sábado, 18 de fevereiro de 2017

NOSSA SENHORA E CARNAVAL: QUANDO O INFERNO É AQUI...

'Não deis aos cães o que é sagrado, nem atireis as vossas pérolas aos porcos, para que não as pisem e, voltando-se contra vós, vos estraçalhem' (Mc 7,6)

A igreja e os católicos no Brasil se rejubilaram com o ano mariano, nos 300 anos do achado da imagem e do início da devoção a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. E, no contexto de honra e de memória tão especiais, eis que surge a notícia de que Nossa Senhora será 'homenageada' num desfile de carnaval deste ano por uma escola de samba de São Paulo. Não é preciso escrever laudas e laudas sobre tamanho sacrilégio e profanação, pois o próprio Nosso Senhor, ao responder à irmã Lúcia sobre a razão e a natureza da Devoção dos Cinco Primeiros Sábados, uma dos grandes devoções associadas às aparições de Fátima, revelou a dimensão suprema da natureza desta blasfêmia:

'Minha filha, são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria: contra a Imaculada Conceição; contra a Sua Virgindade; Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens; os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe e os que a ultrajam diretamente nas suas sagradas imagens'.

Que bela nação católica é o Brasil, que transforma o sagrado e o profano em coisas igualmente comezinhas e perfeitamente conciliáveis entre si. Não há conciliação possível entre Cristo e Satanás. Não existem palavras edulcoradas possíveis, que não sejam o supra sumo do escárnio e de vergonha, capazes de dar sustentação à interpretação de que uma festa pagã e lasciva como o carnaval pode ser entendida como uma festa popular capaz de expressar algo que pudesse ser ainda que remotamente próximo da santa alegria cristã. A alienação dos católicos é absurda, notória, contumaz, avalizada infelizmente por uma parte do clero subjugada pela tibieza e covardia extremas, as faces reencarnadas dos atuais fariseus e vendilhões do templo. A verdade não admite meias palavras. Triste Brasil Católico, que aceita assistir inerme, em sambódromos ou esculhambódromos circenses, o desfile de ultrajes de uma imagem da Santa Mãe de Deus ao longo de um prostíbulo ao vivo.

Onde está a CNBB que mobilizou os fieis católicos contra a corrupção, contra a intolerância política, contra a PEC 241, contra os pagamentos via caixa 2 e contra mais uma montanha de outras proposições igualmente de fundo especificamente não religioso em si? Agora nada? Seria inoportuno cobrar um posicionamento crítico e contundente do Papa contra tal escândalo? Mas São Paulo não nos intimou a todos a pregar a verdade 'oportuna e inoportunamente' ... 'porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação' (II Tim 4, 2 - 3)? E nós, simples cristãos, ficaremos apenas perplexos e ressentidos, esperando o carnaval passar? 

Bem, podemos fazer pouco e fazer muito. Desligar a TV, mas ser coadjuvante deste escândalo nas mídias sociais não testemunha grande coisa a nosso favor. O que realmente podemos fazer de melhor seriam muitos, milhares de atos de reparação e de desagravo, pequenos, escondidos, anônimos, fervorosos, além de visitas ao Santíssimo Sacramento e da recitação do Santo Rosário. Somos católicos e a nossa fé e a nossa crença são instrumentos capazes de remover montanhas e subjugar o mal em todas as suas mazelas, tenham elas a dimensão do mundo. Mas precisamos fazer a nossa parte, como a água comum e aparentemente sem valia das talhas enchidas até a borda nas Bodas de Caná, que o Filho de Deus converteu em vinho bom. Eis o que podemos realmente fazer agora, como católicos conscientes e atuantes em defesa de nossa autêntica fé cristã: reparar, desagravar, transformar a água em vinho bom, o sacrilégio numa corrente de graças, como uma nova história de Caná dos nossos dias, a ser revivida por inteiro neste próximo e tristíssimo carnaval.