segunda-feira, 3 de junho de 2024

O MILAGRE EUCARÍSTICO DE SEEFELD

Seefeld, uma pequena localidade situada na região do Tirol (Áustria) foi palco de um dos eventos sobrenaturais mais extraordinários do século XIV.  Este evento ocorreu na Quinta Feira Santa de 1384, na pequena igreja de Saint Oswald (São Oswaldo), erigida originalmente como uma pequena capela em 1306.


Durante a missa local, Oswald Milser, nobre e senhor de Schlossberg, aproximou-se do altar para receber a Eucaristia. Era uma pessoa muito poderosa na comunidade à época e reconhecidamente uma figura de má conduta e completamente alheia à religião católica. Ainda assim, não só adiantou-se para receber a comunhão aos pés do altar, como exigiu que o sacerdote a fizesse não com a hóstia comum oferecida aos comungantes, mas por meio da grande hóstia reservada apenas ao sacerdote celebrante. O sacerdote, refém do respeito e do temor humano, fez como lhe havia sido ordenado e compartilhou com o senhor de Schlossberg a sacrílega comunhão.


Assim que recebeu a Sagrada Hóstia, o piso de pedra começou a afundar sob os pés do homem, como se não tivesse resistência alguma. Ao mesmo tempo, a Hóstia começou a diluir-se em sangue na boca do ímpio comungante, e não podia ser consumida. Com a boca aberta e fluindo sangue, o infeliz tentou ainda agarrar-se à borda do altar no desespero da situação e, nesse momento, o sacerdote conseguiu recuperar a hóstia ensanguentada. Imediatamente, o piso retornou à sua condição estável natural e o nobre pôde recompor-se de pé, saindo do buraco do chão.


A igreja tornou-se, então, um grande centro de peregrinação religiosa na Áustria e foi ampliada entre 1423 e 1431. Em 1574,  foi construída uma capela dedicada exclusivamente à relíquia eucarística - chamada Capela do Sangue - que abriga atualmente a Hóstia milagrosa, e diversas pinturas que reproduzem o milagre. 


E essa Hóstia ensanguentada permanece incólume mesmo 640 anos após esse evento, encapsulada num ostensório guardado perto do altar da capela. Ainda hoje é possível também ver o grande buraco que se abriu no piso de pedra quando Oswald Milser afundou no chão, hoje recoberto por uma grade por questões de segurança.



Quanto ao homem destes fatos extraordinários, sua vida mudou radicalmente. Convertido e profundamente abalado pelos eventos, o senhor de Schlossberg abandonou a vida mundana e ingressou imediatamente no mosteiro de Stams onde, após dois anos de severas penitências, morreu de causas naturais.

domingo, 2 de junho de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Exultai no Senhor, a nossa força!' (Sl 80)

Primeira Leitura (Dt 5,12-15) - Segunda Leitura (2Cor 4,6-11) -  Evangelho (Mc 2,23-3,6)
 
  02/06/2024 - NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM

27. O SENHOR DO SÁBADO


Naqueles tempos ditosos em que o Senhor habitava a terra, o Evangelho de hoje faz memória de um certo dia e uma certa caminhada de Jesus, 'passando por uns campos de trigo, em dia de sábado' (Mc 2, 23). Desta vez, como em muitas outras vezes, sempre rodeados por grandes multidões e em andanças contínuas, os discípulos de Jesus estavam famintos. Desta vez, ao contrário da figueira frondosa mas estéril, as searas de trigo à beira do caminho estavam repletas de espigas. E os discípulos de Jesus se serviram delas para matar a fome.

Para os fariseus presentes, homens esmagados pela frieza e rigidez das normas sabáticas - até a simples coleta de espigas em trigais à beira de uma estrada, por homens fatigados e famintos, atentava contra a pureza e preservação do dia de sábado, o 'dia consagrado ao Senhor' (Dt 5, 14). De fato, muito mais que uma mera perplexidade fingida, estes fariseus eram movidos pela malícia doentia de buscar quaisquer meios e situações para tentar recriminar e indispor Jesus em relação às multidões que O seguiam. Jesus os interpela, então, sobre o episódio da fuga de Davi à perseguição de Saul quando, por necessidade extrema, permitira que seus homens se alimentassem com os pães sagrados e reservados aos sacerdotes (I Sm 21, 6).

Jesus vai lhes dar em seguida o testemunho definitivo: 'O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é Senhor também do sábado' (Mc 2, 27 - 28). Os discípulos se serviam de trigo diante do Senhor do trigo. Os discípulos colhiam espigas no dia de sábado diante do Senhor do sábado. Não havia lugar então para simples conjecturas humanas, para firulas normativas da antiga lei mosaica, para o relativismo mesquinho e tenebroso de pobres fariseus, saciados e empanturrados de tanto orgulho e vaidade, que não tinham olhos e nem ouvidos para perceber que estavam diante do senhor do trigo e do sábado. Diante de corações tão duros e obstinados à graça, Jesus vai interpelá-los mais tarde, na sinagoga, movido por ira e tristeza: 'É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?' (Mc 3,5).

Jesus que fizera um dia uma figueira sem frutos secar até a raiz, agora dá vida plena a uma mão seca, no dia especialmente consagrado ao Senhor. Uma mão sadia para plantar sementes e para colher espigas. Bastou àquele homem da mão seca acreditar, bastou ao homem estender a mão para ficar curado. A misericórdia de Deus é infinita, mas a nossa salvação precisa do nosso sim, de nossas mãos estendidas, ávidas de cura e aptas à semeadura, para produzir muitos frutos e espigas nos trigais do Senhor. E nos tornar também cientes dos mistérios da iniquidade deste mundo, em que muitos não reconhecerão Jesus como Mestre e Senhor e, no seu ódio obstinado à Verdade, negarão a Deus e serão, novamente e muitas vezes, outros tantos fariseus.

sábado, 1 de junho de 2024

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LXXXII)

Capítulo LXXXII

Razões de Justiça - São Bernardino de Sena e a Viúva Infiel - Pecados Graves Devido às Reparações aos Mortos Não Cumpridas

Conta São Bernardino de Sena que um casal sem filhos fez um contrato segundo o qual, no caso de um morrer antes do outro, o sobrevivente deveria distribuir os bens deixados pelo outro, para o repouso da alma do defunto. O marido morreu primeiro e a sua viúva não cumpriu a promessa. A mãe da viúva ainda vivia e o defunto apareceu-lhe, pedindo-lhe que fosse ter com a filha e a exortasse, em nome de Deus, a cumprir o seu compromisso. 'Se ela demorar' - disse ele - 'a distribuir em esmolas a soma que destinei aos pobres, dizei-lhe da parte de Deus que dentro de trinta dias será atingida por uma morte súbita'. Quando a impiedosa viúva ouviu esta solene advertência, teve a audácia de a considerar como um sonho e persistiu na sua sacrílega infidelidade à sua promessa. Trinta dias se passaram e a infeliz mulher, tendo ido a um quarto superior da casa, caiu pela janela e morreu no local.

A injustiça para com os mortos, de que acabamos de falar, e as manobras fraudulentas para escapar à obrigação de executar os seus legados piedosos, são pecados graves, crimes que merecem o castigo eterno do Inferno. A menos que se faça uma confissão sincera e, ao mesmo tempo, a devida restituição, este pecado encontrará o seu castigo não no Purgatório, mas no Inferno.

Infelizmente, sim, é sobretudo na outra vida que a justiça divina castigará os culpados usurpadores dos bens dos mortos. Juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia, diz o Espírito Santo. (Tg 2,13). Se estas palavras são verdadeiras, quão rigoroso julgamento aguarda aqueles cuja detestável avareza deixou a alma de um pai, de um benfeitor, durante meses, anos, talvez até séculos, nos espantosos tormentos do Purgatório. Este crime, como já dissemos, é tanto mais grave quanto, em muitos casos, os sufrágios que o defunto pede para a sua alma não passam de restituições disfarçadas. Este fato é, em certas famílias, demasiadas vezes ignorado. É muito cômodo falar de intriga e de avareza clerical. Usam-se os melhores pretextos para invalidar um testamento que, muitas vezes, talvez na maioria dos casos, envolve uma restituição necessária. O padre não é mais do que um intermediário neste ato indispensável, obrigado a um segredo absoluto em virtude do seu ministério sacramental.

Expliquemos melhor a questão. Um moribundo foi culpado de alguma injustiça durante a sua vida. Isso é mais frequente do que imaginamos, mesmo em relação aos homens mais corretos aos olhos do mundo. No momento em que está prestes a comparecer diante de Deus, esse pecador faz a sua confissão; ele deseja reparar integralmente, como lhe compete, todo o prejuízo que causou ao seu próximo, mas não lhe resta tempo para o fazer ele próprio, e não está disposto a revelar o triste segredo aos seus filhos. Que faz ele? Encobre a sua restituição sob o véu de um legado piedoso.

Ora, se esse legado não for pago e, consequentemente, a injustiça não for reparada, o que acontecerá com a alma do falecido? Ficará retida por tempo indefinido no Purgatório? Não conhecemos todas as leis da Justiça Divina, mas numerosas aparições servem para nos dar uma idéia delas, pois todas declaram que não podem ser admitidas na bem-aventurança eterna enquanto uma parte da dívida da Justiça estiver por ser cancelada. Além disso, não são essas almas culpadas por terem adiado até à sua morte o pagamento de uma dívida de justiça que tinham há tanto tempo? E se agora os seus herdeiros se esquecem de a pagar por elas, não é isso uma consequência deplorável do seu próprio pecado, do seu atraso culposo? É por culpa deles que esses bens mal adquiridos permanecem na família, e eles não deixarão de clamar contra eles enquanto a restituição não for feita. Res clamat domino - a propriedade clama pelo seu legítimo dono; clama contra o seu injusto possuidor.

Se, por malícia dos herdeiros, a restituição nunca for feita, é evidente que essa alma não pode permanecer para sempre no Purgatório; mas, nesse caso, um longo atraso na sua entrada no Céu parece ser um castigo adequado para um ato de injustiça, do qual a alma se retratou, é verdade, mas que ainda permanece na sua causa eficaz. Pensemos, pois, nessas graves consequências, quando deixamos passar dias, semanas, meses e talvez até anos, antes de saldar uma dívida tão sagrada.

Ai de nós! Como é fraca a nossa fé! Se um animal doméstico, um cãozinho, cai no fogo, demorais a tirá-lo? Vede, vossos pais, vossos benfeitores, pessoas que vos são muito caras, contorcendo-se nas chamas do Purgatório, e não considerais vosso dever urgente aliviá-los; retardais, deixais passar longos dias de sofrimento para essas pobres almas, sem vos esforçardes por praticar as boas obras que as libertarão de suas dores?

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

sexta-feira, 31 de maio de 2024

LOCUÇÕES INTERIORES: DEPOIS DA COMUNHÃO

Locuções interiores entre Jesus e Gabrielle Bossis, durante e após a comunhão:

30 de julho de 1937 - Estava distraída durante a comunhão. Ele: 'Quando temos na sala de estar da nossa casa uma pessoa muito querida, não nos pomos à janela para ver os transeuntes'.

24 de julho de 1938 - Depois da comunhão, estava distraída. 'Dedicaste-me ao menos um olhar hoje?' Mais tarde, andava eu perdida em mil pequenos cuidados. Disse-me então: 'Não descansarias muito mais se pensasses em mim?'

27 de agosto de 1939 - Depois da comunhão: 'Essa pessoa sai da igreja sem dar graças, e vai passar o dia inteiro sem se lembrar do favor que lhe fiz de manhã. Pensa tu em mim, de hoje até amanhã. Fala comigo, agradece-me, ama-me. Oferece-me todas a tuas ações para salvar os pecadores – é para isso que estou na tua vida. Quando uma pessoa esta na tua casa, tu não a deixas só, não é verdade? Pois então, vive na minha presença'.

24 de fevereiro de 1938 - Em Notre-Dame, depois da comunhão: 'Não podes conviver comigo numa grande simplicidade, como conviverias com o teu melhor e mais poderoso amigo?'

Maio de 1937 - No campo, depois da comunhão. Eu: 'Senhor, supre as minhas insuficiências'. Ele: 'É para isso que estou aqui'.

06 de dezembro de 1938 - Em Ajaccio, depois da comunhão: 'Que não haja brumas entre ti e mim. Se cometeres uma falta, repara-a imediatamente com um 'Senhor, eu te amo' pronunciado de todo coração'.

19 de abril de 1940 - 'A Eucaristia é o presente do céu; nada tem valor neste mundo fora dela'.

02 de janeiro de 1938 - Depois da comunhão: 'A vida de Amor entre o Criador e a criatura poderia começar apenas no céu, mas eu vim acendê-la na terra para adiantar as coisas'.

30 de maio de 1937 - Dia de Corpus Christi; depois da comunhão: 'Não deixei nada de mim no céu. Dou-me a ti por inteiro. Dá-te tu a mim também por inteiro'.

10 de julho de 1937 - Após a comunhão: 'Se pudesses ver o meu esplendor neste momento!'.

26 de dezembro de 1938 - Eu: 'Senhor, gostaria tanto de que estas santas espécies permanecessem em mim até amanhã de manhã!' Ele: 'Faz como se Eu permanecesse'.

1938 - Eu dava graças por todas as hóstias que recebi desde a minha Primeira Comunhão. Disse-me Ele: 'Tu as tens todas contigo! Uma hóstia recebida foi dada eternamente. É isso o que faz o tesouro dos escolhidos'.

28 de outubro de 1939 - Depois da comunhão; 'Dar-me-ias uma grande alegria se em cada uma das tuas ações de graças pedisses à minha Mãe que te ajudasse'.

26 de dezembro de 1938 - Após a comunhão; pensando no Presépio, eu pedia à Santíssima Virgem o favor de me deixar cantar para ninar o Menino Jesus. Ele disse-me: 'Ainda que Eu adormecesse, o meu coração continuaria a velar por ti'.

1938 -  Depois da comunhão: 'Deixa de lado as tuas pequenas preocupações. Pensa nas minhas, que são as almas que se perdem'.

28 de maio de 1937 -  Eu pensava na festa de Corpus Christi quando Ele me disse: 'Terei a minha verdadeira festa de Corpus quando gozar de todas as preferências. Todas as preferências de todas as almas'.

21 de fevereiro de 1940 - Em Nantes, no momento em que o Santíssimo Sacramento foi retirado do sacrário para ser levado ao altar-mor, Ele me disse: 'Vês como sou dócil aos gestos do sacerdote? Entro e saio do sacrário segundo a sua vontade. No entanto, sou o Criador do céu e da terra. Vive submetida a mim, que sou submisso. Aceita tudo o que é minha vontade'.

31 de julho de 1939 - Depois da comunhão: 'Vive apenas para mim. Quando falares, que se note bem que Eu sou a única coisa que te importa. Não temas mencionar o meu nome nas tuas conversas, pois todas, mesmo sem o saberem, têm necessidade de mim. E o nome de Deus pode suscitar o bem nas almas. Procura adquirir este hábito e Eu te ajudarei. Virão a ti para ouvir falar de mim. Semeia o meu nome. Eu darei o crescimento'.

1939 - Depois da comunhão: 'Procura evitar até as menores faltas. Este é o teu trabalho, pois foste chamada à santidade, e a santidade é a ausência de toda a mancha consentida. Trabalho de amor. Entendes-me? De amor!'.

05 de março de 1940 - Depois da comunhão: 'Quando sentires que a tua vontade vai manifestar-se com um movimento próprio, põe a tua mão na minha, olha-me para que Eu modifique a tua vontade segundo os interesses do meu serviço'.

28 de novembro de 1939 - Em Notre-Dame, depois de comungar: 'Hoje prestarás atenção especialmente à tua língua. Lembra-te de que a Escritura diz que aquele que não peca com a língua é um homem perfeito (Ti 3, 2). Busca essa perfeição com amor e com desejo de agradar-me. Como me agradaria ver perfeita uma filhinha tão querida! Ao chegar o meio-dia, examina como te saíste. Anima-te a vigiar-te em tudo'.

1937 - 'Admiraste muito os tapetes multicoloridos que me fizeram para a minha festa de Corpus Christi; pois bem, prepara-me outros ainda mais belos durante todo o decorrer do dia, feitos de sacrifícios e outros atos de virtude'.

20 de julho de 1940 - Depois da comunhão. 'Se fosse tão difícil chegar à santidade, Eu não vo-lo pediria. Que patrão inteligente exige dos seus empregados uma tarefa impossível? É, pois, algo que está ao vosso alcance, como fruto do vosso esforço. Torna a começar cada dia, como se se tratasse sempre do começo de uma obra; humildemente, com confiança no meu socorro de cada instante. E não percas de vista a meta, minha filha!'.

1937 - Na capela de Santa Ana: 'Por que não me reconheces no teu próximo?'

06 de fevereiro de 1938 - Depois da comunhão: 'Modifica a tua natureza. Comporta-te com uma caridade requintada. Fala bem do próximo, mesmo na sua ausência. Vigia as tuas maneiras, os matizes. Isto é o que faz o encanto da Caridade'.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

CORPUS CHRISTI 2024

Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é uma festa litúrgica da Igreja sempre celebrada na quinta–feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. 

O pão é pão e o vinho é vinho
como frutos do homem em oração;
é o que trazemos, é tudo o que temos,
como oferendas da nossa devoção. 

Não é mais pão, nem é mais vinho
quando espécies na consagração;
alma e divindade que se reconciliam
a cada missa, em cada comunhão.

Aparente pão, aparente vinho,
é mais que vinho, muito mais que pão;
o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo
 é o alimento da nossa salvação.

(Arcos de Pilares)

INDULGÊNCIAS DO DIA DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

   

Nesta quinta-feira, dia da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, o católico pode ser contemplado com as seguintes indulgências:

(i) Indulgência parcial: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Alma de Cristo':

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de vossa chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da morte chamai-me e
mandai-me ir para vós,
para que com vossos Santos vos louve
por todos os séculos dos séculos.
Amém. 

(ii) Indulgência plenária: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Tantum Ergo' ou 'Tão sublime Sacramento':

Tão sublime sacramento
vamos todos adorar,
pois um Novo testamento
vem o antigo suplantar!
Seja a fé nosso argumento
se o sentido nos faltar.
Ao eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador,
igual honra tributemos,
ao Espírito de amor.
Nossos hinos cantaremos,
chegue aos céus nosso louvor.
Amém.

Do céu lhes deste o pão,
Que contém todo o sabor.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, neste admirável Sacramento, nos deixastes o memorial da vossa Paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso corpo e do vosso sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

O CAMINHO DA PERFEIÇÃO ESPIRITUAL


Um sacerdote havia pedido a Deus muitas vezes que encontrasse o verdadeiro caminho da vida espiritual. Certa vez, pressentiu uma voz que lhe dizia que se dirigisse até uma determinada igreja, onde encontraria a resposta tão desejada. Diante da igreja, encontrou à porta da mesma um mendigo descalço e trajando ropupas miseráveis, a quem saudou:
➖ Bom dia, irmão.
➖ Não me lembro de ter passado um só dia mau, senhor - respondeu o homem. 
➖ Deus vos dê uma vida fe­liz.
➖ Eu nunca fui infeliz.

Em seguida, o pobre homem acrescentou: 
➖ Padre, não foi o acaso que me fez responder-vos que nunca tive um dia mau: porque, se tenho fome, louvo a Deus; quando cai neve ou chove, eu o bendigo; se alguém me despreza, me despede ou me aflige, ou se encontro ou­tra qualquer tribulação, dou sempre graças a Deus. Disse-vos que nunca fui infeliz, falei a verdade, pois que me tenho acos­tumado a conformar-me com a vontade de Deus, sem reserva; assim, tudo quanto me acontece de bem ou de mal, eu o recebo de suas mãos com alegria, como se fosse a minha melhor sorte, e isto me torna feliz.

➖ E se Deus quisesse a vossa condenação, que havíeis de dizer? - perguntou-lhe o padre.
➖ Se tal fosse a vontade de Deus, com humildade e amor eu me abra­çaria com Nosso Senhor, e me lançaria de tal modo com Ele, que quando me quisesse precipitar no inferno, o obrigaria a ir ali comigo, e me acharia então mais feliz com Ele no abismo, do que gozando das delí­cias do Céu sem Ele. 
➖ Onde achastes a Deus?
➖ Achei-o onde deixei as criaturas.
➖ Quem sois vós?
➖ Sou um rei. 
➖ E onde é o vosso reino?
➖Na minha alma, onde conservo a ordem: as minhas paixões obedecem à razão, e a minha razão obedece a Deus.

Diante de tão sábias palavras, o padre lhe perguntou então o que tinha feito para se adiantar tanto assim na perfeição. 
➖ Guardei silêncio - respondeu o mendigo - ser silencioso com os homens para estar sempre pronto para falar com Deus; e, na união que tenho conservado com a vontade de meu Senhor, tenho achado e acho toda a minha paz.

Tal era, em uma palavra, este pobre homem em sua perfeita harmonia com a vontade divina: Ele, na sua pobreza, era seguramente mais rico de que todos os monarcas da terra e, mais feliz em seus padecimentos, que todos os mundanos no gozo de todos os prazeres. Quão grande é, pois, a estupidez daquele que resiste à vontade divina!

(Diálogo adaptado da obra 'Conformidade com a Vontade de Deus', de Santo Afonso de Ligório)