sexta-feira, 10 de julho de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (VII)


CLAUSURA

Recinto fechado; nas casas dos Regulares, quer de homens quer de mulheres, canonicamente  instituídas, embora não formais, há clausura papal, que abrange toda a casa que a comunidade habita, incluindo a horta e excetuando somente a igreja pública, o locutório e o hospício, se o houver. A lei da clausura proíbe, sob pena de excomunhão (com raras exceções e em casos especiais), a entrada de mulheres na clausura dos Religiosos e a entrada de homens e de mulheres na clausura das Religiosas, ditas de clausura ou Monjas e proíbe que estas saiam do convento, ainda que por breve tempo, sem Indulto especial da Santa Sé, exceto no caso iminente de morte ou de algum gravíssimo mal. 

CLERO

É o corpo dos clérigos ou eclesiásticos que, sob a autoridade dos bispos, os quais formam a primeira Ordem do Clero, desempenham funções sagradas na Igreja Católica. Há o Clero Regular, que compreende todos os religiosos e o Clero Secular, formado por todos os que não são religiosos.

COMPLETAS

É o nome da última Hora do Ofício divino, que os Clérigos de Ordens Maiores são obrigados a rezar diariamente.

COMUNHÃO ESPIRITUAL

Consiste no pio desejo de receber Jesus Cristo, quando não é possível fazer a Comunhão Sacramental.

COMUNHÃO SACRAMENTAL

É o ato de receber como alimento espiritual a Sagrada Eucaristia. É obrigatória para todos os fiéis cristãos, a quem o Direito não proíbe, desde a idade do uso da razão, pelo menos no tempo da Páscoa. Por motivo de indignidade, o Direito Canônico proíbe dar a comunhão aos excomungados, aos interditos, aos manifestamente infames, a não ser que conste da sua penitência e emenda e tenham previamente reparado o escândalo público. Aos pecadores ocultos, se pedirem a Comunhão ocultamente, seja negada pelo ministro se os não reconhecer emendados; não seja negada se a pedirem publicamente e não puder negá-la sem causar escândalo. A Comunhão deve ser negada aos concubinados, quer unidos por contrato civil, quer não.

São duas as condições necessárias para se poder receber a Sagrada Comunhão: estado de graça ou sem pecado mortal, e estar em jejum natural desde a meia noite [condição atualmente imposta para uma hora antes da comunhão]. Porém, a Comunhão por Viático aos enfermos pode ser dada a qualquer hora do dia ou da noite, sem que estejam em jejum...  Todos os fiéis que chegaram ao uso da razão têm obrigação de comungar ao menos pela Páscoa, todos os anos; não o podendo fazer nesse tempo, devem fazê-lo depois.

CONCÍLIO 

É a legítima reunião ou assembléia dos Pastores da Igreja, para julgarem ou definirem acerca da doutrina católica ou da disciplina eclesiástica. O Concílio é Ecumênico, se convocado pelo Romano Pontífice e por ele ou pelo seu Delegado presidido. É infalível nas suas definições em doutrina de fé e de costumes. Os Decretos do Concílio só obrigam depois de confirmados e mandados promulgar pelo Romano Pontífice. O Concílio é Plenário ou Nacional, se constituído pelos bispos de uma nação, pedida vênia ao Romano Pontífice, que designa o seu Legado para convocar e presidir ao Concílio. O Concílio é Provincial, se constituído pelos bispos de uma Província Eclesiástica; deve ser celebrado pelo menos de vinte em vinte anos. É convocado e presidido pelo Metropolita; os seus Decretos, assim como os Decretos do Concílio Plenário, só obrigam no território de cada um, e os bispos não os podem dispensar a não ser em casos particulares e com justa causa.

CONCLAVE 

É a assembléia dos cardeais reunidos após a morte de um papa, para elegerem um sucessor como Chefe da Igreja Católica.

CÔNEGOS

São sacerdotes que o bispo nomeia para formarem o Cabido da Igreja Catedral. Assistem ao Bispo nos atos litúrgicos que celebra com solenidade, rezam o Ofício divino em coro na Sé Catedral; são os conselheiros do bispo nos negócios em que precisa de conselho. Em nenhuma Igreja Catedral deve faltar o cônego teólogo, que nos dias designados pelo bispo com o conselho do Cabido, explique publicamente a Sagrada Escritura.

CONFERÊNCIAS DE SÃO VICENTE DE PAULO

Obra de caridade fundada em Paris em 1833, por Frederico Ozanam e mais seis companheiros, todos estudantes. Tem por fim fortalecer e aperfeiçoar a vida cristã dos seus membros por meio da prática da caridade e levar aos pobres o socorro material da esmola e o conforto espiritual da instrução religiosa e do bom conselho. Na visita semanal aos pobres, o contato direto e íntimo do homem de caridade com a miséria desperta na sua alma um amor mais vivo a Deus e mais terno ao próximo, e desperta na alma do pobre aspirações sobrenaturais.

CONFIRMAÇÃO OU CRISMA 

É um sacramento que comunica os dons do Espírito Santo, faz dos cristãos soldados de Cristo e robustece-os na fé recebida no Batismo. Não é de absoluta necessidade para a salvação, mas não convém deixar de recebê-lo, pois é muito útil para o bem espiritual da vida e, pela lei da Igreja, é necessário para se ser admitido na vida eclesiástica e no estado religioso. Embora possa ser recebido em qualquer idade, convém não o receber antes dos sete anos, a não ser em perigo de vida ou por razões justas e graves, e aquele que estiver em pecado mortal deve-se confessar antes de se crismar. O
sacramento da Confirmação imprime caráter sacramental, que é um poder espiritual destinado a exercer ações próprias de um soldado de Jesus Cristo. Este sacramento é administrado ordinariamente pelo bispo, em casos extraordinários também por um sacerdote com poderes especiais, e exige que o confirmado se apresente com um padrinho, que seja bom católico, e diferente do padrinho do Batismo; com ele contrai parentesco espiritual, que, todavia, não é impedimento do matrimônio. Cada confirmando deve apresentar-se com uma cédula de confirmação, que lhe será fornecida pelo respectivo Pároco. O confirmado fica obrigado a defender-se dos inimigos da sua alma e a defender a Igreja de todos os que a combaterem.

CONFISSÃO SACRAMENTAL 

É a acusação dos pecados próprios, cometidos depois do Batismo, feita ao legítimo sacerdote para receber a absolvição. Os homens como as mulheres, ou sejam crianças ou velhos, pobres ou ricos, sábios ou ignorantes, sãos ou enfermos, desde que chegam ao uso da razão e enquanto conservam o uso do discernimento, têm obrigação de confessar os seus pecados pelo menos uma vez cada ano. Para obter o perdão dos pecados no sacramento da Penitência, é necessário acusar todos os pecados mortais cometidos e as circunstâncias que mudam a espécie de pecado. O cristão que se quer confessar deve: a) fazer exame de consciência; b) ter arrependimento ou contrição de todos os seus pecados; c) confessar todos os pecados de que se recordar; d) estar disposto a cumprir a penitência que o confessor lhe impuser e cumpri-la sem demora. A contrição é de tal modo necessária para obter o perdão do pecado que sem ela, diz Santo Tomás, nem mesmo um pecado venial pode ser perdoado. E a contrição para ser sincera há de ser acompanhada do propósito firme, que o penitente terá de não tornar a pecar. O confessor tem obrigação de dar a absolvição ao penitente que julga estar bem disposto e tem obrigação de a negar àquele que julga ser incapaz ou indigno da absolvição. Incapazes da absolvição são: os perpetuamente dementes, os não batizados, os que já estão mortos, os que ignoram as verdades absolutamente necessárias para a salvação. Indignos são: os que não dão nenhum sinal de arrependimento; os que se recusam a acabar com os ódios e inimizades ou a restituir o alheio podendo fazê-lo; os que não querem deixar a ocasião próxima do pecado ou não querem corrigir-se de algum pecado; os que deram escândalo público, a não ser que acabem com o escândalo e o retratem publicamente. O lugar próprio da confissão sacramental é a igreja ou capela pública ou semi-pública. As mulheres não se devem confessar fora do confessionário, a não ser por motivo de enfermidade ou por causa de verdadeira necessidade.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

quinta-feira, 9 de julho de 2020

NOVENA A NOSSA SENHORA DO CARMO (III)


ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS

†Pelo sinal da Santa Cruz, †livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, †dos nossos inimigos.
† Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Ó Deus eterno, Pai, Filho e Espírito Santo! Prostrado em vossa adorável presença, imploro misericórdia pelos méritos de Vossa Filha predileta, Mãe soberana e Esposa Santíssima, a excelsa Virgem Maria do Monte Carmelo, maternal protetora de todos os necessitados na vida, na morte e no purgatório. Ouvi-me, Senhor, nesta novena que a Ela consagro, e concedei-me o viver e morrer em vossa graça, para vos contemplar e bendizer eternamente na sua gloriosa companhia. Amém.

Ó Maria, Rainha e Formosura do Carmelo, Mãe admirável e bondosa; olhai com carinho para nós vossos filhos, aqui reunidos na vossa presença. Infundi em nossas almas uma fé sempre mais profunda e um amor mais perfeito à Verdade e ao Bem. Revesti o nosso coração com o Santo Escapulário; que ele seja um sinal de salvação e garantia de vossa bênção e proteção. Dai-nos a graça de alcançar a salvação eterna. Amém.

TERCEIRO DIA: 09 DE JULHO

Virgem do Carmo, Maria Santíssima! Os religiosos carmelitas fizeram que fosses honrada e venerada em todas as partes do mundo. Vós retribuístes esta prova de amor, outorgando-lhes o singularíssimo dom do Santo Escapulário. Quisestes Mãe querida, que ele fosse vínculo de amizade e sinal da vossa perpétua proteção para todos que devotamente o trazem consigo.

Virgem do Carmo, Mãe admirável! Aqui estamos para agradecer este favor tão insigne. Queremos trazer sobre o coração esta aliança de paz. Fazei com que ele nos preserve dos perigos, nos afaste dos males e seja fonte permanente de graça e proteção.

E agora, Mãe de Jesus, alcançai-nos a graça especial que nesta Novena vos pedimos: (pedir a graça). [Rezar 3 Ave-Marias e Glória ao Pai...]

Seja por todos bendita a Mãe de Deus, Santa Virgem do Carmelo. Sejamos por ela abençoados na Terra e no Céu. Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós.

09 DE JULHO - SANTA PAULINA DO CORAÇÃO AGONIZANTE DE JESUS


A primeira santa brasileira nasceu Amábile Lúcia Visintainer em Vigolo Vittaro (Itália), em 16 de dezembro de 1865. A família imigrou para o Brasil quando Amábile tinha apenas 9 anos, fixando-se no povoado de Vigolo, em Nova Trento (SC), que recebeu o mesmo nome de sua terra natal. Aos 25 anos, após a morte da mãe, deu início, junto à amiga Virgínia Rosa Nicolodi, à obra que hoje é conhecida no Brasil inteiro e em muitos países como Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada pela santa madre no dia 12 de julho de 1890. 

Em dezembro de 1895, Amábile e as duas primeiras companheiras (Virgínia e Teresa Anna Maule) fizeram os votos religiosos e Amábile recebeu o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. A santidade e a vida apostólica de Madre Paulina e de suas Irmãs atraíram muitas vocações, apesar da pobreza e das dificuldades em que viviam.

Em 1903, Madre Paulina foi eleita Superiora Geral por toda a vida pelas Irmãs da nascente congregação, que deixou Nova Trento e estabeleceu-se em São Paulo. Neste período, sofreu grandes perseguições que culminaram em sua destituição e afastamento da própria Congregação que havia fundado. Somente em 1918, foi readmitida na mesma, passando, então, a morar na casa-sede da congregação no Bairro do Ipiranga em São Paulo, onde permaneceu até a sua morte.

Em 1938, tiveram início os sérios problemas de diabetes, que a levaram a amputar um braço e a ficar completamente cega. Morreu piedosamente aos 76 anos, em 9 de julho de 1942, sendo suas últimas palavras as de sua habitual jaculatória: "Seja feita a vontade de Deus".

Em 1933, o Papa Pio XI assinou o Decreto de Louvor reconhecendo a importância de sua obra de caridade. O processo de canonização de Madre Paulina teve início em 1965. A primeira Santa do Brasil foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 18 de outubro de 1991, em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, Brasil.

EXCERTOS DA HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
NA CELEBRAÇÃO DA MISSA  DE BEATIFICAÇÃO
 DE MADRE PAULINA

Florianópolis, 18 de Outubro de 1991

1. Minha alegria no dia de hoje, queridos irmãos e irmãs de Florianópolis e de Santa Catarina, tem um motivo todo especial: a beatificação da Madre Paulina do Coração de Jesus Agonizante. Ela é, na verdade, uma representante bem legítima do povo catarinense. Como os pais e os avós de muitos dos que aqui estão, pertence ela a uma destas famílias que aqui chegaram no século passado e deram uma feição toda especial à terra catarinense.Foi uma destas famílias, vindas do Tirol e radicadas na região de Nova Trento, que deu ao Brasil e à Igreja a Madre Paulina. Hoje, diante de vós, ela será elevada pelo Papa à glória dos altares. 

Hoje, com a cerimônia da beatificação professamos nossa fé na Comunhão dos Santos. E ao mesmo tempo, consolida-se nossa esperança de santidade, de participação na vida de Deus. Ora, os santos nos indicam o caminho desta esperança. Deste modo cumprem eles uma particular tarefa dentro da missão evangelizadora da Igreja sobre a terra, e proclamam a vocação cristã à santidade. Eles nos exortam: “Revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cfr. Cl 3, 14).

2. Como foi que a Madre Paulina, que hoje proclamaremos beata, se revestiu desta caridade? O que mais se destaca na vida dos santos é sua capacidade de despertar o desejo de Deus, naqueles que tem a felicidade de deles se aproximar. Foi precisamente este o dom vivido em sumo grau por Madre Paulina. Soube ela converter todas as suas palavras e ações, num contínuo ato de louvor a Deus. Durante a juventude pediu a Deus a graça de entrar na vida religiosa com o único fim de amá-Lo e de servi-Lo com a maior perfeição possível. Sua conformidade com a vontade de Deus, levou-a a uma constante renúncia de si mesma, não recusando qualquer sacrifício para cumprir os desígnios divinos, especialmente no período, particularmente heróico, da sua destituição como Superiora Geral da Congregação por ela fundada.

Fruto desse grande amor de Deus, foi a caridade vivida pela Serva de Deus, desde menina até o último instante de sua vida terrena, em relação a todos que conviveram com ela. No seu testamento espiritual ela escreveu: Muito vos encareço que haja entre todas a santa Caridade, especialmente para com os doentes das Santas Casas, (os velhos) dos asilos, etc. Tende grande apreço pela prática da santa Caridade. Esse estar-para-os-outros, constituiu-se como o pano de fundo de toda sua vida. Os pobres e os doentes, foram os dois ideais da vida ascética da Madre Paulina, que, no seu serviço encontrava o incentivo para crescer no amor de Deus e na prática das virtudes.

3. Queridas filhas da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, o exemplo de santidade de vossa Madre Fundadora, recolhe esta mensagem perene que a Santa Igreja guarda como tesouro precioso.Ser santo significa opor-se ao pecado, à ruptura com Deus.A Igreja existe para a santificação dos homens em Cristo. É esta santidade que ela deve levar também aos homens do mundo secularizado para que não se profanizem. Por isso ela ensina também que santidade não é “alienação”, como às vezes se ouve dizer, mas uma maior familiaridade com as realidades mais profundas de Deus.

4. Foi precisamente esta capacidade de manter-se constantemente unida a Deus e, ao mesmo tempo, de desenvolver um intensíssimo trabalho pelo bem das almas, que caracterizou a vida da Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante. A Igreja a propõe, a partir de hoje, como modelo de vida a ser admirado e imitado.

5. Deus disse a Abraão: “Deixa tua terra, tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que eu te mostrar” (Gn 12, 1). Ele repete hoje a todos nós, a cada um de nós: deixa tua terra, que é um lugar de passagem, deixa o lugar da casa dos teus pais, lugar de tantas gerações - e vai para a terra que eu te indicar. A Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante seguiu este chamado de Cristo. Que o exemplo de Madre Paulina possa inspirar a todos uma resposta decidida, generosa, ao chamado de Cristo à santidade! Confio à proteção materna da Virgem Maria, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Desterro como A venerais aqui em Florianópolis, o presente e o futuro da Igreja no Brasil. Ela precisa, hoje, mais do que nunca, de santos!

quarta-feira, 8 de julho de 2020

NOVENA A NOSSA SENHORA DO CARMO (II)


ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS

†Pelo sinal da Santa Cruz, †livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, †dos nossos inimigos.
† Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Ó Deus eterno, Pai, Filho e Espírito Santo! Prostrado em vossa adorável presença, imploro misericórdia pelos méritos de Vossa Filha predileta, Mãe soberana e Esposa Santíssima, a excelsa Virgem Maria do Monte Carmelo, maternal protetora de todos os necessitados na vida, na morte e no purgatório. Ouvi-me, Senhor, nesta novena que a Ela consagro, e concedei-me o viver e morrer em vossa graça, para vos contemplar e bendizer eternamente na sua gloriosa companhia. Amém.

Ó Maria, Rainha e Formosura do Carmelo, Mãe admirável e bondosa; olhai com carinho para nós vossos filhos, aqui reunidos na vossa presença. Infundi em nossas almas uma fé sempre mais profunda e um amor mais perfeito à Verdade e ao Bem. Revesti o nosso coração com o Santo Escapulário; que ele seja um sinal de salvação e garantia de vossa bênção e proteção. Dai-nos a graça de alcançar a salvação eterna. Amém.

SEGUNDO DIA: 08 DE JULHO

Rainha excelsa e Mãe terna do Carmelo! Os sucessores do profeta Elias, moradores perpétuos do Monte Carmelo, conservaram ao longo da história, o amor à vossa maternidade divina, tomando como exemplo as virtudes que brilharam em vossa vida.

Fazei, Mãe amável e querida, que reine também nas nossas famílias, uma arraigada devoção para convosco. Seja esta devoção fonte perene de amor e união, de felicidade, alegria e paz.

E agora, Mãe de Jesus, alcançai-nos a graça especial que nesta Novena vos pedimos: (pedir a graça). [Rezar 3 Ave-Marias e Glória ao Pai...]

Seja por todos bendita a Mãe de Deus, Santa Virgem do Carmelo. Sejamos por ela abençoados na Terra e no Céu. Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós.

TESOURO DE EXEMPLOS (7/9)


7. SEJAMOS RETRATOS DE DEUS

Não podemos viver profanando e manchando a imagem divina que trazemos em nossa alma. Nosso dever é trabalhar em todos os momentos de nossa vida e com todos os auxílios que recebemos de Deus, para conseguirmos que esse retrato divino seja cada dia mais semelhante ao modelo que temos diante dos olhos. O nosso modelo consumado é Jesus Cristo.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério da pobreza... Apresenta-se no mundo num estábulo. Repousa sobre duras palhas num mísero presépio. Chama a si os pobres: com eles se ajunta e quer que formem a côrte do novo reino que veio fundar neste mundo.

Quem é Jesus cristo? O mistério do trabalho... Encerra-se numa oficina e trabalha para comer o pão amassado com o suor do seu rosto. Anda de cidade em cidade, espalhando a doutrina da verdade e a semente da perfeição. Ele mesmo afirma que não tem uma pedra para repousara cabeça. 

Quem é Jesus Cristo? O mistério da verdade... Fala em toda parte. Fala das doutrinas mais elevadas. Trata dos problemas religiosos, os maiores que jamais foram tratados no mundo. Ouvem-no os seus inimigos, procurando surpreender nEle algum erro... Não o conseguem! Ele é o único homem em cujos lábios jamais apareceu a sombra fatídica do erro e do engano.

Quem é Jesus Cristo? O mistério do amor... Amou até à abnegação mais absoluta, amou até ao sacrifício,  amou os seus verdugos e seus inimigos, amou até fazer-se nosso alimento, amou-nos até a morte de cruz.

Quem é Jesus Cristo? O mistério da humilhação... Lavou os pés dos seus discípulos Subiu a uma cruz e ali, naquele madeiro, que era o patíbulo dos escravos, ali o contemplou a humanidade desnudo e abandonado por todos.

Quem é Jesus Cristo? O mistério da obediência... Obedeceu desde o berço até o túmulo. Não se desviou nem um ápice do caminho que lhe traçou o Pai celeste.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério do poder... Contra Ele se levantaram todos os partidos políticos de sua nação. Os que representavam a lei e a religião coligaram-se também contra Ele. Até os seus amigos mais íntimos na hora da dor o abandonaram. Estava só... Mas, afinal, triunfou sobre todos eles. Hoje, os que ontem o odiavam são pó e cinza levados pelo vento: Ele reina sobre os povos e sobre os corações.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério da glória... Triunfou sobre a morte. Subiu aos céus. Ali está sentado à direita de Deus Pai. Dali há de vir para julgar os vivos e os mortos. E a sua glória não terá fim.

Eis aí, em resumo, quem é Jesus Cristo. Todos os santos procuraram ser reflexos perfeitíssimos desse Deus que, como diz Santo Agostinho, para isso precisamente se fez homem, para que tivéssemos o modelo mais admirável de Deus. Trabalhemos e copiemos as divinas virtudes que nEle resplandecem.

8. O PAJEM SALVO PELA MISSA

Tinha Santa Isabel de Portugal um  pajem muito virtuoso e piedoso a quem encarregava de distribuir as suas esmolas.  Outro pajem, que ambicionava aquele cargo e por ser muito invejoso, acusou-o junto ao rei de um grande crime, de um pecado muito feio. Acreditou o rei nas mentiras do pajem perverso e resolveu matar o pajenzinho da santa rainha.

Ordenou a um homem, que tinha um forno de cal, que lançasse ao fogo o primeiro criado que chegasse para informar-se se haviam cumprido as ordens do rei. Em seguida mandou o pajenzinho que fosse levar tal recado ao dono do forno. O rapaz partiu imediatamente mas, ao passar diante de uma igreja e ouvindo tocar o sino para a missa, resolveu ouvi-la antes de ir adiante.

Enquanto a ouvia, o rei, impaciente de saber se o pajem da rainha tinha morrido, mandou o outro pajem caluniador que fosse perguntar ao homem do forno se este havia executado a ordem do rei. Correu tão depressa que, chegando primeiro ao forno e dando o recado, o homem imediatamente o lançou ao fogo. Estava ainda ardendo quando, pouco depois, chegou o pajenzinho da rainha, que assistira toda a missa e perguntou se haviam cumprido a ordem do rei.

Tendo recebido uma resposta afirmativa, correu ao palácio para comunicá-la ao rei. Este, ao ver o rapaz, ficou estupefato e adivinhou as secretas disposições da Providência Divina, que permitira o castigo do culpado e a salvação do inocente. Um menino chamado Renato, a quem o pai contou este caso, ficou tão impressionado que, não somente quis ouvir muitas missas, como ainda quis fazer-se padre para poder celebrar para outros o Santo Sacrifício.

9. O MENINO QUE FOI ENFORCADO TRÊS VEZES

Estamos na Palestina, pátria de Jesus, onde se pronunciou a primeira Missa e os Apóstolos fizeram sua primeira comunhão. O que é hoje a Palestina? Terra de desolação, de maometanos, cismáticos, judeus e poucos católicos.

Um menino cismático de oito anos começou a sentir-se atraído à religião católica, a seus cantos e festas, que lhes eram contados por seus companheiros. Um dia quis ir ver de perto. Com muito segredo, por temor dos pais, assistiu à missa numa capela. Ficou encantado. Depois da missa continuou ali com as crianças do catecismo. Terminada a cerimônia, o padre, que não o conhecia, aproximou-se dele para saudá-lo carinhosamente.

O coração estava ganho e o menino, às escondidas, continuou a ouvir a missa todos os domingos. Um dia, porém, o pai descobriu e perguntou-lhe:
- Você esteve com os malditos católicos?
- Sim, papai.
- Eu não lhe proibi isso?
- Sim, senhor.
- Jura-me que não voltará lá?
- Não posso, pois em meu coração já sou católico.
- Então você não jura?
- Não, senhor.
- Enforcá-lo-ei então...
- O senhor pode enforcar-me.

Passou o bárbaro uma corda a uma viga do teto e o laço ao pescoço do filho e puxou-o para cima. Quando os pezinhos do menino deixaram de mover-se, o pai o desceu, soltou o laço e, vendo que ainda estava vivo, disse:
- Agora você me promete não ir mais ter com aqueles malditos...
- Não, papai, não posso.
Por uma segunda e uma terceira vez repetiu o pai o cruel suplício, mas não conseguiu mudar o propósito do menino. Disfarçando, então, a sua cólera, tentou o bárbaro pai outros meios. Tomando em seus braços o corpo extenuado do pobrezinho, lhe disse:
- Mas, meu filho, você não me ama?
- Amo-o, papai.
- Como é, pois, que não quer me obedecer?
- E' que eu amo a minha alma mais do que amo ao meu pai.

O menino, pouco a pouco, recobrou as forças e logo se fez batizar, tornando-se católico. Seu pai e sua mãe morreram de tifo no ano seguinte e não muito depois teve o pequenino mártir a morte de um santo.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

terça-feira, 7 de julho de 2020

NOVENA A NOSSA SENHORA DO CARMO (I)


ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS

†Pelo sinal da Santa Cruz, †livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, †dos nossos inimigos.
† Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Ó Deus eterno, Pai, Filho e Espírito Santo! Prostrado em vossa adorável presença, imploro misericórdia pelos méritos de Vossa Filha predileta, Mãe soberana e Esposa Santíssima, a excelsa Virgem Maria do Monte Carmelo, maternal protetora de todos os necessitados na vida, na morte e no purgatório. Ouvi-me, Senhor, nesta novena que a Ela consagro, e concedei-me o viver e morrer em vossa graça, para vos contemplar e bendizer eternamente na sua gloriosa companhia. Amém.

Ó Maria, Rainha e Formosura do Carmelo, Mãe admirável e bondosa; olhai com carinho para nós vossos filhos, aqui reunidos na vossa presença. Infundi em nossas almas uma fé sempre mais profunda e um amor mais perfeito à Verdade e ao Bem. Revesti o nosso coração com o Santo Escapulário; que ele seja um sinal de salvação e garantia de vossa bênção e proteção. Dai-nos a graça de alcançar a salvação eterna. Amém.

PRIMEIRO DIA: 07 DE JULHO

Maria, Rainha e Formosura do Carmelo, muito antes do vosso nascimento, o grande profeta Elias previu, na misteriosa nuvem que subiu do mar e cobriu o Monte Carmelo, a vossa grandeza de Mãe do Senhor.

Mãe Santa do Carmo, com toda a confiança nos aproximamos de vós. Olhai-nos com ternura e derramai a graça divina em nosso corações. Enriquecei-nos com os dons do Espírito Santo e as virtudes cristãs. Alcançai-nos a graça de nunca vivermos afastados de Deus. 

E agora, Mãe de Jesus, alcançai-nos a graça especial que nesta Novena vos pedimos: (pedir a graça). [Rezar 3 Ave-Marias e Glória ao Pai...]

Seja por todos bendita a Mãe de Deus, Santa Virgem do Carmelo. Sejamos por ela abençoados na Terra e no Céu. Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (LIII)

L

DA RESSURREIÇÃO

Que sucederá depois ou ao mesmo tempo em que o mundo esteja sendo reduzido a cinzas?
Ouvir-se-á, em todos os âmbitos da terra, o som da trombeta de que fala o Apóstolo São Paulo na sua primeira epístola aos Tessalonicenses; à sua voz se levantarão os mortos das suas sepulturas e, por ela chamados, comparecerão na presença do Juiz Supremo que, para julgá-los, descerá do céu sobre nuvens de glória e revestido de soberana majestade (LIXXV, 1)*.

Quais são os que ressuscitarão?
Imediatamente, os que morreram no transcurso do tempo desde o princípio do mundo e, além disso, todos os que se acharem vivos, no momento de Jesus Cristo descer e de soar a trombeta do Juízo final.

Ressuscitarão estes últimos no sentido de passar da morte para a vida?
Sim, senhor; porque, ainda que todos estes acontecimentos sejam instantâneos, como parece indicar São Paulo na primeira epístola aos Coríntios (Cap. XV, v. 51), sucederá que os homens, vivos um momento antes, passarão por uma morte instantânea e imediatamente irão ocupar o lugar que por suas obras lhes corresponda (LXXVIII, 1, 2).

Logo ressuscitarão em estado glorioso os corpos de todos os santos, vindos do céu, saídos do purgatório ou surpreendidos na vida mortal pelos últimos acontecimentos?
Sim, senhor, e todos juntos comparecerão diante da humanidade gloriosa de Jesus Cristo, cuja vinda será a causa da sua ressurreição.

Ressuscitarão os justos com os mesmos corpos que neste mundo tiveram?
Sim, senhor; com a diferença de que então não terão deformidade, nem imperfeição, nem estarão sujeitos a debilidade alguma, mas que, pelo contrário, possuirão qualidades e dotes que os converterão, de certo modo, em espirituais (LXXXI).

Quem será capaz de efetuar tão nobre transformação?
A Onipotência divina que, assim como tirou do nada todos os seres, pode transformá-los à sua vontade.

Quais serão os dotes dos corpos gloriosos?
Os de impassibilidade, subtileza, agilidade e claridade.

Em que consiste a impassibilidade?
No domínio e senhorio absolutos da alma sobre o corpo, em virtude dos quais este, sob a tutela daquela, estará isento e livre de toda debilidade e padecimento LXXXII, 1).

Alcança este dote o mesmo grau de perfeição nos corpos de todos os bem-aventurados?
No sentido de que a nenhum alcançará a dor por falta de submissão da alma, sim, senhor; porém, as faculdades e atribuições senhoriais da alma guardarão proporção com a glória de que desfruta que, por sua vez, depende do grau de intensidade, na visão beatífica (LXXXII, 2).

Se os corpos gloriosos são impassíveis, serão, também insensíveis?
Não, senhor; pois têm uma sensibilidade rara e delicadíssima. Assim os olhos possuirão uma agudeza visual penetrantíssimo, o ouvido finíssima audição e assim os demais sentidos perceberão os objetos próprios e os comuns com uma intensidade e perfeição impossível de compreender nem imaginar, sem que o objeto produza jamais doenças nem ofenda à sensibilidade, limitando-se a cumprir a sua 
missão que é prover de matéria as percepções mais delicadas (LXXXII, 3, 4).

Em que consiste a subtileza dos corpos gloriosos?
No dote mais peregrino que possuir podem, pois, mercê da união e sujeição à alma glorificada, sem perder a sua qualidade de verdadeiros corpos, sem transformar-se em corpos aéreos ou fantásticos, se tornarão puros e etéreos, sem coisa alguma das que agora os fazem toscos e espessos (XXXIII, 1).

Logo, perdem a propriedade física da impenetrabilidade e podem, por consequência, dois ocupar o mesmo lugar ou subtrair-se às condições do espaço e não o ocupar nenhum?
Não, senhor; conservarão todas as dimensões e ocupará cada um o seu próprio lugar (LXXX, 2).

Foi em virtude da subtileza que o corpo glorioso de Cristo penetrou no cenáculo com as portas fechadas?
Não, senhor; mas por virtude divina de Jesus Cristo, e da mesma maneira como nasceu das puríssimas entranhas da Santíssima Virgem, sem destruir a sua virgindade (LXXXIII, 2 ad 1).

Que entendeis por agilidade dos corpos gloriosos?
Um dote que consiste em sujeitá-los tão plena e absolutamente aos impulsos motores da alma, que os obedecerão com uma prontidão e rapidez maravilhosas (LXXXIV, 1).

Utilizarão os santos esta qualidade?
Desde logo se servirão dela para ir ao encontro de Jesus Cristo quando venha a julgar o mundo, e para subir ao céu com Ele. É possível que desde logo empreendam voluntárias e agradáveis excursões, já para exercício de uma qualidade em que tão maravilhosamente resplandece a sabedoria divina, já também para recrear-se, contemplando as belezas e encantos do universo, pregoeiros da glória de Deus (LXXXIV, 3).

É instantâneo o movimento dos corpos gloriosos?
Não, senhor; pois ainda que imperceptível (tal será a sua rapidez), necessita de algum tempo para efetuar-se (LXXXIV, 3).

Que entendeis ao dizer que os corpos gloriosos possuem o dote da claridade?
Que o resplendor das almas glorificadas comunicará e infiltrará nos corpos uma claridade que os tornará luminosos e radiantes como o sol, e transparentes como o mais puro cristal; apesar disso, a luminosidade não apagará as cores naturais; pelo contrário, se amoldará às suas distintas tonalidades para realçá-los, embelezá-los e comunicar-lhes uma formosura mais divina de que humana (LXXXVI, 1).

Possuirão todos os corpos o mesmo grau de claridade?
Não, senhor; porque a claridade dos corpos é o reflexo da alma e, portanto, proporcional ao grau de glória de que esta desfruta. Por isso, querendo São Paulo dar-nos a entender algo destas verdades sublimes, nos disse que serão os corpos gloriosos como os astros do firmamento, entre os quais um é o brilho do sol, outro o da lua e outro o das estrelas, e ainda, umas estrelas diferem das outras em brilho e claridade (l Cor 15, 41).

Logo. o conjunto dos corpos gloriosos, formará um quadro vistosíssimo e de incomparável formosura?
Tão grandioso, sugestivo e embelezador que os mais belos panoramas do céu e da terra não poderão dar-nos dele sequer uma ideia aproximada.

Poderão ver com os olhos carnais a claridade dos corpos gloriosos, aqueles que não possuem a glória?
Sim, senhor; e assim a verão os próprios condenados (LXXXV, 2).

Será facultativo à alma glorificada deixar ver ou ocultar a claridade do seu corpo?
Sim, senhor; porque provém dela e aos seus mandatos se sujeita (LXXXV, 3).

De que idade ressuscitarão os corpos dos justos?
Da que corresponde à plenitude do desenvolvimento e energia vital (LXXXI, 1).

Ressuscitarão no mesmo estado os corpos dos condenados?
Sim, senhor; porém, desprovidos em absoluto das qualidades dos gloriosos (LXXXVI, 1).

Logo, serão corruptíveis?
Não, senhor; porque então terá terminado o reinado da morte e da corrupção (LXXXVI, 2).

Logo serão ao mesmo tempo passiveis e imortais?
Sim, senhor, pois Deus, justiceiro e onipotente, dispôs as coisas de maneira que nenhum agente exterior possa alterá-los e muito menos destruí-los, e que, apesar disso, todos, e particularmente o fogo do inferno, lhes inflijam formidável tormento e dor (LXXXVI, 2, 3).

Em que estado ressuscitarão as crianças mortas sem batismo?
No de inteira perfeição natural, diferenciando-se dos justos, em que não possuirão os dotes do corpo glorioso, e dos condenados, em que jamais experimentarão enfermidades nem dor (Apêndice, 1, 2).

LI

DO JUÍZO FINAL

Depois da ressurreição, comparecerão todos os homens na presença do Juiz Supremo?
Sim, senhor (XXXIX, 5).

De que forma se apresentará o Juiz?
Aparecerá a sua humanidade sacratíssima revestida da glória e majestade a que lhe dá direito a sua união pessoal com o Verbo, e o triunfo alcançado sobre os poderes do mal (XC, 1, 2).

Verão todos os homens a glória do Redentor quando aparecer para julgá-los?
Sim, senhor (Ibid).

Verão também todos a sua glória como Deus?
Somente a verão os eleitos (XC, 3).

Serão julgados quantos comparecerem na presença do Juiz?
Não, senhor; somente serão submetidos a Juízo os que neste mundo tiveram uso de razão.

E os que não o tiveram?
Não serão julgados, e se, como os demais, são conduzidos ao tribunal divino, vão ali para ver e admirar a glória de Cristo, e a tremenda justiça e absoluta imparcialidade dos juízos de Deus (LXXXIX, 5 ad 3).

Logo, serão julgados, absolutamente, todos os homens que neste mundo foram senhores dos seus atos?
Se por juízo entendemos a separação entre os bons e os maus e a colocação dos primeiros à direita do Juiz, para ouvirem como os convida a tomar posse do reino dos céus, e dos segundos à esquerda para escutarem a sentença de eterna condenação, sim, senhor; porém, se por juízo entendemos o processo, e pública e convincente demonstração do mal obrar, somente os réprobos serão julgados (LXXXIX, 6,7).

Produzirá nos réprobos grande confusão e vergonha o ver como se descobrem e publicam à face dos céus e da terra os seus crimes e pecados?
Isso lhes causará confusão suprema e tortura horrível porque, no fundo de todo pecado, principalmente se é grave, aninha-se o mais inconfessável orgulho, e naquele tremendo dia passarão pela vergonha de presenciar como o Juiz Supremo, a cujo olhar nada se oculta, põe a descoberto os seus atos, projetos e maquinações, e os segredos mais ocultos do seu orgulho e soberba, pai de todos os vícios e pecados.

Logo, no dia do Juízo, se publicarão à face do mundo inteiro quantos atos reprováveis fizeram durante a sua vida?
Sim, senhor; ali se publicarão os pecados da vida privada, os cometidos como membros da família e da sociedade, conjuntamente com as consequências mais ou menos lamentáveis que de sua intervenção nos negócios públicos se tivessem seguido, quer seja no exercício do poder ou por meio da palavra falada ou escrita; e quanto mais neste mundo tivessem colhido louros, alcançado mais favor público e obtido maiores triunfos, mercê das intrigas dos inimigos de Deus, de Cristo e da sua Igreja, mais esmagados se sentirão, sob o peso da reprovação universal (LXXXVIII 1,2, 3).

De que mais se servirá Deus para por as suas vidas no conhecimento do mundo inteiro?
Da própria ilustração e iluminação do Juízo particular, com a diferença de que nesta assembléia, única em que se acharão presentes quantos homens existiram desde o princípio até ao fim do mundo, não somente verá cada um a sua própria consciência, mas também a de todos os outros (Ibid).

Logo, também estará patente aos olhos de todos a consciência dos justos?
Sim, senhor; e isso constituirá a mais consoladora e sublime compensação da sua humildade e voluntário obscurecimento na terra, porque só então se realizará plenamente a promessa de Jesus Cristo no Evangelho: 'o que se exalta será humilhado, o que se humilha será exaltado' (LXXXIX, 6).

Podemos dizer que não se discutirão as ações dos justos, e, neste sentido, que não serão julgados?
Tratando-se daqueles cuja vida é inteiramente santa e sem mistura notável do mal, como a dos que, olhando as vaidades do mundo, põem todo o seu afã em servir a Deus, sim, senhor; porém, quanto aos outros, isto é, aqueles que, sem amarem as criaturas mais do que a Deus até ao extremo de perdê-lo, viveram afeiçoados às coisas do mundo e com elas mais ou menos transigiram, verão expostas diante dos olhos dos demais as duas facetas de sua vida com o fim de que todos contemplem a preeminência do bem sobre o mal, pois assim o requer a escrupulosidade do Juízo divino (Ibid).

Logo, publicar-se-ão todas as suas faltas, apesar do arrependimento e da penitência?
Sim, senhor, pela razão referida; porém esta manifestação, em vez de ser para eles vergonhosa, será motivo de glória, pois conjuntamente com a culpa se publicará a penitência, e tanto maior será a satisfação, quanto mais a penitência tenha sido fervorosa e generosa (LXXXVII, 2 ad 3).

Haverá justos que, em lugar de réus, serão juízes, e como tais tomarão assento com o Juiz supremo?
Sim, senhor; os que, a exemplo dos Apóstolos, abandonaram tudo para seguir a Cristo, e cuja vida foi, poderemos dizer, a perfeição evangélica encarnada e viva (LXXXIX, 1, 2).

Naquele dia serão juízes também os anjos do Senhor?
Não, senhor; porque os adjuntos daquele tribunal devem ser semelhantes ao Juiz, e este será o Verbo divino enquanto homem. Logo, só os homens podem ser seus assistentes (LXXXIX, 7).

Se não são Juízes serão réus?
Propriamente também não, porque o juízo da sua causa se celebrou no princípio do mundo, quando os que permaneceram fiéis entravam na glória, e os rebeldes foram precipitados no inferno. Sem embargo disso, atenta a parte que os anjos bons tomam na santificação dos justos e considerados os obstáculos e tropeços que lhes põem os maus, encontram-se indiretamente envoltos no Juízo, os primeiros para receberem um prêmio acidental, e os segundos, um aumento de pena e suplícios (LXXXIX, 3).

Como terminará o Juízo final?
Com o Juiz pronunciando a sentença definitiva.

Sabeis qual será?
Sim, senhor; pois Ele mesmo a revelou.

Quais serão os seus termos?
Ei-los aqui como se leem no Evangelho: 'Então dirá o Rei aos que estão à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde a formação do mundo. E dirá aos que se acham à sua esquerda: Ide, malditos, ao fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos.

Qual será o efeito desta sentença?
Que 'os maus irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna'.

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular)