
sábado, 4 de abril de 2020
DA VIDA ESPIRITUAL (103)

sexta-feira, 3 de abril de 2020
MEDITAÇÕES PARA A QUINTA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA
I - A Cruz nos ensina a olhar com vivo interesse tudo o que envolve o nosso próximo
De fato, a Cruz nos mostra: (i) o nosso próximo, qualquer que seja ele, é um homem que é tão amado por Jesus Cristo que, para salvá-lo, desceu do céu à terra, se fez homem, deu seu sangue, sua honra, sua liberdade e sua vida e se identificou com cada filho de Adão ao dizer: 'tudo o que fizerdes ao menor dos teus irmãos é a Mim que o fazeis e tudo que recusardes a ele, é a Mim que o recusais'. Segue-se, pois, ser evidente, sob pena de ofender a Nosso Senhor Jesus Cristo, que é nosso dever olhar com vivo interesse tudo o que envolve o nosso próximo: sua saúde, sua reputação, sua honra, suas alegrias, suas tristezas, suas conquistas e revezes de fortuna. Ser indiferente aos interesses de uma pessoa tão querida por Nosso Senhor; ofendê-la, humilhá-la, prejudicá-la ou escandalizá-la é ofender a Jesus Cristo no mais íntimo do ser. Todos os interesses do nosso próximo nos devem ser tão caros como os de Jesus Cristo. Devemos nos sentir felizes e honrados por tudo que pudermos fazer para servi-los, aproveitando com amor todas as ocasiões propícias para isso.
(ii) a Cruz nos ensina até onde devemos levar o nosso zelo para a salvação dos outros porque, se Jesus Cristo, na véspera de sua morte, nos mandou amar uns aos outros como Ele mesmo nos amou, a cruz é como o sinal deste preceito, que nos ensina como devemos estar prontos para todos os sacrifícios em favor do bem do próximo; a sofrer tudo dos outros sem fazer ninguém sofrer: a suportar todas as dificuldades e temperamentos e, de acordo com as circunstâncias, a nos imolar por inteiro para a felicidade dos nossos irmãos, pois até a este extremo Jesus Crucificado nos amou. Pensemos agora sobre nós mesmos. Quantas ações temos recusado ao nosso próximo e que podíamos ter feito? Quantas vezes, as suas angústias, que poderiam ter sido desfeitas com um bom conselho, um empréstimo ou outra ação qualquer, que nos teriam custado muito pouco, foram ignoradas por nós por puro egoísmo e sem nenhuma preocupação de nossa parte? Quão distantes estamos de amarmos os nossos irmãos como Cristo nos ama!
II - a Cruz nos ensina a nos despojar de todo espírito de egoísmo
Até a vinda de Jesus Cristo ao mundo, não se sabia viver a não ser para si mesmo. Adquirir prazeres, riquezas e glória e alijar se si a pobreza, as dores e as humilhações, era o propósito de todo o gênero humano. Jesus Cristo se mostrou ao mundo, propondo do alto da cruz um novo modelo para os homens: 'Aprendei de Mim a esquecer-vos do vós mesmos; a despojar-vos do pérfido egoísmo que vos tornam indiferentes à desgraça alheia, contanto que possais estar bem; que vos persuadem a ter sempre mais, acumulando os falsos bens da terra, muitas vezes em detrimento dos outros e menosprezando a vida dos que padecem anonimamente e rejeitando as suas privações. Vede: Eu sou o Filho amado de Deus e, mesmo assim, estou pobre e vergado sob dores e humilhações. Por acaso, se a riqueza e a abundância, o prazer e a glória fossem bens verdadeiros, Deus, meu Pai, não os teriam dado a Mim? Se a pobreza, a humilhação e os sofrimentos fossem maus, Ele teria feito deles a minha herança? Aprendei de mim que tudo que é passageiro não vale nada; que tudo é vaidade, menos servir e amar a Deus'.
Estas verdades sublimes, nascidas no Calvário há vinte séculos, mudaram a face do mundo e inspiraram milhares de almas aos sentimentos mais nobres, aos sacrifícios mais generosos para o bem da religião e da sociedade e a se desapegarem de tudo por amor a Cruz; a abraçarem uma vida austera para se entregarem mais plenamente a Deus; a suportarem as perseguições com alegria e a rejubilarem-se por terem sido consideradas dignas de sofrer por Jesus Cristo. Assim, a Cruz libertou o mundo do egoísmo, substituindo-o pela caridade, com seus heroicos sacrifícios. Quem não compreender estas verdades não tem senão uma falsa virtude, uma aparência de devoção, com um arraigado amor a si mesmo, condescendência por seus gostos e prazeres, uma dissipação e amor ao mundo e às suas vaidades: estado este pior do que os grandes vícios que, pelo menos, evocam arrependimento, enquanto que esta falsa devoção entorpece a alma com uma firmeza que a conduz à morte. Será que não estamos no número daqueles que não compreendem esta grande lição da Cruz: 'Morte ao egoísmo'?
(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II, tradução do autor do blog).
(hoje é dia de indulgência plenária pela Igreja)
quinta-feira, 2 de abril de 2020
02 DE ABRIL - SÃO FRANCISCO DE PAULA
O grande santo das curas prodigiosas, São Francisco de Paula nasceu na Calábria/Itália em 1416. Analfabeto, místico e profético, tornou-se o 'eremita da caridade' e fundou a Ordem dos Mínimos (formada por aqueles que deveriam ser os menores dos servos de Cristo).
São Francisco de Paula tinha, entre as suas devoções particulares, o culto ao mistério da Santíssima Trindade, à Anunciação da Virgem e à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Faleceu na Sexta-feira Santa do ano de 1507 (02/04/1507), aos 91 anos de idade. Foi canonizado pelo Papa Leão X em 1518. Em 1562, durante as Guerras de Religião na Europa, os protestantes calvinistas invadiram o convento de Plessis, na França e daí retiraram do sepulcro o corpo ainda incorrupto do santo e o queimaram em seguida; por esta razão, diz-se que São Francisco de Paula foi martirizado depois da morte.
Dotado de poderes sobrenaturais, curou muitas doenças e realizou milagres extraordinários. Além da levitação e da graça da maternidade que concedeu a muitas mulheres estéreis, promoveu a ressuscitação de várias pessoas: seu sobrinho Nicolas, um malfeitor que havia sido morto por enforcamento e, por duas vezes, de um homem chamado Tomás de Yvre, morto em acidentes distintos durante a construção de um convento da cidade de Paterne, na França.
Dotado de poderes sobrenaturais, curou muitas doenças e realizou milagres extraordinários. Além da levitação e da graça da maternidade que concedeu a muitas mulheres estéreis, promoveu a ressuscitação de várias pessoas: seu sobrinho Nicolas, um malfeitor que havia sido morto por enforcamento e, por duas vezes, de um homem chamado Tomás de Yvre, morto em acidentes distintos durante a construção de um convento da cidade de Paterne, na França.
ORAÇÃO A SÃO FRANCISCO DE PAULA
Ó glorioso São Francisco de Paula que tanto vos aprofundastes na humildade, único alicerce de todas as virtudes, alcançando através dela um grande prestígio junto de Deus, a tal ponto de jamais lhe terdes pedido graça alguma que prontamente não vos fosse concedida.
Aqui venho aos vossos pés para suplicar-vos. Extinga do meu coração todo afeto de soberba e vaidade e em seu lugar floresçam os preciosos frutos da humildade para que possa ser verdadeiro devoto e imitador vosso e merecer o grande patrocínio que, de vossa eficaz intercessão, espero e rogo me alcanceis de Deus a graça de que tanto necessito, não sendo contra a vontade do Altíssimo. Amém.
quarta-feira, 1 de abril de 2020
CRUCIFIXO MILAGROSO: A OUTRA HISTÓRIA
O chamado 'crucifixo milagroso' consiste em uma escultura de madeira segundo o padrão da Escola Sienese do século XIV e atualmente exposto em uma capela lateral da Igreja de San Marcello al Corso, dedicada ao papa Marcelo I (papa e mártir da Igreja no período 308-309, num pontificado de apenas 7 meses) e localizada na chamada Via del Corso, uma das principais ruas urbanas do centro da cidade de Roma. Os restos mortais do papa Marcelo I, bem como de outros santos, encontram-se sob o altar-mor desta igreja. Em 22 de maio de 1519, um incêndio destruiu completamente a igreja e, além das paredes externas, o único artefato que sobreviveu foi o crucifixo de madeira do século XIV, que agora se encontra na Capela do Crucifixo, anexo da igreja.
(interior da Igreja de San Marcello al Corso)
Neste contexto, o crucifixo foi conduzido em procissão pelas ruas de Roma por 16 dias, entre 4 e 20 de agosto de 1522, para proteção da cidade contra a Grande Peste. As autoridades, temendo o contágio, tentaram impedir a procissão religiosa, mas o povo ignorou a proibição e, milagrosamente, a epidemia foi sanada após as procissões. Desde então, a procissão do 'crucifixo milagroso' foi perpetuada pelos séculos e é sempre renovada a cada ano, durante a Quinta-feira Santa, num trajeto que se estende desde a igreja de San Marcello al Corso até a Basílica de São Pedro.
Em algumas ocasiões especiais, o 'crucifixo milagroso' é retirado da capela. Em 1600, foi levado à Basílica de São Pedro para o jubileu proposto pelo papa Inocente X. Durante a quaresma do Grande Jubileu de 2000, o crucifixo foi exposto no Altar da Confissão na Basílica de São Pedro e o papa São João Paulo II celebrou o 'Dia do Perdão' diante da cruz milagrosa. E, agora, no dia 27 de março passado, foi novamente exposto publicamente durante as cerimônias da bênção eucarística Urbi et Orbi, proclamada pelo papa Francisco na Praça de São Pedro.
Houve um grave porém desta vez. A escultura de madeira antiga ficou exposta à chuva, sem quaisquer proteções especiais, por mais de duas horas durante o evento, fato que causou severos danos à relíquia, com a infiltração da umidade, escorrimento da água pela escultura e consequente perda de parte considerável dos pigmentos e da pintura original. Infelizmente, em nome da encenação marcante, o crucifixo permaneceu exposto às intempéries, ao contrário dos cuidados aplicados ao ícone bizantino de Salus Populi Romani (imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus, como 'Protetora do Povo Romano', que foi objeto recente de uma restauração impecável - veja vídeo abaixo), também utilizado no evento com o papa Francisco, mas devidamente confinado em moldura estanque de alta tecnologia e sob controle rígido de temperatura interna.
Após a constatação dos problemas, a escultura de madeira do crucifixo foi levada aos laboratórios do Vaticano para avaliação dos danos e início imediato das tarefas de restauração e reconstrução da obra de arte e da relíquia milagrosa por equipe técnica de vários especialistas e por tempo indeterminado.
(restauração do ícone bizantino Salus Populi Romani)
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