terça-feira, 13 de outubro de 2020

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA (VI)

PARTE IX - BATISMO

169. O batismo é um verdadeiro sacramento instituído por Jesus Cristo.

170. A matéria remota do sacramento do batismo é a verdade e a água natural.

171. O batismo confere a graça da justificação.

172. O batismo efetiva a remissão de todos os castigos do pecado, tanto eterno quanto temporal.

173. Mesmo recebido imerecidamente, o batismo válido imprime na alma do receptor uma marca espiritual indelével, o Caráter Batismal, e por esta razão, o sacramento não pode ser repetido.

174. O batismo pela água (baptismus fluminis) é, desde a promulgação do Evangelho, necessário para todo o homem sem exceção para a sua salvação.

175. O batismo pode ser validamente administrado por qualquer pessoa.

176. O batismo pode ser recebido por qualquer pessoa em perigo de vida e que ainda não tenha sido batizada.

177. O batismo de uma criança recém-nascida é válido e lícito.


PARTE X - CONFIRMAÇÃO

178. A confirmação é um verdadeiro sacramento propriamente assim chamado.

179. A confirmação imprime sobre a alma uma marca espiritual indelével, e por esta razão, não pode ser repetida.

180. O ministro ordinário da confirmação é somente o bispo. 
(Em casos de força maior, também um padre pode ser nomeado pelo bispo a fim de administrar este sacramento).


PARTE XI - A SANTA EUCARISTIA

181. O Corpo e o Sangue de Jesus Cristo estão verdadeiramente, realmente e substancialmente presente na Eucaristia.

182. Cristo torna-se presente no Sacramento do Altar pela transformação de toda a substância do pão em seu Corpo e de toda a substância do vinho em seu Sangue.

183. Os acidentes do pão e vinho continuam após a transformação da substância.

184. O Corpo e Sangue de Cristo juntos com a sua Alma e Divindade e, portanto, todo o Cristo, estão verdadeiramente presentes na Eucaristia.

185. O Cristo Completo está presente sob cada uma das duas Espécies.

186. Quando qualquer Espécie consagrada é dividida, o Cristo Completo está presente em cada parte das Espécies.

187. Após o término da Consagração, o Corpo e Sangue estão permanentemente presente na Eucaristia.

188. O Culto da Adoração (latria) deve ser dado ao Cristo presente na Eucaristia.

189. A Eucaristia é um verdadeiro sacramento instituído por Jesus Cristo.

190. A matéria para a consumação da Eucaristia é o pão e o vinho.

191. Para a criança antes da idade da razão, a recepção da Eucaristia não é necessária para a salvação.

192. A comunhão sob duas espécies não é necessária para qualquer membro individual dos fieis, quer pela razão do preceito divino, quer como meio da salvação.

193. O poder da consagração reside apenas nos sacerdotes consagrados validamente.

194. O sacramento da eucaristia pode ser validamente recebido por todas as pessoas batizadas em perigo de vida, incluindo crianças jovens.

195. Para a recepção válida da eucaristia, são necessários o estado de graça e a disposição apropriada e devota.

196. A Santa Missa é um sacrifício verdadeiro e distinto.

197. No Sacrifício da Missa, o Sacrifício de Cristo na Cruz é feito presente, a sua memória celebrada e o seu poder salvífico empregado.

198. No Sacrifício da Missa e no Sacrifício da Cruz, o Dom Sacrifical e o Sacerdote Sacrificante Primário são idênticos; apenas a natureza e o modo de oferecimento são diferentes.

199. O Sacrifício da Missa não é meramente um sacrifício de louvor e ação de graças, mas também um sacrifício da expiação e impetração.

(Compilação da obra 'Fundamentos do Dogma Católico', de Ludwig Ott)

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA APARECIDA

A história é bem conhecida: em 1717, Dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos (Conde de Assumar), efetivado como governador das Capitanias de São Paulo e Minas Gerais, viajou de navio de Portugal a Santos, com grande comitiva. Tomando posse do governo em São Paulo, seguiu rumo às minas de ouro em Minas Gerais, fazendo uma longa parada em Guaratinguetá, no período de 17 a 30 de outubro. Para a recepção do ilustre viajante, foram-lhe servidos os melhores pratos da culinária local, incluindo os saborosos pescados do Rio Paraíba do Sul.

Para a nobre tarefa de pescar uma grande quantidade de peixes, foram convocados os pescadores Domingos Alves Garcia, seu filho João Alves e Felipe Pedroso, cunhado de Domingos, entre outros. Entretanto, mesmo com o conhecimento enorme que tinham dos melhores pontos de pesca, não conseguiam nada. Mas algo extraordinário estava para ocorrer. Na rede lançada, surgiu primeiro uma pequena imagem em terracota de Nossa Senhora da Conceição, sem a cabeça, que foi recolhida e guardada com zelo pelos pescadores no fundo do barco. E eis que, numa nova investida, mais abaixo no rio, sem nada de peixe, veio a cabeça da imagem. Um objeto de dimensões tão reduzidas coletado do leito largo e vigoroso do Paraíba do Sul! E, surpresa ainda maior, novas investidas da rede trouxeram agora cardumes de peixes, em tão grande quantidade, repetindo-se, no largo do Porto de Itaguaçu, o milagre de Cristo no Mar da Galileia.


Cientes dos fatos extraordinários ocorridos, os pescadores locais recuperaram a imagem e passaram a venerá-la em suas casas, como imagem peregrina, até que a mesma foi colocada em pequeno oratório na casa de Atanásio Pedroso, filho de Felipe, e depois, com o culto já generalizado na ‘Nossa Senhora Aparecida’, erigiu-se uma pequena capela de sua devoção em Itaguaçu, com o apoio do Padre José Alves Vilela, pároco da Igreja de Santo Antônio de Guaratinguetá. Sob a sua coordenação, a devoção recebeu a aprovação episcopal e foi construída, então, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no chamado Morro dos Coqueiros, inaugurada em 1745, apenas 28 anos após o achado da imagem. Em torno da igreja, implantou-se rapidamente uma comunidade que constitui hoje a cidade de Aparecida. A igreja tornou-se de imediato centro de romarias e de devoções marianas de toda a natureza.


Com a intensa participação popular e, pela ausência de sacerdotes no Brasil, optou-se pela solicitação de auxílio junto a comunidades religiosas europeias. Em 1894, com a chegada dos padres redendoristas alemães, as atividades religiosas, os cultos e as romarias tornaram-se muito mais organizados, favorecendo muito a rápida difusão da evangelização e a consolidação da igreja como santuário de frequente peregrinação. Tais eventos culminaram com a solene coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida em 8 de setembro de 1904 (com manto azul e coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, ofertados pela Princesa Isabel em visita ao santuário em 6 de novembro de 1888) e com a elevação do santuário à condição de Basílica Menor em 29 de abril de 1908. Em 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI outorgou o título de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do BrasilEm 1967, ano da comemoração do jubileu dos 250 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil uma Rosa de Ouro, ato repetido pelo Papa Bento XVI em 2007. O dia da Padroeira do Brasil é celebrado em 12 de outubro, feriado nacional. 

As enormes e crescentes manifestações populares exigiram a construção de uma nova basílica, com dimensões e infraestrutura compatíveis com o maior centro de peregrinação espiritual do Brasil que se tornou Aparecida. Desta forma, entre 1955 e 1980, foi construída a atual Basílica, inaugurada a 04 de julho de 1980 pelo Papa João Paulo II e elevada a Santuário Nacional em 1984. Que continua a receber milhares de peregrinos, infindáveis romarias, em agradecimento, louvor e veneração à Virgem Padroeira do Brasil. Na Sala das Promessas, em meio a milhares de ex-votos, tem-se uma ideia da admirável senda de prodígios e milagres alcançados por tantos romeiros e fieis, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida.


Em Aparecida, ao contrário de tantos outros centros de peregrinação mariana, a Virgem fez-se aparecer apenas sob a forma de uma pobre e pequena imagem de terracota de 38cm de altura, sem quaisquer visões, mensagens ou prodígios sobrenaturais, para falar aos simples, aos humildes, aos fracos, aos desvalidos, que as almas simples, despojadas de valores intrinsecamente humanos e entregues somente à confiança e à misericórdia de Deus por Maria, são as glórias dos Céus.


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA APARECIDA

Ó Senhora da Conceição Aparecida, que fizestes tantos milagres que comprovam vossa poderosa intercessão junto ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, obtende para nossas famílias as graças de que tanto necessitam. Defendei-nos da violência, das doenças, do desemprego e, sobretudo, do pecado, que nos afasta de Vós. Protegei nossos filhos de tantos fatores de deformação da juventude. E concedei a todos os membros de nossas famílias a graça de poderem trilhar o caminho de perfeição e de paz ensinado por Vosso Divino Filho, que afirmou: "Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em Mim. Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo!" Amém.

domingo, 11 de outubro de 2020

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces' (Is 25, 8)

 11/10/2020 - Vigésimo Oitavo Domingo do Tempo Comum 

46. O BANQUETE REAL


No seu ministério público, Jesus falava muitas vezes em forma de parábolas, para incutir nos homens os ensinamentos da Boa Nova, sem lhes ferir demasiado as susceptibilidades da prática consolidada sobre valores falsos ou essencialmente humanos. Neste contexto, o plano divino de salvação da humanidade é apresentado na analogia de que 'o Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram ir' (Mt 22, 1-2).

O convite pressupõe uma convocação; a festa foi preparada em todos os detalhes e todos os convidados têm lugares específicos reservados na mesa do banquete; a eles está destinado as iguarias mais refinadas - símbolo dos mistérios da graça associados à Visão Beatífica e à plena vida em Deus. Mas muitos 'não quiseram ir' (Mt 22, 2), começando pelos hebreus, o povo escolhido do Antigo Testamento. Muitos e muitos outros seguirão neste caminho de recusa explícita, seja pela indiferença, seja pelo envolvimento total nos seus próprios interesses pessoais e mundanos.

A reação do rei é imediata: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. Portanto, ide até as encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes’ (Mt 22, 8 - 9). Diante do não do povo escolhido, o Senhor faz a opção pelos outros, os gentios do mundo, por todos os homens que acreditaram e assumiram a doutrina do seu Filho, vítima de amor sacrificada pelo triunfo da Cruz. Ir a todas as encruzilhadas e a todos os cantos do mundo é a vocação missionária da Igreja de todos os tempos, para buscar os eleitos para a grande festa do Senhor.

No banquete real, somente serão aceitos os convidados que estiverem usando o 'traje de festa' (Mt 22, 11), ou seja, estiverem revestidos do estado de graça, premissa das almas adentrarem o Reino dos Céus. Assim, até mesmo os que fizeram parte da Igreja - os convidados - mas que usufruíram de uma fé sem obras e não produziram os frutos da graça serão julgados inconvenientes no grande dia do Juízo e serão expulsos do banquete e, assim, perderão definitivamente o Reino dos Céus e serão jogados às trevas, onde só haverá choro e ranger de dentes. Nós devemos ter o firme propósito de servir a Cristo na fé e nas obras, para nos tornarmos os convivas do banquete real por toda a eternidade, tangidos pela misericórdia e não pela justiça divina, porque 'muitos são chamados, e poucos são escolhidos' (Mt 22, 14).

sábado, 10 de outubro de 2020

A BÍBLIA EXPLICADA (XXIII): A TRAVESSIA DO MAR VERMELHO

O Senhor disse a Moisés: 'Dize aos israelitas que mudem de direção e venham acampar diante de Piairot, entre Magdol e o mar, defronte de Baal Sefon: acampareis defronte desse lugar, perto do mar. O faraó vai pensar: os israelitas perderam-se no país, e o deserto fechou-lhes a passagem. Endurecerei o coração do faraó, e ele os perseguirá; mas eu triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor' (Ex 14, 1-4).


Na epopeia da saída e fuga do Egito, o povo de Israel foi personagem de um dos mais extraordinários eventos narrados nos textos bíblicos, a chamada 'travessia do Mar Vermelho', descrito e detalhado no Livro do Êxodo. A jornada inicial é bem conhecida: os israelitas, liderados por Moisés, deixam o Egito em direção ao Monte Sinai. Durante o dia, Deus provê uma coluna de nuvens para guiar o seu povo na direção correta. À noite, é uma coluna de fogo que os guiam, provendo luz e condições seguras para a continuidade da jornada mesmo após o pôr-do-sol.

Cerca de três dias após o Êxodo, o Faraó se arrepende amargamente de ter permitido a saída dos israelitas de seu país e decide partir ao encalço deles, de forma a capturá-los e fazê-los retornar à força como mão de obra escrava do Egito. Neste ímpeto de fúria, mobiliza-se de imediato um poderoso exército e o próprio Faraó assume a liderança das suas tropas na perseguição aos israelitas. Tem-se, assim, um anfiteatro de uma grande escapada, o grande Êxodo: de um lado, um poderoso exército egípcio sob  comando do próprio Faraó; de outro, um enorme contingente de israelitas irmanados numa jornada exaustiva de dia e de noite para fugir do Egito.


Um primeiro aspecto marcante a ser destacado é relativo ao arrependimento do Faraó após três dias da saída do povo israelita. Isso depois de uma sucessão de pragas terríveis impostas ao povo egípcio (as águas do Nilo transformadas em sangue, o tormento dos piolhos sobre as pessoas e das nuvens de gafanhotos devastando as plantações, chagas afligindo homens e animais, a morte dos primogênitos, etc). Como explicar tamanha arrogância do Faraó diante de tantas tragédias consumadas, que incluíram a perda do seu próprio filho (Ex 12, 29)? Este sentimento extremado de vingança foi permitido por Deus que 'endureceu o coração do Faraó', pois nem a morte dos primogênitos tinha sido suficiente para aplacar a ira santa de Deus contra o povo egípcio (a pena do pecado público aplicado a todo um povo) pelos crimes do Faraó, que havia ordenado que todos os meninos hebreus recém-nascidos fossem atirados e afogados nas águas do rio Nilo (Ex 1,22), suscitando dor e sofrimento indescritíveis às mães enlutadas. De tal horror e gravidade contra pequeninos inocentes, é que pela mesma medida e com igual morte, haveria de perecer todo o exército egípcio em perseguição aos israelitas.

Um segundo aspecto a ser realçado é a aparente contradição da ordem dada por Deus aos israelitas em fuga: em vez de avançarem na escapada, eles teriam não apenas que tomar uma ação de recuo, como também interromperem a jornada e acamparem 'defronte de Baal Sefon', perto do mar. A razão da ordem de Deus está explicitada no próprio texto bíblico: o recuo seria interpretado pelo Faraó como uma indicação de que os judeus estavam perdidos e confusos e que ficaram sem saída, aprisionados entre o deserto e o Mar de Juncos (ou Mar Vermelho). 


Com efeito, a ordem de Deus teria sido analisada pelos israelitas mais descrentes como constituindo uma absurda insensatez: nesse contexto, os israelitas ficariam definitivamente encurralados entre o mar e as montanhas em torno, uma vez que o único caminho de acesso até a região agora era o trajeto óbvio de um poderoso exército egípcio de perseguição. Foi exatamente por isso é que se produziu tanto alarde e que, diante a desconfiança de muitos judeus, Moisés repreendeu o temor deles e os suscitou a confiar plenamente em Deus: 'O Senhor combaterá por vós; quanto a vós, nada tereis a fazer' (Ex 14, 15). É neste cenário de apreensão e prostração do povo israelita que Deus vai demandar um portentoso milagre à frente deles, e por isso os induziu a montarem um acampamento 'perto do mar'.



O cenário do confronto se impõe, mas por uma noite inteira será contido. A coluna de nuvens se interpõe entre os dois contingentes e impede o avanço do exército egípcio que é, assim, obrigado a levantar acampamento à espera do dia seguinte. Os israelitas esperam e têm diante de si o Mar Vermelho como barreira inexpugnável. Mas não é por acaso que se encontram diante Piairot, entre Magdol e o mar, defronte de Baal Sefon: neste ponto específico, a passagem do Mar Vermelho, além de estreita, é particularmente rasa: uma muralha se ergue do fundo do mar e alcança quase a superfície oceânica. Mais ainda, constitui uma frente de exposição contínua à ação dos fortes ventos de leste tão comuns na região. 



Deus preparara com ciência divina e humana a trajetória final do percurso do seu povo escolhido e, assim, ordena a Moisés: 'levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto' (Ex 14, 16). A ciência humana trabalhou com a mobilização dos impetuosos ventos do leste que abriram uma passagem entre as águas e a ciência divina fez secar e endurecer de imediato o leito marinho, por onde passou o povo israelita sem dificuldades ou obstáculos, de forma controlada e protegida, por uma noite inteira. Os ventos não pararam de soprar fortemente e, assim, a travessia foi completa. 


Se Deus não tivesse utilizado um fenômeno físico, os egípcios nunca teriam continuado a perseguição aos judeus sob uma inexplicável cortina de águas. Acreditaram no que viam (e eventualmente até podiam conhecer): os ventos abriram uma passagem nas águas para os israelitas em fuga e também para os egípcios em perseguição. Por isso, muito cedo ainda, buscaram ir além do possível na perseguição desenfreada, avançando ao longo da passagem marinha formada diante deles. Os ventos continuavam a soprar fortemente e a passagem se mantinha, mas não havia mais leito seco e enrijecido: o avanço era lento, difícil e descontrolado: colunas se adiantavam, grupos ficam retidos mais atrás, os cavalos ficavam atolados, as bigas afundavam no terreno fofo e encharcado, conformando um caos no domínio estreito de um abismo prestes a sucumbir. 

E Deus disse a Moisés: 'Estende tua mão sobre o mar, e as águas se voltarão sobre os egípcios, seus carros e seus cavaleiros' (Ex 14, 26). Os ventos cessaram de pronto e a justiça divina se abateu sobre o Faraó e o exército egípcio, consumando-se o fim de uma dinastia de opressão e livrando para sempre o povo de Israel da escravidão. Expedições recentes neste local do Mar Vermelho comprovam à exaustão a veracidade destes eventos bíblicos: foram achados muitos objetos como rodas de bigas, ferraduras e ossos de homens e cavalos, muitos felizmente protegidos de maiores deteriorações pela cobertura de bancos de corais.


(vestígios de rodas e registro das bigas egípcias da época)

(fragmentos de ossos e de cascos de cavalos)

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

CANTOS DA MISSA TRADICIONAL (XI): AGNUS DEI

Na Parte II da Santa Missa, conhecida como Missa dos Fieis, pouco antes da Comunhão, cantamos o Agnus Dei. A versão a seguir (Missa VIII de Angelis) não é praticada aos domingos comuns, mas especialmente nas épocas festivas do Natal e dos Santos Anjos (dia dois de outubro).


Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
℟. Miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
℟. Miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
℟. Dona nobis pacem.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
℟. Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
℟. Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
℟. Dai-nos a paz.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA (V)

 PARTE VI - A IGREJA CATÓLICA

132. A Igreja Católica foi fundada por Deus-Homem Jesus Cristo.

133. Cristo fundou a Igreja Católica a fim de continuar a sua obra da redenção por todo o tempo.

134. Cristo deu à sua Igreja uma constituição hierárquica.

135. Os poderes conferidos sobre os Apóstolos descendem para os bispos.

136. Cristo nomeou o Apóstolo Pedro para ser o primeiro de todos os Apóstolos e ser a Cabeça visível de toda a Igreja Católica, pela sua nomeação imediata e pessoalmente para a primazia da jurisdição.

137. De acordo com o decreto de Cristo, Pedro terá sucessores na sua Primazia sobre toda a Igreja Católica e para todo o tempo.

138. Os sucessores de Pedro na Primazia são os Bispos de Roma.

139. O Papa possui poder de jurisdição completo e supremo sobre toda a Igreja Católica, não meramente nas matérias da fé e moral, mas também na disciplina e no governo da Igreja.

140. O Papa é infalível quando ele fala ex cathedra.

141. Pela virtude do direito divino, os bispos possuem um poder ordinário de governo sobre suas dioceses.

142. Cristo fundou a Igreja Católica.

143. Cristo é a Cabeça da Igreja Católica.

144. Na decisão final sobre doutrinas concernentes à fé e à moral, a Igreja Católica é infalível.

145. O objeto primário da infalibilidade são as verdades formalmente reveladas da Doutrina Cristã concernentes a à fé e à moral.

146. A totalidade dos bispos é infalível, quando eles, ou reunidos em conselho geral ou espalhados sobre a terra, propõem um ensinamento de fé ou moral como aquele que deve ser guardado por todos os fieis.

147. A Igreja fundada por Cristo é única e una.

148. A Igreja fundada por Cristo é santa.

149. A Igreja fundada por Cristo é católica.

150. A Igreja fundada por Cristo é apostólica.

151. Tornar-se membro da Igreja Católica é necessário a todo o homem para a sua salvação.


PARTE VII - A COMUNHÃO DOS SANTOS

152. É admissível e benéfico venerar os santos do Céu e invocar a sua intercessão.

153. É admissível e benéfico venerar as relíquias dos santos.

154. É admissível e benéfico venerar as imagens dos santos.

155. Os fieis vivos podem recorrer ao auxílio das almas do Purgatório por suas intercessões.


PARTE VIII - OS SACRAMENTOS

156. Os sacramentos da Nova Aliança contêm a graça à qual eles significam e conferem-na sobre aqueles que não a impedem.

157. Os sacramentos trabalham ex opere operato, isto é, os sacramentos operam pelo poder do rito sacramental completo.

158. Todos os sacramentos da Nova Aliança conferem graça santificante sobre os receptores.

159. Os três sacramentos, Batismo, Confirmação e Santas Ordens imprimem um caráter, que é uma marca espiritual indelével e, por esta razão, não podem ser repetidos.

160. O caráter sacramental é uma marca espiritual impressa na alma.

161. O caráter sacramental continua pelo menos até a morte daquele que o carrega.

162. Todos os sacramentos da Nova Aliança foram instituídos por Jesus Cristo.

163. Há sete sacramentos da Nova Lei.

164. Os sacramentos da Nova Aliança são necessários para a salvação da humanidade.

165. A validade e a eficácia do sacramento é independente da ortodoxia do ministro e estado da graça.

166. Para a válida administração do sacramento, é necessário que o ministro realize o sinal sacramental de uma maneira correta.

167. O ministro deve ter a intenção de pelo menos fazer o que a Igreja faz.

168. No caso de receptores adultos, é necessário o merecimento moral para recepção merecida ou frutífera dos sacramentos.

(Compilação da obra 'Fundamentos do Dogma Católico', de Ludwig Ott)

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

 

A palavra Rosário vem do latim Rosarium, que significa 'Coroa de Rosas'. Nossa Senhora é a Rosa das rosas, Rainha das rainhas, sendo chamada, então, Rosa Mística (como é invocada na Ladainha Lauretana), Rainha das Rosas de todas as devoções, Nossa Senhora do Rosário. Se, a cada Ave Maria, adorna-se a Mãe de Deus com uma rosa espiritual, o Rosário adorna Maria com uma Coroa de todas as Rosas.

O Santo Rosário é a oração mais perfeita e o instrumento mais poderoso que nos é concedido pela Divina Providência para vencer o pecado e as tentações diabólicas. Com o rosário, recordamos o memorial da Paixão de Jesus Cristo e meditamos os mistérios de gozo, dor e glória de Jesus e Maria. Pelo Rosário, a terra se une aos céus, e nós a Nossa Senhora, no louvor ao Senhor nosso Deus. Com o Rosário, alcançamos a paz de coração e a salvação eterna da alma. Pelo Rosário, obtemos a remissão pela culpa e pela pena dos nossos pecados, tornamo-nos herdeiros dos méritos infinitos da Paixão de Jesus e invocamos sobre nós e nossas famílias as graças extraordinárias da Misericórdia Divina. 

A origem do Rosário é antiga, mas se formalizou por meio de uma famosa aparição de Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão. No seu ferrenho combate e conversão dos seguidores da seita herética dos albigenses, São Domingos defrontou-se com terríveis dificuldades e perseguições, devido à dureza espiritual daquelas almas. Retirou-se, então, em oração, para um lugar ermo situado nos arredores de Toulouse e suplicou a intercessão da Virgem Maria para os bons propósitos de tão dura missão. 

As suas preces extremadas foram atendidas e o santo recebeu uma aparição de Nossa Senhora que lhe entregou o Rosário (também chamado Saltério de Maria, em referência aos 150 salmos de Davi), ensinando-o como rezá-lo e assegurando ser esta a arma mais poderosa para se ganhar as almas para o Céu. Este evento, respaldado por numerosos documentos pontifícios, é narrado na obra 'Da Dignidade do Saltério', do Bem-Aventurado Alain de la Roche (1428 – 1475), célebre pregador da Ordem Dominicana. Com o Rosário em punho, São Domingos pregou incansavelmente na França, Itália e Espanha a devoção que a própria Senhora do Rosário lhe havia ensinado, convertendo os hereges e os tíbios, e erradicando por completo naqueles países a heresia albigense.


Graças, louvores e indulgências sem conta estão associadas à oração devota do Santo Rosário. Rezai-o sempre, rezai-o todos os dias! O maior milagre que o Rosário pode nos proporcionar é nos fazer plenamente dignos das promessas de Cristo e nos elevar de criaturas humanas na terra a herdeiros diretos do Céu ainda nesta vida.