segunda-feira, 20 de março de 2023

SÃO JOSÉ, SANTO DE TODAS AS CAUSAS


'Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e me encomendei muito a ele. Vi com clareza que, tanto desta necessidade como de outras maiores, de perder a fama e a alma, esse pai e senhor meu me livrou melhor do que aquilo que eu sabia pedir. Não me lembro até hoje de haver-lhe suplicado nada que não me tenha concedido. É coisa que espanta as grandes mercês que me fez Deus por meio deste bem-aventurado santo, e dos perigos de que me livrou, tanto de corpo como de alma; que a outros santos parece que lhes deu o Senhor graça para socorrer em uma necessidade; mas a este glorioso santo tenho experiência de que socorre em todas, e quer o Senhor nos dar a entender, que assim como a ele esteve submetido na terra, pois como tinha nome de pai, sendo guardião nele podia mandar; assim no céu faz o quanto lhe pede'.

(Santa Teresa de Ávila)

Obs.: Dia não incluído no Diário da Quaresma 2023, ver postagem aqui.

domingo, 19 de março de 2023

DIÁRIO DA QUARESMA 2023 - DIA XXVI

    

Vigésimo Sexto Dia

'Eu sou a luz do mundo' (Jo 9,5). Jesus perguntou [ao cego que tinha restituído a visão]: 'Acreditas no Filho do Homem?' Respondeu ele: 'Quem é, Senhor, para que eu creia nele?' Jesus disse: 'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo' (Jo 9, 35-37).

Propósito do Dia: Meditar sobre a necessidade de nos livrarmos de qualquer cegueira espiritual, para estarmos sempre abertos à graça e ao amor de Deus (meditação interior e pessoal) e escolher uma destas práticas (ou qualquer outra que julgar mais conveniente) para viver esta Quaresma no dia de amanhã.

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma(Sl 22)

Primeira Leitura (1Sm 16,1b.6-7.10-13a) - Segunda Leitura (Ef 5, 8-14)  -  Evangelho (Jo 9,1-41)

 19/03/2023 - Quarto Domingo da Quaresma 

17. A CEGUEIRA ESPIRITUAL


O Quarto Domingo da Quaresma é chamado Domingo Laetare ou Domingo da Alegria, e constitui um dos mais festejados do Ano Litúrgico. Por se enquadrar na metade do tempo quaresmal, período este vivido pela Igreja em meio à tristeza e penitências, a liturgia desse domingo se propõe a reacender nos católicos a firme alegria e esperança que devem ser o sustento dos católicos até a plenitude do tempo pascal. E a alegria e esperanças cristãs se fundem em plenitude na Luz de Cristo.

Na eternidade, veremos Deus face a face. Na terra, vivemos na jubilosa esperança da posse eterna da Plena Visão. E, como cegos, tateamos na penumbra da fé para não nos deixarmos submergir pelas trevas do mundo. Neste domingo, celebramos a luz, a luz de Cristo, que rompe a escuridão de nossa alma cega nos afazeres mundanos. 'Vai lavar-te na piscina de Siloé' (Jo 1,7) é a intimação de Jesus ao mendigo cego de nascença, para lhe curar a cegueira física; 'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo' (Jo 1, 37) é a confirmação a ele de que está diante do Filho do Homem e pleno da visão de Deus.

Jesus curou o cego de nascença moldando o barro do chão; Jesus nos cura da cegueira espiritual moldando a argila frágil da natureza humana, pelo cinzel da graça e do amor de Deus. Ao se debruçar até o pó, nos dá ciência de que conhece a nossa imensa fragilidade; ao proclamar sua divindade, nos conforta de que somos os herdeiros da divina misericórdia.

E, diante milagre tão portentoso, os fariseus expulsaram o mendigo da sinagoga e se aferraram ainda mais na obstinação dos condenados e, cegos de descrença, mergulharam ainda mais fundo nas trevas do pecado. A perda da visão física é passageira, a perda da visão sobrenatural tem o preço da eternidade. No meio do caminho desta jornada quaresmal, elevemos a Cristo nossas almas frágeis de argila e a Ele supliquemos conservá-las firmemente na direção do Círio Pascal, ao encontro da luz do Cristo Ressuscitado.

sábado, 18 de março de 2023

DIÁRIO DA QUARESMA 2023 - DIA XXV

  

Vigésimo Quinto Dia

Tríduo a São José (Terceiro Dia): A Vós recorremos, bondoso Patriarca, e com todo o fervor de nosso afligido Coração, vos pedimos que, deste trono de glória em que vos colocaram vossas virtudes e merecimentos, escuteis propício nossas súplicas e tenhais piedade de nós.
 
Propósito do Dia: Invocar a intercessão de São José pela participação nesta solene devoção do Tríduo a São José e escolher uma destas práticas (que pode ser nova ou repetida de dia anterior ou adotando-se qualquer outra que julgar mais conveniente) para viver esta Quaresma no dia de amanhã.

SOBRE UMA ROSEIRA E OS SEUS ESPINHOS

'Um dia do ano de 1847, depois de ter meditado sobre o caminho para fazer o bem aos jovens, a Rainha do Céu apareceu-me e levou-me a um jardim encantador. Havia uma longa portada ladeada e envolvida por rosas. Trepadeiras carregadas de folhas e flores envolviam e adornavam as colunas, subindo e cruzando-se para formar um dossel gracioso.

Após a entrada, podia-se ver um belo caminho sobre o qual, até onde a vista alcançava, estendia-se um delicioso jardim suspenso, cercado e coberto de maravilhosas roseiras em plena floração. O chão inteiro estava coberto de rosas. A bem-aventurada Virgem Maria me disse: 'Tire os sapatos'. E quando eu os tirei, ele acrescentou: 'Caminhe sob o jardim suspenso: é o caminho que você deve seguir'.

Eu gostei de ter que tirar os sapatos para não ter que pisar naquelas lindas rosas. Comecei a andar e imediatamente notei que as rosas escondiam espinhos muito afiados que faziam meus pés sangrarem. Então eu tive que parar depois de alguns passos e voltar. 'Sapatos são necessários aqui' – disse à minha guia –  'Certamente' – respondeu ela – 'bons sapatos são necessários'. Calcei os sapatos e voltei a caminhar, agora junto com outros companheiros que apareceram naquele momento, pedindo para caminhar comigo.

Eles me seguiram sob o jardim suspenso, que era incrivelmente bonito. Mas, à medida que avançávamos, a passagem tornava-se mais estreita e baixa. Muitos ramos dependurados pareciam como pontas afiadas; outros avançavam perpendicularmente à passagem. Ramos saíam dos troncos das roseiras, avançando em todas as direções, formando uma densa vegetação que envolvia por completo a estreita passagem. 

Tudo estava coberto de rosas e eu não via nada além de rosas por toda parte: rosas em cima, rosas nas laterais, rosas sob meus pés. Continuei avançando, embora sentisse cada vez mais os efeitos de tantos espinhos escondidos sob as rosas. Meus pés ficaram enredados nos ramos espalhados pelo chão e se encheram de arranhões. Uma ramagem transversal bloqueou o meu caminho e tive que me abaixar para contorná-la, machucando as minhas mãos e todo o meu corpo. Todas as rosas escondiam uma quantidade enorme de espinhos. Apesar de tudo, encorajado por Nossa Senhora, continuei o meu caminho embora muitos espinhos me machucassem terrivelmente.

Aqueles que me acompanhavam e eram muitos, ao me ver passando por aquele jardim suspenso, diziam: 'Dom Bosco caminha sobre rosas! Tudo está indo bem!' Eles não percebiam como os espinhos feriam o meu pobre corpo. Muitos seminaristas, sacerdotes, leigos, por mim convidados, dedicaram-se a seguir-me com alegria, pela beleza das flores; mas quando perceberam que tinham que andar sobre os espinhos e que estes o machucavam por toda parte, começaram a gritar: 'Fomos enganados!' E eu lhes respondi: 'Quem quiser caminhar suavemente sobre estas rosas, sem sofrer mal algum, que volte e que outros me sigam!'.

Muitos voltaram atrás. Depois de caminhar uma boa distância, virei-me para dar uma olhada nos meus companheiros. Que pena senti por perceber que muitos deles já não estavam comigo e que outros tantos tinham desistido da jornada. Voltei para chamá-los, mas foi inútil; sequer me ouviram. Então comecei a chorar: é possível que eu tenha que trilhar este caminho sozinho? Mas logo encontrei conforto. Vi um grande número de sacerdotes, clérigos e leigos vindo ao meu encontro, e que me diziam: 'Somos teus companheiros, estamos prontos para seguir contigo". Colocando-me à frente daquele grupo, retomei o caminho. Mais alguns desanimaram e pararam, mas a grande maioria segui em frente comigo.

Depois de passar pela roseira espinhosa, deparei-me com um jardim belíssimo. Os que vieram comigo estavam cansados, pálidos e muito feridos. Então uma leve brisa se levantou e, ao seu sopro, todos ficaram curados. Outro vento soprou e, como num passe de mágica, me vi cercado por um imenso número de jovens e clérigos, leigos, curas e também padres que começaram a trabalhar comigo orientando aqueles jovens. Reconheci vários pela fisionomia, mas não todos.

Enquanto isso, tendo alcançado um lugar mais elevado no jardim, encontrei-me diante de um edifício monumental, impressionante pela magnificência de sua arte. Atravessei a soleira e entrei em uma sala muito espaçosa cuja riqueza não poderia ser igualada por nenhum palácio deste mundo. Tudo estava coberto e enfeitado por rosas muito frescas e sem espinhos que exalavam um aroma muito suave. Então a Santíssima Virgem, que havia sido minha guia, perguntou-me: 'Você sabe o que significa o que você vê agora e o que você passou antes?' - 'Não' - respondi - 'imploro que me explique'.

Então ela me disse: 'Você deve saber que o caminho que você percorreu, entre rosas e espinhos, significa o trabalho que você deve realizar em favor dos jovens. Você terá que percorrer um caminho de mortificação. Os espinhos no chão significam os afetos sensíveis e as simpatias humanas que buscam desviar o educador do seu verdadeiro propósito, e o ferem e o detêm em sua missão, impedindo-o de caminhar e obter coroas para a vida eterna.

As rosas são os símbolos de caridade ardente que devem ser a sua marca e a de todos os seus colaboradores. Os outros espinhos significam as dificuldades, os sofrimentos e as tribulações que o aguardam na sua caminhada. Mas não desanime. Com caridade e mortificação, tudo superareis e alcançareis finalmente a sua meta - as rosas sem espinhos. Assim que a Mãe de Deus acabou de falar, acordei e me encontrei em meu quarto.

Este sonho de Dom Bosco repetiu-se também nos anos de 1848 e 1856. Depois de o ter contado, o santo acrescentou: 'Os que desanimaram ao sentir os espinhos foram os meus primeiros colaboradores. Os que me seguiram são os salesianos e os que colaboram com as nossas obras educativas, para os quais os esperam grandes recompensas e ajudas do Céu' Coragem meus amigos: espinhos de sofrimento nos esperam, mas também as rosas das recompensas eternas'.

(Dos Sonhos de Dom Bosco)

sexta-feira, 17 de março de 2023

DIÁRIO DA QUARESMA 2023 - DIA XXIV

     

Vigésimo Quarto Dia

Tríduo a São José (Segundo Dia): A Vós recorremos, bondoso Patriarca, e com todo o fervor de nosso afligido Coração, vos pedimos que, deste trono de glória em que vos colocaram vossas virtudes e merecimentos, escuteis propício nossas súplicas e tenhais piedade de nós.

Propósito do Dia: Invocar a intercessão de São José pela participação nesta solene devoção do Tríduo a São José e escolher uma destas práticas (que pode ser nova ou repetida de dia anterior ou adotando-se qualquer outra que julgar mais conveniente) para viver esta Quaresma no dia de amanhã.

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LII)

 

Capítulo LII

Auxílio às Santas Almas - A Santa Missa - Jubileu do Papa Leão XIII e a Solene Comemoração dos Defuntos

Temos assistido com que vivo e santo entusiasmo a Igreja celebrou o Jubileu Sacerdotal do seu venerado pontífice, o Papa Leão XIII. Os fieis de todas as partes do mundo foram a Roma, pessoalmente ou de coração, para oferecer as suas homenagens e presentes aos pés do Vigário de Jesus Cristo. Toda a Igreja Militante rejubilou-se então em meio às suas longas provações.

A Igreja Triunfante no Céu participou desta alegria pela canonização e beatificação de um grande número de seus gloriosos membros. Não era apropriado, portanto, que a Igreja Padecente também participasse desse momento? Nossos queridos irmãos do Purgatório deveriam ser esquecidos? Aquelas almas tão queridas ao coração de Jesus não deveriam experimentar também os felizes efeitos daquela gloriosa solenidade?

Leão XIII entendeu que sim. Sempre guiado pelo Espírito Santo, ao atuar como Pastor Supremo, o Papa, por meio de Carta Encíclica datada de 1º de abril de 1888, decretou que, em todo o mundo cristão, deveria haver uma solene Comemoração dos Defuntos no último domingo do mês de setembro. Recordando com que amor admirável a Igreja Militante manifestou a sua alegria, e como a Igreja Triunfante se alegrou com ela, 'para coroar, em certo sentido' - diz o nosso Santo Padre - 'esta exultação geral, desejamos cumprir, como perfeitamente possível, o dever de nossa caridade apostólica, estendendo a plenitude dos infinitos tesouros espirituais àqueles filhos amados da Igreja que, tendo morrido a morte dos justos, deixaram esta vida de combate com o sinal da fé, e tornaram-se ramos da videira mística, embora não lhes seja permitido entrar ainda na paz eterna até que tenham pago o último centavo da dívida que devem à justiça infinita de Deus.

'Somos movidos a isso tanto pelos desejos piedosos dos católicos, a quem sabemos que nossa resolução será particularmente querida, quanto pela intensidade agonizante das dores sofridas pelas almas que partiram; mas somos especialmente inspirados pelo costume da Igreja, que, em meio às solenidades mais festivas do ano, não esquece a santa e salutar comemoração dos mortos para que sejam libertados de seus pecados'.

'Por esta razão, uma vez que é certo da doutrina católica que as almas detidas no Purgatório são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, e especialmente pelo augusto Sacrifício do Altar, pensamos que não podemos dar nenhuma promessa mais útil nem mais desejável de nosso amor do que multiplicando por toda parte, para mitigação de suas dores, a pura oblação do Santo Sacrifício de nosso Divino Mediador'.

'Portanto, designamos, com todas as dispensas e derrogações necessárias, o último domingo do mês de setembro próximo como dia de ampla expiação; dia em que será celebrada por nós, e também por nossos irmãos, os Patriarcas, Arcebispos, Bispos e todos os outros Prelados que exercem jurisdição em uma diocese, cada um em sua igreja patriarcal, metropolitana ou catedral, uma Missa especial pelos defuntos, com toda a solenidade possível, e segundo o rito indicado pelo missal para a Comemoração de todos os Fieis Defuntos. Aprovamos que o mesmo se faça nas igrejas paroquiais e colegiadas, tanto seculares como regulares, contanto que não seja omitido o ofício próprio da missa do dia em todos os lugares onde tal obrigação exista'.

'No que diz respeito aos fieis, exortamo-los vivamente, depois de terem recebido o Sacramento da Penitência, a alimentarem-se devotamente com o pão dos anjos em sufrágio pelas almas do Purgatório. Por nossa autoridade apostólica, aos fiéis que o fizerem, concedemos a indulgência plenária, a ser aplicada às almas defuntas, e o favor do altar privilegiado a todos aqueles que, como dissemos acima, participarem da celebrarão desta Missa'.

'Assim, as almas santas, que expiam os danos de suas faltas ainda pendentes por aquelas dores agudas, receberão alívio especial e eficaz, graças à Hóstia Salvadora que a Igreja Universal, unida à sua Cabeça visível e animada com o mesmo espírito de caridade, oferecerá a Deus, para que Ele os admita na morada da consolação, da luz e da paz eterna'.

'Deste modo, veneráveis ​​irmãos, concedemos-vos afetuosamente no Senhor, como penhor destes dons celestiais, a bênção apostólica para vós, para todo o clero e para todas as pessoas confiadas aos vossos cuidados. Dado em Roma, sob o selo do Pescador, na solenidade da Páscoa do ano de 1888, décimo primeiro do nosso Pontificado'.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.