quinta-feira, 17 de abril de 2014

QUINTA - FEIRA SANTA


Transportemo-nos em espírito à última Ceia, na qual, Jesus Cristo, às vésperas de sua morte, reúne os seus Apóstolos como o pai de família, próximo ao seu fim, reúne os seus filhos em torno do leito de morte para dar-lhes as suas últimas vontades e legar-lhes a herança do seu amor em comum. Sobretudo, então, lhes atesta o quanto os ama. Assistamos, com recolhimento e amor, a este espetáculo amoroso e meditemos nos grandes mistérios deste dia: a instituição da Eucaristia e a instituição do sacerdócio.

PRIMEIRO PONTO - A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA 

Admiremos de princípio Jesus ajoelhado diante dos seus Apóstolos, lavando-lhes os pés para ensinar a todos os dons da humildade profunda; da caridade perfeita, da pureza sem mancha, que pede o Sacramento que Ele vai instituir e que eles vão receber. Sentando-se em seguida à mesa, toma o pão, o abençoa, o parte e o distribui aos seus discípulos, dizendo: 'Tomai e bebei; ESTE É O MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA ALIANÇA QUE QUE SERÁ DERRAMADA POR VÓS EM REMISSÃO AOS VOSSOS PECADOS'. 

Ó como se conhece bem o amor de Jesus! O Divino Salvador, próximo a deixar-nos, não pode se separar de nós. 'Não os deixarei órfãos', Ele havia dito,' meu Pai me chama; porém, ao ir ao Pai não me separarei de vós; minha morte está determinada por decretos eternos; mas, morrendo, permanecerei vivo para ficar convosco. Minha sabedoria idealizou como obter isso e o meu amor como fazê-lo'.

Na sequência, transforma o pão em seu Corpo e o vinho em seu Sangue, em face da união indissolúvel entre a Pessoa Divina e a natureza humana, e o que pouco antes era apenas pão e apenas vinho é agora a Pessoa Adorável de Jesus Cristo por inteiro, sua Pessoa Divina, tão grande, tão poderosa, como está diante do Pai, governando todos os mundos e adorado por todos os anjos que se estremecem na Sua Presença.

A este milagre sucede outro: 'O que acabo de vos dizer', disse Jesus, 'vós, meus Apóstolos, o fareis; dou-vos este poder não somente a vós, mas a todos os seus sucessores até o fim dos tempos, uma vez que a Eucaristia será a alma de toda a Religião e a essência do seu culto, e deve perdurar tanto quanto ela mesma'. Esta é a rica herança que o amor de Jesus transmitiu aos seus filhos pelo longo dos séculos; este é o testamento que este bom Pai de Família fez, no momento de sua partida, em favor de seus filhos; suas mãos moribundas o escreveram e, em seguida, o selou com o seu Sangue; esta é a bênção que o bom Jacó deu a seus filhos reunidos em torno de Si antes de deixá-los. Ó preciosa herança, ó bendito e amado testamento, ó tão rica bênção! Como podemos agradecer tanto amor?

SEGUNDO PONTO - A INSTITUIÇÃO DO SACERDÓCIO 

Parece, Senhor, que havia se esgotado para nós todas as riquezas do vosso amor e eis, então, que surgem novas maravilhas: NÃO É SOMENTE A EUCARISTIA QUE NOS LEGAIS NESTE SANTO DIA, MAS TAMBÉM O SACERDÓCIO, COM TODOS OS SEUS SACRAMENTOS, COM A SANTA IGREJA, COM A SUA AUTORIDADE INFALÍVEL PARA ENSINAR, O PODER DE GOVERNAR, A GRAÇA DE ABENÇOAR E A SABEDORIA PARA DIRIGIR. Porque tudo isso está ligado essencialmente com a Eucaristia, como preparação da alma para recebê-la, como consequência pra conservá-la e para multiplicar os seus frutos. Assim, Jesus Cristo, como Pontífice soberano, quis estabelecer e estabeleceu realmente todos estes poderes de uma só vez e numa só ordem: 'Fazei isso!' 

Ó sacerdócio que esclareceis, purificais e engrandeceis as almas, que dispensais sobre a terra os mistérios de Deus e, em socorro das almas caídas e das almas dos justos, as riquezas da graça; sacerdócio que, em socorro das almas caídas e das almas dos justos, fazeis nascer o arrependimento e abris as portas do Céu, acolhendo o pecadores e fazendo-os volver à inocência; sacerdócio pelo qual sustentais a alma vacilante e a fazeis avançar na virtude, que protegeis o mundo contra si mesmo e à corrupção, contra a ira santa de Deus; sacerdócio, bem inefável, eu o bendigo e bendigo a Deus por tê-lo herdado à terra! 

Que seria do mundo sem vós? Sem vós, o que seria o sol, sua luz, seu calor, seu consolo, sua força e seu apoio! Ó Quinta - Feira Santa, mil vezes bendita, porque trouxestes tanta felicidade para os filhos de Adão! Jamais poderemos celebrar por completo esta graça com a devida piedade, recolhimento e amor.

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).

QUINTA FEIRA SANTA - A ÚLTIMA CEIA DE JESUS

CELEBRAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA E DO SACERDÓCIO

Nesta Quinta-Feira Santa, a Igreja recorda a Última Ceia de Jesus e a instituição da Eucaristia, sacramento do Seu Corpo e do Seu Sangue: 'Fazei isto em memória de Mim'; a instauração do novo Mandamento: 'Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei' e a suprema lição de humildade de Jesus, quando o Senhor lava os pés dos seus discípulos.











quarta-feira, 16 de abril de 2014

O DRAMA DO FIM DOS TEMPOS (VI)

DOS ESCRITOS PROFÉTICOS DO Pe. R. P. EMMANUEL 

SEXTO ARTIGO: A IGREJA DURANTE A TORMENTA (agosto de 1885*)

I

São Gregório Magno, em seus luminosos comentários de Jó, penetra profundamente em toda a história da Igreja, visivelmente animado do mesmo espírito profético espalhado nas Escrituras. Ele contempla a Igreja, no fim dos tempos, sob a figura de Jó humilhado e sofredor, exposto às insinuações pérfidas de sua mulher e às críticas amargas de seus amigos; Jó, diante de quem, outrora, os anciãos se levantavam e os príncipes faziam silêncio!

A Igreja, disse muitas vezes o grande Papa, no fim de sua peregrinação terrestre, será privada de todo poder temporal; procurarão tirar-lhe todo ponto de apoio sobre a terra. Vai mais longe ainda, declara que ela será despojada do próprio brilho que provém dos dons sobrenaturais.

'O poder dos milagres', diz ele, 'será retirado, a graça das curas arrebatada, a profecia desaparecerá, o dom de uma grande abstinência será diminuído, os ensinamentos da doutrina se calarão, os prodígios milagrosos cessarão. Isto não quer dizer que não haverá mais nada disso; mas todos esses sinais não brilharão abertamente, sob mil formas como nos primeiros tempos. Será mesmo a ocasião de um maravilhoso discernimento. Neste estado de humilhação da Igreja, crescerá a recompensa dos bons que se prenderão a ela, tendo em vista somente os bens celestes; quando aos maus, não vendo mais na Igreja nenhum atrativo temporal, não terão nada a fingir, se mostrarão tais como são' (Mor. 1, XXXV).

Que palavra terrível: os ensinamentos da doutrina se calarão! São Gregório proclama em outro lugar que a Igreja prefere morrer a se calar. Então ela falará: mas seu ensinamento será entravado, sua voz encoberta; muitos dos que deveriam gritar sobre os telhados não ousarão fazê-lo com medo dos homens. E será a ocasião de um grande discernimento.

São Gregório insiste muitas vezes sobre as três categorias de pessoas que há na Igreja: os hipócritas ou os falsos cristãos, os fracos e os fortes. Ora, nesses momentos de angústia, os hipócritas levantarão a máscara e manifestarão sua apostasia secreta; os fracos, coitados, perecerão em grande número e o coração da Igreja sangrará por eles; enfim, muitos dos fortes, confiantes em sua próprias forças, cairão como as estrelas do céu.

A despeito de todas estas tristezas pungentes, a Igreja nem perderá a coragem, nem a confiança. Ela será sustentada pela promessa do Salvador, consignada nas Escrituras de que esses dias serão abreviados por causa dos eleitos. Sabendo que apesar de tudo os eleitos serão salvos, a Igreja se empenhará, no meio da mais atroz tormenta, na salvação das almas com uma infatigável energia.

II

Apesar do horrível escândalo desses tempos de perdição, não se deve pensar que os fracos estarão necessariamente perdidos. A via da salvação continuará aberta e a salvação possível para todos. A Igreja terá meios de preservação proporcionados ao tamanho do perigo. E, entre os pequenos, somente os que deixarem as asas de sua mãe cairão nas garras do gavião.

Quais serão esses meios de preservação? As Escrituras não nos deixam sem indicação sobre o assunto; podemos, sem temeridade, formular algumas conjecturas. A Igreja se lembrará do aviso dado por Nosso Senhor para os tempos da tomada de Jerusalém e aplicável, com o consentimento dos intérpretes, à última perseguição.

'Quando virdes a abominação da desolação, predita pelo profeta Daniel, de pé nos lugares santos (aquele que lê, compreenda!), então aqueles que estão na Judeia fujam para as montanhas... Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado! Pois haverá grande tribulação, tal como nunca houve desde a origem do mundo e que não haverá jamais. E, se esses dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas eles serão abreviados por causa dos eleitos' (Mt 24, 15, 23).

De acordo com estas instruções do Salvador, a Igreja porá os pequenos rebanhos em segurança pela fuga; providenciará retiros inacessíveis, já que a terra estará cruzada e varada pelos meios de comunicação. É preciso responder que Deus proverá, ele próprio, à segurança dos fugitivos. São João nos deixa entrever esta ação da Providência.

No capítulo XII do Apocalipse, ele nos apresenta uma mulher vestida de sol e coroada de estrelas: é a Igreja. Esta mulher sofre as dores do parto; pois a Igreja dá à luz os eleitos de Deus entre grandes sofrimentos. Diante dela está um grande dragão ruivo, imagem do diabo e de suas contínuas armadilhas. Mas a mulher foge para o deserto, para um lugar preparado pelo próprio Deus, e lá ela é alimentada durante 1.260 dias (Ap 5, 6). Estes 1.260 dias, que perfazem três anos e meio, indicam o tempo da perseguição do Anticristo, como está manifestado em outras passagens do Apocalipse. Então, durante esse tempo, a Igreja, na pessoa dos fracos, fugirá para a solidão; e Deus se incumbirá de mantê-la escondida e a alimentará.

No fim do mesmo capítulo estão os detalhes desta fuga. São dadas à mulher duas grandes asas de águia, para a transportar para o deserto. O dragão tenta persegui-la, sua goela vomita um rio de água contra ela. Mas a terra vem socorrer a mulher e absorve o rio. Estas palavras enigmáticas designam alguma grande maravilha que Deus fará aparecer em favor de sua Igreja; a raiva do dragão expiará a seus pés. No entanto, enquanto os fracos rezam em segurança numa misteriosa solidão, os fortes e os valentes se engajarão numa luta terrível na presença do mundo inteiro, com o dragão desencadeado.

III

É fora de dúvida que, nos últimos tempos, haverá santos de virtude heroica. No começo, Deus deu à Igreja os Apóstolos que abateram o império idolátrico, e que fundaram e cimentaram a Igreja com seu sangue. No fim, Deus dará filhos e defensores, que não se pode dizer menos santos ou menores.

Santo Agostinho, pensando neles, exclama: 'Em comparação com os santos e fiéis de então, o que somos nós? Pois, para pô-los à prova, o diabo será desencadeado, e nós o combatemos ao preço de mil perigos, estando ele atado'. E acrescenta: 'No entanto, mesmo hoje o Cristo tem soldados bastante prudentes e bastante fortes para poderem desmanchar com sabedoria suas armadilhas e aguentar com paciência os assaltos do inimigo, mesmo se desencadeado' (De Civ. Dei, XX, 8).

Santo Agostinho continua perguntando: 'Haverá ainda conversões nesses tempos de perdição? As crianças serão ainda batizadas apesar das proibições do monstro? Os santos de então terão o poder de arrancar as almas da goela do dragão furioso?' O grande doutor responde afirmativamente a todas estas perguntas. Sem dúvida as conversões serão mais raras, mas serão mais espetaculares. Sem dúvida, em regra geral, é preciso que Satã esteja amarrado para que se possa despojá-lo (Mt 11, 29); mas, nesses dias, Deus se comprazerá em mostrar que sua graça é mais forte do que o próprio forte em seu mais furioso desencadeamento.

Cada um note o quanto estes dados são consoladores. Mas quais serão os santos dos últimos tempos? Gostamos de pensar que entre eles haverá soldados. O Anticristo será um conquistador, comandará exércitos; encontrará diante de si as Legiões Tebanas, heróis desta linhagem gloriosa e indomável que tem os Macabeus como ancestrais e que conta em suas fileiras com os Cruzados, os camponeses da Vandea e do Tirol, enfim, os zuavos pontificais. Estes soldados, o Anticristo poderá esmagá-los debaixo do peso de suas inumeráveis hordas; ele não os fará fugir.

Mas o Anticristo será, sobretudo, um impostor; por consequência, ele encontrará como adversários principalmente os apóstolos armados com o crucifixo. Como a última perseguição revestirá o aspecto de uma sedução, estes unirão a paciência dos mártires à ciência dos doutores. Nosso Senhor fez Santa Teresa vê-los tendo na mão gládios luminosos.

À frente destas falanges intrépidas, aparecerão dois enviados extraordinários de Deus, dois gigantes de santidade, dois sobreviventes dos tempos antigos; referimo-nos a Henoc e Elias, de quem falaremos no artigo seguinte.

(Excertos da obra 'O Drama do Fim dos Tempos, do Pe. R.P. Emmanuel, prior do Mosteiro de Mesnil-Saint-Loup, Ed. Permanência, 2004)

Foi no ano anterior (1884) que o Papa Leão XIII escreveu sua famosa oração de exorcismo pela intercessão de São Miguel Arcanjo, em face de sua profética visão sobre a ação futura do inferno sobre a Santa Igreja)

QUARTA-FEIRA SANTA


Adoremos a Jesus condenado à morte pelo tribunal de Pilatos e admiremos, nesta sentença, tão grande mistério de amor. Os homens queriam satisfazer o seu ódio e cumpriram os desígnios de Deus: cumpriram o ato de amor do Pai, entregando o Seu Filho à morte, contente por morrer: PARA NOS SALVAR; PARA NOS ENSINAR, COM O SEU EXEMPLO, A MANTER A NOSSA TOLERÂNCIA E MANSIDÃO, apesar dos juízos injustos do mundo em relação às obras da Providência. Obrigado, Jesus, por tão grande lição! Os judeus acreditavam que Jesus merecia morrer, e que era necessária a sua morte. Por mim, meu Salvador, por minha vaidade, por minha sensualidade, foram verdadeiras estas palavras. Se estas fraquezas merecem a morte, já não é possível que vivam mais. Ó Jesus! Fazei-as morrer em mim, de modo que apenas possa amar e viver para Vós!

PRIMEIRO PONTO - JESUS SUBINDO AO CALVÁRIO 

Apenas se pronuncia a sentença de morte, já se apresenta a Cruz ao Salvador, e se ordena tomá-la sobre os seus ombros e subir com ela ao Calvário. Quem poderia definir o amor com que Jesus abraçou essa Cruz, pela qual suspirava há tanto tempo; essa Cruz que iria salvar o mundo e reconciliar a terra com o Céu; essa Cruz que iria ensinar a todo o gênero humano a paciência diante da dor e no caminho do Paraíso?

Ó CRUZ PARA SEMPRE ADORÁVEL! EU VEJO O MEU SALVADOR RECLINAR OS SEUS OMBROS SOB O PESO DELA E PARTIR PARA O LOCAL DO SUPLÍCIO. Eu me ponho a segui-lO e me pergunto: 'Poderia, depois disso, levar a minha cruz com impaciência ou má vontade? Poderia eu deixar de levá-la de bom grado, sem murmurações ou queixumes? Ó cruz, qualquer que possas ser! Ó dores do corpo, ó penas da alma! Venham, venham a mim: eu as aceito de todo o meu coração e as levarei sempre comigo, com penhor e resolução, com mortificações voluntárias, de modo a parecer-me mais perfeitamente a Jesus levando a sua Cruz'.

Na meditação deste mistério, os santos suspiraram de amor pela Cruz; São Paulo a tomava por graça preciosa; São Pedro exclamava: 'regozijai-vos quando levardes a cruz com Jesus Cristo'; Santo André, à vista da cruz, dizia querer morrer: 'ó cruz bendita, tão vivamente desejada!'; Santa Catarina de Sena, assim pensava: não quero morrer, mas padecer mais um pouco!' Jesus, no caminho do Calvário, encontrou PRIMEIRO A MARIA, PARA NOS ENSINAR A RECORRER A ELA EM TODAS AS NOSSAS PROVAÇÕES E, SEGUNDO, A SIMÃO CIRENEU, PARA NOS RECORDAR QUE TODO CRISTÃO PODE ALIVIAR O PESO DA CRUZ CARREGADA POR JESUS, seja diminuindo as faltas que pesam tão dolorosamente o seu coração, seja conduzindo cristãmente todas as nossas cruzes, que se unem todas à sua; EM TERCEIRO, ÀS FILHAS DE JERUSALÉM, QUE CHORAVAM AO VÊ-LO NO TRISTE ESTADO EM QUE SE ENCONTRAVA: 'Não choreis por mim - Ele disse a elas - Chorai por vós mesmas'. 

Eis o Salvador, que se esquece de Si mesmo para pensar em nós, enquanto nós - pobres de nós- sabemos tão pouco compartilhar os nossos sofrimentos ou os sofrimentos do nosso próximo; não pensamos senão em nós mesmos e esquecemos os outros. Tomara possamos aproveitar a lição que Jesus nos dá!


SEGUNDO PONTO - JESUS CRUCIFICADO 

Chegado ao cimo do Calvário, despojaram a túnica ao nosso Salvador. Esta túnica estava entranhada no seu corpo ensanguentado e, ao ser arrancada com violência, foram renovadas as suas chagas. Ó mistério de dor! Eis Jesus desnudo diante de todo o povo que zomba dEle. Ó mistério de ignomínia! Mandam que Ele se deite sobre a Cruz e Ele se despoja sobre o duro lenho, bendizendo ao Pai, por ter chegado a hora do sacrifício.

Agora mandam que Ele estenda as mãos e os pés; e Ele O faz e deixa que sejam transpassados por agudos cravos, para expiar os abusos que teos feito de nossas mãos e de nossos pés; de nossos afetos e de nossas obras. Ó mistério de obediência! Depois, a Cruz é levantada e cravada na terra e este estremecimento renovou todas as suas dores; o peso do seu corpo ampliou as feridas das mãos e dos pés; durante três horas, permaneceu suspenso entre o Céu e a terra. 

Eis o Sacerdote Eterno, que oferece o seu sacrifício para a nossa salvação. Eis o Supremo Mestre que, do alto desta nova cátedra, ensina o mundo o valor do despojamento e da pobreza, da humildade, da obediência, da paciência, da resignação e da conformidade com a Vontade de Deus. Ó mistério de amor! Eis o Amos que se imola e nos pede e troca o amor do nosso coração. Ó Jesus! Tome este pobre coração que Vós pedis, eu o Vos dou atado à Vossa Cruz para que possa dizer como o Apóstolo: 'Estou cravado na cruz com Jesus Cristo'. Vós dissestes: 'Quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim'. Que se cumpra a Vossa Palavra comigo: que eu seja atraído e também meu coração a Vós; que eu não viva por inteiro senão para Vós e por Vós, na vida e na morte.

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).

terça-feira, 15 de abril de 2014

TERÇA-FEIRA SANTA

 
     
Adoremos a Jesus Cristo, que nos ensina, com o seu exemplo antes de sua morte, a arrancar de nosso coração as paixões que mais escravizam os homens: a paixão pelo prazer e a paixão do orgulho; à paixão do prazer, opõem-se as dores mais excruciantes; à paixão do orgulho, opõem-se as humilhações mais ignominiosas. Peçamos perdão a Jesus por nossa corrupção, cuja expiação Lhe custou tanto e o agradeçamos por ter-se submetido para nos curar, aos suplícios e ignomínias de sua dolorosa Paixão.

PRIMEIRO PONTO - OS SUPLÍCIOS QUE OS INIMIGOS FIZERAM JESUS SOFRER

Estes homens, desumanos e cruéis até a ferocidade, não livraram nenhuma parte do corpo de Jesus sem tormentos especiais. A noite que precedeu a sua morte, o martírio começou com bofetadas ao seu divino rosto; no dia de sua morte, arrancaram, a golpes de açoites, sua adorável carne; O deixaram pingando sangue; todo o seu corpo transformado em uma só chaga; seus ossos postos a descoberto e sua cabeça coroada de espinhos.
  
Depois de tantos suplícios, O fizeram levar a cruz até o Calvário; ali O crucificaram, cravando os seus pés e suas mãos e amargando sua boca com fel e vinagre. Meditemos sobre estes espantosos suplícios; entremos no pensamento de Deus que os sofreu e quis com isso inspirarmos o ódio à nossa carne. Quem se atreverá, depois disso, a regalar o seu corpo, a evitar os sofrimentos, a render-se aos gozos e prazeres? Quem não se decidirá a mortificá-lo e fazê-lo sofrer? Não se pode ser cristão, a não ser com esta condição. Que exame não devemos fazer em nós mesmos! Quanta necessidade de mudanças em nossos sentimentos e em nossa conduta! Amamos tanto os prazeres, tememos tantos as penas e os padecimentos! Como nos atrevemos a nos chamarmos cristãos?
   
SEGUNDO PONTO – OS OPRÓBIOS QUE OS INIMIGOS LANÇARAM CONTRA JESUS

No Horto das Oliveiras, foi preso e conduzido como um criminoso à casa de Caifás, em meio a mil gritos de insultos. À noite que seguiu a sua prisão, foi entregue à mercê dos seus inimigos, que o martirizaram-no com bofetadas e cusparadas no rosto; depois disso, vendaram os seus olhos e O atacaram com duros golpes, gritando: 'Adivinhe quem o está ferindo'. No dia em que se seguiu a esta noite espantosa, O arrastaram pelas ruas de Jerusalém, vestido como um louco: riram-se dele e O insultaram como a um malfeitor. 

Levado em seguida ao tribunal de Pilatos, foi colocado de igual para igual com Barrabás; todo aquele povo que, pouco antes, O havia recebido em triunfo, proclamou que Barrabás, ladrão e assassino, era menos culpável do que Ele; e pediu, com gritos de ódio e furor, a morte Aquele que que tinha feito desde sempre senão o bem. Depois, O coroaram com espinhos, jogaram sobre as suas costas um tecido de púrpura, à guisa de manto real, e puseram em suas mãos uma cana, como um cetro, e todo o povo se ria com a falsa simulação deste rei . 

Onde está a sua renomada sabedoria? Não O consideram senão como um louco. Que se fez do seu grande poder? Não se vê ali só debilidade. .Que se fez de sua inocência e de sua santidade? A opinião pública O vê apenas como um criminoso, um blasfemo mais digno de morte do que ladrões e assassinos. Foi crucificado entre dois ladrões, como se fôra o mais criminoso deles; e todo o povo, reunido em torno da cruz, o cobriu, até o último suspiro, de insultos e ofensas. É AÍ QUE JESUS NOS ENSINA A HUMILDADE, A SUBMISSÃO, A DEPENDÊNCIA; É AI QUE ELE CONDENA O ORGULHO, que não pode sofrer o menosprezo, que se impacienta pelas coisas mais simples e que murmura pelas contradições mais triviais. É AÍ QUE CONDENA O AMOR PRÓPRIO, que se subleva pela preferência dada a outros, pelas susceptibilidades e pelas pretensões. Á AÍ QUE NOS ENSINA A NOS CONTENTARMOS UNICAMENTE COM A GRAÇA DE DEUS E NÃO FAZER CASO DOS JUÍZOS HUMANOS,DA OPINIÃO PÚBLICA E DAS PALAVRAS VÃS QUE NOS ROUBAM A PIEDADE. Que frutos temos tirado destes divinos ensinamentos? Que progresso temos feito em nossa tolerância ao desprezo, às palavras ofensivas e às feridas impostas à nossa autoestima? Ó Jesus, verdadeiramente humilde, tende piedade de nós e ajudai-nos a convertermos!
 
(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).


domingo, 13 de abril de 2014

'HOSANA AO FILHO DE DAVI!'

Páginas do Evangelho - Domingo de Ramos


No Domingo de Ramos, tem início a Semana Santa da paixão, morte e ressurreição de Nosso senhor Jesus Cristo. Jesus entra na cidade de Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica com os seus discípulos e é recebido como um rei, como o libertador do povo judeu da escravidão e da opressão do império romano. Mantos e ramos de oliveira dispostos no chão conformavam o tapete de honra por meio do qual o povo aclamava o Messias Prometido: 'Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas'.

Jesus, montado em um jumento, passa e abençoa a multidão em polvorosa excitação. Ele conhece o coração humano e pode captar o frenesi e a euforia fácil destas pessoas como assomos de uma mobilização emotiva e superficial; por mais sinceras que sejam as manifestações espontâneas e favoráveis, falta-lhes a densidade dos propósitos e a plena compreensão do ministério salvífico de Cristo. Sim, eles querem e preconizam nEle o rei, o Ungido de Deus, movidos pelas fáceis tentações humanas de revanche, libertação, glória e poder.

Mas Jesus, rei dos reis, veio para servir e não para reinar sobre impérios forjados pelos homens. '... meu reino não é deste mundo' (Jo 18, 36). Jesus vai passar no meio da multidão sob ovações e hosanas de aclamação festiva; Jesus vai ser levado sob o silêncio e o desprezo de tantos deles, uns poucos dias depois, para o cimo de uma cruz no Gólgota.

Neste Domingo de Ramos, o Evangelho evoca todas as cenas e acontecimentos que culminam no calvário de Nosso Senhor Jesus Cristo: os julgamentos de Pilatos e Herodes, a condenação de Jesus, a subida do calvário, a crucificação entre dois ladrões e a morte na cruz...'Eli, Eli, lamá sabactâni?' (Mt 27, 46). Na paixão e morte de cruz, Jesus revela seu amor desmedido pela criação do Pai e desnuda a perfídia, a ingratidão, a falsidade e a traição dos que se propõem a amar com um amor eivado pelos privilégios e concessões aos seus próprios interesses e vantagens. 

A fé é forjada no cadinho da perseverança e do despojamento; sem isso, toda crença é superficial e inócua e, ao sabor dos ventos, tende a se tornar em desvario. Dos hosanas de agora ao 'Seja crucificado!' (Mt 27, 22 e 23) de mais além, o desvario humano fez Deus morrer na cruz.  O mesmo desvario, o mesmo ultraje, a mesma loucura que se repete à exaustão, agora e mais além no mundo de hoje, quando, em hosanas ao pecado, uma imensa multidão, em frenesi descontrolado, crucifica Jesus de novo em seus corações! 

GALERIA DE FOTOS - SANTA GEMMA GALGANI

(Santa Gemma com 7 anos, ao lado da sua irmã menor, Evangelina)





(Santa Gemma, já muito doente, pouco antes de sua morte)

(morte de Santa Gemma)


Túmulo de Santa Gemma, em Lucca / Itália)

(os pais de Santa Gemma: Aurelia Landi e Enrico Galgani)

(autobiografia de Santa Gemma com as marcas da tentativa do demônio de queimá-la)

(canonização de Santa Gemma - 1940)

Santa Gemma Galgani, rogai por nós!