segunda-feira, 5 de outubro de 2020

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA (IV)

 PARTE V - DEUS, O SANTIFICADOR

103. Há uma intervenção sobrenatural de Deus nas faculdades da alma, da qual precede a ação livre da vontade.

104. Há uma influência sobrenatural de Deus nas faculdades da alma que coincide no tempo com a ação livre da vontade do homem.

105. Para toda a ação salutar, é absolutamente necessária a graça sobrenatural interna de Deus (gratia elevans).

106. A graça sobrenatural interna é absolutamente necessária para o início da fé e salvação.

107. Sem o auxílio especial de Deus, o justificado não pode perseverar até o fim na justificação.

108. A pessoa justificada não é capaz na sua vida de evitar pecados, mesmo que sejam pecados veniais, sem o privilégio especial da graça de Deus.

109. Mesmo no estado de caído, o homem pode por sua natural força intelectual, saber as verdades religiosas e a moral.

110. Para o desempenho de ações moralmente boas, não se requer graça santificante.

111. No estado da natureza caída, é moralmente impossível ao homem sem a revelação sobrenatural, saber facilmente, com absoluta certeza, e sem uma mescla de erro, toda verdade religiosa e moral da ordem natural.

112. A graça não pode ser merecida por obras naturais mesmo condignamente ou congruamente. 
(não é doação do bem em si que implica o mérito da graça, e sim o desejo de fazer o bem a um irmão e o amor que se emprega na ação, porque Deus assim o deseja e pede).

113. Deus dá toda a graça suficiente para a observação dos mandamentos divinos.
(ninguém pode alegar que é tentado além de suas forças).

114. Deus, pela sua eterna resolução da Vontade, tem determinado certos homens para bem-aventurança eterna. 
(Deus, ao criá-los, já sabe que livremente se salvarão).

115. Deus, por uma resolução eterna da sua Vontade, predestina certos homens, por conta dos seus pecados previstos, para a rejeição eterna. 
(Deus, ao criá-los, já sabe que livremente irão se perder no inferno. Deus não interfere no seu livre desejo, como não interferiu com os anjos caídos. Estes homens recebem, como todos os outros, infinitas chances de salvação e rejeitam todas, por absoluta teimosia. Ao invés de amarem a Deus, eles decidem amar ao pecado, e morrem nele).

116. A vontade humana permanece livre sob a influência da graça eficaz, que não é irresistível. 
(se fosse irresistível todos se salvariam, e então não haveria livre arbítrio).

117. Há graça que é verdadeiramente suficiente e mesmo assim permanece ineficaz. 
(A graça da salvação é suficientemente dada também aos que se perdem, mas estes a rejeitam livremente).

118. As causas da Justificação são as seguintes (definidas pelo Concílio de Trento):
(i) A causa final é a honra de Deus e de Cristo e a vida eterna dos homens.
(ii) A causa eficiente é a misericórdia de Deus.
(iii) A causa meritória é Jesus Cristo que, como mediador entre Deus e os homens, se reconciliou por nós e mereceu-nos a graça pela qual nós somos justificados.
(iv) A causa instrumental da primeira justificação é o sacramento do Batismo; assim ela define que Fé é pré-condição necessária para justificação.
(v) A causa formal é a Justiça de Deus, não pela qual Ele por si é justo, mas a qual Ele nos faz justos, isto é, pela Graça Santificante.

119. O pecador pode e deve preparar-se pelo auxílio da graça atual para o recebimento da graça pela qual ele é justificado.

120. A justificação de um adulto não é possível sem a fé.

121. Além da fé, as ações futuras de disposição devem estar presentes. 
(A pessoa deve desejar a sua salvação e lutar bravamente por ela, senão não haveria mérito pessoal. Não basta dizer que se aceitou Jesus, e dispensar os sacramentos que eles nos deixou).

122. A graça santificante santifica a alma.

123. A graça santificante torna o homem justo amigo de Deus.

124. A graça santificante torna o homem justo um filho de Deus e dá-lhe um clamor para a herança do céu.

125. As três virtudes divinas ou teológicas da fé, esperança e caridade são infundidas com a graça santificante.

126. Sem a revelação divina especial, ninguém pode conhecer a certeza da fé, se ele está em estado de graça.

127. O grau da graça justificante não é idêntico em todos os justos.

128. A graça pode ser aumentada com as boas obras.

129. A graça pela qual nós somos justificados pode se perder, e é perdida por todo pecado grave.

130. Por suas boas obras, o homem justificado realmente adquire um clamor para a recompensa sobrenatural de Deus.

131. Um homem justo merece, por meio de cada boa obra, um aumento da graça santificante, a vida eterna (se a morte encontra-o no estado de graça) e um aumento na glória celeste.

(Compilação da obra 'Fundamentos do Dogma Católico', de Ludwig Ott)

domingo, 4 de outubro de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS

'Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor' (Fl 4, 6 - 8)

PÁGINAS DO EVANGELHO (2019 - 2020)  

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

 

20 QUESTÕES SOBRE OS ANJOS DA GUARDA


1. Eu tenho um Anjo da Guarda?
Sim, qualquer ser humano tem um anjo da guarda.

2. Quando eu recebi o meu Anjo da Guarda
No momento da vossa concepção. O vosso anjo foi-vos dado mesmo antes das graças do batismo! Isto é porque os anjos são dados aos seres humanos em virtude da nossa razão e não da nossa graça batismal.

3. O meu anjo foi Anjo da Guarda de alguém antes de mim?
Provavelmente não. Cada ser humano recebe um anjo. No entanto, é teoricamente possível (apesar de muito improvável) que um anjo possa ser reposicionado se o seu primeiro humano for condenado ao inferno.

4. O meu Anjo da Guarda vai estar comigo na próxima vida?
Se fordes para o Céu, o vosso anjo estará convosco na glória como companheiro e amigo eterno. Ao contrário, se fordes para o inferno, o anjo vai deixar-vos e, em vez dele, recebereis um demônio que vos há de atormentar para todo o sempre.

5. O meu Anjo da Guarda já me conhecia antes de nascer?
Sim. Não só pelo conhecimento natural dos anjos, mas também por um conhecimento especial dado por Deus: o vosso anjo conheceu-vos desde o momento da sua entrada no Céu, depois da sua criação.

6. O meu Anjo da Guarda é um arcanjo?
Quase com certeza não. Parece que os anjos da guarda são todos escolhidos do coro mais baixo de anjos, chamado 'Anjos'. Os Arcanjos estão sobre este coro e não parecem ter a função dos anjos da guarda. É possível que um anjo da guarda possa receber ajuda e conselhos dos arcanjos, ou mesmo de um serafim.

7. O meu Anjo está sempre comigo?
Sim, o vosso anjo vigia-vos sempre porque Deus vos guia sempre com a sua Providência. Um anjo está localmente presente quando atua como causa completa e imediata em um corpo; assim, o anjo até pode estar localmente presente aos vossos pés. Em qualquer dos casos, o vosso anjo está espiritualmente presente na vossa alma; a não ser no caso daqueles condenados ao inferno depois da morte.

8. Os meus pecados fazem o meu Anjo da Guarda ficar triste?
Não. O vosso anjo goza da visão perfeita de Deus e, portanto, não pode estar triste, pois todos aqueles que veem Deus estão felizes com perfeição. Tal como Deus permite que pequem, também o vosso anjo permite que caiam - isso não o faz ficar triste, porque ele tem sempre alegria ao olhar para o plano de Deus. Ainda assim, é provável que o vosso anjo experimente um desgosto geral com os vossos pecados.

9. O meu Anjo da Guarda luta contra o demônio em meu favor?
Claro! Lembrem-se do livro de Tobias: Rafael salvou Tobias dos demônios que estavam a atormentar Sara.

10. O meu Anjo da Guarda pode trabalhar com outros Anjos da Guarda para obter algo muito bom?
Sim, com certeza. O Padre Pio enviava regularmente o seu anjo da guarda para trabalhar com outros anjos. Os anjos regozijam-se em trabalhar juntos para o nosso maior bem.

11. O meu Anjo da Guarda pode 'discutir' com outros Anjos da Guarda?
Num certo sentido, sim. Os vários anjos da guarda trabalham a um nível mais imediato quando guiam a espécie humana. Assim, apesar de todos os anjos da guarda estarem totalmente dedicados ao plano de Deus, é possível que existam movimentos contrários parciais ou temporários na forma como este plano é concretizado. São Tomás usa isto como uma interpretação da divisão entre Gabriel e o anjo da Pérsia no livro de Daniel. Como diz o Doutor Angélico: 'Diz-se que os anjos se resistem uns aos outros; não que as suas vontades estejam em oposição, visto que são uma só mente no que toca ao cumprimento dos decretos divinos, mas sim que as coisas sobre as quais procuram conhecimento estão em oposição' (ST I, q.113, a.8).

12. O meu Anjo da Guarda pode afetar a realidade física à minha volta?
Sim. Santa Gemma Galgani pedia regularmente ao seu anjo da guarda para enviar cartas por ela: muitas cartas foram enviadas e entregues ao seu diretor espiritual, enquanto ele estava em Roma.

13. Posso dar um nome ao meu Anjo da Guarda?
Talvez, mas temos que ter em conta que normalmente compete ao superior nomear o inferior. Assim, não parece próprio a um ser humano dar nome a um anjo.

14. O meu Anjo tem um nome?
Quase com certeza, sim. Deus nomeou todos os seus anjos - ou talvez os anjos superiores deram nomes aos inferiores.

15. Como é que eu descubro o nome do meu Anjo da Guarda?
Pode-se perguntar, obviamente, mas é também possível que isso não vos seja revelado nesta vida. Penso que no Céu todos saberemos os nomes dos nossos anjos da guarda.

16. É possível ter uma devoção exagerada ao nosso Anjo?
Desde que se tenha em mente que o vosso anjo é uma expressão do amor e da Providência de Deus (e não um ser para ser considerado sozinho), não há perigo em deter uma devoção demasiado forte ao vosso anjo da guarda.

17. Jesus Cristo tinha um Anjo da Guarda?
Sim, como qualquer outro ser humano, Cristo tinha um anjo da guarda. É provável que o seu anjo da guarda fosse o maior de todos os anjos do coro inferior de anjos. 

18. O Anticristo vai ter um Anjo da Guarda?
Terá um anjo da guarda como qualquer outro ser humano. Mesmo que ele venha a ser um grande inimigo de Deus, o Senhor vai continuar a amá-lo - a expressão deste amor é o dom gratuito de possuir um anjo da guarda.

19. Quantos Anjos existem no coro dos Anjos?
Existem incomparavelmente muito mais anjos que seres humanos. Assim, apesar de os anjos da guarda só serem escolhidos do coro mais baixo dos anjos, é provável que o coro tenha bem mais anjos que o número de humanos que já existiram, existem e hão de existir. 

20. Quantos Anjos da Guarda podem existir?
O único limite ao número de Anjos da Guarda é o número de seres humanos que hão de existir e não o número de anjos existentes no coro dos anjos.

Santos Anjos da Guarda, rogai por nós!

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

01 DE OUTUBRO - SANTA TERESA DE LISIEUX

 


Chamada de ‘maior santa dos tempos modernos’ e recentemente elevada à glória de doutora da Igreja Católica, Teresa de Lisieux transformou-se num dos personagens mais venerados no mundo católico como ‘Santa Teresinha do Menino Jesus’. Feitos extraordinários para uma simples carmelita, que viveu no mais absoluto ostracismo e morreu com apenas 24 anos de idade. Marie Françoise Thérèse Martin nasceu em Alençon, em 02/01/1873, e faleceu em Lisieux, em 30/09/1897. Foi canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI, que posteriormente a declarou ‘Patrona Universal das Missões Católicas’ em 1927. O Papa João Paulo II tornou-a Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997. 

Por desígnios divinos, Santa Teresinha foi a preceptora de um particular caminho de santificação: a chamada ‘pequena via’, a via de confiança absoluta à vontade de Deus. Na plena aceitação dos desígnios divinos sobre as almas de cada um de nós, no abandono de nossas vidas nos braços de Jesus Cristo, na entrega total de nossas ações e pensamentos à proteção da Santíssima Virgem: eis aí a pequena via, o caminho da infância espiritual, a gloriosa trilha de santificação para os homens comuns, o espantoso atalho ao Céu, proposto e vivido intensamente pela santa carmelita. Eis a sua pequena via maravilhosa de santificação: basta aceitar a nossa própria pequenez, a imensa fragilidade humana que nos domina, as enormes limitações de viver em plenitude os desígnios de Deus sobre as nossas almas; fazer de tantas imperfeições e fragilidades, não meros obstáculos, mas as próprias pedras do caminho, rejuntadas e consolidadas firmemente num imenso amor e numa confiança sem limites na bondade e misericórdia de Deus. 

Além de cartas e poesias (e outros documentos registrados por suas irmãs do Carmelo), o legado de Santa Teresinha está por inteiro em sua famosa obra ‘História de uma alma’ (publicado originalmente em 1898), que registra, além de seus manuscritos autobiográficos e de suas proposições espirituais, as premissas e os fundamentos do seu caminho da infância espiritual. 

Nesta pequena via, a santificação começa e termina pelo propósito de fazer, de cada dia, mais um passo na peregrinação ao Céu, transformando cada ação diária, cada ato da nossa vida mundana, por mais simples e despojado que seja, em obra de perfeição cristã, compartilhado e vivido para a plena glória do Pai (‘sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito’). Nesta pequena via, a santificação é caminho simples e fácil para todos os homens e mulheres dos nossos tempos, e precisa apenas da resolução tão claramente expressa na curta vida da carmelita de Lisieux: ‘nunca distanciar a minha alma do olhar de Jesus’.