sexta-feira, 10 de março de 2023

A QUARESMA TEM OU NÃO TEM 40 DIAS?


A Quaresma é assumida pela Igreja como um tempo de preparação para a celebração da Páscoa, movido essencialmente pelo incentivo maior e mais intenso pelo povo cristão das práticas de oração constante e penitência, como jejuns e obras de caridade. Tradicionalmente, a Quaresma deve compreender um período definido de 40 dias, pela associação direta aos 40 dias de preparação que Jesus passou no deserto antes de começar a sua vida pública. No contexto bíblico, o número 40 está sempre associado a períodos próprios de purgação ou provação (como, por exemplo, os quarenta dias do dilúvio ou os quarenta dias da marcha do povo judeu pelo deserto).
 
Portanto, a Quaresma implica um período de tempo definido de 40 dias e que tem início na Quarta-Feira de Cinzas (22 de fevereiro neste ano de 2023). Tomando-se estes dois parâmetros como referências absolutas, a Quaresma deveria se encerrar no Domingo de Ramos (dia 02/04/2023).  No entanto, desde o pontificado de Paulo VI, tem sido estabelecido que a Quaresma tem a sua duração estendida até as vésperas imediatas da Missa Vespertina In Coena Domini na Quinta-Feira Santa (dia 06/02/2023) e, neste caso, a Quaresma passaria a ter 44 dias (dias e não período entre as datas limites). Neste sentido, podem ser feitas diferentes contextualizações:

(i) 40 dias deve ser entendido apenas como um número 'simbólico'; nesta acepção, o período entre a Quarta-feira de Cinzas e a Quinta-Feira Santa é um período de tempo de 40 anos 'simbólico', associado aos 40 dias de Jesus no deserto (e, assim, 40 dias não seria rigorosamente o tempo da Quaresma);

(ii)  uma segunda interpretação propõe remover os seis domingos do tempo quaresmal como se fossem dias não penitenciais neste período (baseado em quê se a própria Igreja os contemplam como domingos sequenciais da Quaresma?); nessa conta a Quaresma teria 44 - 6 = 38 dias, uma conta que também não fecha; 

(iii) outra abordagem assume que a Quinta Feira Santa seria a data limite da Quaresma, não contada como tempo quaresmal, pelo fato de que este é admitido como um tempo de preparação para a Páscoa e a Quinta Feira Santa já seria parte integrante do período do Tríduo Pascal; sob tal proposição, o período da Quaresma comportaria então 43 dias sob duas abordagens: 43 dias ENTRE a Quarta Feira de Cinzas e a Quinta Feira Santa  (período entre as suas datas limites) ou 43 dias inteiros, excluindo-se dessa contagem o dia correspondente à própria Quinta Feira Santa pelas razões expostas.

(iv) neste contexto, torna-se possível compatibilizar o período da Quaresma com um tempo quaresmal efetivo de 40 dias (atestando o rigor bíblico contra a adoção pura e simples de um simbolismo bastante vago e superficial) da seguinte maneira (aplicada para o presente ano): 

    - o período da Quaresma se estende desde a Quarta-feira de Cinzas (22 de fevereiro neste ano de 2023) até as vésperas da Quinta-Feira Santa (ou seja, Quarta-Feira Santa, dia 05/02/2023), contemplando, portanto, um período total de 43 dias, com 40 dias de Quaresma (cor litúrgica: roxo), mediante o descarte dos seguintes três dias de solenidades especiais nesse período:

20/03/2023 (ou antecipação para 18/03/2023 pela Igreja no Brasil) - Dia de São José, esposo de Maria (transferência em relação ao dia formal - 19/03/2023 - por este dia ser neste ano domingo da quaresma; cor litúrgica: branco)
25/03/2023 - Festa da Anunciação do Senhor (cor litúrgica: branco)*
02/04/2023 - Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (e não Sexto Domingo da Quaresma; cor litúrgica: vermelho); Domingo de Ramos é a única ocasião, além da Sexta-Feira Santa, em que se faz a leitura do Evangelho da Paixão de Cristo no curso de todo o ano litúrgico.

Assim, neste contexto, o tempo da Quaresma do Ano de 2023 contempla efetivamente 40 dias como indicados no Calendário Litúrgico abaixo e as postagens apresentadas no Diário da Quaresma pelo blog contempla exatamente os dias penitenciais desse período maior (em anos bissextos, como 2024, por exemplo, sugere-se desconsiderar o dia 29/02 para as leituras do Diário da Quaresma).

* Ou, alternativamente, Festa da Cátedra de Pedro.


quinta-feira, 9 de março de 2023

DIÁRIO DA QUARESMA 2023 - DIA XVI

   

Décimo Sexto Dia

Ó Maria, Mãe Peregrina, fostes a Jerusalém para celebrar a Páscoa e levastes consigo o menino Jesus. Em meio àquela multidão perdestes o vosso Filho, mas vós o procurastes incansavelmente e depois de três dias o encontrastes no templo. Conduzi-nos ao encontro do Senhor presente na Igreja, nos sacramentos e nos irmãos sofredores.

Propósito do Dia: Meditar sobre a Terceira Dor de Nossa Senhora - Perda e Reencontro do Menino Jesus e escolher uma destas práticas (que pode ser nova ou repetida de dia anterior ou adotando-se qualquer outra que julgar mais conveniente) para viver esta Quaresma no dia de  amanhã.

'Ó FÉ, Ó ENTENDIMENTO, ONDE ESTÁS?'

Os gentios não sabem que a alma é imortal, nem creem que há outra vida. E, contudo, se lerdes os livros de todos os gentios, nenhum achareis, nem filósofo, nem orador, nem poeta, que só com o lume da razão e experiência do que veem os olhos, não condene o amor ou cobiça dos chamados bens deste mundo, e não louve o desprezo deles. Gentio houve que, reduzindo a dinheiro um grande patrimônio que possuía, o lançou no mar, dizendo: — 'Melhor é que eu te afogue do que tu me percas' — Deixo os risos de Diógenes que, metido na sua cuba, zombava dos Alexandres e suas riquezas. Deixo a sobriedade dos Sócrates, dos Sênecas, dos Epitetos, e só me admira e deve envergonhar a todo cristão o exemplo do mesmo Epicuro neste conhecimento, sendo ele e a sua seita a que mais professava as delícias: Gaudebis minas? Minus dolebis — dizia o cômico gentio falando com gentios — Se tiveres menos gostos, também terás menos dores. E porque na mistura dos falsos e enganosos bens dividiam o bem do mal, e o contrapesavam o que tinham de gosto com o que causavam de dor, antes queriam não padecer a parte do verdadeiro mal que gozar a do falso bem. Não seria louco o que, pela doçura da bebida, tragasse juntamente o veneno? Esta, pois, era a razão e a evidên­cia com que, sem fé nem conhecimento da outra vida, se desenganavam os gentios, e uns pelo peso se descarregavam dos falsos bens, outros pelo desprezo os metiam debaixo dos pés.

E se assim os tratava os gentios, que não temiam deles que o levassem ao inferno, nem lhe impedissem o céu, que deve resolver e gozar o cristão, que não só reconhece nos bens do mundo a vaidade do presente, senão também, e muito mais, o perigo do futuro? Será bem que por um instante de gosto me arrisque eu a uma eternidade de pena e por uma apreensão de bem misturado com tantos males, perca a glória da vista de Deus, e o gozar não só a minha bem-aventurança, senão a de todos os bem-aventurados? Ó fé, ó entendimento, onde estás? Mas o certo é que nem entendimento temos, pois não fazemos o que fizeram e entenderam tantos gentios, nem fé, senão morta, e sem ação vital, pois ela nos não move a viver como cristãos. Se o queremos ser, e emendar o deslumbramento desta tão enorme cegueira, eu não vejo outro remédio que nos abra os olhos, senão tornar pelos mesmos passos destes nossos dois discursos aos dois montes donde eles saíram. 

Ó que duas estações tão próprias de um tempo tão santo como este da quaresma! Uma ao monte da tentação, outra ao monte da Transfiguração; mas ao monte onde o demônio mostrou a Cristo as glórias do mundo, outra onde Cristo mostrou aos apóstolos a glória do céu. Olhai, e notai bem quanto vai de monte a monte: vede e considerai bem quanto vai de glórias à glória. Naquele monte estão os males sobredoirados com nome de bens: neste estão os bens sem sombra nem aparência de mal. Ali está o falso, aqui o verdadeiro; ali o duvidoso, aqui o certo; ali o momentâneo, aqui o eterno; ali o que vai parar no fogo do inferno, aqui o que nos leva a ser bem-aventurados no céu. Vede, vede, e considerai bem o que deveis escolher, porque qual for a vossa eleição nesta vida, tal será a vossa remuneração na outra: ou padecendo sem fim todas as maldições com o demônio, ou gozando na eternidade todas as felicidades com Cristo.

(Excertos do 'Sermão da Segunda Dominga da Quaresma', do Pe. Antônio Vieira)

quarta-feira, 8 de março de 2023

DIÁRIO DA QUARESMA 2023 - DIA XV

 

Décimo Quinto Dia

A penitência ou contrição pode ser considerada como um sacramento ou como virtude ou ato de virtude e consiste em sentir sincera dor pelos pecados cometidos, manifestando-se adotar então uma firme determinação de não cometê-los mais. Eis o fundamento da penitência: dor do pecado e o propósito de não mais pecar.

Propósito do Dia: Rezar o Salmo Penitencial XXXI dado abaixo e escolher uma destas práticas (que pode ser nova ou repetida de dia anterior ou adotando-se qualquer outra que julgar mais conveniente) para viver esta Quaresma no dia de  amanhã.

Salmo XXXI

Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido.
Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo.
Enquanto me conservei calado, mirraram-se-me os ossos, entre contínuos gemidos.
Pois, dia e noite, vossa mão pesava sobre mim; esgotavam-se-me as forças como nos ardores do verão.
Então eu vos confessei o meu pecado, e não mais dissimulei a minha culpa. Disse: Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniquidade. E vós perdoastes a pena do meu pecado.
Assim também todo fiel recorrerá a vós, no momento da necessidade. Quando transbordarem muitas águas, elas não chegarão até ele.
Vós sois meu asilo, das angústias me preservareis e me envolvereis na alegria de minha salvação.
Vou te ensinar, dizeis, vou te mostrar o caminho que deves seguir; vou te instruir, fitando em ti os meus olhos:
não queiras ser sem inteligência como o cavalo, como o muar, que só ao freio e à rédea submetem seus ímpetos; de outro modo não se chegam a ti.
São muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o envolve.
Ó justos, alegrai-vos e regozijai-vos no Senhor. Exultai todos vós, retos de coração.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém. 

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (III)

São Sátiro sofreu o martírio com o seu irmão Saturnino, com Revocato, com a irmã deste, Felicidade*, e com Perpétua*, mulher de linhagem nobre. Como o procônsul pediu que oferecessem sacrifício aos ídolos e eles obstinadamente se recusaram, foram colocados na prisão. Sabendo disso, o pai de Perpétua correu à prisão dizendo: 'Filha, o que você fez? Desonrou sua família, jamais alguém de nossa linhagem foi preso'. Ao saber que sua filha era cristã, pulou sobre ela e quis arrancar-lhe os olhos com os dedos, depois foi embora urrando. A bem-aventurada Perpétua teve uma visão, que relatou no dia seguinte aos seus companheiros: 

Vi uma escada de ouro de admirável grandeza e que ia até ao Céu e era tão estreita que apenas uma pessoa, e pequena, podia subir por ela. À direita e à esquerda estavam fixadas lâminas e espadas de ferro pontiagudas e brilhantes, de sorte que quem subia não podia olhar nem em volta nem para baixo, sendo forçado a manter-se sempre reto, rumo ao Céu. Sob a escada, um dragão medonho e enorme amedrontava quem queria subir. Vi também Sátiro nos degraus do alto, olhando para nós e dizendo: 'Não temam esse dragão, subam com confiança a fim de estarem comigo'.
Ao ouvir isso, todos deram graças, porque souberam que eram chamados ao martírio. Foram levados diante do juiz e, como não quiseram oferecer sacrifício, ele mandou separar Saturnino e os outros homens das mulheres, e disse a Felicidade: 'Você tem marido?' Ela: 'Tenho, mas não me preocupo com ele'. E o juiz: 'Tenha piedade de você, jovem, a fim de viver, sobretudo porque carrega um filho em seu útero'. Ela respondeu: 'Faça de mim tudo que quiser, porque jamais poderá levar-me a ceder à sua vontade'. Os pais e o marido da beata Perpétua foram até ela e levaram seu filhinho ainda na lactância. Vendo-a em pé diante do prefeito, o pai de Perpétua caiu de rosto no chão dizendo: 'Minha queridíssima filha, tenha piedade de mim, de sua infeliz mãe que aqui está e desse marido desafortunado que não poderá sobreviver a você'. Mas Perpétua permanecia imóvel. Então seu pai colocou o filho no colo dela enquanto ele próprio, a mãe e o marido, segurando-lhe as mãos e beijando-a, diziam chorando: 'Tenha piedade de nós, filha, e viva conosco'. Mas ela afastando o filho e repelindo-os disse: 'Afastem-se de mim, inimigos de Deus, pois não os conheço'.

Vendo a firmeza dos mártires, o prefeito mandou chicoteá-los duramente e depois colocá-los na prisão. Os santos, muito aflitos com Felicidade, que estava no oitavo mês de gravidez, rezaram por ela e subitamente começaram as dores do parto e ela deu à luz um filho vivo. Um dos guardas disse: 'O que você fará quando estiver na presença do prefeito, se agora já sofre tão cruelmente?'. Felicidade respondeu: 'Agora sou eu que sofro, mas lá, será Deus que sofrerá no meu lugar'. Eles foram tirados da prisão de mãos atadas às costas e levados pelas ruas despidos. Entregues às feras, Sátiro e Perpétua foram devorados por leões, Revocato e Felicidade comidos por leopardos. Quanto ao bem-aventurado Saturnino, teve a cabeça cortada por volta do ano do Senhor de 256, sob o poder dos imperadores Valeriano e Galiano.

* Santas Perpétua e Felicidade - 07 de março

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII.  

terça-feira, 7 de março de 2023

DIÁRIO DA QUARESMA 2023 - DIA XIV

  

Décimo Quarto Dia

'O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado' (Mt 23, 11-12).

Propósito do DiaMeditar sobre estes ensinamentos de Cristo à luz do exemplo daquela que sempre foi nisso o modelo de perfeição (ver esta Leitura Espiritual) e escolher uma destas práticas (que pode ser nova ou repetida de dia anterior ou adotando-se qualquer outra que julgar mais conveniente) para viver esta Quaresma no dia de amanhã.

TESOURO DE EXEMPLOS (207/209)


207. NÃO ACREDITAVA NA ALMA

Herbois, amigo íntimo do famoso Robespierre, ambos homens sanguinários, atacava com fúria a existência de Deus e a imortalidade da alma. Foi desterrado em 1795. No desterro, foi acometido de uma febre violenta que o consumia. Com grandes gritos pedia a Deus (ele que dizia não existir Deus) que o socorresse. 

Um soldado, a quem pervertera com suas conversas ímpias, perguntou-lhe:
➖ Olhe; como é que há alguns meses o senhor zombava de Deus e da alma?
➖ Amigo, quem mentia pela boca não era a cabeça, mas o coração. 
E horrorizava aos que o ouviam, gritando:
➖Meu Deus! Meu Deus! Não posso esperar o perdão de minhas maldades? Envia-me quem me console...

Era tão horrível a agonia, que correram a chamar um padre para que o confessasse; mas, quando chegou o padre, o infeliz já estava morto. E o corpo daquele que vivera como animal, foi devorado pelos animais, para os quais não existe outra vida.

208. UMA CONTRARIEDADE QUE SALVA A VIDA

São Francisco de Sales embarcou um dia para Veneza. Naquele navio estava também uma dama distinta com o seu séquito. Ao ver a dama que o santo bispo viajaria no mesmo navio, irritada, insultou-o e exigiu com ameaças que ele ficasse em terra. 

Os companheiros do santo também se irritaram; ele, porém, cheio de mansidão e doçura, desceu da nau, dizendo: 'Neste mar são muito frequentes as tempestades. Quem sabe se não está alguma muito próxima!' A embarcação pôs-se então a caminho. Poucas horas depois, chegava ao santo a notícia de que o navio fôra engolido pelas águas.

209. DANDO A VIDA POR SUAS OVELHAS

Era em 1849. Os canhões retumbavam espantosamente pelas ruas de Paris; uma revolução do povo contra o exército enchia a cidade de ruínas e de ódios, e regava as ruas com sangue humano. Um homem de aspecto venerando, com o rosto transfigurado de dor, apareceu entre os mortos e feridos e exclamou com acento de caridade e aflição: 'Meus filhos, basta! Paz! Paz!'

Ao surgir aquela figura e ao ouvir aquela voz, cessou o fogo; os feridos perguntavam: 'Quem é este homem?' Naquele instante ouve-se uma descarga. Aquele homem caiu ferido e o seu sangue escorreu do seu peito. As suas últimas palavras foram: 
➖ Meu Deus, que o meu sangue seja o último que se derrame aqui.

E assim foi. Cessou a luta. Aquele homem era o arcebispo de Paris, Mons. Affre; era o Pastor que dava a vida pelas suas ovelhas.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)