domingo, 13 de junho de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Como é bom agradecermos ao Senhor!' (Sl 91)

 13/06/2021 - Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum

29. O REINO DE DEUS


No Evangelho deste Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum, Jesus utiliza-se de duas parábolas para explicitar às multidões o sentido maior do Reino de Deus no mundo, consubstanciadas na mesma ideia central do trabalho fecundo e silencioso das boas sementes lançadas em terra fértil que se desenvolvem para produzir muitos frutos. A semente do Evangelho deve ser convertida em apostolado e no reino militante da Santa Igreja Católica pelos caminhos do mundo.

A primeira parábola compara o Reino dos Céus à boa semente lançada em terra fértil: 'O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra' (Mc 4, 26). Na terra que é o campo do Senhor, ou seja, o mundo, Deus planta sempre a boa semente, plena de fertilidade e capaz de produzir muitos frutos. E, enquanto todos dormem e se entregam aos seus afazeres cotidianos, a boa semente 'vai germinando e crescendo', produzindo folhas e grãos, e frutos que amadurecem e que geram outras muitas sementes. E eis que a terra boa de plantar torna-se então farta na colheita: pelas mãos dos homens e pela graça divina escondida no ventre da terra.

A segunda parábola compara o Reino dos Céus a uma minúscula semente de mostarda: 'O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra' (Mc 4, 31). De fertilidade ímpar, a pequena semente produz um vigoroso arbusto, tão alto que as aves podem fazer ninhos em seus ramos: 'Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra' (Mc 4, 32). O Reino de Deus se desenvolve tal como a pequena semente: no escondimento, quase imperceptível na sua evolução, mas vigoroso e extraordinário na grandeza e dimensão dos seus frutos! O caminho da santificação é essencialmente simples e tranquilo, mas sempre impelido por uma torrente de bênçãos e graças.

O Reino de Deus é obra única e exclusiva do Pai. Nos mistérios insondáveis dos seus divinos desígnios, Deus arma a teia da vida e da propagação da civilização cristã através de um mundo conturbado que parece, por muitas vezes, querer abortar a semente lançada e conspurcar os seus frutos. Mas Deus utiliza de suas graças abundantes para fazer jorrar a água viva do Evangelho do chão rude e pedregoso talhado por uma humanidade pecadora e licenciosa das verdades eternas. Que o nosso propósito seja o de mostrar-nos ao Pai, não escondidos atrás das muralhas do nosso orgulho e das nossas vaidades, mas como frágeis vasos de argila, expostos como instrumentos dóceis à ação da graça divina para praticarmos sempre o bem, de forma generosa e perseverante. Supliquemos a Deus a graça de sermos fecundos nesta semeadura, deixando a Ele, e somente a Ele, a tarefa de colher os frutos dos nossos pequenos trabalhos e obras, de acordo com a sua Santa Vontade.

sábado, 12 de junho de 2021

OS GRANDES MÍSTICOS DA IGREJA (V)

ELENA AIELLO

Elena Emília Aiello nasceu em Montalto Uffugo, província de Cosenza e região da Calábria, na Itália, no dia 10 de abril de 1895, e faleceu em Roma no dia 19 de junho de 1961. Privilegiada por inúmeros dons sobrenaturais, foi declarada venerável no dia 22 de janeiro de 1991 e beatificada em 14 de setembro de 2011. 

Após a morte da mãe, ocorrida em 1905, Elena passou a ajudar o pai na alfaiataria da família. Em agosto de 1920, ingressou no instituto das Irmãs da Caridade do Preciosíssimo Sangue em Salerno, mas graves problemas de saúde fizeram com que fosse excluída da congregação. A partir de uma revelação de Jesus de que seria curada destes males e que passaria a sofrer os estigmas da Paixão de Cristo nas Sextas-Feiras Santas de cada ano, passou a experimentar diferentes fenômenos místicos, que incluíram visões de Cristo e de Nossa Senhora, que lhe pediam para participar do mistério da Paixão para o bem da humanidade como alma vítima escolhida pela Providência para a conversão dos pecadores e para aplacar a Justiça divina.

Em 1928, ela e uma amiga, Luigia Mazza, fundaram o Instituto das Irmãs Mínimas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, adotando como modelo de vida religiosa a própria Paixão de Jesus e o primado da caridade testemunhada por São Francisco de Paula, escolhido como padroeiro da congregação. A sua obra conta atualmente com mais de 100 religiosas e está presente na Itália, com numerosas casas na Suíça, Canadá, Colômbia e Brasil.


Desde a sua morte em Roma em 1961, inúmeros milagres e conversões têm sido atribuídos à Irmã Elena Aiello. Os seus restos mortais repousam na capela da Casa Mãe do seu instituto em Cosenza. Sua festa é comemorada no dia 19 de junho. As revelações e aparições à Beata Elena Aiello foram aprovadas pela Igreja e encontram-se relatadas no livro 'Suor Elena Aiello - La monaca santa', de Mons. Francisco Spadafora, que foi o seu diretor espiritual, que as definiu como sendo uma atualização do segredo de Fátima. Eis algumas destas revelações:


'Os homens ofendem demasiado a Deus. O mundo está totalmente devastado, porque se tornou pior do que nos tempos de dilúvio universal... todas as nações serão punidas porque são muitos os pecados que, como uma maré de lodo, a tudo cobrem. Muito sangue será derramado e a Igreja sofrerá muito. A Itália será humilhada, purificada no sangue e deverá sofrer muito porque são muitos os pecados desta nação. Não podeis imaginar o que sucederá! As ruas estarão encharcadas de sangue. O Papa sofrerá muito. Mas não tardará o castigo dos ímpios. Aquele dia será terrível'.

'Minha filha, o castigo está próximo. Fala-se muito de paz, mas o mundo inteiro caminha para a guerra, e as ruas ficarão cobertas de sangue! Não se vê um raio de luz no mundo, porque os homens vivem nas trevas do pecado, e o enorme peso desses pecados clama pela Justiça de Deus. Todas as nações serão castigadas, porque o pecado espalhou-se por todo o mundo! Os castigos serão tremendos, porque o homem tornou-se numa afronta insuportável contra o seu Deus e Pai, e já exasperou a Sua Infinita Bondade!... O Meu Coração de Mãe e Mediadora dos homens, próxima da Misericórdia de Deus, convida, com muitas manifestações e muitos sinais, os homens à penitência e ao perdão. Mas eles respondem com uma tormenta de ódio, blasfêmias e profanações sacrílegas, cegos pela ira infernal. Peço oração e penitência, para que possa obter de novo a misericórdia e a salvação para muitas almas; pois de outro modo irão se perder'.

'O pecado manchará até mesmo as almas das crianças... falsos profetas circundam a Cristo na terra e o demônio desencadeou a mais terrível batalha contra Deus e a Igreja... o pecado de impureza, convertido em arte sedutora e diabólica, atingiu o cume: a maioria dos homens vive na lama... Não há esperança para uma era de paz: o mundo inteiro estará em guerra'... Olhai: os anjos, tendo em suas mãos recipientes cheios de fogo, estão prestes a despejá-los sobre o mundo. Este terrível flagelo virá nas primeiras horas da manhã. O céu se tingirá de vermelho, a tempestade será de fogo, várias nações deverão desaparecer'.

(vídeo contendo algumas revelações à Beata Elena Aiello)

sexta-feira, 11 de junho de 2021

O DOGMA DO PURGATÓRIO (IX)

Capítulo IX

As Dores do Purgatório: sua Natureza e Rigor - Doutrina dos Teólogos: São Belarmino e São Francisco de Sales - Medo e Confiança

Existe no Purgatório, tal como no Inferno, uma dor dupla - a dor da perda e a dor dos sentidos. A dor da perda consiste em ser privado por algum tempo da vista de Deus, que é o Bem Supremo, fim beatífico para o qual foram feitas as nossas almas, assim como são os nossos olhos para a luz. É uma sede moral que atormenta a alma. A dor dos sentidos, ou sofrimento sensível, é a mesma que experimentamos em nossa carne. A sua natureza não se define pela fé, mas é opinião comum dos Doutores da Igreja que ela consiste em fogo e outras espécies de sofrimento. O fogo do Purgatório, dizem os Padres da Igreja, é o mesmo do inferno, de que fala o rico glutão: - quia crucior in hac flamma - 'eu sofro cruelmente nestas chamas'.

Quanto à gravidade dessas dores, uma vez que são infligidas pela Justiça Infinita, são proporcionais à natureza, gravidade e número dos pecados cometidos. Cada um recebe segundo as suas obras, cada um deve honrar-se das dívidas de que se vê acusado perante Deus. Porém, essas dívidas diferem muito em qualidade. Algumas, que se acumularam durante uma longa vida, atingiram os dez mil talentos do Evangelho, ou seja, os milhões e as dezenas de milhões; enquanto outras são reduzidas a poucos centavos, o resto insignificante daquilo que não foi devidamente expiado na terra. Segue-se disso que as almas passam por vários tipos de sofrimentos e que existem inúmeros graus de expiação no Purgatório, sendo que alguns são incomparavelmente mais severos do que outros. No entanto, falando em termos gerais, os Doutores da Igreja concordam em dizer que estas dores são insuportáveis. O mesmo fogo, diz São Gregório, atormenta os condenados e purifica os eleitos (salmo 37). 'Quase todos os teólogos' - diz São Belarmino - 'ensinam que os réprobos e as almas do Purgatório sofrem a ação do mesmo fogo' (De Purgat., i. 2, cap. 6).

Deve-se tomar como certeza - escreve o mesmo São Belarmino - que não há proporção entre os sofrimentos desta vida e aqueles do Purgatório (De Gemitu Columbae, lib. ii, cap. 9). Santo Agostinho declara precisamente o mesmo em seu comentário sobre o Salmo 31: 'Senhor' - ele diz - 'não me castigueis com vossa ira, e não me rejeiteis como aqueles a quem dissestes: vai para o fogo eterno; não me castigueis com vosso santo furor: purificai-me antes de tal maneira nesta vida que eu não precise ser purificado pelo fogo na próxima. Sim, temo aquele fogo que foi aceso para aqueles que serão salvos, é verdade, mas ainda assim salvos pelo fogo (1 Cor 3, 5). Sim, estes serão salvos, sem dúvida, após a provação pelo fogo, mas essa provação será terrível, esse tormento será mais insuportável do que todos os sofrimentos mais excruciantes deste mundo. 

Com base nas palavras de Santo Agostinho, e nas que São Gregório, o Venerável Beda, Santo Anselmo e São Bernardo falaram depois dele, São Tomás vai ainda mais longe, afirmando que a menor dor do Purgatório supera todos os sofrimentos desta vida, quaisquer que sejam eles. A dor, diz o beato Pedro Lefevre, é mais profunda e mais aguda quando ataca diretamente a alma e a mente do que quando afeta apenas o corpo. O corpo mortal e os próprios sentidos absorvem e interceptam uma parte da dor física e até mesmo moral (Sentim. Du B. Lefevre sur la Purg., Mess du S. Coeur, novembro de 1873). O autor da 'Imitação' explica essa doutrina por meio de uma frase bastante prática e marcante. Falando em geral dos sofrimentos da outra vida, diz ele: uma hora de tormento será mais terrível do que cem anos de rigorosa penitência nesta vida (Imitação de Cristo, lib. 1, cap. 24). Para provar esta doutrina, afirma-se que todas as almas do Purgatório sofrem a dor da perda e que essa dor supera todo o sofrimento mais agudo. 

Mas, para falar apenas da dor dos sentidos: sabemos que coisa terrível é o fogo, quão fraca é a chama que acendemos em nossas casas, e que dor é causada pela menor queimadura; quanto mais terrível deve ser aquele fogo que não é alimentado com lenha nem óleo, e que nunca pode ser extinto! Aceso pelo sopro de Deus para ser o instrumento da sua Justiça, ele apodera-se das almas e as atormenta com incomparável rigor. O que já dissemos, e o que ainda temos a dizer, está bem justificado para nos inspirar aquele temor salutar que nos foi recomendado por Jesus Cristo. 

Mas para evitar que alguns leitores, esquecidos da confiança cristã que deve moderar os nossos medos, não se entreguem a um temor excessivo, comparemos a doutrina anterior com a de um outro Doutor da Igreja, São Francisco de Sales, que apresenta as penas do purgatório temperadas pelas consolações que os acompanham. 'Podemos' - diz este santo e amável diretor de almas - 'extrair do pensamento do Purgatório mais consolo do que apreensão'. A maior parte dos que temem o Purgatório pensam muito mais em seus próprios interesses do que nos interesses da glória de Deus; isso procede do fato de que eles pensam apenas nos sofrimentos, sem considerar a paz e a felicidade que são desfrutadas pelas almas sagradas. É verdade que os tormentos são tão grandes que os sofrimentos mais agudos desta vida não se comparam a eles; mas a satisfação interior que existe é tal que nenhuma felicidade ou contentamento na terra pode igualá-la.

As almas estão em contínua união com Deus, estão perfeitamente resignadas à sua vontade, ou melhor, a sua vontade é tão transformada na própria vontade de Deus que não podem querer senão o que Deus quer; de modo que, se o Paraíso fosse aberto diante delas, eles se precipitariam no inferno em vez de se apresentarem diante de Deus com as manchas pelas quais se veem desfigurados. Elas se purificam de boa vontade e com amor, porque esta é a Vontade Divina.

As almas desejam permanecer ali no estado em que Deus quer e enquanto isso for do seu agrado. Elas não podem pecar, nem experimentar o menor sentimento de impaciência, nem cometer a menor imperfeição. Elas amam a Deus mais do que amam a si mesmos e mais do que todas as outras coisas; elas amam a Deus com um amor perfeito, puro e desinteressado. Estas almas são consoladas por anjos e têm a certeza da salvação eterna, estando plenos de uma esperança que nunca pode ser frustrada em suas expectativas. Sua angústia mais amarga é amenizada por uma certa paz profunda. É uma espécie do inferno quanto ao sofrimento; mas é o Paraíso no que diz respeito ao deleite infundido em seus corações pela caridade - caridade, mais forte que a morte e mais poderosa que o inferno; caridade iluminada por lâmpadas que são todas de fogo e chama (Cântico 8). 'Feliz estado' - complementa o santo bispo - 'mais desejável do que abominável, uma vez que suas chamas são chamas de amor e de caridade' (Esprit de Saint François de Sales, cap. 9, p. 16).

Tais são os ensinamentos dos Doutores da Igreja, dos quais se segue que, se as dores do Purgatório são rigorosas, não deixam de ser consoladoras. Ao impor a sua cruz sobre nós nesta vida, Deus derrama sobre ela a unção de sua graça; ao purificar as almas no Purgatório como o ouro no cadinho, Ele tempera as suas chamas com consolações inefáveis. Não devemos perder nunca de vista esse aspecto consolador, esse lado luminoso do quadro muitas vezes sombrio que estamos a examinar.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

PARA VIVER A DIVINA MISERICÓRDIA UM DIA POR SEMANA⁵

Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós,
eu confio em Vós!

'Fala ao mundo da Minha Misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça. Enquanto é tempo, recorram à fonte da Minha Misericórdia'

Intenção do Dia - Quinta Semana

confiar sem reservas na insondável misericórdia do Coração de Jesus 

Coração de Jesus, abismo de misericórdia, / sede meu amparo e repouso nesta vida / que a vossa luz bendita / ilumine todos os meus passos e caminhos 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

A Deus vós pertenceis sempre nesta vida mortal, servindo-o fielmente no meio dos trabalhos que tiverdes, levando a cruz, acompanhando-o na vida imortal, bendizendo-o eternamente com toda a corte celeste. É o grande bem das nossas almas o estar com Deus; é o maior bem pertencer só a Deus. Quem só pertence a Deus apenas se entristece por ter ofendido a Deus e a sua tristeza neste ponto consiste numa profunda, mas tranquila e pacífica, humildade e submissão, depois da qual se eleva em direção à bondade divina por uma confiança doce e perfeita, sem temor nem despeito.
(São Francisco de Sales)

quarta-feira, 9 de junho de 2021

O MILAGRE DE JERUSALÉM


No dia 7 de maio de 351, um evento extraordinário ocorreu na cidade de Jerusalém: uma cruz luminosa apareceu no céu, sobre o Monte Calvário, à vista de todos. O então bispo de Jerusalém, São Cirilo, assim descreveu o portentoso milagre em carta enviada ao Imperador Constâncio [Constâncio II, governador do Império Romano do Oriente, entre 337 e 361]:

'No dia de Pentecostes (7 de maio), por volta das nove horas da manhã, apareceu no céu uma cruz luminosa que se estendia do Monte Calvário ao Monte Olivete (cerca de quatro quilômetros). Não foi visto apenas por uma ou duas pessoas, mas por toda a cidade. Não era, como se poderia acreditar, um daqueles fenômenos fugazes que se dissipam instantaneamente, mas brilhava por muitas horas diante dos espectadores e com tal brilho que os raios do sol não podiam diminuí-lo; isto é, brilhava mais que o sol, pois sua luz não o dissipava.

Todos os habitantes de Jerusalém, permeados por um santo temor e alegria espiritual, correram em massa para a igreja. Jovens e velhos, homens e mulheres, e até as virgens longe do mundo, cidadãos e estrangeiros, cristãos e infiéis, porque aqui há pessoas de todas as nações e crenças, a uma só voz publicaram os louvores a Nosso Senhor Jesus Cristo, o único Filho de Deus, verdadeiro autor de milagres; e reconheceram que a fé dos cristãos não se baseia em discursos persuasivos da sabedoria humana, mas em evidências claras da intervenção divina; e confessaram que não são apenas os homens que propagam essa fé, mas também o testemunho de Deus que a confirma com tais milagres.

Nós, que vivemos em Jerusalém e vimos o milagre com os nossos próprios olhos, dirigimos a Deus, Soberano Senhor do universo, as nossas homenagens de adoração e agradecimento, e continuaremos a prestar homenagem ao seu Filho Unigênito, ao mesmo tempo a partir destes lugares santos nós dirigimos nossos votos a você e os dirigiremos sempre, para a prosperidade de seu reinado feliz. Acreditamos que não nos era lícito guardar silêncio sobre um milagre tão óbvio; por isso, desde o dia em que se manifestou, resolvemos comunicar a maravilhosa notícia a um príncipe de tão excelente piedade para que, alicerçado na sólida fundação da sua fé, a notícia deste divino prodígio confirme e lhe dê maior confiança em Nosso Senhor Jesus Cristo'.

(Excertos da obra 'Apología del Gran Monarca', do Pe. José Domingo Corbató, 1904)

terça-feira, 8 de junho de 2021

TESOURO DE EXEMPLOS (76/78)

 

76. A CASA DA SAGRADA FAMÍLIA

Durante anos viveu Jesus em Nazaré, pequena cidade da Galileia. Ajudava a São José, que era o santo carpinteiro, e a Maria Santíssima, em seus trabalhos domésticos. Por mais de trinta anos foi aquela pobre e pequenina casa santificada pelas mais sublimes virtudes.

Muitos anos mais tarde, os turcos conquistaram Nazaré e destruíram, em seu fanatismo desmedido, a grande igreja que os cristãos haviam construído e que cobria precisamente o recinto da casa do Menino Jesus.

Aconteceu, porém, que, em uma noite de céu estrelado, os anjos tomaram aquela casinha e, voando, levaram-na até às proximidades de Fiume, na Itália. Mas, como havia ali muitos ladrões que assaltavam os viajantes, os anjos a levaram de novo e a deixaram no meio de um bosque de louros. Foi por causa desses louros que aquela casinha veio a se chamar como 'a santa casa de Loreto'. No centro do altar há uma milagrosa imagem da Mãe de Deus e os aviadores tomaram Nossa Senhora de Loreto por advogada e padroeira.

77. O VIAJANTE E SÃO JOSÉ

Foi em 18 de março de 1888. Viajava um sacerdote no trem de Mogúncia a Colônia quando, ao passar por Bonn, notou que seu vizinho se persignou, juntou as mãos e pôs a rezar.
➖ Amanhã é a festa de São José e talvez que seja o seu patrono - disse o padre.
➖Não, senhor, mas a minha esposa chama-se Josefina e gostaria de estar amanhã em sua companhia. Tenho, porém, outro motivo de dar graças e, se interessar ao senhor, contar-lhe-ei a minha história pois um sacerdote a entenderá.
➖ Certamente.
➖ Quando menino, recebi de minha boa mãe uma educação piedosa. Infelizmente, bem cedo morreu minha mãe; meu pai não se ocupou de minha educação religiosa e logo abandonei todas as práticas de piedade. Encontrei, mais tarde, uma jovem excelente e, desejando fazê-la minha esposa, fingi sentimentos religiosos que não possuía. 

Uma vez casados, quase morreu de pesar, quando lhe abri meu coração e me pus a zombar de suas devoções. Há cinco anos, na sua festa onomástica, fiz-lhe um rico presente, mas ela, quase receosa, me disse:
➖ Há outro presente que me faria mais feliz...
➖ Qual?
➖ A tua alma, querido, respondeu entre soluços.
➖ Pede-me o que quiseres: eu o farei.
➖ Vem comigo amanhã, dia de São José, à Igreja de N... Haverá sermão e bênção.
➖ Se for só isso, podes enxugar tuas lágrimas, pois eu te acompanharei.

A igreja estava repleta; o pregador, muito moço, deixou-me frio e indiferente; contudo disse uma coisa que me impressionou: 'Jamais alguém invocou a proteção de São José sem que sentisse o seu auxílio. Tende firme confiança de que correrá em socorro de todo aquele que o invocar na hora do perigo, ainda que seja pecador ou mesmo incrédulo'.

Ao sairmos da igreja, disse-me a minha esposa:
➖ Meu bom homem, muitas vezes estarás em perigo em tuas viagens; promete-me que, chegando a ocasião, dirás sempre esta breve oração: 'São José, rogai ao vosso divino Filho por mim'?
➖ Assim o farei; não é nada difícil.

Pouco depois, viajava por este mesmo lugar em que nos encontramos; éramos sete no compartimento. De repente, um apito de alarme e já um formidável choque nos atirava pelos ares. Não tive tempo de dizer mais que: 'São José, socorro!' Tudo foi coisa de um instante. Ao voltar a mim, vi meus companheiros horrivelmente despedaçados e mortos. Eu sofrera apenas leves contusões. Desde aquele dia retomei as práticas religiosas e repito, sempre com grande confiança: 'São José, socorrei-me!'

78. SÃO JOSÉ E O PRIMEIRO ASILADO

Em 1863 chegava a Barcelona um grupo das Irmãzinhas dos Pobres para fazer a sua primeira fundação na Espanha. Foram muito bem recebidas pelos catalães, que precisavam não pouco de um asilo para tantos velhos infelizes abandonados, como costuma haver nas grandes capitais. O asilo foi, como de costume, colocado sob a proteção de São José, a quem chamam as Irmãs de Procurador da Casa. 

No início, por falta de local, admitiam somente mulheres idosas. Mas, eis que São José, um belo dia, lhes traz o primeiro idoso. Era um homem de 80 anos que se apresentou, dizendo à Irmã:
➖ Venho aqui para internar-me.
➖ É impossível - replicou a Superiora - ainda não podemos receber nenhum homem.
➖ Seja, mas não há remédio; ficarei assim mesmo.
➖ Como se chama o senhor?
➖ Chamo-me José.

O nome chamou a atenção das Irmãs; além disso era dia consagrado a São José. Não há remédio, recebê-lo-emos em nome de São José. O velho não possuía mais que farrapos e estava coberto de insetos. Roupa de homem não havia. A Superiora, chamando duas das Irmãs, disse-lhes:
➖ Saiam à procura de roupa, enquanto vamos lavá-lo e penteá-lo.

Durante este breve colóquio, ouviu-se a campainha da portaria: era uma senhora desconhecida que, entregando um embrulho, retirou-se sem dizer nada. Abriram e viram, com grande surpresa, que era um traje completo para homem. O pobre velho chegou ao cúmulo da alegria; não menos, porém, as Irmãs que compreenderam que São José as convidava a ampliar os seus planos de caridade. O asilo cresceu tranquila e constantemente e, dentro de poucos anos, abrigava mais de duzentos idosos, sem que lhes faltasse o pão de cada dia e nem as carinhosas atenções das boas Irmãs.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

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