quinta-feira, 31 de outubro de 2013

DA VIDA ESPIRITUAL (61)

Às vezes, demonstras impaciência porque em tudo colocas a melhor das intenções e nem sempre recebes o retorno esperado? Por acaso, achas que as obras do teu apostolado serão convertidas em muralhas de granito um minuto após a tênue neblina de tuas intenções? Sejas tão somente semeador, leva as boas sementes da graça aos campos pouco lavrados dos corações dos homens que passam pela tua vida e não fiques esperando sentado até a maturação dos frutos: o tempo de Deus não é o tempo dos homens...

O CÉU É AQUI...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A IGREJA É A DONA DA VERDADE

Se a Igreja Santa, Católica, Apostólica, Romana não fosse a dona da verdade, ela não seria o Corpo Místico de Cristo. Se a Igreja não fosse a dona da verdade, sem relativismo algum, ela não seria nada, seria mais outra seita religiosa nascida da ignorância do pastor de esquina, da demência homicida de um Lutero, da perversão diabólica de um Kardec, da ignomínia miserável dos profetas do genocídio.

Santa Igreja Católica, dona da verdade, porque Esposa de Cristo, que é a Verdade. Porque constituída por Jesus Cristo como sua manifestação visível à humanidade pecadora, para manifestar com Autoridade a Verdade herdada diretamente de Deus, para ser a guardiã da fé doutrinal e porta de entrada do Céu. Santa Igreja Católica, dona da verdade, porque somente aos sacerdotes e bispos (e especialmente ao papa), como sucessores dos Apóstolos, Jesus Cristo concedeu o poder absoluto de ensinar, perdoar, santificar e governar espiritualmente a humanidade em seu nome. Santa Igreja Católica, dona da verdade, porque pedra de Cristo, porque nela subsiste a plenitude dos meios de salvação, porque nela se dá a celebração do verdadeiro e puro culto divino, sobretudo na Santa Missa e nos sacramentos, porque ela é, na unidade do credo, a própria, a única família de Deus. 

Não há limites incongruentes para a Verdade. Não há atalhos e descaminhos na Verdade. Não há partes ou mosaicos na Verdade. Não há Verdades. Se um católico não crê em tudo o que a Santa Igreja ensina, não é, com razão, dono da Verdade. No bloco dos parasitas ideológicos, no carnaval das marchinhas ecumênicas, no desfile das escolas de samba e rumba dos progressistas e dos apóstatas, nos sambódromos dos idólatras e crentes, pululam e vicejam como erva daninha os escravos da mentira, os serviçais do logro, os reféns da iniquidade. 

A Igreja que se curva aos ditames do respeito humano, sob a tutela do sincretismo religioso e do relativismo moral, não é a Santa Igreja de Cristo. A Verdade é proferida por cima dos telhados; as leviandades das meias-verdades são gritadas nos porões; as aberrações da mentira são paridas nos esgotos das heresias. Deus quer que todos se salvem, mas nem todos serão salvos porque, em nome do livre arbítrio, escolheram os redemoinhos avassaladores dos instintos humanos. Dobrar-se, pois, ao mundo, é partilhar com estes a ruína comum, o desastre fatal, o mergulho no abismo sem fim. Nestes vórtices medonhos, deleitam-se à vontade os inovadores, os progressistas, os tolerantes, os modernistas, os ecumênicos, os vanguardistas, os restauradores, os que se orgulham em não ser 'donos da verdade'. A Barca de Pedro, entretanto, foi moldada na Cruz de Cristo e O tem por condutor e guia até o final dos tempos, conforme a Sua expressa autoridade e promessa: 'Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim o mundo' (Mt 28, 20). Ela vai passar ao largo do abismo para conduzir os seus filhos que, como donos da verdade, serão os únicos herdeiros das moradas eternas na Casa do Pai.  

terça-feira, 29 de outubro de 2013

DAS EXCELÊNCIAS DA SANTA MISSA

Aqueles que não têm gosto para assistir à Santa Missa, invocam inúmeros pretextos para escusar sua tibieza. Podeis vê-los absolvidos por seus negócios. Cheios de solicitude e zelo pelo progresso de seus miseráveis interesses. Para isso toda fadiga é leve, e não há dificuldade que os retenha. Ao contrário, para assistir à Santa Missa, que é o mais importante dos tesouros, ei-los cheios de frieza e preguiça, invocando centenas de escusas frívolas: seus inúmeros cuidados, sua saúde delicada, os embaraços da família, a falta de tempo, o excesso de ocupações. Em suma, se a Santa Madre Igreja não os obrigasse sob pena de pecado a assistir à Santa Missa ao menos aos domingos e dias santificados, sabe Deus se visitariam jamais uma igreja ou dobrariam o joelho ante um altar!

Ó vergonha, ó profunda miséria de nossos tempos infelizes, que estamos longe do fervor dos primeiros cristãos, os quais, como já disse, assistiam todo dia à Santa Missa e recebiam o Pão dos Anjos. No entanto, não lhes faltavam afazeres, cuidados, ocupações. Mas a própria Santa Missa era para eles um auxílio para bem dirigir seus negócios e interesses espirituais e temporais. Mundo obcecado! Quando abrirás os olhos para reconhecer tão palpável ilusão? Vamos! Despertemos todos! E que nossa devoção preferida, a mais amada, seja assistir diariamente à Santa Missa e nela comungar, pelo menos espiritualmente.

Para alcançar tão santo resultado, não sei de meio mais eficaz que o exemplo, pois é uma máxima indiscutível que todos vivimus ab exemplo: isto é, que tudo que vemos feito por nossos semelhantes se nos torna acessível e fácil. Não poderás fazer, dizia a si próprio Santo Agostinho, o que fazem estes e aqueles? 'Tu non poteris qudo isti et istae'? Apresentarei, portanto, alguns exemplos interessantes de pessoas diversas, e por este meio espero convencer todo o mundo. 

Uma mulher, que entra na Igreja com um traje espaventoso, atrai todos os olhares, e queira Deus não atraia também os corações, arrebatando ao Senhor as devidas adorações! Não é preciso excitar estas pessoas a assistir todos os dias à Santa Missa; já são demais levadas a frequentar as igrejas. O importante será fazer-lhes compreender com que modéstia e respeito devem portar-se na casa de Deus, especialmente quando se celebra a Santa Missa. Tanto mais me edificam senhoras da nobreza e princesas que só aparecem ante aos altares vestidas simplesmente, sem luxo nem elegâncias refinadas, quanto me escandalizam certas pretensiosas que, com seus penteados ridículos e ares de atrizes, assumem poses de deusas no lugar santo.

A bem-aventurada Ivete teve, certo dia, uma visão, que devia inspirar a essas pessoas o temor respeitoso devido à Santa Missa. Ao assistir à Santa Missa, viu essa nobre flamenga um espetáculo terrível. Perto dela estava uma dama distinta, cujo olhar se fixava aparentemente no altar; mas não era para seguir o Santo Sacrifício, nem para adorar o Santíssimo Sacramento que ia receber, e sim, para satisfazer uma paixão impura. Em volta dela estavam um grande número de demônios que dançavam e se expandiam em demonstrações de regozijo. Quando ela se levantou para se dirigir à mesa sagrada, uns lhe seguraram a cauda do vestido, outro lhe ofereceu o braço enquanto outros lhe faziam cortejo e serviam-lhe como a sua senhora. No momento em que o sacerdote descia do altar com a Santa Hóstia na mão, a fim de dar a comunhão àquela infeliz, pareceu a Ivete que o Salvador abandonava as santas espécies e volvia ao Céu, repugnando-Lhe entrar num coração assim rodeado de espíritos das trevas. Aterrorizada por semelhante cena, a bem-aventurada Ivete dirigia humildes preces a Nosso Senhor. E Ele revelou-lhe a causa, fazendo-lhe ver que aquela mulher alimentava uma paixão desordenada por uma pessoa que se achava próxima do altar, e que durante toda a Santa Missa, ao invés de se ocupar dos Santos Mistérios, contemplava-a com olhares impuros, desejando antes lhe agradar que agradar a Deus. Por isso rodeavam-na os demônios e faziam-lhe o cortejo.

Dir-me-eis que não sois do número dessas infelizes criaturas, e eu creio de boa vontade. Se, entretanto, ides à Igreja com certos trajes escandalosos, mereceis todas as censuras. Transformeis o templo sagrado em covil de ladrões, pois roubais a Deus a honra, pelas distrações que provocais aos sacerdotes, aos ministros, a todo o povo. Por favor, considerai e tomai a resolução de imitar Santa Isabel da Hungria. Para assistir à Santa Missa, ela se dirigia com grande pompa à Igreja. Mas, para assistir ao Santo Sacrifício, retirava da cabeça a coroa, os anéis dos dedos, depunha seus ornamentos e cobria-se com um véu, ficando em atitude tão modesta que nunca foi vista desviar sequer os olhos. Tudo isso agradou de tal modo a Deus que Ele quis manifestá-lo a todos: durante a Santa Missa, a Santa aparecia envolta de tal claridade que se velavam de deslumbramento os olhos dos assistentes; parecia-lhes contemplar um Anjo do Paraíso. Imitai exemplo tão ilustre, certos de que agradareis a Deus e aos homens, e que a Santa Missa será para vós de imenso proveito para esta vida e para a outra.

Grande é a utilidade que se aufere da assistência à Santa Missa, o que acaba de ser demonstrado. Muitas vezes, porém, há impossibilidade para certas pessoas, ou mesmo inconveniência, de ir à Igreja todos os dias. Vós que tendes filhos pequenos, ou que por obrigação ou caridade cuidais de um doente, ou que tendes um marido difícil que vos proíbe sair, não deveis inquietar-vos, ou, o que é pior, desobedecer. Pois, ainda que a Santa Missa seja um santo tesouro e de valor infinito, apesar de tudo, é sempre ainda melhor obedecer e renunciar à própria vontade, pois a obediência é imensamente valiosa.

Que sucederia, no entanto, se fôsseis à Santa Missa para vos entregardes à tagarelice, à curiosidade, às distrações voluntárias, e voltásseis com as mãos vazias? Foi o que sucedeu a uma camponesa, que morava em uma aldeia um pouco afastada da Igreja. Querendo alcançar uma graça importante, ela prometeu assistir à Santa Missa durante um ano. Com esta intenção, todas as vezes que ouvia repicar o sino anunciando a Santa Missa, em alguma Igreja dos arredores, largava imediatamente seu trabalho e punha-se a caminho, sem atender sequer às inclemências do tempo. De volta a casa, para não perder a conta das Santas Missas assistidas, que tencionava completar exatamente conforme se impusera, depositava cada vez uma fava em uma caixa cuidadosamente guardada. Passou-se o ano, e ela, certa de ter cumprido a promessa e alcançado muitos méritos, foi abrir a caixa. Ora, de tantas favas que ajuntara, só encontrou uma. 

Surpreendida e consternada, invadiu-a um grande pesar, e dirigiu-se a Deus, dizendo-lhe lacrimosa: 'Ó Senhor, como é possível que, de tantas Santas Missas que participei, só uma se encontre de sobra? Nunca faltei, a despeito do esforço a fazer, do mau tempo, da chuva, do frio e do caminho ruim!'. Deus então lhe inspirou a ideia de contar sua infelicidade a um piedoso sacerdote muito prudente. Este lhe perguntou de que modo ia ela à igreja, e com que devoção assistia ao santo Sacrifício. Então, ela disse-lhe que no caminho só falava de negócios ou de diversões e passava o tempo dos divinos Mistérios a tagarelar com um e outro, tendo o espírito ocupado exclusivamente com sua casa e seus campos. 'Aí está, lhe disse o padre, o motivo de nada restar dessas Missas. A tagarelice, a curiosidade, as distrações voluntárias vos roubaram todo o mérito. Satanás vo-lo roubou. Por isso, vosso Anjo fez desaparecer as favas, para vos mostrar que as obras mal feitas, ficam perdidas. Dai graças a Deus porque pelo menos uma das Santas Missas foi bem assistida e vos trouxe frutos'.

Fazei agora uma reflexão bem séria e dizei: Quem sabe, de tantas Santas Missas a que tenho assistido em minha vida, quantas foram agradáveis a Deus? Que vos responde a consciência! Se vos parece que bem poucas dessas Santas Missas são dignas de mérito aos olhos de Deus, remediai esta situação e emendai-vos sinceramente para o futuro. Mas se, o que não queira Deus, sois do número dessas infelizes, asseclas dos demônios, que vão à igreja ajudá-los a arrastar ao inferno, ouvi uma história apavorante e tremei!

Conta-se que certa mulher, tendo caído em grande miséria, errava em extremo desespero, num lugar solitário. Apareceu-lhe Satanás e disse-lhe que se ela quisesse distrair as pessoas na igreja, por meio de conversinhas e falatório inútil e inconveniente, ele a tornaria rica como nunca. A miserável mulher aceitou a proposta e pôs-se a executar o diabólico ofício, alcançando plenos resultados: agia e falava de tal maneira que ninguém perto dela podia assistir atentamente à Santa Missa, nem a outras cerimônias. Não durou muito, porém, que não pesasse sobre ela a mão de Deus. Certa manhã desencadeou-se terrível tempestade e um raio certeiro fulminou-a, reduzindo-a a cinzas. Ó mulheres, aprendei à custa de outrem, e fugi das pessoas que, por suas tagarelices e irreverências nas igrejas, exercem o ofício de ministros de Satanás, se não quereis incorrer também vós na cólera de Deus.

São Tomás e São Boaventura, os dois doutores da Igreja, ensinam, como dissemos anteriormente, que o Santo Sacrifício da Missa é de valor infinito, tanto pela Vítima que é ai oferecida, que é o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, principalmente, por Quem o oferece. No entanto, muitos há que o têm em tão pouca estima que colocam este tesouro sacratíssimo abaixo do mínimo interesse. Outra finalidade não tem este livrinho, da primeira à última página, senão dar uma ideia justa desta preciosidade tão grande que não tem preço. E se, até aqui, este Santo Sacrifício era para vós um tesouro oculto, agora que lhe conhecem o valor infinito, tomem a resolução de aproveitá-lo, assistindo à Santa Missa! Para a isso mais incitá-los, vou contar uma história apavorante, que será a conclusão desta obra.

Piccolomini, mais tarde Pio II, refere que, em certa região da Alemanha, havia um fidalgo de grande linhagem que, tendo caído na pobreza, vivia retirado em uma de suas terras. Aí, acabrunhado pela melancolia, estava prestes a deixar-se dominar pelo desespero, pois Satanás o impelia cada dia, a por uma corda ao pescoço a fim de dar cabo da vida. Nesse combate contra a tristeza e a tentação, recorreu a um santo confessor, que lhe deu o excelente conselho de não passar, nem um dia, sem assistir à Santa Missa. O fidalgo aceitou o conselho e logo o colocou em prática; e fez mais: para ficar seguro de nunca faltar à Santa Missa, tomou um capelão que devia estar pronto a oferecer, cada manhã, o Santo Sacrifício, a que ele assistia com grande fervor e devoção. 

Um dia, porém, o capelão dirigiu-se bem cedo a uma aldeia pouco afastada para assistir um padre recém-ordenado que lá celebrava sua primeira Missa. O fidalgo, receoso de ficar privado da Santa Missa naquele dia, dirigiu-se apressadamente para a tal aldeia. No caminho, porém, encontrou um camponês, e este lhe disse que podia voltar dali, pois a Santa Missa do novo sacerdote já havia terminado e que na aldeia não se celebraria outra. A esta notícia, o fidalgo perturbou-se e exclamou entre lágrimas: 'Que vai ser de mim hoje?'. O camponês, que nada podia entender de tão pungente aflição, replicou num tom de gracejo e ímpio ao mesmo tempo: 'Não choreis, senhor, eu vos venderei a Missa que acabo de assistir. Dai-me o manto que trazeis e eu vo-la cedo'. O gentil-homem aceitou a estranha proposta do camponês e, entregando-lhe o manto, encaminhou-se para a Igreja. Fez uma curta oração no lugar santo e voltou em seguida para casa. Mas, ao chegar ao sítio em que se detivera pouco antes, qual não foi seu espanto ao ver enforcado num carvalho, morto como Judas, o desgraçado camponês que lhe vendera sua Missa. A tentação de suicídio passara do fidalgo ao camponês que, privado do socorro que a Santa Missa lhe alcançara, não soubera resistir ao Diabo. O fato acabou de convencer o bom fidalgo de quão eficaz era o remédio sugerido pelo confessor, e mais se firmou em sua resolução de assistir, todos os dias, à Santa Missa.

Duas coisas de grande importância eu quisera que notásseis neste terrível caso. Primeiro, a grosseira ignorância de grande número de cristãos que, não sabendo apreciar as riquezas imensas na Santa Missa, vão a ponto de taxá-la por um preço material. Daí vem a linguagem inconveniente de algumas pessoas que falam em 'pagar ao sacerdote a sua Missa'. Pagar a Missa! E onde encontrareis fortuna capaz de igualar o valor de uma única Santa Missa, já que ela vale mais que todo o Paraíso, ó ignorância revoltante. Esse pouco de dinheiro que dais ao sacerdote, vós lho dais para seu sustento, mas não como pagamento, pois a Santa Missa é um tesouro sem preço.

Por que vos exortei, neste livrinho, a assistir todos os dias à Santa Missa e a encomendar quantas puderdes, é possível que Satanás vos coloque no espírito esta ideia: 'Os padres nos exortam a encomendar muitas Missas, por motivos muito bonitos e especiais. Mas nem tudo que brilha é ouro. Sob esta aparência de zelo, eles escondem seu proveito e no fim de contas vê-se que o interesse é que lhes inspira a conduta e as palavras'. Que erro o vosso, se pensais assim! Dou graças a Deus de me ter inspirado abraçar uma ordem na qual se professa a mais estrita pobreza, e não se recebem 'espórtulas' pelas Missas. Se nos oferecessem cem escudos por uma só Missa, jamais os aceitaríamos, pois dizemos todas as nossas Missas na intenção que tinha Cristo na Cruz, quando ofereceu ao Eterno Pai o primeiro Sacrifício do Calvário. Se, portanto, alguém há que possa elevar a voz sem receio de censura, sou eu que só busco o vosso interesse. Ora, tudo que vos aconselhei neste opúsculo vo-lo repito novamente, rogo-vos: assisti a muitas Santas Missas e as encomendai o mais que puderdes. Tereis amontoado um grande tesouro que vos aproveitará neste Mundo e no outro.

A segunda verdade que deveis depreender da história precedente é a eficácia da Santa Missa para alcançar todo bem e preservar-se de todo mal, e em particular para adquirir forças espirituais a fim de vencer todas as tentações. Deixai-me, portanto, dizer-vos ainda: À Santa Missa! À Santa Missa! Se quereis a vitória sobre vossos inimigos e ver todo o Inferno vencido e dominado. Resta-me ainda dar-vos um aviso, que se dirige também tanto aos sacerdotes, aos religiosos, como aos leigos: é que, para receber com grande abundância os frutos da Santa Missa, importa ir a Ela com a máxima devoção. Vós, leigos, portanto, assisti com toda a devoção à Santa Missa, e para isto, se quiserdes, utilizai-vos deste livrinho e ponde em prática, cuidadosamente, tudo o que nele vai indicado. Em pouco tempo, posso assegurar-vos pela experiência, verificareis uma mudança sensível em vosso coração e tocareis com o dedo o grande bem que daí há de auferir a vossa alma.

E vós, sacerdotes, deveis temer a justiça de Deus quando, por uma pressa exagerada ou por negligência irreverente, executardes mal as santas cerimônias, precipitardes as palavras, confundirdes os movimentos, numa palavra: despachardes a Missa. Refleti que consagrais, que tocais e recebeis o Filho de do Altíssimo e que não podeis, sem falta, omitir a menor cerimônia ou fazê-la de modo negligente ou defeituoso, como o ensina o sábio Suarez: 'Vei unius caeremoniae omissio culpae reatum inducit'!

Por isso, João D'Ávila, o oráculo da Espanha, não punha em dúvida que o Soberano Juiz pedirá aos sacerdotes uma conta mais rigorosa de todas as Missas que tiverem celebrado, do que qualquer outra obrigação. Por este motivo, tendo ouvido dizer que um jovem sacerdote passara à outra vida ao terminar sua primeira Missa, aquele santo homem soltou um suspiro e disse: 'Ele celebrou, então, a Santa Missa?'. E como lhe respondessem que o neo-sacerdote tivera a felicidade de morrer logo depois de celebrá-la, replicou: 'Ah! Grande conta tem ele de dar a Deus se celebrou uma Missa!'

E vós e eu, que tantas temos celebrado, como nos arranjaremos no tribunal de Deus? Tomemos portanto a salutar resolução de rever, ao menos no próximo retiro que fizermos, todas as rubricas do Missal e todas as cerimônias sacras, a fim de celebrar com a máxima perfeição possível. E estou certo de que se nós, sacerdotes, celebramos com um exterior grave e recolhido e, sobretudo, com grande fervor, os leigos, de sua parte, hão de decidir-se a assistir diariamente à Santa Missa. E teremos a consolação de ver renascer entre os cristãos de nossos dias o fervor dos primeiros fiéis da Igreja.

E vós, que é que estais fazendo? Por que é que não ides correndo para as igrejas para lá assistirdes fervorosamente a todas as Santas Missas que puderdes? Por que é que não quereis imitar os Anjos que, quando se celebra a Santa Missa, descem do Paraíso em grande número e vêm ficar ao redor do altar em adoração, intercedendo por nós? E Deus será soberanamente honrado e glorificado: é esta a única finalidade desta pequena obra. Orai por mim, rezando uma Ave Maria.

(Excertos da obra 'As Excelências da Santa Missa” de São Leonardo de Porto Maurício)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

SOFRIMENTO E CONSOLAÇÃO CRISTÃ

Saudação e Objetivo

Em Nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimos filhos em Jesus Cristo, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no Seu precioso sangue, desejosa de vos ver como soldados sem nenhum temor servil.

Valor do Sofrimento na Vida Cristã

De fato, nosso Salvador quer que tenhamos medo dele, não das pessoas deste mundo. Cristo disse: 'Não temais aqueles que podem matar o corpo, mas a Mim, que posso enviar ao inferno a alma e o corpo' (Mt 10,28). Por isso eu quero que vos afogueis no sangue do Filho de Deus, inflamados no fogo da divina caridade. É onde se perde todo temor servil, restando na pessoa apenas o temor reverencial. E que podem fazer o mundo, o demônio e seus servidores contra quem atingiu o amor sem medida pelo sofrimento? Nada! Eles apenas nos fornecem a ocasião para provarmos nossa virtude. Realmente, a virtude é posta à prova pelo que lhe é contrário. A pessoa deve até alegrar-se e rejubilar-se, deve procurar sofrer sempre com Cristo Crucificado, deve aniquilar-se por Ele, deve humilhar-se. Deve deleitar-se na dor e na Cruz. E ao desejar o sofrimento, encontrará alegria. Mas se procurar a alegria, achará a dor.

A melhor coisa é, portanto, afogar-se no sangue e eliminar nossas perversas vontades mediante um amor livre pelo Criador, sem termos nenhuma compaixão de nós mesmos. Só então aquela alegria estará em vós. E deveis esperar os sofrimentos sem nenhuma angústia. Por nenhuma ordem, que nos for dada, deveremos nos queixar. Pelo contrário, devemos até nos alegrar. De fato, nenhuma ordem humana será capaz de nos afastar de Deus. Tais ordens até serão aptas a nos dar a virtude da paciência, tornando-nos solícitos em abraçar a árvore da Cruz, em procurar a visão invisível que jamais nos será tirada. Se assim decidimos, a caridade amorosa jamais nos será tomada. Que doce coisa sermos perseguidos por causa de Cristo Crucificado! Quero que vos alegreis quando a cruz vos é dada, qualquer que seja o modo! Não escolhamos o modo. Que ele seja escolhido por quem nos faz sofrer. Julgai-vos até indignos de sofrer perseguição por Cristo Crucificado.

Perseverai na Oração e no Amor Mútuo

Ficai sabendo, meus bondosos filhos em Jesus Cristo, que foi essa a senda percorrida pelos santos que imitaram Jesus Cristo. Não existe outra que nos conduz a vida! Quero, pois, que com empenho vos esforceis por trilhar essa senda, feliz e reta. Perseverai na oração com boa vontade, sempre que o Espírito vos oferecer ocasião. Não haja desprezo ou fuga em vós, também com perigo de vida. Não deixeis a oração para poupar e agradar o próprio corpo. O que o demônio mais deseja ver em nós, para nos afastar da oração, é que tenhamos cuidados com o corpo e tibieza espiritual. Por motivo algum tais coisas devem afastar-nos da prece. Recordando-nos de que Deus é bondoso e reconhecendo nossos defeitos, afastemos as tentações do diabo e toda autocompaixão. Escondei-vos nas chagas de Cristo Crucificado, nada vos amedronte. Por Cristo Crucificado, vós tudo podeis. Ele estará convosco e vos fortalecerá.

Sede Obedientes e Desapegados. Conclusão.

Sede obedientes até a morte no que vos for imposto, por mais grave que seja. Não desprezeis o prêmio por causa da dificuldade ou de alguma tentação do diabo querendo enganar-vos, sob pretexto de virtude, sugerindo-vos: 'Isto será a alegria de minha vida e faria aumentar a virtude em mim'. Não acrediteis no diabo, mas sim em Deus, o qual vos dará de outro modo o que esperais dessa consolação. Vós sabeis que nenhuma folha cai de uma árvore sem a Providência Divina. Desse modo, tudo o que o diabo ou as pessoas fazem para nós, pela Providência Divina colabora para a nossa salvação e progresso na perfeição. Portanto, acolhei tudo com respeito e despojai-vos dos bens materiais não necessários. Revesti-vos de Cristo Crucificado, inebriai-vos no Seu sangue! Nele encontrareis a alegria e a paz completa. Nada mais acrescento. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Jesus doce, Jesus amor.

(Excertos da obra 'Santa Catarina de Sena - Cartas Completas', Ed. Paulus 2005)

domingo, 27 de outubro de 2013

O VALOR DA ORAÇÃO HUMILDE

Páginas do Evangelho - Trigésimo Domingo do Tempo Comum 


Jesus falou muitas vezes sobre o valor da oração. Do valor da oração humilde e confiante, pautada no arrependimento sincero e na dor pelos pecados cometidos. Falou sobre a necessidade de orar sempre, com contrição e perseverança nas súplicas dirigidas à Divina Misericórdia. Mas, todas as vezes que Jesus falou sobre a oração, destacou sempre a premissa essencial do seu valor e ponderação: a humildade. A oração humilde é tangida pela Verdade porque emana da gratuidade da vida em comunhão com Deus.

No Evangelho deste domingo, outros dois personagens são trazidos à realidade das digressões humanas: um fariseu e um cobrador de impostos. Investidos de suas atribuições cotidianas, são apenas homens cumprindo metas e obrigações. Diante de Deus, duas almas, fruto de escolhas singulares da Infinita Sabedoria. Na vida de ambos, certamente o fariseu parecia ter escolhido a melhor parte, pelo menos até o dia em que ambos, vivendo vidas tão opostas, 'subiram ao Templo para rezar' (Lc 18, 10).

E ali, diante de Deus, as realidades humanas se consumiram no nada. O fariseu, eivado de orgulho e auto-suficiência, proferiu a oração despropositada e inútil: 'Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’ (Lc 18, 11-12). No ato desonesto de louvar a si mesmo com desmedida jactância e julgar o próximo pela ótica dos valores humanos, arruinou a própria súplica. O cobrador de impostos, ao contrário, sabedor de suas fraquezas e misérias, prostrou-se em humilde recato e contrição, na sua súplica por clemência e perdão: 'Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!' (Lc 18,13).

O primeiro homem se viu em luz, e se banhou com desmedido orgulho nesta própria luz, mortiça e inútil, forjada tão somente por ações humanas. E saiu do templo com a concessão irrisória das alegrias humanas. O segundo homem, porém, apagou primeiro em si toda vaidade e interesses profanos e mergulhou, com inteira confiança e despojamento, na luz de Cristo. E, iluminado pela graça de Deus, alcançou misericórdia e experimentou a consoladora e definitiva paz daqueles que são plenamente justificados em Cristo: 'Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado' (Lc 18, 14).

sábado, 26 de outubro de 2013

AS GRANDES HERESIAS: VISÕES DO PROTESTANTISMO

De São Francisco de Sales:

'Como pode uma boa alma não deixar de arder em santo zelo e de sentir uma indignação cristã, considerando com que temeridade aqueles que não falam senão em Escritura Sagrada, desprezaram, aviltaram e profanaram este divino testamento do Pai Eterno e falsificaram a sagrada aliança de Deus com os homens? Ó Calvino! Ó Lutero! como ousais vós riscar, trancar e mutilar tantas nobres partes do sagrado texto da Bíblia? Tirastes Baruc, Tobias, Judite, a Sabedoria, o Eclesiástico e os Macabeus. Por que alterastes desta forma a Sagrada Escritura? Quem vos disse que não são livros sagrados?... Confessai francamente que só o fizestes para contradizer a Igreja.

Incomodava-os os Macabeus porque neles vedes afirmada a intercessão dos santos e a oração pelos defuntos. O Eclesiático, porque atesta o livre arbítrio e a honra devida às relíquias dos santos. Antes de inclinar a vossa fronte e venerar a Escritura, violastes a integridade dela para acomodá-la aos vossos erros e às vossas paixões. Suprimistes a santa palavra para não refrear as vossas fantasias. Como vos justificareis deste sacrilégio diante de Deus?'

Do 'Catecismo acerca del protestantismo para uso del pueblo' do Pe Juan Perrone (1856)

'Jamais foi negado que entre os protestantes existem muitos que são bons e honrados, mas se trata de honradez e probidade segundo o mundo. Contudo, repito que nem possuem e nem podem possuir santo algum. Porque em primeiro lugar, esta honradez e probidade tão decantadas,podem ser meramente naturais e filosóficas, como a de muitos pagãos e hereges dos tempos antigos: uma coisa é a probidade ou a vida virtuosa comum, e outra coisa muito distinta é a santidade no rigor da palavra. Concederei, sim, que se encontram entre os seus alguns homens virtuosos; mas Santos que hajam seguido constante e habitualmente o árduo caminho da virtude em grau heroico, e que os hajam seguido com facilidade e até com alegria, no meio das mais duras provas, e de toda a sorte de tentações, expostos às perseguições mais cruéis, feito objeto de contínuos desprezos, burlas e escárnios, recebendo a ingratidão como paga de seus benefícios, rogando a Deus por seus perseguidores, e oferecendo por eles, com toda humildade, penitências e padecimentos, e mortificando-se sem cessar; não meu amigo; destes Santos, volto a dizer, não possuem os protestantes e nem é possível que os tenham. Por outro lado, o Catolicismo os tivera em todas as épocas, em todas as partes, e de todas as idades e condições'

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

AS IMAGENS DE DEUS

O que seria a sensação de voar através do universo? A partir de dados dos registros de galáxias conhecidas, os autores do vídeo abaixo fizeram uma incrível montagem, em que cada ponto simula uma galáxia contendo bilhões de estrelas. As dimensões inferidas do cosmo (em termos apenas da chamada matéria brilhante, sem referências à matéria escura do universo) são esboços das imagens de Deus (mostradas em algumas das fotografias espetaculares do espaço dadas em seguida).

(Uma Visão da Terra: do Espaço)
(A Grande Nebulosa de Órion)
(Três Galáxias e Um Cometa)
(Luzes de Mercúrio)
(Galáxia de Andrômeda)
(Miríades de estrelas)
(Uma Visão do Espaço: da Terra)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O PENSAMENTO VIVO DE SANTO ANTÔNIO CLARET

'A virtude mais necessária é o amor. Sim, digo e direi mil vezes: a virtude de que mais precisa um missionário apostólico é o amor. Deve amar a Deus, a Jesus Cristo, a Maria Santíssima e ao próximo. Se não tiver amor, todos os seus belos talentos serão inúteis; mas, se tiver grande amor e mais os talentos naturais, terá tudo. A quem prega a Palavra o amor faz o que faz o fogo no fuzil. Se um homem atirar uma bala com os dedos, bem pouco dano pode fazer, mas se esta mesma bala for lançada pelo fogo da pólvora, matará. Assim é a Divina Palavra. Se for pronunciada naturalmente, bem pouco efeito fará, mas se for dita por um sacerdote cheio do fogo de caridade, de amor a Deus e ao próximo, ferirá vícios, matará pecados, converterá os pecadores, operará prodígios'.

'Estimulado a trabalhar para a maior glória de Deus e para a salvação das almas, como disse até aqui, direi agora de que meios me servi para conseguir este fim, conforme o Senhor me deu a conhecer como mais apropriados e adequados. O primeiro meio de que me servi sempre e me sirvo é a oração. Este é o meio maior que achei que devia usar para obter a conversão dos pecadores, a perseverança dos justos e o alívio das almas do Purgatório. E por isto, na meditação, na missa, nas preces e nas demais devoções que praticava e jaculatórias que fazia, sempre pedia a Deus e à Santíssima Virgem Maria estas três coisas'.

'Não só orava eu, mas ainda pedia às Monjas, às Irmãs de Caridade, Terciárias e a todas as pessoas virtuosas e zelosas que orassem. Para isto, pedia que ouvissem a santa Missa e que recebessem a sagrada Comunhão, e que durante a Missa e depois de ter comungado apresentassem ao Eterno Pai o seu Santíssimo Filho e que em seu nome e por seus méritos lhe pedissem estas três graças,como já disse, isto é: a conversão dos pecadores, a perseverança dos justos e o alívio das pobres almas do Purgatório. Também lhes dizia que se servissem da visita ao Santíssimo Sacramento e da devoção da Via Sacra'.

'A oração vocal para mim talvez me vá melhor que a pura mental, graças a Deus. Em cada palavra do Pai nosso, Ave Maria e Glória vejo um abismo de bondade e misericórdia. Deus nosso Senhor me concede a graça de estar muito atento e fervoroso quando rezo estas orações. Na oração mental também me concede o Senhor, por sua bondade e misericórdia, muitas graças; mas na vocal me sinto melhor'. 

'Quem mais e mais me move sempre é contemplar Jesus Cristo, ver como vai de um povoado a outro, pregando por todas as partes; não só nos povoados grandes, mas também nas aldeias; até a uma só mulher, como o fez com a Samaritana, embora se achasse cansado do caminho, com sede, em uma hora muito intempestiva, tanto para ele como para ela'

'Jesus Cristo, para a glória do seu Pai e para a salvação das almas, o que não fez? Ai! Contemplo-O em uma cruz morto e desprezado. Eu também, ajudado por sua graça, estou disposto a sofrer penas, trabalhos, desprezos, burlas, murmurações, calúnias, perseguições e até a mesma morte'.

'Neste ano fui caluniado e perseguido por toda classe de pessoas, pelos jornais, por folhetos, por livros parodiados, por fotografias e por muitas outras coisas e até pelos mesmos demônios. Um pouquinho, às vezes, ressentia a natureza, mas me tranquilizava logo e me resignava e me conformava com a vontade de Deus. Contemplava Jesus Cristo e via quão longe estava eu de sofrer o que Jesus Cristo sofreu por mim e assim me tranquilizava'. 

'Esta mesma ideia [que Deus seja conhecido, amado, servido e louvado por todos, por isso ele é conhecido como o 'santo de todos'] é a que mais me tem feito e me faz trabalhar ainda e me fará trabalhar, enquanto viva, na conversão dos pecadores'.

Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PADRE PIO E A MISSA DAQUELE DOMINGO

Início dos anos cinquenta do século passado. Uma filha espiritual do Padre Pio queria casar-se com o homem que era então o seu noivo, mas havia um grave problema: o rapaz era ateu. Diante da situação, mesmo em meio à apreensão de tal encontro, a moça foi buscar o conselho do Padre em San Giovanni Rotondo

Diante da situação exposta, o Padre Pio deu-lhe a seguinte orientação: 'Diga ao seu noivo para vir assistir com você à missa no próximo domingo'. E assim procedeu a moça e, com o seu namorado, sentaram-se no primeiro banco da igreja. E a Missa teve início.

A moça acompanhava normalmente o desenrolar da Santa Missa mas, cada vez mais apreensiva, percebia que, durante toda a cerimônia, o noivo encontrava-se em uma situação de absoluta aflição, empalidecido, mudo, com o olhar fixo e atônito na figura do padre. 

Essa sensação tornou-se particularmente expressiva durante a Eucaristia, no rosto congestionado do rapaz e pelas gotas de suor que agora afluíam ainda mais da sua testa. Não mais se contendo, a moça perguntou com grande preocupação ao noivo: 

'O que se passa com você?'

'É o Padre. Ele fica sempre assim, durante a Missa?'

'Assim como?' respondeu a moça num sussurro de espanto.

'Com o corpo todo coberto e escorrendo sangue até os pés e com uma coroa de espinhos na cabeça, como Jesus Cristo.'

Convertido e confessados, ambos contraíram o matrimônio cristão tempos depois.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

GALERIA DE ARTE SACRA (VIII)

BEATO FRA ANGELICO (1387 - 1455, pintor italiano)

Beatificado pelo Papa João Paulo II em 1982, é hoje nomeado Beato Fra Angelico.


Grupo de Anjos - Galeria Uffizi - Florença


A anunciação - Museu do Prado - Madrid



Cristo - Convento de São Marcos - Florença


A Transfiguração - Convento de São Marcos - Florença


Anjos com Trombetas - Galeria Uffizi - Florença


Cristo com Dominicanos - Convento de São Marcos - Florença


Cristo com Dominicanos - Convento de São Marcos - Florença


A Deposição - Convento de São Marcos - Florença


A Coroação da Virgem - Convento de São Marcos - Florença


A Coroação da Virgem (detalhe do quadro anterior)


Adoração dos Magos - National Gallery of Art - Washington


A Ressurreição de Cristo - Convento de São Marcos - Florença


Jesus Criança - Convento de São Marcos - Florença


A Coroação da Virgem - Galeria Uffizi - Florença


A Coroação da Virgem (detalhe do quadro anterior)


São Pedro - Convento de São Marcos - Florença

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

OS MAIS BELOS LIVROS CATÓLICOS DE TODOS OS TEMPOS (1)

1. THOMAS DE KEMPIS DA IMITAÇÃO DE CRISTO

'DA IMITAÇÃO DE CRISTO' é uma obra singular no contexto da literatura católica mundial. À exceção da Bíblia, nenhum outra obra teve tanta repercussão e tão expressiva popularidade quanto este texto que entrelaça, de forma tão viva e tão eloquente, direção espiritual e vida cristã plena, num extraordinário mosaico dos ensinamentos da Bíblia e dos Primeiros Padres da Igreja. O texto parece ter sido produzido originalmente em latim e sua autoria não é definitiva. O texto já foi atribuído a São Bernardo de Clairvaux e a escritores ingleses e franceses, mas a autoria mais provável é dada a Thomas Haemmerlein, ou Thomas à Kempis (ou, como é mais comum, Thomas de Kempis), nascido em Kempen na Alemanha em 1379 ou 1380 e falecido em Mount St. Agnes, um mosteiro agostiniano situado na diocese de Utrecht, em 26 de julho de 1471. A obra é dividida em quatro livros. Nos primeiros três livros, aborda-se o projeto espiritual da conformação da alma a Jesus Cristo, seguindo a linha das três vias tradicionais da caminhada espiritual: a via purgativa, iluminativa e unitiva, por meio da coletânea de sentenças facilmente memorizáveis por seu ritmo. No Livro Primeiro, acentua-se a centralidade da 'imitação de Cristo' e a exemplaridade da vida virtuosa. No Livro Segundo, reforça-se a piedade cristocêntrica, com os desdobramentos de suas virtudes essenciais, como a simplicidade, a pureza e a retidão do coração. O Livro Terceiro, desenvolvido em forma de colóquio íntimo da alma com Deus, trata especificamente dos temas relacionados à via unitiva. A união com Deus é a porta de entrada para o consolo, o sossego, a paz e a alegria. O Livro Quarto trata da devoção à eucaristia e da dignidade do estado sacerdotal.

Da Imitação de Cristo (Livros I, II, III e IV) está disponível na Biblioteca Digital desse site.

2. SANTO INÁCIO DE LOYOLA   EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS


Os 'EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS' datam de 1538 e estabelecem um conjunto de normas e procedimentos vinculados à prática de orações, visando o exame de consciência. É um processo que envolve corpo e mente, constituindo-se num treinamento orientado, onde o praticante é supervisionado pelo ministrante, o único que tem acesso ao texto dos Exercícios. Enquanto dinâmica encontramos, então, uma pessoa que orienta e transmite as experiências e exercícios (ministrante) e outra que, seguindo as orientações, coloca-se no processo da experiência, reflexão e avaliação com o objetivo de superar suas dúvidas. Os métodos empregados visam potencializar a capacidade de interiorização, através da distribuição espacial, horários, prática de orações e posturas corporais, servindo como modelo para o método pedagógico do fundador da Companhia de Jesus. Santo Inácio de Loyola nasceu no País Basco/Espanha, em 31 de maio de 1491 e morreu em Roma, em 31 de julho de 1556, aos 65 anos de idade. Escreveu os 'Exercícios' entre 1522 e 1523, os quais dividiu em quatro semanas, entendidas como etapas de conteúdos a serem absorvidos pelo exercitante, antes de passar para a semana seguinte. O livro é dividido em três partes. Primeira Parte: Anotações Orientadoras; Anotações para tomar alguma inteligência dos exercícios espirituais que se seguem, e para ajudar, assim, o que os há de dar como o que os há de receber. Segunda Parte: Exercícios Espirituais; Exercícios Espirituais para se vencer a si mesmo e ordenar a sua vida sem se determinar por afeição alguma que seja desordenada; Primeira Semana; Segunda Semana; Terceira Semana; Quarta Semana. Terceira Parte: Elementos complementares - A. Mistérios da Vida de Cristo; B. Regras para vários discernimentos.

domingo, 20 de outubro de 2013

O JUIZ INÍQUO E A VIÚVA IMPERTINENTE

Páginas do Evangelho - Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum 


No evangelho deste domingo, Jesus nos exorta, uma vez mais, à oração frequente, confiante, perseverante e colocada no coração de infinito amor do Deus de Misericórdia. À oração despojada de contrapartidas favoráveis aos apelos intrinsecamente humanos, mas entregue aos desígnios do Pai para o bem maior de nossa alma e do nosso semelhante. E vai enfatizar, de forma cristalina, que a obscuridade e as trevas da perda de fé são engendradas na forja da falta de oração. Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, já nos alertava: 'Quem reza, se salva; quem não reza, se condena'.

Na parábola do mau juiz e da viúva impertinente, deparam-se duas realidades humanas antagônicas: de um lado, o homem privilegiado pelas leis humanas e detentor do poder de decisão sobre as ações e contendas dos outros homens; de outro lado, a mulher exposta e fragilizada pela perda do marido, sob o peso de novas e doloridas realidades e indefesa pelas dramáticas circunstâncias do momento. Cabe a ela, portanto, pedir, pedir uma vez mais e muitas vezes enfim e mesmo implorar a intervenção do juiz em sua causa e defesa. Ao juiz, homem iníquo, ao qual a soberba do cargo tinha imposto sempre decisões rápidas e inquestionáveis, a insistência da viúva é ocasião de incômodo, transtorno, desvario. Eis o cenário que Jesus montou para falar do valor incomensurável da oração.

Diante de apelos tão inoportunos e persistentes, até o juiz iníquo se rendeu: 'Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!' (Lc 18, 4-5). Se até um homem iníquo e injusto é complacente com os rogos repetidos da viúva inconsolável a qual desdenha, o que Deus de infinita misericórdia não iria fazer por nós em oração confiante e perseverante nas Suas graças? E Jesus é taxativo ao dizer: 'Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa' (Lc 18,8). 

E, no mesmo versículo, Jesus encerra a parábola com uma frase extremamente preocupante: 'Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?' (Lc 18, 8). Jesus não precisaria se expressar assim se não profetizasse uma terrível apostasia dos homens dos tempos da Segunda Vinda do Senhor, fomentada pela perda dos valores espirituais, submissão aos valores mundanos e, principalmente pela perda da oração confiante e perseverante aos desígnios de Deus. E, de repente, ao se ter em conta as realidades de agora, não parece que Jesus está falando para nós?  

sábado, 19 de outubro de 2013

O PENSAMENTO VIVO DE CHESTERTON (I)




"Para salvar o homem, Deus quis a Igreja como uma locomotiva, e não como um vagão extraído da opinião pública. O Povo de Deus deve ser como um barco a motor que navega contra a corrente dos fáceis instintos, e não uma balsa, cheia de gente, que a corrente impetuosa arrasta para a cachoeira".




"Quando o homem deixa de acreditar em Deus, poder-se-ia pensar que ele não acredita em mais nada. Mas não é assim: quando deixa de acreditar em Deus, está pronto para acreditar no primeiro que aparece, nos ovnis, nos gurus, nas seitas espíritas, nos magos, e está pronto para adorar Satanás".

NOS TEMPOS DO ANTICRISTO

Nos tempos do Anticristo, a Igreja de Deus sobre a terra, como podemos bem imaginar, verá reduzido enormemente o número aparente de seus fiéis, devido à aberta deserção aos poderes deste mundo. Esta deserção começará por uma indiferença a toda forma de cristianismo, sob a aparência de uma tolerância universal. Mas tal tolerância não procederá de um verdadeiro espírito de caridade e de indulgência, mas de um projeto que visa minar o Cristianismo por meio da multiplicação e fomento de seitas. Esta pretensiosa tolerância irá muito além de uma justa tolerância, inclusive no que diz respeito às diferentes denominações cristãs. 

Pois os governos tenderão a ser indiferentes a todas [as igrejas] e não darão proteção preferencial a nenhuma. Todas as igrejas estabelecidas serão colocadas de lado. Da tolerância às mais pestilentas heresias, passarão logo à tolerância ao islamismo, ao ateísmo e, por fim, à perseguição explícita à verdade do Cristianismo. Nesses tempos, o Templo de Deus se verá praticamente reduzido à Sancta Sanctorum, isto é, ao pequeno número dos verdadeiros cristãos que adoram o Pai em espírito e em verdade e que se regem estritamente por sua doutrina e culto, e toda a sua conduta pela Palavra de Deus. Os cristãos meramente de nome abandonarão a profissão da verdade quando os poderes do mundo o façam. 

Penso que este trágico sucesso está ilustrado pela ordem de São João de medir o Templo e o Altar e de permitir que o átrio [as igrejas] fosse pisoteado pelos gentios. Os bens do clero serão entregues à pilhagem, o culto público será insultado e desdenhado pelos desertores da fé que uma vez professaram, ainda que não possam ser chamados apóstatas porque nunca foram sinceros em sua profissão [de fé]. Esta não terá sido mais do que a condescendência com os modismos e a autoridade pública. No fundo, foram sempre o que agora demonstram ser: pagãos.

Quando esta deserção geral da fé tiver lugar, então começara o ministério das 'duas testemunhas vestidas de saco' (Ap 11,3) [profetas Elias e Henoc]. Não haverá nada de esplendor na aparência externa de suas igrejas, não terão apoio dos governos; não terão honrarias; nem recursos, nem imunidades, nem autoridade; somente terão aquela [autoridade] que nenhum poder humano pode arrebatar e que eles receberam dAquele que lhes deu a outorga de ser Suas Testemunhas.

Oxford , na festa de São Pedro, 1838.

(Post Scriptum da obra 'Quatro Sermões sobre o Anticristo', de John Henry Newman)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

AS 15 ORAÇÕES DE SANTA BRÍGIDA



As chamadas 15 orações de Santa Brígida (1303 - 1373), padroeira da Suécia, são atribuídas a esta grande e mística santa da Igreja, mas mesmo tal proposição é questionável. As promessas comumente associadas a elas, entretanto, são inteiramente falsas e incompatíveis com a verdadeira doutrina católica, pelo que devem ser descartadas por completo (uma delas consiste, por exemplo, na estranha e inexplicável promessa a quem as reza da libertação de 15 almas de parentes do Purgatório; diversas outras 'promessas' tem esse mesmo caráter de genuína extravagância). Tratam-se, entretanto, de belas orações associadas aos sofrimentos da Paixão de Cristo, de elevada espiritualidade e de reconhecida piedade cristã, sempre iniciadas com o aposto 'Ó Jesus'. As orações atribuídas à Santa Brígida da Suécia, transcritas abaixo, foram obtidas do site www.salverainha.com.br

1ª ORAÇÃO

                     Ó JESUS CRISTO, doçura eterna para aqueles que vos amam, alegria que ultrapassa todo entendimento e todo o desejo, esperança de salvação dos pecadores, que declarastes não terdes maior contentamento do que estar entre os homens, até o ponto de assumir a nossa natureza, na plenitude dos tempos, por amor deles.
Lembrai-Vos dos sofrimentos, desde o primeiro instante da Vossa 
Conceição e sobretudo durante a Vossa Santa Paixão, assim como havia sido decretado e estabelecido desde toda a eternidade na mente divina. 
Lembrai-Vos Senhor, que,celebrando a Ceia com os Vossos discípulos, depois de lhes haverdes lavado os pés, deste-lhes o Vosso Sagrado Corpo e precioso Sangue e, consolando-os docemente lhes predissestes a Vossa Paixão iminente.
Lembrai-Vos da tristeza e da amargura que experimentastes em Vossa Alma como o testemunhastes Vós mesmo por estas palavras:
“a Minha Alma está triste até a morte”
Lembrai-Vos, Senhor, dos temores, angustias e dores que suportastes em Vosso Corpo delicado, antes do suplício da
 Cruz, quando, depois de ter rezado por três vezes, derramado um suor de Sangue, fostes traído por Judas Vosso discípulo, preso pela nação que escolhestes, acusado por testemunhas falsas, injustamente julgado por três juizes, na flor da Vossa juventude e no tempo solene da Páscoa.
Lembrai-Vos que fostes despojado de Vossas vestes e revestido com as vestes da irrisão, que Vos velaram os olhos e a face, que Vos deram bofetadas, que Vos coroaram de espinhos, que Vos puseram uma cana na mão e que, atado a uma coluna, fostes despedaçado por golpes e acabrunhado de afrontas e ultrajes. 
Em memória destas penas e dores que suportastes antes da Vossa Paixão sobre a Cruz, concedei-me, antes da morte, uma verdadeira contrição, a oportunidade de me confessar com pureza de intenção e sinceridade absoluta, uma adequada satisfação e a remissão de todos os meus pecados.
Assim seja!     
      
  Pai Nosso... Ave Maria ...

2ª ORAÇÃO

         Ó JESUS CRISTO, verdadeira liberdade dos Anjos, paraíso de delícias, lembrai-Vos do peso acabrunhador de tristezas que suportastes, quando Vossos inimigos, quais leões furiosos, Vos cercaram e, por meio de mil injúrias, escarros, bofetadas, arranhões e outros inauditos suplícios Vos atormentaram a porfia.
Em consideração destes insultos e destes tormentos, eu Vos suplico, ó meu Salvador, que Vos digneis libertar-me dos meus inimigos, visíveis e invisíveis e fazer-me chegar, com o Vosso auxílio a perfeição da salvação eterna.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...


3ª ORAÇÃO

                 Ó JESUS, Criador do Céu e da terra, a quem coisa alguma pode conter ou limitar, Vós que tudo abarcais e tendes tudo sob o Vosso poder, lembrai-Vos da dor, repleta de amargura, que experimentastes quando os soldados, pregando na Cruz Vossas Sagradas mãos e Vossos pés tão delicados, transpassaram-nos com grandes e rombudos cravos e não Vos encontrando no estado em que teriam desejado, para dar largas a sua cólera, dilataram as Vossas Chagas, exacerbando assim as Vossas dores.

Depois, por uma crueldade inaudita, Vos estenderam sobre a Cruz e Vos viraram de todos os lados, deslocando, assim, os Vossos membros. 
Eu vos suplico, pela lembrança desta dor que suportastes na Cruz, com tanta santidade e mansidão, que Vos digneis conceder-me o Vosso Temor e o Vosso Amor.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...



4ª ORAÇÃO


                   Ó JESUS, médico celeste, que fostes elevado na Cruz afim de curar as nossas chagas por meio das Vossas, lembrai-Vos do abatimento em que Vos encontrastes e das contusões que Vos infligiram em Vossos Sagrados membros, dos quais nenhum permaneceu em seu lugar, de tal modo que dor alguma poderia ser comparada a Vossa. 
Da planta dos pés até o alto da cabeça, nenhuma parte do Vosso Corpo esteve isenta de tormentos, e entretanto esquecido dos Vossos sofrimentos, não Vos cansastes de suplicar a Vosso PAI pelos inimigos que Vos cercavam, dizendo-LHE: 
“PAI, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” 
Por esta grande misericórdia e em memória desta dor, fazei com que a lembrança da Vossa Paixão, tão impregnada de amargura, opere em mim uma perfeita contrição e a remissão de todos os meus pecados.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...


5ª ORAÇÃO

                    Ó JESUS, espelho do esplendor eterno. Lembrai-Vos da tristeza que sentistes quando contemplando a luz da Vossa Divindade a predestinação daqueles que deveriam ser salvos pelos méritos da Vossa santa paixão, contemplastes ao mesmo tempo, a multidão dos réprobos que deveriam ser condenados por causa de seus pecados, e lastimastes amargamente, a sorte destes infelizes pecadores, perdidos e desesperados. 
Por este abismo de compaixão e de piedade e principalmente, pela bondade que manifestastes ao bom ladrão, dizendo-lhe: 
“Hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso”
eu Vos suplico ó Doce Jesus, que na hora da minha morte useis de misericórdia para comigo.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...

6ª. ORAÇÃO


                     Ó JESUS, Rei amável e de todo desejável, lembrai-vos da dor que experimentastes quando nu e como um miserável pregado e levantado na Cruz, fostes abandonado por todos os vossos parentes e amigos, com exceção de Vossa mãe bem amada, que permaneceu em companhia de São João muito fielmente junto de Vós na agonia, lembrai-Vos que os entregastes um ao outro dizendo:
“Mulher eis ai o teu filho”!
e a João: 
“Eis ai a tua Mãe!”
Eu vos suplico, ó meu Salvador, pela espada de dor que então transpassou a alma de Vossa Santa Mãe, que tenhais compaixão de mim em todas as minhas angustias e tribulações, tanto corporais como espirituais, e que Vos digneis assistir-me nas provações que me sobrevierem, sobretudo na hora da minha morte.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ... 

7ª ORAÇÃO

                     Ó JESUS, fonte inexaurível de piedade, que por uma profunda ternura de amor, dissestes sobre a Cruz: 
“Tenho sede!”, mas sede de salvação do gênero humano. Eu Vos suplico, ó meu Salvador, que Vos digneis estimular o desejo que meu coração experimenta de tender a perfeição em todas as minhas obras e extinguir por completo em mim, a concupiscência carnal e o ardor dos desejos mundanos.
Assim seja!

Pai Nosso... Ave Maria ...


8ª ORAÇÃO

   
         Ó JESUS, doçura dos corações, suavidade dos espíritos, pelo amargo sabor do fel e do vinagre que provastes sobre a Cruz por amor de todos nós, concedei-me a graça de receber dignamente o Vosso Corpo e Vosso Preciosíssimo Sangue, durante toda a minha vida e na hora da minha morte afim de que sirvam de remédio e de consolo para minha alma.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...
  
   
   





9ª ORAÇÃO

 
                 Ó JESUS, virtude real, alegria do espírito, lembrai-Vos da dor que suportastes quando mergulhado na amargura ao sentir aproximar-se a morte, insultado e ultrajado pelos homens, julgastes haver sido abandonado por Vosso PAI dizendo:
“Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonastes?”
Por esta angustia eu Vos suplico ó meu Salvador, que não me abandoneis nas aflições e nas dores da morte.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...

 


10ª ORAÇÃO

 

                   Ó JESUS, que sois em todas as coisas, começo e fim, vida e virtude, lembrai-Vos de que por nós fostes mergulhado num abismo de dores da planta dos pés até o alto da cabeça. 
Em consideração da extensão das Vossas Chagas, ensinai-me a guardar os Vossos Mandamentos mediante uma sincera caridade, mandamentos estes que são caminhos espaçoso e agradável para aqueles que Vos amam.
Assim seja!
 

Pai Nosso... Ave Maria ...







11ª ORAÇÃO

                Ó JESUS, profundíssimo abismo de misericórdia, suplico-Vos em memória de Vossas Chagas, que penetraram até a medula dos vossos ossos e atingiram até as vossas entranhas, que vos digneis afastar-me pobre pecador do lodaçal de ofensas em que estou submerso, conduzindo-me para longe do pecado. 
Suplico-Vos também, esconder-me de Vossa Face irritada, ocultando-me dentro de Vossas Chagas, até que a Vossa cólera e a Vossa justa indignação tenham passado.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...

12ª ORAÇÃO

                      Ó JESUS, espelho de verdade, sinal de unidade, laço de caridade, lembrai-Vos dos inumeráveis ferimentos que recebestes desde a cabeça até os pés, ao ponto de ficardes dilacerado e coberto pela púrpura do Vosso Sangue adorável.
Ó quão grande e universal foi a dor que sofrestes em Vossa Carne virginal por nosso amor!
Ó Dulcíssimo JESUS, que poderíeis fazer por nós que não o houvésseis feito? 
Eu vos suplico, ó meu Salvador, que vos digneis imprimir com o Vosso Preciosíssimo Sangue, todas as Vossas chagas em meu coração, afim de que eu relembre sem cessar, as Vossas Dores e o Vosso Amor. 
Que pela fiel lembrança da Vossa Paixão, o fruto dos Vossos Sofrimentos seja renovado em mim cada dia mais, até que eu me encontre finalmente Convosco, que sois o tesouro de todos os bens e a fonte de todas as alegrias. 
Ó Dulcíssimo JESUS, concedei-me poder gozar de semelhante ventura na vida eterna.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...



13ª ORAÇÃO 

   
                 Ó JESUS, fortíssimo Leão, Rei imortal e invencível, lembrai-Vos da dor que vos acabrunhou quando sentistes esgotadas todas as vossas forças, tanto do Coração como do Corpo, e inclinastes a cabeça dizendo:
“Tudo está consumado!” 
Por esta angústia e por esta dor, eu Vos suplico Senhor JESUS, que tenhais piedade de mim, quando soar a minha última hora, e minha alma estiver amargurada e o meu espírito cheio de aflição.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...






14ª ORAÇÃO 

                       Ó JESUS, Filho Único do PAI, esplendor e imagem da sua substância, lembrai-Vos da humilde recomendação que LHE dirigistes dizendo:    “Meu PAI, em Vossas Mãos entrego o Meu Espírito!”
Depois expirastes, estando Vosso Corpo despedaçado, Vosso Coração transpassado, e as entranhas da Vossa Misericórdia abertas para nos resgatar. 
Por esta preciosa morte eu Vos suplico, ó Rei dos Santos, que me deis força e me socorrais, para resistir ao demônio a carne a ao sangue, afim de que estando morto(a) para o mundo, eu possa viver somente para Vós. 
Na hora da morte, recebei eu Vos peço, minha alma peregrina e exilada que retorna para Vós.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...

 15ª ORAÇÃO

 
                    Ó JESUS, vide verdadeira e fecunda, lembrai-Vos da abundante efusão de Sangue que tão generosamente derramastes de Vosso Sagrado Corpo, assim como a uva é triturada no lagar. 
Do Vosso lado aberto pela lança de um dos soldados, jorraram Sangue e água, de tal modo que não retivestes uma gota sequer. 
E enfim, como um ramalhete de mirra elevado na Cruz, Vossa Carne delicada se aniquilou, feneceu o humor de Vossas entranhas e secou a medula dos Vossos ossos. 
Por esta tão amarga Paixão, e pela efusão de Vosso preciosíssimo Sangue, eu vos suplico, ó Bom JESUS, que recebais minha alma quando eu estiver na agonia.
Assim seja! 

Pai Nosso... Ave Maria ...





ORAÇÃO FINAL

                 Ó doce JESUS, vulnerai o meu coração, a fim de que lágrimas de arrependimento, de compunção e de amor, noite e dia me sirvam de alimento.  Convertei-me inteiramente a Vós.  Que o meu coração Vos sirva de perpétua habitação; que a minha conduta vos seja agradável e que o fim da minha vida seja de tal modo edificante que eu possa ser admitido no Vosso Paraíso, onde, com os vossos Santos, hei de vos louvar para sempre.  Assim seja!