Evangelho

Jesus é encerrado num sepulcro. A sua aniquilação não podia ser mais completa! É o Deus imenso que enche o Céu e a terra, mas aqui está completamente escondido! O Deus vivo que comunica a vida a tudo o que se move, aqui é um Deus morto e sepultado! Oh! Quem levou um Deus a descer a tanta humilhação?O amor! Seja sempre bendito, amado e glorificado o vosso Coração, ó Dulcíssimo Jesus! Fazei, ó meu Deus, que eu morra para o mundo, para as criaturas, para mim mesma, e só viva no doce remanso desse tão amável Coração. Assim, a uma vida de recolhimento, de piedade e de amor, sucederá a glória da ressurreição e a luz da bem-aventurança eterna. Amém.