sábado, 20 de setembro de 2014

MISSA DO SILÊNCIO

Se eu, como leigo, pudesse pedir,
pediria uma missa do silêncio;
sem padres cantores,
sem tambores, sem bandinhas,
sem 'puxadores' de coro,
sem melodias baratas,
sem cantorias insossas,
sem coreografias infantis de folhetos agitados,
sem dancinhas ridículas e vulgares,
sem palmas para aniversariantes ou meninas de 15 anos,
sem palmas para Nossa Senhora, sem palmas para Jesus.

Se eu, como leigo, pudesse pedir,
pediria uma missa do silêncio;
sem práticas adocicadas e vazias,
sem sermões ideológicos,
sem gritos dos excluídos,
sem encenações e teatros,
sem abusos litúrgicos,
sem performances ou malabarismos,
sem avisos de quermesses,
sem trajes indecorosos,
sem gente conversando sobre as banalidades da vida.

Se eu, como leigo, pudesse pedir,
pediria uma missa do silêncio;
com todo o rigor litúrgico,
com respeito e retidão interior,
com muita oração e penitência, 
com muito zelo e devoção,
com muito joelho no chão,
com muita prudência na voz,
com dor pelo nosso pecado
com fé na misericórdia de Deus.

Se eu, como leigo, pudesse pedir,
pediria uma missa do silêncio;
com o silêncio dos humildes, 
com o silêncio dos fracos,
com o silêncio dos inocentes,
com o silêncio dos simples,
com o silêncio dos pecadores convertidos,
com o silêncio dos servos,
com o silêncio dos santos,
com o silêncio de Nossa Senhora,
com o silêncio do Calvário.

Se eu, como leigo, pudesse pedir,
pediria uma missa do silêncio;
uma missa feita exclusivamente para a glória de Deus,
para um encontro com Deus,
para se estar completamente sob o olhar de Deus;
uma missa livre da vaidade diabólica das palavras,
uma missa livre do barulho dos homens,
uma missa livre das misérias do mundo.
Se eu, como leigo, pudesse pedir,
pediria uma missa do silêncio.

(Arcos de Pilares)