sábado, 26 de janeiro de 2013
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
AS SETE MEDITAÇÕES DE SÃO FRANCISCO DE SALES (II)
Quinta-Feira: Sobre o Inferno
Preparação: 1. Põe-te na presença de Deus; 2. Pede a Deus humildemente a sua graça; 3. Imagina uma cidade envolta em trevas, toda ardendo em chamas de enxofre e pez, que levantam uma fumaça horrível e toda cheia de habitantes desesperados, que dela não podem sair nem morrer.
Consideração
1. Os condenados estão no abismo do inferno, como desventurados habitantes desta cidade de horrores. Padecem dores incalculáveis em todos os seus sentidos e em todo o corpo; pois, assim como empregaram todo o seu ser para pecar, sofreram também em todo ele as penas devidas ao pecado. Desde modo, sofrem os olhos por seus olhares pecaminosos, vendo perto de si os demônios em mil figuras hediondas e contemplando o inferno inteiro. Aí só se ouvem lamentos, desesperos, blasfêmias, palavras diabólicas, para punir por estes tormentos os pecados cometidos por meios dos ouvidos. E de modo análogo acontecerá aos demais sentidos.
2. Além destes tormentos, existem ainda um outro muito maior. É a privação e a perda da glória de Deus, que jamais verão. Por mais ditosa que fosse a vida de Absalão em Jerusalém, ele não deixava de protestar que a infelicidade de não ver por dois anos o seu pai querido lhe era mais intolerável que o tinha sido as penas do exílio. Ó meu Deus, que sofrimento será, pois, e que pesar imenso ser privado eternamente de Vos ver e amar.
3. Considera sobretudo a eternidade a qual por si só faz o inferno insuportável. Ah! Se o calor de uma febrezinha torna uma breve noite corrompida e enfadonha, que horrenda não será a noite no inferno, onde a eternidade se ajunta a abundância dos tormentos? É desta eternidade que procede a desesperação eterna, as blasfêmias execráveis e os rancores sem fim.
Afetos e Resoluções
1. Procura incutir temor em tua alma, dirigindo-lhe as palavras do profeta Isaías: 'Ó minha alma, poderás habitar com o fogo devorante? Habitarás com os ardores sempiternos? Queres deixar teu Deus para sempre?'
2. Confessa que tens merecidos esses horríveis castigos; e quantas vezes? Ah! desde este instante melhorarei de vida, seguirei um caminho diferente do que tenho seguido até agora. Para que precipitar-me neste abismo de misérias?
Conclusão
Agradece...oferece...ora, etc.
Pai-Nosso, Ave-Maria.
Sexta-Feira: Sobre o Paraíso
Preparação: 1.Põe-te na presença de Deus; 2. Pede a Deus que te inspire.
Consideração
1. Representa-te uma noite serena e tranquila e pondera como agradável é para a alma contemplar o céu todo resplandecente ao brilho de tantas estrelas. Ajunta a estes encantos inefáveis as delícias de um claro dia, em que os raios mais brilhantes do sol, entretanto, não encobrissem a vista das estrelas e da lua; e, feito isso, dize a ti mesmo que tudo isso não é absolutamente nada, em comparação com a beleza e a glória do paraíso. Oh! Bem merece os nossos desejos esta mansão encantadora. Ó cidade santa de Deus, quão gloriosa, quão deliciosa és tu?
2. Considera a nobreza, a formosura, as riquezas e todas as excelências da companhia santa daqueles que vivem ai; esses milhões de anjos, e serafins e querubins; esses exércitos inumeráveis de apóstolos, de mártires, de confessores, de virgens e de tantos outros santos e santas. Oh! Que união bem-aventurada a dos santos da glória de Deus. O menor de todos é mil vezes mais belo que o mundo inteiro; que dita será então vê-los todos juntos! Meu Deus, que felizes são eles! Sem cessar e sem fim levam a cantar os doces cânticos do eterno amor; regozijam-se num júbilo perene; dão-se mutuamente mil motivos de gozo e vivem cercados das consolações indivisíveis de uma companhia feliz e indissolúvel.
3. Considera muito mais ainda o auge de sua bem-aventurança, o qual consiste na felicidade de ver a Deus, que os honra e inunda de gozos pela visão beatífica, fonte de bens inumeráveis, pela qual ele emite todas as luzes da sabedoria em suas mentes e todas as delícias do amor em seus corações. Que felicidade ver-se ligado tão estreitamente e para sempre a Deus com laços tão preciosos! Cercados e compenetrados de divindade, como os passarinhos no ar, ocupam-se dia e noite unicamente de seu criador, adorando-O continuamente, amando-O e louvando-O sem cansaço e com uma alegria inefável: 'Bendito sejais para sempre, soberano Senhor e criador Nosso amantíssimo, que com toda a bondade manifestais em nós a vossa glória, pela participação que nos concedeis'. E, ao mesmo tempo, Deus os faz ouvir aquelas palavras ditosas: 'Abençoado sejais, criaturas minhas, com a benção eterna, pois que me servistes com fidelidade'; vós louvareis perpetuamente o Vosso Senhor na união mais perfeita do seu amor.
Afetos e Resoluções
1. Entrega-te à admiração de tua pátria celeste. Oh! quão formosa, rica e magnífica és tu, minha Jerusalém querida, e quão ditosos teus habitantes!
2. Repreende a tua frouxidão em progredir no caminho do Céu. Porque fugi assim de minha felicidade suprema? Ah! Miserável que sou! mil vezes renunciei a estas delícias infinitas e eternas, para ir atrás de prazeres superficiais, passageiros e misturados de muita amargura. Onde tinha a cabeça, quando desprezei assim os bens estáveis e dignos de almejar, por causa dos prazeres vãos e desprezíveis?
3. Reanima, entretanto, tua esperança e aspira com todas as tuas forças a esta estância de delícias, ó amantíssimo e soberano Senhor, já que Vos aprouve reconduzir-me ao caminho do Céu, nunca mais me desviarei dai, nem reterei meus passos, nem voltarei atrás. Vamos, minha alma querida, embora custe algum cansaço; vamos a esta estância de repouso; caminharemos sempre avante para esta terra abençoada, que nos foi prometida; que estamos nós a fazer no Egito? Privar-me-ei, pois, disto e daquilo, destas coisas que me apartam do meu caminho ou me fazem parar. Farei isto e aquilo, tudo que pode servir a me conduzir e a adiantar no caminho do Céu.
Conclusão
Agradece...oferece...ora, etc.
Pai-Nosso, Ave-Maria.
Sábado: Escolha entre o Céu e o Inferno
Preparação: 1. Põe-te na presença de Deus; 2. Pede a Deus humildemente que te inspire.
Consideração
1. No começo desta meditação imagina que estás numa vasta região com o seu anjo da guarda, mais ou menos como Tobias, o jovem que viajava em companhia do Arcanjo Rafael e que ele, abrindo o Céu ante teus olhos, te mostre a beleza e a glória dessa mansão, ao mesmo tempo que faz aparecer o inferno debaixo de teus pés.
2. Feita esta suposição, de joelhos, como em presença de teu bom anjo, considera que, na realidade, te achas neste caminho entre o Céu e o Inferno e que um e outro estão abertos para te receber, conforme a escolha que fizeres. Mas pondera atentamente que a escolha que pode fazer-se agora, nesta vida, perdura eternamente na outra.
3. Com a escolha que fizeres conformar-se-á à providência de Deus ou usando de misericórdia para te receber no Céu ou de Justiça para te precipitar no Inferno; entretanto, é mais que certo que Deus, por sua bondade, quer sinceramente que escolhas a eternidade de delícias e que teu bom anjo quer te conduzir para lá com todas as suas forças, mostrando-te, da parte de Deus, os meios absolutamente necessários para merecê-la.
4. Escuta atentamente as vozes interiores que vêm do céu convidar-te a ir para lá. 'Vem, alma querida' - diz Jesus Cristo - 'que amei mais do que meu sangue; estendo-te os meus braços, para te receber no lugar das imortais delícias do meu amor'; 'vinde' - diz-nos a Santíssima Virgem - 'não desprezeis a vós e o sangue de meu Filho e os desejos que tenho de vossa salvação, e os pedidos que lhe faço para vos obter as graças necessárias'. 'Vêm' - dizem-te os santos, que só desejam a união do teu coração com o deles, 'para louvar eternamente a Deus'; 'vem, o caminho do Céu não é tão difícil como o mundo pensa'. Nós vencemos e ensejas tu também, mas com coragem, e verás que, por um caminho incomparavelmente mais suave e feliz do que o do mundo, chegarás ao auge da glória e da felicidade.
Escolha
'Ó detestável inferno, eu te aborreço com todos os teus tormentos e com tua tremenda eternidade. Detesto em especial essas blasfêmias horríveis e maldições diabólicas que vomitas eternamente contra o meu Deus. Minha alma foi criada para o Céu e é para lá que me leva o anelo de meu coração; sim, paraíso de delícias, mansão divina da felicidade e da glória eterna, é entre os teus tabernáculos santos e ditosos que escolho hoje para sempre e irrevogavelmente a minha morada. Eu vos bendigo, meu Deus, aceitando esta dádiva que Vos aprouve fazer-me. Ó Jesus meu Salvador, aceito com todo o reconhecimento de que sou capaz a honra e graça que me fazeis, de querer amar-me ternamente; reconheço que Sois Vós que me adquiristes estes direitos sobre o Céu; sim, fostes Vós que me preparastes um lugar na Jerusalém Celeste e nenhuma das felicidades desta pátria de gozos reputo igual àquela de Vos amar e glorificar eternamente'.
Coloca-te debaixo da proteção da Santíssima Virgem e dos Santos; promete-lhes de os servir fielmente, para que te ajudem a conseguir esse Céu, onde te esperam; estende as mãos a teu bom anjo, suplicando-lhe que te conduza para lá; anima a tua alma a perseverar constantemente nesta escolha.
São Francisco de Sales, rogai por nós!
AS SETE MEDITAÇÕES DE SÃO FRANCISCO DE SALES (I)
Domingo: Sobre o Fim do Homem
Preparação: 1. Põe-te na presença de Deus; 2. Pede a Deus que te inspire.
Consideração
1. Não foi por nenhum motivo de interesse que Deus te criou, pois nós lhe somos absolutamente inúteis; foi unicamente para nos fazer bem, em nos facultando, com sua graça, participar de sua glória; e foi por isso, alma devota, que Ele te deu tudo o que tens: o entendimento, para te lembrares Dele; a vontade, para O amares; a imaginação, para te representares os seus benefícios; os olhos, para admirares as Suas obras; a língua, para O louvares, e assim as demais potências e faculdades.
2. Sendo esta a intenção que Deus teve, em te criando, com certeza deves abominar e evitar todas as ações que são contrárias a este fim; e quanto aquelas que não te conduzem a Ele, tu as deves desprezar, como vãs e supérfluas.
3. Considera quão grande é a infelicidade do mundo, que nunca pensa nestas coisas; a infelicidade, digo, dos homens que vivem por ai, como se estivessem persuadimos de que seu fim neste mundo é edificar casas, construir jardins deliciosos, acumular riquezas sobre riquezas e ocupar-se de divertimentos frívolos.
Afetos e resoluções
1. Confunde-te considerando a miséria de tua alma e o esquecimento destas verdades. Ah! de que se tenha ocupado o meu espírito, ó meu Deus, quando não pensei em Vós? De que me lembrava, quando Vos esqueci? Que amava eu, quando não Vos amava? Ah! eu me devia alimentar da verdade e fui saturar-me na vaidade. Como escravo que eu era do mundo, eu o servia, a esse mundo, que foi feito para me servir e me ensinar a Vos conhecer e amar.
2. Detesta a vida passada. Eu vos renuncio e aborreço, máximas falsas, vãos pensamentos, reflexões inúteis, recordações detestáveis. Eu vos abomino, amizades infiéis e criminosas, vão apegos ao mundo, serviços perdidos, miseráveis afabilidades, generosidade falsa que, para servir aos homens, me levaste a uma imensa ingratidão para com Deus; eu vos detesto de toda a minha alma.
3. Volta-se para Deus. E vós, ó meu Deus, Ó meu Salvador, Vós sereis de agora em diante o único objeto de meus pensamentos; Não darei atenção a nada que Vos possa desagradar; minha memória se encherá todos os dias da grandeza e doçura de Vossa bondade para comigo; Vós sereis as delícias de meu coração e toda a suavidade de meu interior. Sim, assim seja; tais e tais divertimentos com que me entretinha, estes e aqueles exercícios vãos que ocuparam o meu tempo, estas e aquelas afeições que prendiam meu coração, tudo isso serão objeto de horror para mim; e, para conservar-me nestas disposições, empregarei tais e tais meios.
Conclusão
1. Agradece a Deus. 'Eu vos dou graças, ó meu Deus, porque me destinastes para um fim tão sublime e útil, que é o de Vos amar nesta vida e gozar eternamente na outra da intensidade de vossa glória. Como serei digno Dele? Como Vos bendirei quanto mereceis?'
2. Oferece-te a Deus. 'Eu vos ofereço, ó meu amabilíssimo criador, todos estes propósitos e afetos com todo o meu coração e com toda a minha alma'.
3. Ora humildemente a Deus. 'Eu Vos suplico, ó meu Deus, que Vos agradeis de meus desejos e votos, de dar à minha alma a vossa santa benção, para que seja levados a efeito, pelos merecimentos de Vosso Filho, que por mim derramou todo o seu sangue na Cruz.
Pai-Nosso, Ave-Maria.
Segunda-Feira: Sobre os Pecados
Preparação: 1.Põe-te na presença de Deus; 2. Pede a Deus que te inspire.
Consideração
1. Vai em espírito aquele tempo em que começastes a pecar; pondera quanto tens aumentado e multiplicado os teus pecados de dia a dia, contra Deus e contra o próximo, por tuas obras, por tuas palavras, por teus pensamentos e por teus desejos.
2. Considera tuas más inclinações e com que paixão tu as seguiste; com estas duas considerações, verás que teus pecados sobrepujam o número de teus cabelos e mesmo as areias do mar.
3. Presta atenção especialmente na tua ingratidão para com Deus, pois este é um pecado geral que se acha em todos os outros e lhes aumenta infinitamente a enormidade. Conta, se podes, todos os benefícios de Deus, dos quais a maldade de teu coração se serviu para desonrá-Lo; todas as inspirações desprezadas, todas as moções da graça inutilizadas e todos os diferentes abusos do sacramentos. Onde estão, pelo menos, os frutos que Deus esperava dai? Que é o feito das riquezas com que o teu divino esposo exortou a tua alma? Tudo foi deturpado por tuas iniquidades. Pensa que tua ingratidão foi a ponto de fugires da esperança de Deus, para te perderes, enquanto Ele te seguia, passo por passo, para te salvar.
Afetos e resoluções
1. Sirva aqui a tua miséria para confundir-te. Ó meu Deus, como ouso apresentar-me diante de Vós? Oh! Eu me acho num deplorável estado de corrupção, impureza, ingratidão e iniquidade. É possível que eu tenha levado a minha insensatez e ingratidão a ponto de já não haver um de meus sentidos que não esteja deturpado por minha iniquidade, nenhuma das potências de minha alma que não esteja profanada e corrompida por meus pecados e que não se tenha passado um só dia de minha vida que não fosse cheio de obras más? É este o fruto dos benefícios do meu Criador e o preço do sangue de meu Redentor?
2. Pede perdão dos teus pecados e lança-te aos pés do Senhor, como o filho pródigo aos pés de seu pai; como Santa Madalena aos pés dos seu amantíssimo Salvador, como a mulher adúltera aos pés de Jesus, seu juiz. 'Ó Senhor, misericórdia para essa alma pecadora. Ó divino coração de Jesus, fonte de compaixão e de bondade, tende piedade desta alma miserável'.
3. Propõe-te melhorar de vida. Nunca mais, Senhor, me entregarei ao pecado, não, jamais, como o auxílio de Vossa graça. Oh! amei-o demais, mais agora detesto-o de todo o meu coração. Eu Vos agradeço, ó Pai das misericórdias! Em Vós quero viver e morrer.
Acusar-me-ei a um sacerdote de Jesus Cristo, com o coração humilde e sincero, de todos os meus pecados, sem espécie alguma de reserva ou dissimulação. Farei todo o possível para destruir os pecados em mim até a raiz, especialmente estes e aqueles que mais me pesam na consciência. Para isso empregarei com generosidade todos os meios que Ele me aconselhar e nunca pensarei ter feito bastante para reparar minhas enormes faltas.
Conclusão
1. Agradece a Deus que até esta hora esperou por tua conversão e te deu estas boas disposições;
2. Oferece-Lhe a vontade que tens de servi-Lo o melhor possível;
3. Pede-lhe que te dê a sua graça e a força, etc.
Pai-Nosso, Ave-Maria.
Terça-Feira: Sobre a Morte
Preparação: 1.Põe-te na presença de Deus; 2. Pede a Deus que te inspire; 3. Imagina que te achas no inferno, no leito de morte, sem nenhuma esperança de vida.
Consideração
1. Considera, minha alma, a incerteza do dia da morte. Um dia sairás do teu corpo. Quando será? Será no inverno ou no verão ou em alguma outra estação do ano? No campo ou na cidade, de noite ou de dia? Será de um modo súbito ou com alguma preparação? Será por algum acidente violento ou por uma doença?Terás tempo e um sacerdote para te confessares? Tudo isto é desconhecido, de nada sabemos, a não ser que havemos de morrer indubitavelmente e sempre mais cedo que pensamos.
2. Grava bem em teu espírito que então para ti já não haverá mundo, vê-lo-ás perecer antes teus olhos; porque então os prazeres, as vaidades, as horas, as riquezas, as amizades vãs, tudo isso se te afigurará como um fantasma que se dissipará ante tuas vistas. Ah! Então haverás de dizer: por umas bagatelas, umas quimeras, ofendi a Deus, isto é, perdi o meu tudo por um nada. Ao contrário, grandes e doces parecer-te-ão então as boas obras, a devoção e as penitências, e haverás de exclamar: Oh! Porque não segui eu esta senda feliz? Então, os teus pecados, que agora tens por uns átomos, parecer-te-ão montanhas e tudo o que crês possuir de grande em devoção será reduzido a um quase nada.
3. Medita esse adeus grande e triste que tua alma dirá a este mundo, as riquezas e as vaidades, aos amigos, a teus pais, a teus filhos, a um marido, a uma mulher, a teu próprio corpo, que abandonarás imóvel, hediondo de ver e todo desfeito pela corrupção dos humores.
4. Prefigura vivamente com que pressa levarão embora este corpo miserável para lançá-lo na terra, e considera que, passadas essas cerimônias lúgubres, já não se pensará mais de todo em ti, assim como tu não pensas nas pessoas que já morreram. 'Deus o tenha em paz' - há de dizer-se - e com isso terá tudo acabado para ti neste mundo. Oh! morte, sem piedade és tu! A ninguém poupas neste mundo.
5. Advinhas, se podes, que rumo seguirá tua alma, ao deixar o teu corpo. Ah! Para que lado se há de voltar? Por que caminho entrará na eternidade? - É exatamente por aquele que encetou já nesta vida.
Afetos e resoluções
1. Ora ao Pai da misericórdias e lança-Te em seus braços. 'Ah! Tomai-me, Senhor, debaixo de vossa proteção, neste dia terrível, empenhai a vossa bondade por mim, nesta hora suprema de minha vida, para torná-la feliz, ainda que o resto de minha vida seja repleto de tristezas e aflições'.
2. Despreza o mundo. 'Já que não sei a hora em que hei de te deixar, ó mundo; já que hora é tão incerta, não me quero apegar a ti. Ó meus queridos amigos, permiti que vos ame unicamente com uma amizade santa e que dure eternamente; pois, para que unir-nos de modo que seja preciso em breve romper esses laços? Quero preparar-me para essa última hora; quero tranquilizar minha consciência; quero dispor isso e aquilo em ordem e predispor-me do necessário para o pensamento feliz'.
Conclusão
Agradece a Deus por estas boas resoluções que te fez tomar, e oferece-as à divina majestade; suplica-lhe que pelos merecimentos da morte de seu Filho, te prepare uma boa morte; implora a proteção da santíssima virgem e dos santos.
Pai-Nosso, Ave-maria.
Quarta-Feira: Sobre o Último Juízo
Preparação: 1.Põe-te na presença de Deus; 2.Pede a Deus que te inspire.
Consideração
1. Enfim, uma vez terminado o prazo prefixado pela sabedoria de Deus, para a duração do mundo, aqueles inúmeros e vários prodígios e presságios horríveis, que consumirão de temor e tremor os homens ainda vivos, um dilúvio de fogo se alastrará pela terra fora, destruindo tudo, sem que coisa alguma escape as suas chamas devoradoras.
2. Depois deste incêndio universal, todos os homens hão de ressuscitar, ao som da trombeta do arcanjo, e comparecerão em juízo todos juntos, no vale de Josafá. Mas - ah - bem diversa será a sua situação: uns terão o corpo revestido de glória e esplendor e outros se horrorizarão de si próprios.
3. Considera a majestade com que o soberano juiz há de aparecer em seu tribunal, cercado de anjos e santos e tendo diante de si, mais brilhante que o sol, a cruz, como sinal de graça para os bons e de vingança para os maus.
4. À vista deste sinal e por determinação de Jesus Cristo, separar-se-ão os homens em duas partes: uns se acharão à sua direita e serão os predestinados; outros, à sua esquerda, e serão os condenados. Separação eterna! Jamais se encontrarão de novo juntos.
5. Então se abrirão os livros misteriosos das consciências: nada ficará oculto. Clara e distintamente ver-se-á nos corações de uns e de outros tudo o que fizeram de bom e de mau - as afrontas a Deus e a fidelidade às suas graças, os pecados e a penitência. Ó Deus, que confusão de uma parte e que consolação da outra!
6. Escuta atentamente a sentença formidável que o soberano juiz pronunciará contra os maus: ide, malditos para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e seus anjos. Pondera bem estas palavras, que os hão de esmagar por completo: ide. Essa palavra já nos está anunciando o abandono completo em que Deus deixará a sua criatura, expulsando-a de sua presença e não a contando mais no número daqueles que lhe pertencem. Ide, malditos. Ó minha alma, que maldição esta! Ela é universal, pois encerra todos os males, e ela é irrevogável, porque se estende a todos os tempos, por toda a eternidade. Ide, malditos, para o fogo eterno. Considera, ó minha alma, essa eternidade tremenda. Ó eternidade de penas eternas, como horrível és tu!
7. Escuta também a sentença que decidirá sobre a sorte feliz dos bons: 'Vinde', dirá o juiz. Ah! esta é a doce palavra de salvação, pela qual o Nosso Divino Salvador nos há de chamar a Si, para recebermos, bondoso, entre seus braços. 'Vinde, benditos de meu Pai'. Ó benção preciosa e incomparável, que encerra em si todas as bênçãos! Possuí o reino que vos está preparado desde o criação do mundo. Ó meu Deus, que graça! Possuir um reino que nunca terá fim!
Afetos e resoluções
1. Compenetra-te, minha alma, de temor, com a lembrança deste dia fatal. Ah! com que segurança contas tu, quando as próprias colinas do céu tremerão de terror?
2. Detesta teus pecados. É só isso que te pode levar a perdição. Ah! julga-te a ti mesma agora para então não seres julgado. Sim, eu quero fazer bem o exame de consciência, acusar-me, julgar-me, condenar-me, corrigir-me, para que o juiz não me condene naquele dia tremendo: confessar-me-ei, pois, aceitarei os avisos necessários, etc.
Conclusão
1. Agradece a Deus, que te deu tempo e meios de pôr-te em segurança pelo exercício da penitência;
2. Oferece-Lhe teu coração, para fazer dignos frutos de penitência;
3. Pede-Lhe a graça necessária para isso.
Pai-Nosso, Ave-Maria.
São Francisco de Sales, rogai por nós!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
A CONVERSÃO DE RATISBONNE
Afonso Ratisbonne (1814 - 1884)
Afonso Ratisbonne pertencia a uma riquíssima família de banqueiros judeus de Estrasburgo e nutria um ódio extremado contra a Igreja Católica, aumentado ainda mais pela conversão do seu irmão mais velho Theodore ocorrida em 1827, que se tornara sacerdote, renunciando à sua família. Em 20 de janeiro de 1842, em viagem a Roma, Ratisbonne encontrou-se casualmente na rua com o Barão Theodore de Bussières, católico fervoroso e amigo íntimo do seu irmão e que ele conhecera pouco antes na casa de um amigo comum. Em ocasião anterior, o barão insistira pela conversão de Ratisbonne, conseguindo que o mesmo passasse a portar uma Medalha Milagrosa e recomendando-o insistentemente a rezar a oração do 'Lembrai-vos'. Desse encontro casual, Ratisbonne acompanhou o barão até a Igreja de Sant'Andrea delle Frate, onde iriam ocorrer as exéquias do Conde de La Ferronays, ex-embaixador da França junto à Santa Sé e homem de grande piedade cristã, falecido dois dias antes. Na véspera de sua morte e a pedido do Barão de Bussières, o conde havia rezado cem vezes o 'Lembrai-vos' pela conversão de Afonso Ratisbonne. Os extraordinários eventos que se seguiram então são descritos assim pelo Barão Theodore de Bussières:
'Ela não falou uma palavra, mas eu entendi tudo'
Ratisbonne não deu sequer um passo rumo à verdade, sua vontade permanece como sempre; ele não deixa de ridiculizar tudo e parece se importar somente das coisas terrenas. Perto do meio-dia ele entrou em um café na Piazza di Spagna para ler os jornais. Lá ele encontrou o meu cunhado, Edmund Humann; eles conversaram sobre as notícias do dia, com uma irreverência e uma facilidade que excluía qualquer preocupação séria.
Parece que a Providência queria dispor as coisas de modo a excluir até a possibilidade de dúvida quanto ao estado de espírito de Ratisbonne pouco antes de a graça inesperada de sua conversão. Cerca de meio-dia e meia, saindo do café, ele encontrou seu amigo de escola, o barão A. de Lotzbeck e começou a conversar com ele sobre os assuntos mais frívolos. Ele falou da dança, do prazer, da esplêndida festa dada pelo príncipe T. Em verdade, se alguém tivesse dito a ele naquele momento: dentro de duas horas você vai ser católico, ele certamente o teria julgado louco.
Por volta de uma hora, eu tinha que combinar algumas coisas na igreja de Sant'Andrea delle Fratte para a cerimônia fúnebre do dia seguinte. Mas encontrei Ratisbonne descendo pela Via Condotti. Ele aceitou vir comigo, iria me aguardar alguns minutos e, em seguida, iríamos passear juntos. Entramos na igreja. Ratisbonne percebeu os preparativos para um funeral, e perguntou para quem seria feito. 'Para um amigo que acabo de perder, e que eu amava muito, M. de Laferronnays', respondi.
(Igreja Sant'Andrea delle Frate)
Ele então começou a andar pela nave e seu olhar frio e indiferente parecia dizer: 'Esta é certamente uma igreja muito feia.' Deixei-o do lado da epístola na igreja, à direita de um pequeno compartimento destinado a receber o caixão, e fui para o mosteiro. Eu tinha apenas algumas palavras para dizer a um dos frades, porque eu queria uma tribuna preparada para a família do falecido. Eu me demorei não mais do que 10 ou 12 minutos.
Quando voltei para a igreja, de início não achei Ratisbonne. Mas logo o vi ajoelhado em frente ao altar lateral de São Miguel Arcanjo. Fui até ele, toquei-lhe três ou quatro vezes sem que ele percebesse minha presença. Finalmente, ele se virou para mim, o rosto banhado em lágrimas, com as mãos juntas, e me disse com uma expressão que nenhuma palavra vai render: 'Oh, como este senhor [M. de Laferronnays] orou por mim!' Fiquei petrificado de espanto, naquele momento senti aquilo que as pessoas sentem na presença de um milagre.
(altar da aparição)
Eu levantei Ratisbonne, acompanhei-o, ou melhor, quase o levei para fora da igreja, e perguntei-lhe qual era o problema, e onde ele queria ir. 'Leva-me onde quiserdes', respondeu ele, 'depois que eu vi, eu obedeço'. Insisti para que me explicasse o que queria dizer, mas não conseguia por causa de uma emoção forte demais. Ele tirou de seu peito a Medalha Milagrosa, e a cobriu de beijos e lágrimas. Eu tentei trazê-lo de volta para si, e não obstante as minhas insistentes perguntas, não recebia dele senão exclamações interrompidas por soluços: 'Oh, como eu sou feliz! Oh, como é bom o Senhor! Que plenitude de graça e felicidade! Como é lamentável o lote daqueles que não sabem!' Então ele começou a chorar ao pensar em hereges e descrentes.
Finalmente, ele se perguntou se não estava louco. 'Mas não', acrescentou ele, 'eu estou em meu perfeito juízo. Meu Deus, meu Deus, eu não estou louco, não. Todo mundo sabe que eu não sou louco!' Quando a delirante agitação foi se acalmando, com um olhar sereno e eu diria quase transfigurado, Ratisbonne estendeu seus braços em volta de mim e me abraçou, me pediu para levá-lo a um confessor; queria saber quando ele poderia receber o Santo Batismo sem o qual ele não podia viver, suspirava de felicidade pelos mártires, cujos tormentos ele tinha visto retratados nas paredes da igreja de S. Stefano Rotondo. Ele me disse que não poderia dar explicação alguma sem a permissão de um padre, 'porque aquilo que eu tenho a dizer', acrescentou, 'é algo que não posso dizer nem devo dizer senão de joelhos'.
Levei-o imediatamente à igreja do Gesù para ver o Pe. Villefort, que lhe pediu para se explicar. Então Ratisbonne, estendeu a medalha, beijou-a, mostrou-nos, e exclamou: 'Eu a vi, eu a vi!' E a emoção voltou a embargá-lo. Mas logo ele recuperou a calma e se exprimiu nestes termos: 'Eu passei um breve tempo na igreja, quando de repente eu senti uma agitação de espírito indescritível. Ergui os olhos: diante de mim o prédio todo tinha desaparecido, só tinha uma capela, por assim dizer, onde se concentrou toda a luz. E no meio desse esplendor apareceu para mim em pé sobre o altar, grande, cheio de majestade e de doçura, a Virgem Maria, tal como ela é representada na minha Medalha' Uma força irresistível me atraiu para ela. A Virgem me fez sinal com a mão que deveria ajoelhar e, em seguida, ela parecia dizer: assim está bem! Ela não falou uma palavra, mas eu entendi tudo'.
Ratisbonne fez esta breve narração parando com frequência como para tomar fôlego e reprimir a emoção que tomava conta dele. Ouvimos com uma reverência sagrada, misturada com alegria e gratidão, maravilhados com a profundidade das vias do Senhor e os tesouros inefáveis de Sua misericórdia. Uma frase nos impressionou mais do que as outras pela profundidade do mistério: 'Ela não falou uma palavra, mas eu entendi tudo'.
Aliás, agora basta ouvir a Ratisbonne. A fé católica emana de seu coração como um perfume precioso do vaso que a contém, mas não pode confiná-la. Ele falou da Presença Real como um homem que acreditava que com toda a energia de seu ser, mas a expressão é muito fraca; ele falava como aquele que teve uma percepção direta.
Ao deixar o Padre Villefort, fomos dar graças a Deus, em primeiro lugar em Santa Maria Maggiore, nossa cara basílica da Santíssima Virgem, e depois na de São Pedro. É impossível transmitir uma ideia do transporte de Ratisbonne quando esteve nessas igrejas. 'Ah', dizia ele, apertando minhas mãos, 'agora eu entendo o amor dos católicos por suas igrejas, e a devoção que os leva a embelezá-las e adorná-las! Como é bom estar aqui! Querer-se-ia nunca deixá-las! Aqui não estamos mais na terra, é o vestíbulo do céu ...'
Diante do altar do Santíssimo Sacramento, a Presença Real de Jesus o impressionava de tal maneira que ele ficaria quase fora de si se não fosse afastado logo e levado para longe. Ficava aterrorizado pela ideia de comparecer perante o Deus vivo maculado como estava pelo pecado original. Apressou-se a se refugiar na capela da Virgem. 'Aqui', ele me disse: 'não posso ter medo. Sinto-me sob a proteção de uma misericórdia ilimitada'.
Ele rezou com grande fervor diante do túmulo dos santos Apóstolos. A história da conversão de Paulo, que eu lhe narrei, o fez derramar lágrimas abundantes. Ele ficou admirado pelo poderoso afeto, aliás póstumo, para usar sua própria expressão, que o unia a M. de Laferronnays, e pretendia passar a noite ao lado de seus restos mortais, pois, dizia ele, este era seu dever imposto pela gratidão. Mas o Padre Villefort, vendo que ele estava exausto de fadiga, contrariando este desejo piedoso, aconselhou-o prudentemente a não permanecer além das 22 horas.
Em seguida, Ratisbonne nos disse que na noite anterior não havia sido capaz de dormir, que ele tinha sempre diante dos olhos uma grande cruz, de uma forma peculiar, sem a imagem de Cristo que ficava constantemente diante dele. 'Eu fiz', disse ele, 'esforços incríveis para afastar essa visão, mas todos foram infrutíferos'. Algumas horas depois, observando casualmente o reverso da Medalha Milagrosa, ele reconheceu a mesma Cruz!
Enquanto isso, eu estava muito impaciente querendo voltar a ver a família Laferronnays. Eu levava notícias consoladoras para eles no momento em que se despediam dos restos venerados daquele que eles choravam. Entrei na câmara mortuária em um estado de agitação, quase se poderia dizer de alegria, que chamou a atenção de todos os presentes porque compreenderam que eu tinha algo gravemente importante para comunicar. Todos eles me acompanharam até uma sala adjacente, e eu às pressas relatei o acontecimento.
Eu tinha trazido boas novas do Céu. As lágrimas de dor em um momento foram transformadas em lágrimas de gratidão. Aqueles pobres corações aflitos podiam agora suportar com perfeita resignação cristã o mais cruel dos sacrifícios que cobra a morte, o último adeus aos restos daquele que eles tinham amado... Mas eu estava ansioso para voltar a ver o filho que o Céu tinha acabado de me dar. Ele me implorou para não deixá-lo sozinho porque precisava de um amigo em cujo coração derramar as profundas emoções daquele dia.
Perguntei-lhe uma e outra vez as circunstâncias da visão milagrosa. Ele próprio não sabia explicar como ele passou do lado direito da igreja para a capela que está à esquerda, sendo que, entre a capela e o local onde estava, encontravam-se os preparativos para o serviço fúnebre. Tudo o que ele sabia era que se viu de repente de joelhos, prostrado diante desse altar.
De início, ele pôde ver claramente a Rainha do Céu em todo o esplendor de sua beleza imaculada, mas seu olhar não conseguiu suportar o brilho daquela luz divina. Três vezes ele tentou olhar mais uma vez a Mãe de Misericórdia, e três vezes só foi capaz de elevar seus olhos até suas mãos abençoadas, a partir das quais brotava uma torrente de graças em forma de feixes luminosos.
'Ó meu Deus', exclamou ele, 'mas eu, que meia hora antes estava blasfemando ainda! Eu, que sentia um ódio tão violento contra a religião católica!... Mas todos os que me conhecem sabem muito bem que, humanamente falando, eu tinha os mais soberbos motivos para continuar a ser um judeu... Minha família é judaica, minha noiva é judia, meu tio é um judeu... Ao me tornar católico, eu rompo com todos os interesses e todas as esperanças que tenho na terra e, entretanto, eu não sou louco, vê-se claramente que eu não sou louco, que eu nunca fui louco! Portanto, devem acreditar em meu testemunho'.
(Ratisbonne tornou-se sacerdote e apóstolo da conversão dos judeus)
Theodore de Bussières, “La conversione di Alfonso Maria Ratisbonne”, Ed. Amicizia Cristiana, 2008, Chieti, 63 p., páginas 18-25.
Batizado com o nome de Afonso Maria, Ratisbonne quis entrar na Companhia de Jesus, sendo ordenado sacerdote em 1847. Depois de algum tempo, por recomendação do Papa Pio IX, deixou a Companhia de Jesus e foi unir-se a seu irmão Theodore, com ele fundando a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora de Sion, dedicada à conversão dos judeus. O Pe. Theodore difundiu sua Congregação pela França e pela Inglaterra. O Pe. Afonso Maria foi para a Terra Santa, e comprou em Jerusalém um terreno em que outrora estivera o Pretório de Pilatos, ali estabelecendo uma casa da Congregação. Os dois irmãos faleceram no ano de 1884, ambos com fama de excepcionais virtudes.
(padres Theodore e Afonso Maria)
INDULGÊNCIAS PLENÁRIAS NO ANO DA FÉ
Sua Santidade o Papa Bento XVI concedeu o dom da Indulgência Plenária aos fiéis por ocasião do Ano da Fé, sempre de acordo com normas estabelecidas pela Penitenciaria Apostólica. Às disposições estabelecidas pela Santa Igreja para a obtenção de Indulgências Plenárias*, juntam-se neste Ano Especial as disposições do decreto papal transcrito abaixo, que são válidas de 11 de outubro de 2012 até 24 de novembro de 2013.
Poderão obtê-la, todos os fiéis verdadeiramente arrependidos, que tenham expiado os próprios pecados com a penitência sacramental e elevado orações segundo as intenções do Sumo Pontífice:
- toda vez que participarem de pelo menos três momentos de pregações durante as Santas Missões, ou de pelo menos três lições sobre as Atas do Concílio Vaticano II e sobre os Artigos do Catecismo da Igreja Católica, em qualquer igreja ou local idôneo;
- toda vez que visitarem em forma de peregrinação uma Basílica Papal, uma catacumba cristã, uma Igreja Catedral, um local sagrado designado pelo Ordinário do lugar para o Ano da Fé, e ali participarem de alguma função sagrada ou se detiverem para um tempo de recolhimento, concluindo com a oração do Pai-Nosso, o Credo, as invocações a Nossa Senhora e, de acordo com o caso, aos Santos Apóstolos ou Padroeiros;
- toda vez que, nos dias determinados pelo Ordinário do lugar para o Ano da Fé, em algum local sagrado participarem de uma solene celebração eucarística ou da Liturgia das Horas, acrescentando a Profissão de Fé em qualquer forma legítima;
- um dia livremente escolhido, durante o Ano da Fé, para a visita do batistério ou de outro lugar no qual receberam o sacramento do Batismo, se renovarem as promessas batismais em qualquer fórmula legítima.
Aos idosos, doentes e a todos os que por motivos legítimos não puderem sair de casa, concede-se de igual modo a Indulgência plenária nas condições de costume se, unidos com o espírito e com o pensamento aos fiéis presentes, especialmente nos momentos em que as palavras do Pontífice ou dos Bispos Diocesanos forem transmitidas pela televisão ou pelo rádio, recitarem na própria casa ou onde estiverem o Pai-Nosso, o Credo e outras orações conformes às finalidades do Ano da Fé, oferecendo seus sofrimentos ou as dificuldades da própria vida.
* ver Manual das Indulgências em Biblioteca Digital
PENITENCIARIA APOSTÓLICA
URBIS ET ORBIS
D E C R E T O
Enriquecem-se com o dom de Sagradas Indulgências
práticas de piedade especiais a realizar durante o Ano da fé
práticas de piedade especiais a realizar durante o Ano da fé
No dia do cinquentenário da inauguração solene do Concílio Ecuménico Vaticano II, ao qual o Beato João XXIII «tinha confiado como tarefa principal guardar e apresentar melhor o precioso depósito da doutrina cristã, para o tornar mais acessível aos fiéis de Cristo e a todos os homens de boa vontade» (João Paulo II, Const. Ap. Fidei depositum, 11 de Outubro de 1992: AAS 86 [1994] 113), o Sumo Pontífice Bento XVI estabeleceu o início de um Ano particularmente dedicado à profissão da fé verdadeira e à sua interpretação recta com a leitura, ou melhor, a piedosa meditação das Actas do Concílio e dos Artigos do Catecismo da Igreja Católica, publicado pelo Beato João Paulo II, trinta anos após o início do Concílio, com a intenção clara de «induzir os fiéis a aderir melhor a ele e a promover o conhecimento e a aplicação do mesmo» (ibid., 114).
Já no ano do Senhor de 1967, para recordar o décimo nono centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo, foi proclamado um semelhante Ano da fé pelo Servo de Deus Paulo VI, «com a Profissão de Fé do Povo de Deus, para atestar como os conteúdos essenciais, que há séculos constituem o património de todos os crentes, necessitam de ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado» (Bento XVI, Carta Ap. Porta Fidei, 4).
Neste nosso tempo de mudanças profundíssimas, às quais a humanidade está sujeita, o Santo Padre Bento XVI, com a proclamação deste segundo Ano da fé, tenciona convidar o Povo de Deus, do qual é Pastor universal, assim como os irmãos Bispos de todo o orbe, «para que se unam ao Sucessor de Pedro, no tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o dom precioso da fé» (ibid., n. 8).
Será dada a todos os fiéis a «oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado... nas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro; nas [suas] casas e no meio das [suas] famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo» (ibidem).
Além disso, todos os fiéis, individual e comunitariamente, serão chamados a dar testemunho aberto da sua fé diante dos outros, nas circunstâncias peculiares da vida quotidiana: «A própria natureza social do homem exige que ele exprima externamente os actos religiosos interiores, entre em comunicação com os demais em assuntos religiosos e professe de modo comunitário a própria religião» (Decl. Dignitatis humanae, 7 dic. 1965: AAS 58 [1966], 932).
Dado que se trata antes de tudo de desenvolver ao máximo nível — na medida do possível nesta terra — a santidade de vida e de alcançar, portanto, no grau mais alto a pureza da alma, será muito útil o grande dom das Indulgências que a Igreja, em virtude do poder que lhe foi conferido por Cristo, oferece a todos os que, com as devidas disposições, cumprirem as prescrições especiais para as obter. «Com a Indulgência — ensinava Paulo VI — a Igreja, valendo-se do seu poder de ministra da Redenção levada a cabo por Cristo Senhor, comunica aos fiéis a participação desta plenitude de Cristo na comunhão dos Santos, oferecendo-lhes em grandíssima medida os meios para alcançar a salvação» (Carta Ap. Apostolorum Limina, 23 de Maio de 1974: AAS 66 [1974] 289). Assim se manifesta o «tesouro da Igreja», do qual constituem «um desenvolvimento ulterior também os méritos da Bem-Aventurada Mãe de Deus e de todos os eleitos, desde o primeiro justo até ao último» (Clemente VI, Bula Unigenitus Dei Filius, 27 de Janeiro de 1343).
A Penitenciaria Apostólica, que tem o múnus de regular o que diz respeito à concessão e ao uso das Indulgências, e de estimular o espírito dos fiéis a conceber rectamente e a alimentar o desejo piedoso de as obter, solicitada pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, em consideração atenta da Nota com indicações pastorais para o Ano da fé, da Congregação para a Doutrina da Fé, com a finalidade de alcançar o dom das Indulgências durante o Ano da fé, estabeleceu as seguintes disposições, emitidas em conformidade com a mente do Augusto Pontífice, para que os fiéis sejam mais estimulados ao conhecimento e ao amor pela Doutrina da Igreja Católica e obtenham frutos espirituais mais abundantes.
Ao longo de todo o Ano da fé, proclamado de 11 de Outubro de 2012 até ao fim do dia 24 de Novembro de 2013, poderão alcançar a Indulgência plenária da pena temporal para os próprios pecados, concedida pela misericórdia de Deus, aplicável em sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos, a todos os fiéis deveras arrependidos, que se confessem de modo devido, comunguem sacramentalmente e orem segundo as intenções do Sumo Pontífice:
a.- cada vez que participarem em pelo menos três momentos de pregações durante as Missões Sagradas, ou então em pelo menos três lições sobre as Actas do Concílio Vaticano II e sobre os Artidos do Catecismo da Igreja Católica, em qualquer igreja ou lugar idóneo;
b.- cada vez que visitarem em forma de peregrinação uma Basílica Papal, uma catacumba cristã, uma Igreja Catedral, um lugar sagrado, designado pelo Ordinário do lugar para o Ano da fé (por ex. entre as Basílicas Menores e os Santuários dedicados à Bem-Aventurada Virgem Maria, aos Santos Apóstolos e aos Santos Padroeiros) e ali participarem nalguma função sagrada ou pelo menos passarem um tempo côngruo de recolhimento com meditações piedosas, concluindo com a recitação do Pai-Nosso, a Profissão de Fé de qualquer forma legítima, as invocações à Bem-Aventurada Virgem Maria e, segundo o caso, aos Santos Apóstolos ou Padroeiros;
c.- cada vez que, nos dias determinados pelo Ordinário do lugar para o Ano da fé (por ex. nas solenidades do Senhor, da Bem-Aventurada Virgem Maria, nas festas dos Santos Apóstolos e Padroeiros, na Cátedra de São Pedro), em qualquer lugar sagrado participarem numa solene celebração eucarística ou na liturgia das horas, acrescentando a Profissão de Fé de qualquer forma legítima;
d.- um dia livremente escolhido, durante o Ano da fé, para a visita piedosa do baptistério ou outro lugar, onde receberam o sacramento do Baptismo, se renovarem as promessas baptismais com qualquer fórmula legítima.
Os Bispos diocesanos ou eparquiais, e aqueles que pelo direito lhes são equiparados, no dia mais oportuno deste tempo, por ocasião da celebração principal (por ex. a 24 de Novembro de 2013, na solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, com a qual será encerrado o Ano da fé) poderão conceder a Bênção Papal com a Indulgência plenária, lucrável por parte de todos os fiéis que receberem tal Bênção de modo devoto.
Os fiéis verdadeiramente arrependidos, que não puderem participar nas celebrações solenes por motivos graves (como, em primeiro lugar, todas as monjas que vivem nos mosteiros de clausura perpétua, os anacoretas e os eremitas, os encarcerados, os idosos, os enfermos, assim como quantos, no hospital ou noutros lugares de cura, prestam serviço continuado aos doentes), obterão a Indulgência plenária nas mesmas condições se, unidos com o espírito e o pensamento aos fiéis presentes, particularmente nos momentos em que as Palavras do Sumo Pontífice ou dos Bispos diocesanos forem transmitidas pela televisão e rádio, recitarem em casa ou onde o impedimento os detiver (por ex. na capela do mosteiro, do hospital, da casa de cura, da prisão...) o Pai-Nosso, a Profissão de Fé de qualquer forma legítima e outras preces segundo as finalidades do Ano da fé, oferecendo os seus sofrimentos ou as dificuldades da sua vida.
A fim de que o acesso ao sacramento da Penitência e à consecução do perdão divino, através do poder das Chaves, seja facilitado pastoralmente, os Ordinários dos lugares são convidados a conceder aos cónegos e aos sacerdotes que, nas Catedrais e nas Igrejas designadas para oAno da fé, puderem ouvir as confissões dos fiéis, as faculdades limitadamente ao foro interno às quais se refere, para os fiéis das Igrejas orientais, o cân. 728 § 2 do CCIO e, no caso de uma reserva eventual, o cân. 727, excluídos, como é evidente, os casos considerados no cân. 728 § 1; para os fiéis da Igreja latina, as faculdades às quais se refere o cân. 508 § 1 do CDC.
Os confessores, depois de ter admoestado os fiéis acerca da gravidade de pecados aos quais estiver anexada uma reserva ou uma censura, determinarão penitências sacramentais apropriadas, para os conduzir o mais possível a um arrependimento estável e, segundo a natureza dos casos, para lhes impor a reparação de eventuais escândalos e danos.
Enfim, a Penitenciaria convida fervorosamente os Excelentíssimos Bispos, enquanto depositários do tríplice munus de ensinar, guiar e santificar, a ter o cuidado de explicar claramente os princípios e as disposições aqui propostos para a santificação dos fiéis, tendo em consideração de modo particular as circunstâncias de lugar, cultura e tradições. Uma catequese adequada à índole de cada povo poderá propor mais claramente e com maior vivacidade à inteligência, e radicar de modo mais firme e profundo nos corações, o desejo deste dom singular, alcançado em virtude da mediação da Igreja.
O presente Decreto tem validade unicamente para o Ano da fé. Não obstante qualquer disposição contrária.
Dado em Roma, da Sede da Penitenciaria Apostólica, 14 de Setembro de 2012, na Exaltação da Santa Cruz.
Manuel card. Monteiro de Castro Penitenciário-Mor
Mons. Krzysztof Nykiel Regente
Mons. Krzysztof Nykiel Regente
domingo, 20 de janeiro de 2013
'FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER'
Neste segundo domingo do tempo comum, estamos com Jesus e Maria nas bodas de Caná. Não sabemos detalhes do evento, os nomes dos noivos ou do mestre de cerimônia, o tempo da celebração. Mas a presença de Jesus e de Maria naquela ocasião em Caná da Galileia são o testemunho vivo da santidade e das graças associadas àquela união matrimonial. Muitos teólogos manifestam inclusive que foi, neste enlace de santa vocação e harmonia, que Jesus elevou o casamento à condição de sacramento, imagem de suas núpcias eternas com a Santa Igreja.
E o vinho veio a faltar. Nossa Senhora tem a clara percepção da situação constrangedora e aflitiva dos noivos e de suas famílias, porque faltou o vinho. É a Mãe que roga, que intercede, que suplica ao Filho Amado: 'Eles não têm mais vinho' (Jo 2, 3). Medianeira e intercessora de nossas aflições e angústias, de Caná até os confins da terra, Nossa Senhora leva a Jesus as súplicas de todos os seus filhos e filhas de todos os tempos. É ela que nos abre as portas da manifestação da glória de Jesus para a definitiva aliança dos céus com a humanidade pecadora, mediante a sua súplica de Mãe face à angústia humana: 'Fazei tudo o que Ele vos disser' (Jo, 2,5).
E eis que havia ali seis talhas de pedra, que foram 'enchidas até a boca' (Jo, 2,7). E a água se fez vinho, nas mãos do Salvador. Da angústia, faz-se a alegria; da aflição, tem-se o júbilo; da ansiedade, nasce o alívio e a serenidade. Alegria, júbilo, alívio e serenidade que são os doces frutos da plena santificação. Este vinho nos traz a libertação do pecado e nos coloca nas sendas do céu, pois nos deleita com as graças da virtude, do santo juízo, da sabedoria de Deus. Mas nos cabe encher nossas talhas de água até a boca, prover os nossos corações do mais pleno amor humano, para que a santificação de nossas almas seja completa no coração de Deus.
'Este foi o o início dos sinais de Jesus' (Jo, 2,11). Em Caná da Galileia e por Maria, mais que o primeiro milagre, a glória de Jesus foi manifesta à humanidade pecadora. O firme propósito pessoal em busca da virtude e da superação das nossas vicissitudes humanas é a água que será transformada no vinho pela graça e pela misericórdia de Deus em nossos corações aflitos e inquietos, enquanto não repousados na glória eterna. Enchei, portanto, as vossas talhas de água e fazei tudo o que Ele vos disser, com a intercessão de Maria. Eis aí a pequena e a grande via em direção ao Coração de Deus, que nos foi legada um dia em Caná da Galileia.
sábado, 19 de janeiro de 2013
20 DE JANEIRO - SÃO SEBASTIÃO
São Sebastião foi um oficial romano, do alto escalão da Guarda Pretoriana do imperador Diocleciano (imperador de Roma entre 284 e 305 de nossa era e responsável pela décima e última grande perseguição do Império Romano contra o Cristianismo), que pagou com a vida sua devoção à fé cristã. Denunciado ao imperador por ser cristão e acusado de traição, foi condenado a morrer de forma especial: seu corpo foi amarrado a um tronco servindo de alvo a flechas disparadas por diferentes arqueiros africanos.
Primeiro Martírio: São Sebastião flechado
Abandonado pelos algozes que o julgavam morto, foi socorrido e curado e, de forma incisiva, reafirmou a sua convicção cristã numa reaparição ao próprio imperador. Sob o assombro de vê-lo ainda vivo, São Sebastião foi condenado uma vez mais sendo, nesta sua segunda flagelação, brutalmente açoitado e espancado até a morte. O seu corpo foi atirado num canal de esgotos, de onde foi depois retirado e levado até as catacumbas romanas. Suas relíquias estão preservadas na Basílica de São Sebastião, na Via Apia, em Roma. É venerado por toda a cristandade como modelo de vida cristã, mártir da Igreja e defensor da fé e como padroeiro de diversas cidades brasileiras, incluindo-se o Rio de Janeiro. Sua festa é comemorada a 20 de janeiro, data de sua morte no ano 304.
Segundo Martírio: São Sebastião espancado até a morte
Assinar:
Postagens (Atom)