sexta-feira, 31 de março de 2017

CORAÇÃO DE JESUS: MISTÉRIO DOS TEMPOS FINAIS

Deus tudo faz oportunamente. Sua sabedoria tem brilhado ao lado de sua misericórdia, dando à Igreja o divino tesouro do Coração de Jesus em tempos em que esta mais havia de necessitá-lo. O mesmo Salvador disse primeiro à Santa Gertrudes, e depois à beata Margarida Maria: 'Meu divino Coração está destinado para os últimos tempos'.

Não há que duvidar: todos os sinais indicados pelo Filho de Deus no Evangelho de São Mateus (capítulo XXIV) reúnem-se, acumulam-se, por assim dizer, com espantosa evidência: a fé diminui e se apaga em muitos; o Evangelho tem sido pregado em quase todas as partes; todas as sociedades cristãs têm apostatado; guerras horríveis, lutas de povo contra povo, de nação contra nação, fazem abalar o mundo; brotam milagres de todas as partes; um conjunto extraordinário de profecias, muitas delas indubitavelmente autênticas, unem-se a um secreto instinto das almas santas. Finalmente, os três mistérios que parece devem servir de refúgio à Igreja de Deus nas supremas tribulações, o mistério da infalibilidade do Papa, o da Imaculada Conceição de Maria, o do Sagrado Coração de Jesus, dominam a tempestade universal levantada contra tudo o que é católico, dando aos verdadeiros fiéis firmeza na fé e na obediência, a graça da inocência necessária para o triunfo, e o dom de uma caridade, de uma misericórdia e de uma reparação absolutamente divinas. Tudo nos indica a proximidade mais ou menos imediata destes 'últimos tempos' preditos pelo Deus do Sagrado Coração.

Em tempos precedentes, para cada novo mal o Salvador tirava um remédio saudável 'do tesouro de seu Coração'; mas, em nosso tempo, em que todas as negações e todos os males antigos vêm concentrando-se, unindo-se estreitamente sob a bandeira da revolução e do anticristianismo, Jesus se digna abrir-nos e dar-nos todo inteiro esse mesmo Coração, esse precioso tesouro, com tudo o que contém. É o último esforço de seu amor; o remédio supremo universal.

Sim, o Sagrado Coração é o que necessita a Igreja nos tempos extraordinários. Para grandes males, grandes remédios; para um mal extremo, há que lhe aplicar o remédio mais eficaz. A Europa cristã está gangrenada até o coração; para evitar, pois, a morte, é preciso que os fiéis se lancem a buscar a vida em sua fonte, penetrando no Coração do Rei dos céus. Quanto mais penetrarmos, com mais verdade poderá dizer-se: 'Não há salvação fora do Coração de Jesus'. Vislumbram-se os fins admiráveis da Providência ao retardar a manifestação do Sagrado Coração para finais do século XVII, para aquela época em que Satanás haveria de suscitar Voltaire, Rousseau, a franco-maçonaria, o ateísmo filosófico, a Revolução propriamente dita, ou seja, a grande rebelião da sociedade contra a Igreja, do homem contra o Filho do homem, da terra contra o céu.

Ao terminar o século XVII, a heresia quis destruir, na teoria e na prática, o Sacramento do amor e, por conseguinte, o amor mesmo, o amor santo e confiado que nasce da Comunhão. Aos fariseus dos últimos tempos, Jesus opõe a revelação de seu Coração adorável, transbordando doçura e humildade, fonte inesgotável de ternura, de caridade, de misericórdia, de verdadeira santidade e de verdadeiro amor. A impiedade no século XVIII levanta um grito satânico, grito de guerra contra Jesus Cristo: 'esmaguemos o infame' e, com sofismas, com sua propaganda infernal e universal, perturbam as inteligências. Que fará Jesus Cristo? Ele, que fez o homem e que o conhece, vai direto a seu coração e o manifesta sob sua forma mais poderosa, mais íntima, mais sedutora: como soberano Amor. Entrega-lhe seu Coração divino; e, pelo coração, lhe arranca às mortais seduções do entendimento. Com efeito, nada mais forte do que o amor; e pela revelação de seu Sagrado Coração Jesus se fará amar. Admirável ardil de guerra!

Há mais! Aquelas grandes blasfêmias vão dar por fruto grandes crimes; a seita anticristã vai comover a Igreja até seus alicerces; uma perseguição selvagem vai destruir as antigas instituições católicas na Europa; faz rodar pelo cadafalso a cabeça de Luis XVI, fecha os templos, degola sacerdotes e bispos, destrói as ordens religiosas, faz subir uma prostituta nos altares, conduz o Papa ao desterro (Pio VI) e lhe faz morrer nele; inaugura uma sociedade nova sem fé, sem Deus, sem Jesus Cristo; propaga por todo o mundo essa grande blasfêmia que se chama a separação da Igreja e o Estado; extingue em milhões e milhões de almas a vida da graça.

A esses crimes que provocam necessariamente as represálias da Justiça Divina, a esses sacrilégios públicos e até então inauditos, Nosso Senhor Jesus Cristo opõe uma expiação cuja santidade sobrepuja e sobrepujará a perversidade humana; revela, inaugura o culto público de seu Sagrado Coração, e este culto mil vezes bendito, essencialmente expiatório e reparador, irá propagar-se de tal maneira, que 'ali onde abundou o pecado, sobreabundará a graça' sempre. Inspire Satanás quanto queira aos demônios em carne humana que há mais de cem anos fazem ressoar o mundo com suas blasfêmias, insultam e pisoteiam a santíssima e adorabilíssima Eucaristia; incite-lhes a blasfemar da Santíssima Virgem, a assassinar sacerdotes, a cometer toda classe de crimes: tudo em vão: a Igreja tem de hoje em diante um meio de reparação mais poderoso que todas as maquinações do inferno: tem o Sacratíssimo Coração de Jesus, o Coração do mesmo Deus.

Mas estas e outras muitas razões que seria demasiado longo expor aqui, a misericordiosíssima Providência manifestou de um modo admirável revelando o culto do Sagrado Coração no final do século XVII. Acrescente-se a isto que quando a Santíssima Virgem apareceu em 19 de setembro de 1846, na montanha de La Salette, a fim de salvar, se fosse possível, a sociedade, declarou, entre outras coisas, que a propagação do culto do Sagrado Coração seria um dos meios de que Deus se serviria para combater o anticristianismo e santificar os fiéis, a seus escolhidos dos últimos tempos. Esta revelação tem contribuído muito para propagar por todas as partes o amor e o culto do Sagrado Coração.

Entremos nesta corrente de fé, que é o caminho de salvação. Escutemos a voz da Igreja; escutemos as advertências da Santíssima Virgem; creiamos, aceitemos com amor a palavra de Nosso Senhor. Sim, o Sagrado Coração é o mistério dos últimos tempos. Mas a fim de penetrarmos mais das inefáveis excelências do Sagrado Coração e, por conseguinte, da excelência do culto e da devoção que se lhe tributam na Igreja, contemplemos de mais perto com os olhos da fé, e com a felicidade e alegria do divino amor, esse Coração amantíssimo e mil vezes adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Excertos da obra 'El Sagrado Corazon de Jesus', de Monsenhor de Ségur)

quinta-feira, 30 de março de 2017

DA PERVERSÃO DO HOMOSSEXUALISMO


Este vício [a sodomia] não é absolutamente comparável a nenhum outro, porque supera a todos enormemente. Este vício é a morte do corpo e a perdição da alma. Infecta a carne, extingue a luz da inteligência, expulsa o Espírito Santo do templo do coração do homem, fazendo nele entrar o diabo fomentador da luxúria, induz ao erro, subtrai a verdade da alma enganada, prepara armadilhas para os que nele incorrem, obstrui a saída do poço para que os que nele se prostram; abre-se-lhes o inferno, e se lhes são fechadas as portas do Céu, transforma-os de herdeiros da Jerusalém Celeste em habitantes da Babilônia infernal; arranca-os do seio da Igreja e os lançam às chamas da geena ardente.

Este vício busca destruir as muralhas da pátria celeste e tornar redivivos os muros calcinados de Sodoma. É algo que atropela a temperança, assassina o pudor, distorce a castidade e aniquila a virgindade, como o aguilhão de uma chaga repugnante. Tudo corrompe, tudo contamina, tudo macula e como não tem nada de pudor e nada alheio à imundície, nada suporta que seja puro. Como dito pelo Apóstolo: 'tudo é puro para os puros; para os impuros e imundos, nada é puro' (Tito 1, 15). Esse vício expulsam-nos do coro da assembléia eclesiástica e os obrigam a se associarem com os energúmenos e com aqueles que compartilham a causa do demônio; separa a alma de Deus para uni-la ao Diabo.

Este reino pestilentíssimo dos sodomitas torna os que se submetem aos seus desvarios em torpes perante os homens e odiosos perante a Deus. Exige impor a eles uma guerra abominável contra o Senhor e a marcharem sob as milícias de espíritos absolutamente perversos; separa-os do convívio dos Anjos e, sob o jugo de sua torpe dominação, priva as almas de sua nobreza inata. Despoja os seus servos das armas das virtudes e os expõem para serem transpassados pelos arpões de todos os vícios. Humilha-se na Igreja, condena-se no fórum, conspurca-se secretamente, sofre desonra em público, rói a consciência como um verme, queima a carne como o fogo, arde-se para se satisfazer em luxúria. E, por outro lado, teme se revelar, expor-se publicamente diante os homens. Aquele que olha com apreensão o próprio cúmplice, o que mais não poderá temer?

...

Arde a mísera carne com o furor da luxúria, estremece a fria inteligência pela suspeição, ferve o coração do infeliz mergulhado num caos infernal; a todo momento assomem-lhes à mente os aguilhões da consciência como a lhes torturarem com os tormentos futuros das penas. Uma vez que esta serpente de veneno mortal tenha cravado os seus dentes numa alma desgraçada, imediatamente ela perde o seu domínio, a memória se desvanece, a inteligência reduz-se obscurecida, perde-se a essência de Deus e se perde a essência de si mesmo. Esta peste solapa os fundamentos da fé, inibe as forças da esperança, dissipa os vínculos da caridade, aniquila a justiça, fragiliza a fortaleza e corrói os fundamentos da prudência.

O que devo acrescentar? No momento em que se há expulsado do coração humano todo o rol das virtudes, como que arrancando os ferrolhos das suas portas, este fica exposto e refém à barbárie de todos os vícios. A estes se aplica com exatidão aquele versículo de Jeremias que trata da Jerusalém terrena (Lm 1, 10): 'o inimigo tomou em suas mãos todas as coisas que Jerusalém julgava como as mais preciosas, e viu entrar os gentios em seu santuário, aqueles que dissestes que nele não deveriam entrar'. 

Aqueles que são devorados pelas entranhas desta besta famélica, são mantidos aprisionados, como por grossas correntes, da prática de quaisquer boas obras e são instigados a se projetarem sem nenhuma cautela aos precipícios da mais infame perversão. Quando se cai neste abismo de perdição extrema, se é exilado da pátria celeste, separado do Corpo de Cristo, desprezado pela autoridade de toda a Igreja, condenado pelo juízo dos Santos Padres, expulsos da companhia dos herdeiros das moradas celestes. O Céu se enrijece como ferro e a terra como bronze: não se pode ascender ao Céu por se estar vergado sob o peso da ignomínia, nem sobre a terra poderá ocultar por muito tempo o seu desvario no esconderijo da ignorância. Não poderá almejar felicidade nesta vida, e muito menos quando morrer, porque agora está refém do escárnio dos homens e, depois, dos tormentos da condenação eterna.

...

Choro por Vós, ó alma infeliz entregue às mazelas infernais da impureza, e choro com todas as lágrimas que podem chorar os meus olhos. Que dor atroz!

...

Ai de vós, alma miserável! Por vossa desgraça e perdição, entristecem-se os anjos, enquanto o inimigo exulta de alegria. Convertestes em prenda do demônio, espólio do mal, despojo dos ímpios. Abriram as bocas contra Vós todos os vossos inimigos; rugem e rangem os dentes e vociferam: 'Eis chegada a hora há tanto esperada; vamos nos apropriar de vossa alma e devorá-la inteira'. Por isso, ó alma miserável, eu choro todas as minhas lágrimas, porque não vos vejo chorar por vós.

(São Pedro Damião, excertos da obra Del Liber Gomorrhianus - Livro Gomorriano, tradução do autor do blog)

quarta-feira, 29 de março de 2017

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA (IV)

MEDITAÇÃO PARA A QUARTA SEMANA DA QUARESMA

A SATISFAÇÃO EXIGIDA PELOS NOSSOS PECADOS


PRIMEIRO PONTO - A IMPORTÂNCIA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO COMETIDO, MESMO DEPOIS DE PERDOADO
     
Toda falta merece uma punição e cada injúria exige uma reparação. Nossa falta, se for grave, merece punição eterna; Deus, por meio do sacramento da Penitência, nos perdoa o castigo eterno, mas continua a nos exigir uma punição temporal. 'Vós perdoais, Senhor' diz Santo Agostinho 'o pecador que confessa a sua culpa, mas com a condição de que seja punido'. E existe coisa mais justa? É justo que inocente, o Deus-homem tenha sofrido por nossos pecados a mais cruel de todas as mortes e que o culpado se beneficie do preço pago sem tomar parte na expiação? Paulo não pensava de outra forma, quando dizia: 'Eu completo em minha carne o que falta aos sofrimentos de Jesus Cristo; nós não seremos glorificados em Jesus Cristo, se não padecermos junto com Ele'. 

A Igreja também confirma esta crença, quando define a penitência como um batismo laborioso, que somente justifica a alma ao custo de muitas lágrimas e penas. Assim, por sua bondade, Deus nos perdoa; mas, por sua justiça, exige satisfação do pecado. Uma satisfação que o homem é incapaz por mérito próprio satisfazer à sua justiça; mas que, por sua bondade, aceita o homem tirar proveito dos méritos infinitos do Salvador, associando-os às suas obras e usufruindo com isso de uma união de valor infinito. Desta forma, a justiça e bondade divina são plenamente satisfeitas. Admiremos e bendigamos estas primícias maravilhosas de sabedoria divina.

SEGUNDO PONTO - MEDIDA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO PERDOADO
       
Se a penitência imposta pelo confessor é geralmente muito leve, é apenas pelo temor de desencorajar o penitente exigindo mais. Mas, na realidade, uma satisfação em grau muito diferente é devida. 'Se deve a Deus', diz Tertuliano, 'uma penitência que seja uma compensação ou uma abreviação das penas eternas'. E o Concílio de Trento acrescenta que toda a vida cristã deve ser uma perpétua penitência. Se Deus perdoou a Adão e a Davi, foi apenas com a condição de que eles seriam punidos com terríveis castigos: um em si mesmo e em toda a sua posteridade; o outro em sua pessoa e em seu povo. Os santos, mesmo depois de terem recebido o perdão, consagram-se por toda a vida a pesadas penitências e, por fim, os justos no Purgatório, ainda que Deus lhes tenha perdoado as culpas, sempre têm que padecer penas que tornam, por comparação, todos os sofrimentos desta vida como sendo muito leves. Ó justiça de Deus, quão severa sois, e como nós nos tornamos inimigos de nós mesmos fazendo pouca penitência neste mundo!

TERCEIRO PONTO - MODOS DE PRESTAR SATISFAÇÃO A DEUS PELOS PECADOS COMETIDOS
       
1. É preciso cumprir rigorosamente a penitência imposta pelo confessor. Esta ação traz consigo algumas graças especiais, que fazem parte integrante do sacramento; e, faltar ao seu cumprimento, seria mutilar o sacramento e, consequentemente, ofender a Nosso Senhor Jesus Cristo. Retardá-la seria retardar o mérito, que nos ajuda a viver melhor; seria diminuir a graça contra os pecados veniais que iríamos cometer neste intervalo; seria ainda perdê-la integralmente se, neste período, viéssemos a cair em pecado mortal. Ainda mais, esta ação nos preserva contra recaídas e nos propicia os meios necessários para viver devotamente certos dias santos. 

2. É preciso receber esta penitência com respeito e submissão, como imposta pelo próprio Jesus Cristo na pessoa do seu ministro, tomando-a como sendo infinitamente menor do que a exigida pelos nossos pecados e cumpri-la devotamente, aspirando a uma vida melhor e com vívidos sentimentos de pesar pelos pecados cometidos. 

3. A penitência sacramental deve ser acompanhada por uma plena aceitação de todos os problemas associados à nossa posição ou estado, incluindo todas as nossas enfermidades, o rigor das estações, as diversas contradições da vida, os desgastes causados pelos defeitos dos outros, aceitando todas essas cruzes com espírito de penitência e dizendo-nos muitas vezes: 'o que é isso comparado ao inferno, onde eu merecia estar para sempre?'

4. Enfim, é preciso, com o mesmo espírito de penitência, renunciar ao prazer e à sensualidade, aos entretenimentos perigosos, inúteis ou demasiado longos, para a satisfação da curiosidade, da vontade própria, da auto-estima e do caráter e colocar todo o nosso prazer na linha do dever, privando-nos do usufruir, dizendo como aquele santo penitente a quem se propôs prazeres, banquetes e jogos: 'Deixo tudo isso para as almas justas; mas eu pequei e estou em perigo de pecar ainda e, assim, não tenho outra opção que não seja gemer e fazer penitência'. Podemos colocar em prática estes diversos modos de satisfazer a justiça divina?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II, tradução do autor do blog).

terça-feira, 28 de março de 2017

BREVIÁRIO DIGITAL - AS VISÕES DE TONDAL (V/Final)

A experiência além da morte de uma alma medieval percorrendo o Céu, o Inferno e o Purgatório, guiada pelo seu Anjo da Guarda.

VISÕES DE TONDAL - PARTE V/Final


Deslocando-se ainda na parte do Purgatório destinada à expiação dos pecados dos 'bons que não foram na terra perfeitamente bons', o anjo e  alma de Tondal se defrontam com as almas de dois antigos reis irlandeses - Cantúbrio e Donato - antes inimigos e agora juntos no convívio após a morte. Ambos se salvaram; o primeiro porque, após uma grave doença, tornou-se um monge e o segundo, por ter doado todos os seus bens aos pobres. Embora salvos, ainda não merecem o Céu e, assim, a cada dia, são submetidos a 21 horas de bem estar e felicidade e a outras 3 horas de purgação.


O Paraíso é um lugar de alegria e tranquilidade, em que a alma de Tondal, acompanhada pelo Anjo, percorre em escala hierárquica crescente de graças e privilégios. O Paraíso é cercado por três grandes muros, cada um mais grandioso que o outro, feitos de prata, ouro e pedras preciosas, nesta sucessão. Num dos espaços após o primeiro muro, envolvidos por cantos melodiosos e jardins floridos, encontram-se as almas dos castos e dos casados que permaneceram puros, todos felizes e trajando roupas brancas, sinal da retidão e da prática cristã no sacramento do matrimônio, vivido com desvelo e fidelidade.



O Muro de Ouro é o lugar de morada dos religiosos e dos grandes construtores da Igreja e da civilização cristã, dos monges e dos missionários, dos sacerdotes e dos santos que, superando os limites dos valores mundanos, alcançaram graças extraordinárias e avançaram firmemente na fé e na caridade cristã. Para eles, estão destinadas especialmente as moradas eternas, onde recebem toda sorte de gozo e de alegrias sem fim.



No nível mais alto do Paraíso, a alma de Tondal encontra-se diante o Muro de Pedras Preciosas, a mais bela e grandiosa das muralhas celestes, lugar do descanso eterno reservado às nove ordens de anjos (serafins, querubins, dominações, tronos, principados, potestades, virtudes, anjos e arcanjos), aos patriarcas e profetas da Bíblia, aos pais da Igreja e aos Apóstolos de Jesus. Além desse muro, a alma de Tondal não pode adentrar e, assim, ela deve retornar ao corpo do cavaleiro, para que ele possa renascer espiritualmente a partir da sua fantástica experiência além da morte.

segunda-feira, 27 de março de 2017

FOTO DA SEMANA

'Sou eu, o Senhor, que abate a árvore soberba, e exalta o humilde arbusto; que seca a árvore verde e faz florescer a árvore seca' 
(Ez 17, 24)


domingo, 26 de março de 2017

A CEGUEIRA ESPIRITUAL

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo da Quaresma


O Quarto Domingo da Quaresma é chamado Domingo Laetare ou Domingo da Alegria, e constitui um dos mais festejados do Ano Litúrgico. Por se enquadrar na metade do tempo quaresmal, período este vivido pela Igreja em meio à tristeza e penitências, a liturgia desse domingo se propõe a reacender nos católicos a firme alegria e esperança que devem ser o sustento dos católicos até a plenitude do tempo pascoal. E a alegria e esperanças cristãs se fundem em plenitude na Luz de Cristo.

Na eternidade, veremos Deus face a face. Na terra, vivemos na jubilosa esperança da posse eterna da Plena Visão. E, como cegos, tateamos na penumbra da fé para não nos deixarmos submergir pelas trevas do mundo. Neste domingo, celebramos a luz, a luz de Cristo, que rompe a escuridão de nossa alma cega nos afazeres mundanos. 'Vai lavar-te na piscina de Siloé' (Jo 1,7) é a intimação de Jesus ao mendigo cego de nascença, para lhe curar a cegueira física; 'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo' (Jo 1, 37) é a confirmação a ele de que está diante do Filho do Homem e pleno da visão de Deus.

Jesus curou o cego de nascença moldando o barro do chão; Jesus nos cura da cegueira espiritual moldando a argila frágil da natureza humana, pelo cinzel da graça e do amor de Deus. Ao se debruçar até o pó, nos dá ciência de que conhece a nossa imensa fragilidade; ao proclamar sua divindade, nos conforta de que somos os herdeiros da divina misericórdia.

E, diante milagre tão portentoso, os fariseus expulsaram o mendigo da sinagoga e se aferraram ainda mais na obstinação dos condenados e, cegos de descrença, mergulharam ainda mais fundo nas trevas do pecado. A perda da visão física é passageira, a perda da visão sobrenatural tem o preço da eternidade. No meio do caminho desta jornada quaresmal, elevemos a Cristo nossas almas frágeis de argila e a Ele supliquemos conservá-las firmemente na direção do Círio Pascal, ao encontro da luz do Cristo Ressuscitado.

sábado, 25 de março de 2017

GLÓRIAS DE MARIA - A ANUNCIAÇÃO


'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' (Lc 1, 28). A saudação do Anjo Gabriel é dirigida àquela que levou à perfeição nesta terra o amor de Deus. Cheia de graça Maria está desde a sua concepção, cheia de graça Maria passou cada momento de sua vida, cheia de graça Maria praticou cada ação ou pensamento nesta terra. Cheia de graça está, portanto, Maria diante a saudação do Anjo, como templo de santidade e da ciência infusa de todas as virtudes, dons e graças possíveis e imagináveis à natureza humana.

E Maria de todas as graças perturbou-se. As revelações do Anjo, provavelmente muito mais detalhadas que as palavras transcritas nos textos bíblicos, colocava Maria no centro de todas as profecias messiânicas que ela tanto conhecia e em nome das quais tantas orações e súplicas já teria feito a Deus. Num relance, percebeu a extraordinária manifestação daquela revelação angélica, que descortinava séculos de profecias, que inseria naquele lugar e naquele tempo a Natividade de Deus, que a tornava a co-redentora da humanidade, a bendita entre todas as mulheres, a Mãe de Deus: 'Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi' (Lc 1, 31 - 32).

E Maria de todas as graças perturbou-se. Diante do extraordinário mistério da graça e dos desígnios extremos da Providência, a Virgem de toda pureza e castidade e obra prima do Espírito Santo, se inquieta: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' (Lc 1, 34). A virgindade de Maria é o relicário de Deus. No imaculado corpo de Maria, o Espírito de Deus há de projetar a sua luz, cuja sombra faz nascer o Verbo encarnado. E o Anjo, mensageiro das coisas impossíveis e triviais para Deus, revela ainda a Maria a graça da gravidez tardia de Isabel, no 'sexto mês daquela que era considerada estéril' (Lc 1, 36).

E a Virgem de Nazaré, antes de ser a Mãe, oferece-se como serva e escrava do seu Senhor e do seu Deus: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' (Lc 1, 38). O Céu e a terra, as miríades dos anjos e dos homens de todos os tempos, hão de bendizer e louvar a glória daquele dia e a consumação daquele 'Fiat!' Sim, porque naquele momento, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro se fez, então, carne na carne de Maria e se fez carne a Nossa Salvação.

50 PEQUENOS SACRIFÍCIOS PARA A QUARESMA

Pequenos. Durante a quaresma, em vez de atos heroicos ou espetaculares, fixemos-nos nas pequenas mortificações de cada dia. Uma pequena via de santificação que seja feita de pequenas renúncias firmadas sobre a determinação de cumprir, nas pequenas coisas cotidianas, não a nossa vontade, mas a Santa Vontade de Deus. Escolha, nos exemplos abaixo e em tantos outros, quais serão as suas pequenas cruzes que hão de construir a sua via de santificação pessoal: 

1. Abrir mão da sobremesa.
2. Acordar uma hora mais cedo.
3. Desligar a TV na hora daquele programa 'interessante'.
4. Conter a gula.
5. Ficar alguns minutos meditando em silêncio.
6. Rezar uma jaculatória várias vezes ao dia.
7. Ler um livro piedoso.
8. Não ouvir música no rádio do carro.
9. Tomar água e não refrigerante.
10. Sorrir, sorrir sempre.
11. Dar um 'bom dia' a todas as pessoas do nosso ambiente de trabalho todos os dias.
12. Não fazer comentários negativos sobre 'aquela' pessoa (e nenhuma outra).
13. Rezar o terço.
14. Abrir mão de assistir um filme.
15. Dedicar um tempo maior aos seus filhos (aos seus pais).
16. Aceitar o sofrimento.
17. Conter a imaginação solta.
18. Visitar um doente.
19. Dar esmolas.
20. Não acessar as redes sociais.
21. Desligar o celular.
22. Não comprar coisas supérfluas.
23. Abrir mão da cerveja no restaurante.
24. Não fumar (ou tentar sinceramente fumar bem menos que o normal).
25. Visitar um parente há tempos afastado.
26. Fazer uma tarefa doméstica não usual.
27. Visitar o Santíssimo Sacramento.
28. Colocar o pensamento na memória de Deus várias vezes ao dia. 
29. Reconciliar-se com alguma pessoa que se tenha inimizade.
30. Praticar o perdão sincero, de coração, incondicional.
31. Praticar a caridade.
32. Fazer jejum.
33. Fazer abstinência de algum alimento particularmente prazeiroso.
34. Dominar a impaciência, a ira ou qualquer outra fragilidade do nosso ser.
35. Fazer aquela tarefa postergada há tempos.
36. Rezar a Via Sacra.
37. Visitar um cemitério e rezar pelos fieis defuntos.
38. Fazer do trabalho uma oração.
39. Dirigir o carro com a máxima sobriedade e retidão.
40. Ouvir mais e falar menos.
41. Não participar de conversas frívolas ou obscenas.
42. Vestir-se com retidão.
43. Dominar a visão de desejo.
44. Fazer uma oração toda manhã ao acordar e toda noite antes de dormir.
45. Não causar embaraços e constrangimentos aos outros.
46. Não fomentar boatos ou injúrias.
47. Aceitar com mansidão as injustiças.
48. Reduzir o tempo ou a temperatura da água no banho.
49. Abrir mão de sempre dar a última palavra.
50. Fazer constantes atos de reparação contra os pecados cometidos contra os imaculados corações de Jesus e de Maria.

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Reconheço o meu pecado', diz Davi. Se eu o reconheço, perdoa-me, Senhor! Mesmo procurando viver bem, de modo algum tenhamos a presunção de ser sem pecado. Que possamos dar valor à vida em que se pede perdão. Os homens sem esperança, quanto menos atentam para os próprios pecados, com tanto maior curiosidade espreitam os alheios. Procuram não o que corrigir, mas o que morder. Não podendo escusar-se, estão prontos a acusar. Não foi este o exemplo de rogar e de satisfazer a Deus que Davi nos deu, dizendo: 'Porque reconheço o meu crime, o meu pecado está sempre diante de mim'. Davi não estava atento aos pecados alheios. Caía em si, não se desculpava, mas em si mesmo penetrava e descia cada vez mais profundamente. Não se poupava, e por isso podia confiadamente pedir para si o perdão.

(Santo Agostinho)

sexta-feira, 24 de março de 2017

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA (III)

MEDITAÇÃO PARA A TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

A DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS


PRIMEIRO PONTO - NADA MAIS JUSTO DO QUE A DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS

Não seria encarado como um homem, mas como um monstro sem coração, um filho que fosse capaz de contemplar com indiferença e sem qualquer emoção de compaixão, gratidão e amor, as feridas recebidas pelo seu próprio pai para salvá-lo de grande desgraça e, ao mesmo tempo, assegurar-lhe as maiores bênçãos. 

Tal seria, e pior ainda, o cristão que ficasse indiferente às chagas do Salvador, porque Jesus Cristo recebeu estas chagas sagradas para nos salvar do inferno e abrir-nos o Céu, para nos oferecer nestas chagas outras tantas fontes de salvação, de onde podemos haurir graça, força e consolação. 'Ó alma cristã', exclama São Boaventura, 'como a lembrança destas chagas pode moderar os teus ímpetos de amor?

O nosso Jesus abriu grandes feridas nos pés e nas mãos para te acolher nelas e tu não te apressas a refugiar ali? Ele abriu o seu lado a fim de dar-te o coração, e tu não corres a unir com ele coração com coração? E quanto a mim' - continua o santo doutor - 'é aí que me deleita habitar, é aí que eu vou fazer três moradas: a primeira nos pés de Jesus; a segunda, em suas mãos; a terceira, em seu sagrado lado. É daí que eu quero tirar o meu descanso, daí velar, ler e conversar'.

'Ó chagas amabilíssimas! Os olhos do meu coração estarão sempre fixos em vós: durante o dia, desde o nascer do sol até o seu ocaso, e à noite, tantas vezes quantas o sono não dominar as minhas pálpebras. Vou me manter sobretudo na chaga do sagrado lado, para falar daí com o coração do meu Mestre e obter tudo o que desejo'. 'Ó Jesus' - diz no mesmo contexto São Bernardo - 'vosso lado foi aberto para dar entrada ao vosso coração; para nos revelar, por meio dessa ferida visível, a chaga invisível do vosso amor. Vou deitar nela os meus lábios e beber o mel do amor e da unção das dádivas divinas'. Seremos os herdeiros dos santos se, depois de tais exemplos, não tivermos uma terna devoção para com estas cinco chagas?

SEGUNDO PONTO - GRAÇAS PRÓPRIAS DA DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS

A alma encontra nestas chagas tudo o que é necessário e útil para a salvação. 'Em nenhum outro lugar' diz Santo Agostinho, 'encontrei remédio tão eficaz para todos os males da alma'. 'Quaisquer que sejam nossos males espirituais', acrescenta São Bernardo, 'uma meditação assídua sobre as chagas do Salvador irá curá-los'. 'Olhem para a minhas chagas e se converterão', diz o próprio Jesus Cristo pelo seu profeta [Zacarias]. 'O coração de Jesus é um oceano e suas chagas são os canais por onde fluem as águas da graça e da misericórdia', diz ainda São Bernardo.

Com efeito, são nestas chagas que se forma uma fé viva; é daí que se agiganta a confiança em Deus; é daí, sobretudo, que a caridade se sacia de sua mais verdadeira fonte. Ao se dar conta do zelo de tanto amor que abriu essas feridas para nós, criaturas vis e miseráveis ​​pecadores, o coração todo se inflama e não pode mais viver a não ser por amor. 

Por isso Santo Agostinho chama estas chagas 'seu refúgio nos problemas, seu abrigo nas tribulações, seu remédio para as enfermidades da alma!'; foi daí que São Tomás de Aquino adquiriu toda a sua ciência; daí, que São Francisco de Assis, a fortaleza da meditação, chegando a ser, por meio dos ardores seráficos de sua caridade, um milagre de semelhança com Jesus Crucificado; daí São Boaventura hauriu em plenitude o espírito de piedade que conforma todos os seus escritos; este digno discípulo de São Francisco degastou os pés do seu crucifixo de tanto beijá-los e não cansou de exortar a todos os seus fieis a desfrutar das delícias inefáveis ​​da unção de graças e de piedade associada à devoção das sagradas chagas.

'Se não podeis', diz a Imitação de Cristo, 'elevar-vos às mais sublimes contemplações, permanecei humildemente nas chagas do Salvador e aí encontrareis força e consolação'. Serão estas realmente as nossas disposições?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).

quinta-feira, 23 de março de 2017

CAMPANHAS DA FRATERNIDADE NO BRASIL (II)

SEGUNDA FASE: 1973 - 1984

A partir de 1973, os temas centrais da Campanha da Fraternidade passam a ser concentrados em questões e problemas sociais em detrimento dos temas de renovação do cristão e da Igreja, muito em função da opção pelos pobres e condenação expressa do chamado pecado social, premissas fortemente consagradas pelas Conferências Episcopais de Medellin (1968) e de Puebla (1979) e pela implantação da Teologia da Libertação na América Latina (1971). 

Em 1978, a Campanha da Fraternidade consolida a sua formatação atual com base na implantação do método 'ver-julgar -agir' e na proposição de um texto-base para a campanha. O método consiste basicamente em ver e identificar previamente os problemas sociais que afligem mais diretamente o povo brasileiro; o segundo passo consiste em julgar e correlacionar estes fatos à luz dos textos das Sagradas Escrituras, permitindo, desta forma que, numa última fase do processo, as pessoas possam agir e atuar de uma maneira diferente, como povo cristão renovado, diante destas realidades difíceis do mundo. Nesta perspectiva, é elaborado um texto-base que passa a subsidiar todas as ações e iniciativas no âmbito da respectiva Campanha da Fraternidade.


10. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1973


Tema: Fraternidade e Libertação

Lema: O egoísmo escraviza, o amor liberta

Objetivo Geral: À luz do Mistério Pascal e no espírito penitencial da Quaresma, a CF quer ser um movimento de evangelização extraordinária e maciça, um privilegiado momento de unidade pastoral em todos os recantos do País.



11. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1974


Tema: Reconstruir a Vida

Lema: Onde está teu irmão?

Objetivo Geral: A vida é o dom que mais fortemente ambicionamos e mais desesperadamente defendemos, a partir do próprio instinto de sobrevivência. A vida é o dom que mais devemos respeitar e promover em nossos irmãos.



12. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1975


Tema: Fraternidade é repartir

Lema: Repartir o Pão

Objetivo Geral: Trata-se de uma fraternidade afetiva e efetiva, que terá inúmeras formas de expressão, mas que deverá levar a atitudes concretas e sinceras. Fraternidade é repartir.



13. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1976


Tema: Fraternidade e Comunidade

Lema: Caminhar juntos

Objetivo Geral: Insistir na ideia de comunidade, dizendo sempre de novo e de muitas maneiras que só seremos irmãos se nos convertermos em comunidades vivas. O ser humano precisa da comunidade, tende para a comunidade, personaliza-se na comunidade.



14. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1977



Tema: Fraternidade na Família

Lema: Comece em sua casa

Objetivo Geral: A Campanha visou, por todos os meios, promover os valores da família e curar suas feridas. De maneira especial, foi posta em relevo a influência que tem a família sobre a verdadeira fraternidade entre os homens.




15. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1978


Tema: Fraternidade no mundo do trabalho

Lema: Trabalho e Justiça para Todos

Objetivo Geral: o tema discutiu uma atitude de justiça com os outros, uma corajosa contribuição para a promoção do trabalhador e um esforço para reanimar a pastoral do mundo do trabalho.

16. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1979


Tema: Por um mundo mais humano

Lema: Preserve o que é de todos

Objetivo Geral: Basicamente a ecologia conclama todos a uma nova mentalidade; trata-se de superar o egoísmo, a ganância de possuir mais a qualquer preço; trata-se de ser escrupulosamente preocupado em preservar e conservar o ar, a água, a flora e a fauna, que são elementos necessários ao próximo.


17. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1980


Tema: Fraternidade no mundo das migrações, exigência da Eucaristia

Lema: Para onde vais?

Objetivo Geral: a intensificação da mobilidade humana em geral e mais particularmente das migrações internas, a existência de imigrantes e mesmo a emigração de brasileiros propõem à Igreja, como primeira atitude, uma mudança de mentalidade.


18. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1981


Tema: Saúde e Fraternidade


Lema: Saúde para todos


Objetivo Geral: Todo empenho na melhoria das condições de saúde do povo, que se pode traduzir em múltiplas e generosas ações pessoais e comunitárias de pequeno ou grande alcance.




19. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1982



Tema: Educação e fraternidade


Lema: A verdade vos libertará


Objetivo Geral: Criar condições para a prática de uma educação libertadora, a serviço da construção de uma sociedade fraterna.






20. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1983



Tema: Fraternidade e violência


Lema: Fraternidade Sim;Violência Não


Objetivo Geral: Mostrar como a fraternidade está necessariamente ligada à vitória sobre a violência. A CF 83 pretende levar a comunidade cristã a refletir sobre a seguinte questão: 'o que se pode e se deve fazer diante da atual escalada da violência nas suas diversas formas?'



21. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1984


Tema: Fraternidade e vida

Lema: Para que todos tenham vida

Objetivo Geral: quer ser um sinal de esperança para as comunidades cristãs e para todo o povo brasileiro, a fim de que, dentro de um panorama de sombras e de atentados à vida, sintam a luz de Cristo, que vence o egoísmo, o pecado e a própria morte.

quarta-feira, 22 de março de 2017

AS TRÊS VIAS DA SANTIFICAÇÃO

Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente.

O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar estas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenda as súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha seus ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.

Quem jejua, pense no sentido do jejum; seja sensível à fome dos outros quem deseja que Deus seja sensível à sua; seja misericordioso quem espera alcançar misericórdia; quem pede compaixão, também se compadeça; quem quer ser ajudado, ajude os outros. Muito mal suplica quem nega aos outros aquilo que pede para si.

Homem, sê para ti mesmo a medida da misericórdia; deste modo alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a rapidez que quiseres; basta que te compadeças dos outros com generosidade e presteza. Peçamos, portanto, destas três virtudes – oração,jejum, misericórdia – uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; sejam para nós uma única defesa, uma única oração sob três formas distintas.

Reconquistemos pelo jejum o que perdemos por não saber apreciá-lo; imolemos nossas almas pelo jejum, pois nada melhor podemos oferecer a Deus como ensina o Profeta: 'sacrifício agradável a Deus é um espírito penitente; Deus não despreza um coração arrependido e humilhado' (Sl 50,19). Homem, oferece a Deus a tua alma, oferece a oblação do jejum, para que seja uma oferenda pura, um sacrifício santo, uma vítima viva que ao mesmo tempo permanece em ti e é oferecida a Deus. Quem não dá isto a Deus não tem desculpa, porque todos podem se oferecer a si mesmos.

Mas, para que esta oferta seja aceita por Deus, a misericórdia deve acompanhá-la; o jejum só dá frutos se for regado pela misericórdia, pois a aridez da misericórdia faz secar o jejum. O que a chuva é para a terra, é a misericórdia para o jejum. Por mais que cultive o coração, purifique o corpo, extirpe os maus costumes e semeie as virtudes, o que jejua não colherá frutos se não abrir as torrentes da misericórdia.

Tu que jejuas, não esqueças que fica em jejum o teu campo se jejua a tua misericórdia; pelo contrário, a liberalidade da tua misericórdia encherá de bens os teus celeiros. Portanto, ó homem, para que não venhas a perder por ter guardado para ti, distribui aos outros para que venhas a recolher; dá a ti mesmo, dando aos pobres, porque o que deixares de dar aos outros, também tu não o possuirás.

(Dos Sermões de São Pedro Crisólogo)

terça-feira, 21 de março de 2017

21 DE MARÇO - SÃO NICOLAU DE FLÜE



Nicolau de Flüe, conhecido também com Bruder Klaus (Irmão Klaus), nasceu em Sachseln, na Suíça, em 1417. Desde muito cedo, manifestou claramente uma vida de oração e mortificação. Em obediência aos pais, casou-se com Dorotéia Wyss e tiveram dez filhos, sendo cinco homens e cinco mulheres. No âmbito da vida matrimonial, continuou a desenvolver, com redobrado fervor, a sua prática religiosa e de oração cotidiana intensa, agora junto a uma numerosa família.

Em torno dos 50 anos, tomou a decisão que iria percorrer até a morte na via da santificação pessoal pelo ascetismo. Com o consentimento da esposa (mas não de todos os seus familiares) abandonou todo e qualquer afeto humano para viver em absoluto isolamento do mundo, dedicando-se exclusivamente a uma vida de oração e contemplação. Vivendo inicialmente numa pequena cabana e, mais tarde, numa ermida de pedra construída especialmente para ele, com acesso diário ao Santo Sacrifício, o santo foi personagem de um milagre impressionante: passou os últimos 20 anos de sua vida sem se prover de água ou de alimentos, mas vivendo somente da Sagrada Eucaristia!

Neste período, praticou intensamente a catequese espiritual a seus concidadãos, manifestando, em várias ocasiões, o dom da profecia. Em certa ocasião, atuou, de forma decisiva, para evitar conflitos associados a uma potencial divisão do território suíço, pelo que é celebrado também como padroeiro da Suíça. Após a sua morte, o culto pessoal estendeu-se não apenas na Suíça, mas também na Alemanha, França e Países Baixos. São Nicolau de Flüe faleceu no dia 21 de março de 1487, data do seu nascimento, aos setenta anos de idade. Foi canonizado por Pio XII em maio de 1947.

São Nicolau de Flüe, rogai por nós!

segunda-feira, 20 de março de 2017

ORAÇÃO: ATTENDE DOMINE



Attende Domine

Attende Domine, et miserere, quia peccavimus tibi.

1. Ad te Rex summe, omnium redemptor, oculos nostros sublevamus flentes: exaudi, Christe, supplicantum preces.
Attende Domine, et miserere, quia peccavimus tibi.

2. Dextera Patris, lapis angularis, via salutis, ianua caelestis, ablue nostri maculas delicti. 
Attende Domine, et miserere, quia peccavimus tibi.

3. Rogamus, Deus, tuam maiestatem: auribus sacris gemitus exaudi: crimina nostra placidus indulge. 
Attende Domine, et miserere, quia peccavimus tibi.

4. Tibi fatemur crimina admissa: contrito corde pandimus occulta: tua Redemptor, pietas ignoscat. 
Attende Domine, et miserere, quia peccavimus tibi.

5. Innocens captus, nec repugnans ductus, testibus falsis pro impiis damnatus: quos redemisti, tu conserva, Christe. 
Attende Domine, et miserere, quia peccavimus tibi.

Ouvi Senhor

Ouvi, Senhor, e tende piedade, porque pecamos contra Vós.

1. A Vós, ó Rei Soberano, Redentor do Universo, erguemos os nossos olhos em pranto: ouvi, ó Cristo, as nossa preces e súplicas.
Ouvi, Senhor, e tende piedade, porque pecamos contra Vós.

2. Mão direita do Pai, pedra angular, caminho da salvação, porta do Céu, lavai as manchas dos nossos pecados. 
Ouvi, Senhor, e tende piedade, porque pecamos contra Vós.

3. Imploramos à Vossa majestade, ó Deus: com ouvidos atentos escutai os nossos gemidos; por Vossa bondade, perdoai os nossos crimes.
Ouvi, Senhor, e tende piedade, porque pecamos contra Vós.

4. A Vós confessamos as faltas cometidas; de coração contrito manifestamos os pecados ocultos; para que, por Vossa piedade, sejam perdoados, ó Redentor. 
Ouvi, Senhor, e tende piedade, porque pecamos contra Vós.

5. Intimado como inocente e levado sem resistência, condenado pelos ímpios sob testemunho falso, conserva para Vós aqueles que redimistes, ó Cristo.
Ouvi, Senhor, e tende piedade, porque pecamos contra Vós.