quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

LUZ NAS TREVAS DA HERESIA PROTESTANTE (VIII)

Quarta Objeção* do crente: apresentar um texto das Sagradas Escrituras que prove que os ministros de Deus não devem se casar.

Passemos à quarta objeção que nos atiram os maninhos de Lutero, julgando eles ser uma pedra formidável, capaz de esmagar um romano. Infelizmente a pedra não passa de uma formidável peta [no sentido de blefe], que mostra apenas a ignorância e a falta de bom senso do seu autor. O tal crente pede-me um texto que prove que os ministros da religião não devem se casar.

O negócio é sério. Parece que o crente quer servir de padrinho ou de escrivão de casamento, querendo casar até quem nem a noiva conhece. O homem é um perigo! O crente pede apenas 'um texto'. Vou servir-lhes uns vinte pelo menos: textos da Sagrada Escritura, do bom senso, da conveniência. Se não ficar convencido depois, não será por falta de textos, mas falta de 'cabeça'.

I. Prova de bom senso

Comecemos pelo bom senso, que é a grande bússola da humanidade, dos protestantes e dos católicos.
Pois bem, o bom senso nos diz que o homem é livre de se casar ou ficar celibatário. É ou não é verdade, amigo crente? Isso depende da vontade de cada um (1 Cor 7,37). De sorte, continua São Paulo, que quem dá a sua filha em casamento, fez bem; mas quem não a dá, faz melhor (1 Cor 7,38). Casa, pois, quem quer e quem pode, pois é preciso serem dois. Se pois existe tal liberdade, por que os padres não gozariam dela? Quem disse ao amigo crente que os padres têm tanta vontade de se casar?Eu, por mim, sei que nem tenho, nem nunca tive!

O sacerdócio católico não é obrigação para ninguém. A Igreja não obriga ninguém a ser padre. O estado eclesiástico deve ser livremente escolhido. Aqueles que o escolhem é, pois, de espontânea vontade que o fazem, sujeitando-se aos sacrifícios que ele exige. É somente depois de uns 12 anos de estudo que a Igreja exige o voto de castidade, podendo o candidato recuar ou continuar à vontade. Tudo isso é simples como o dia. Há muitos homens e moças que não se casam por interesse ou por medo ou falta de inclinação; e esta liberdade seria recusada ao sacerdote? Está, pois, claro, amigo crente; o padre não casa porque prefere consagrar a Deus a sua vida, o seu coração e o seu corpo.

Ninguém pode contestar-lhe esta liberdade, nem dizer que faz mal, pois segue o conselho de São Paulo, que os protestantes não têm coragem de seguir: 'Digo, porém, aos solteiros e às viúvas que lhes é bom ficarem como eu' (1 Cor 7,8). 'Cada um fique na vocação a que foi chamado' (1 Cor 7, 24). 'O solteiro cuida das coisas do Senhor, mas o que é casado, das coisas do mundo' (1 Cor 7, 32-33). 'Porém será mais feliz se ficar assim como eu; e também eu penso ter o espírito de Deus' (1 Cor 7,40). Eis o que diz o bom senso, apoiado sobre a Sagrada Escritura. Casar é bom; não casar é melhor.

O padre católico escolhe o que há de melhor e o pastor protestante o que há de pior, como diz São Paulo. Qual dos dois age melhor e mais acertadamente? Consulte o bom senso e São Paulo no capítulo 7 da primeira epístola aos coríntios. Ele não era protestante, mas uma das colunas da Igreja Católica Romana e, como tal, era celibatário, como o são ainda hoje todos os sacerdotes católicos.

II. O exemplo de Cristo

Vamos, amigo protestante, temos de percorrer ainda muitos textos. Citei apenas os textos do bom senso, apoiado sobre textos de São Paulo. Vamos agora ver um pouco de perto o próprio Evangelho e, no Evangelho, o exemplo do grande modelo que é Cristo. Dize lá, se é bom ou ruim seguir o exemplo e as pisadas de Cristo? Se é ruim, então o amigo lance a sua bíblia ao fogo! Se é bom, o amigo verificará que teve a língua comprida demais e a inteligência por demais curta.

Apenas uma pergunta: Jesus era casado ou não? Não o era. É, pois, permitido ficar celibatário e guardar a castidade. Deve até ser muito melhor que o contrário, pois sendo Deus, Jesus deve ter escolhido o que havia de mais perfeito. Jesus era celibatário, era virgem, era a pureza perfeita. O sacerdote católico, que é o seu ministro, procura, o melhor possível, imitar o seu modelo divino – procura ser puro, casto, virgem, e por isso fica celibatário – ama a todos em Deus, e não quer ser amado por ninguém, fora de Deus.

Os pastores protestantes, que se gabam de seguir em tudo a bíblia, afastam-se aqui, aliás como no resto, dos exemplos do Cristo. Em vez de andarem separados de tudo, só andam acompanhados de (uma ou mais) 'pastoras' e de uma fila de 'pastorinhos' e 'pastorinhas'. Eu acho isso pouco evangélico, e pouco digno de um 'ministro' do culto, de um 'eleito', de um crente que já está salvo! Isto está tão longe dos exemplos daquele que disse: 'Eu vos darei o exemplo para que façais como eu fiz' (Jo 13,15). Está bem longe do conselho de São Paulo: 'Sede os imitadores de Deus como filhos queridos' (Ef 5,1). Note bem, querido crente: Jesus não tinha mulher, nem filhos carnais. Era virgem, enquanto certos ministros bíblicos andam cercados de prole legítima e não legítima; mas cala-te, minha pena, isso não se diz. Quem tem razão, Jesus ou o pastor protestante?

III. O exemplo dos Apóstolos

Não somente Jesus era celibatário, mas todos os apóstolos o eram. Os apóstolos são os primeiros sacerdotes, os primeiros bispos, ou ministros do culto. Havia entre eles viúvos, até talvez casados, que, de mútuo consenso, deixaram a mulher para seguir o divino Mestre, conforme o conselho deste último: 'Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga' (Mt 16,24) e ainda: 'Se quiseres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá o valor aos pobres' (Mt 19,21).

Cristo fala só em renúncia, cruzes e desprendimento; e nunca em mulher e filhos! Quem sabe se o suave crente não interpreta este texto, dizendo que a cruz que eles devem carregar é a mulher ou os filhos! Sendo assim, ele tem razão, e segue o Mestre carregando a mulher e os filhos nas costas. Que cruz, de fato, para um pastor protestante! São Pedro não o entendia assim e isso apesar de ter sogra, nem sequer perguntou a Jesus: 'Que hei de fazer com minha sogra, mulher e filhos?' Nada disso! Exclama bem alto:' Eis que nós deixamos tudo e te seguimos, qual será o nosso galardão?' (Mt 19,27). E Cristo respondeu: 'Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos ou irmãs, pai ou mãe, mulher ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá o cêntuplo e a vida eterna' (Mt 19,29).

Que bomba, meu caro protestante! O divino Mestre aconselha a deixar tudo, até a mulheres, filhos, por amor dele; e São Pedro o faz, enquanto os ministros protestantes procuram antes de tudo a mulher. O sacerdote católico imita São Pedro, enquanto o pastor bíblico imita Lutero. Onde estará a verdade? E qual dos dois segue melhor os ensinamentos de Cristo? Pobre homem, por que foste meter-te em um tal cipoal? Em parte nenhuma do Evangelho se encontra que o ministro do culto deve casar-se; ao contrário, só se encontram conselhos de não o fazer.

Verdade é que o ministro protestante nada tem de sacerdócio, e nenhuma missão, nenhuma autoridade tem. Ontem negociante ou roceiro, vira de repente pastor; ontem tolo e sem letras, torna-se hoje ilustrado e iluminado. Em tais casos pode casar-se; é o seu direito e é bom até que case para não queimar, como diz S. Paulo (I Cor 7,9), porém é bom que se cale então e não lance a pedra ao sacerdócio católico, que faz o que ele não sabe fazer. 'É bom que o homem não toque mulher', diz o apóstolo (I Cor 7,1), com maior razão aquele que deve ser o modelo, o conselheiro e o guia dos homens: o sacerdote.

Tudo isso é tão claro e tão simples que se fica admirado de um homem que só jura pela Bíblia não ter lido e meditado isso cem vezes. Abra os olhos, caro protestante, seja bastante franco para confessar que está fora da verdade, longe da verdade, e completamente afastado da sua Bíblia, ou melhor, da nossa Bíblia, pois a Bíblia é da Igreja Católica e não dos protestantes, que só deveriam inspirar-se nos escritos do seu pai Lutero.

IV. O conselho de Cristo

O amigo protestante quer mais textos ainda? Pode ler por inteiro o capítulo 7 da I epístola de São Paulo aos coríntios. Também São Mateus tem trechos admiráveis e em nada protestantes (Mt 19, 10-20). É o próprio Cristo que fala e responde aos discípulos e diz que 'não convém casar'. Não são todos que compreendem esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado (Mt, 19,11). Pois bem, isso é dado ao sacerdote católico e não é dado ao pastor protestante; prova de que Jesus Cristo dá graças ao sacerdote que ele não dá ao tal pastor.

O padre católico ama a Deus, sem dividir o seu coração com a mulher; o pastor ama a sua pastora e as suas pastorinhas, de coração dividido, onde Deus nada tem. O padre católico procura agradar a Deus e o pastor protestante procura agradar à sua pastora. Repito-o: como homem particular, o amigo protestante tem este direito; porém como 'pastor' afasta-se do conselho do Mestre. Mas continuemos o nosso estudo. Até agora provei que o sacerdote pode ficar celibatário; que faz bem ficando assim, que segue os conselhos de Jesus Cristo e anda nas pisadas do Mestre divino.

Será o bastante, entretanto quero dizer mais, para convencer plenamente meu bom crente, caso ele busque sinceramente a luz e a verdade. O celibato é de conselho, não de preceito, senão o matrimônio seria um pecado, o que é falso; sendo um sacramento instituído por Jesus Cristo e por ele santificado na ocasião das núpcias de Caná. É o que fazia dizer a São Paulo: 'Este sacramento é grande em Jesus Cristo e na Igreja' (Ef 10, 32). Texto que de novo é a condenação dos protestantes que se contentam com o contrato civil, vivendo deste modo amasiados.

Para o sacerdote, o celibato ou castidade, não é simples 'conselho', mas um preceito eclesiástico. A Igreja é uma sociedade de fiéis; em toda sociedade deve haver um chefe, um governo que tenha autoridade e poder para formular leis diretivas para essa sociedade. Aqui, de novo, o protestantismo está fora de toda lei: quer formar uma sociedade sem chefe, um corpo sem cabeça. Pois bem, o papa, chefe da Igreja católica, apoiado sobre os exemplos e conselhos de Jesus Cristo e dos apóstolos, formulou a lei que os sacerdotes não podem mais casar-se e, se foram casados antes de receber as ordens sacras, não podem mais fazer uso do matrimônio.

Eis a lei que vigora na Igreja Católica. Esta lei existe desde Jesus Cristo e os apóstolos e desde os primeiros séculos se faz menção dessa obrigação. Tertuliano, que faleceu pelo ano de 222, diz que os clérigos são celibatários voluntários. Eis a lei do celibato, caro protestante. Se o amigo for sincero, deve confessar que é uma grande e bela instituição, derivada do exemplo do próprio Cristo e seguida por todos os sacerdotes, desde os apóstolos até nossos dias.

V. Outra objeção protestante

Para provar que o padre devia casar-se, os amigos protestantes encontraram em São Paulo um texto que lhe serve de cavalo de batalha. Com a liberdade de interpretação individual, é claro que um texto pode ser interpretado diversamente, e até às vezes receber explicações diametralmente opostas. O tal cavalo-de-batalha é o seguinte conselho de São Paulo a Timóteo: 'Se alguém deseja o episcopado, deseja uma boa obra. Importa que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, sóbrio, prudente, conciliador, modesto, hospitaleiro, capaz de ensinar' (I Tim 3, 1-2).

Eis a prova protestante de que o padre queira ou não queira, deve casar-se. Mas, diga-me, caro crente, como é que Cristo, que deixou a cada um a liberdade de casar-se ou de ficar celibatário, recusa este direito ao padre? E que prova tal texto? Prova que o celibato não é de obrigação divina, mas sim de conselho. O Apóstolo não diz: 'É prescrito que o bispo seja casado'; mas diz: 'Sendo ele casado, deve sê-lo com uma mulher só, excluindo deste modo a tal bigamia pública ou oculta'. E esta última é infelizmente demais conhecida.

Ora, nunca a Igreja ensinou que o celibato era de ordem divina, mas sim de ordem eclesiástica. O padre deve ser o pai espiritual de todos e, para isso, não deve ser o pai carnal de ninguém. O padre deve ocupar-se das crianças dos outros para instruí-las, e para isso não deve ter filhos próprios. O padre deve ser o conselheiro e o confidente de todos, e para isso deve viver independente de todos e de tudo. Para tudo isso, o padre deve poder dispor do seu tempo, o que não poderia fazer, se tivesse mulher ou filhos. O padre deve viver para a Igreja e para a religião, e não para a mulher e filhos.

O famoso texto de São Paulo, longe de contradizer, confirma a doutrina exposta e mostra o que sempre temos repetido: que o celibato não foi exigido por Cristo; porém foi aconselhado, pela palavra e pelo exemplo, deixando Jesus Cristo à sua Igreja o cuidado de regular estes pormenores, conforme os tempos e os lugares. É o bastante, pois a Igreja, assistida pelo Espírito Santo, faz o que Deus lhe inspira, pois é infalível em suas decisões dogmáticas e morais: 'Quem vos escuta, escuta a mim e quem voz despreza, despreza a mim', disse Cristo (Lc 10,16).

VI. Católicos e protestantes 

Como tudo isso está infinitamente acima dos exemplos dos lúbricos fundadores do protestantismo! Lutero com suas três raparigas; Zwinglio com sua libertinagem; Calvino condenado por crime torpe, marcado nas costas com ferro em brasa, sinal de extrema infâmia; Henrique VIII degolando as suas seis mulheres – mostram bastante o que é o protestantismo: uma escola de devassidão e de revolta. Pode haver protestantes bons; mas, neste caso, valem mais do que a religião que professam; enquanto o católico que praticasse completamente a religião seria um santo.

Eis confrontados os dois mistérios: o catolicismo e o protestantismo. O sacerdote católico, seguindo os conselhos e os exemplos de Cristo e dos apóstolos, renunciando à família e ao conforto do lar, para consagrar-se ao serviço de Deus, e o pastor protestante, casado, cercado de filhos e procurando deixar uma pequena fortuna para eles, não praticando nenhuma das grandes virtudes, tão aconselhadas por Cristo a seus apóstolos, que são os primeiros sacerdotes e cujos exemplos devem servir de norma a todos os sacerdotes.

E os protestantes tem a ousadia de lançar pedras ao sacerdócio católico, pedindo-lhe textos que provem que não se devem casar. Pobre gente! Tanta ignorância supina e tanto fanatismo cego! Seria melhor buscar textos que provem que Lutero, Zwinglio, Calvino e Henrique VIII, os pais do protestantismo, não são sujeitos libertinos, sem compostura e sem moral. Tais textos serviriam, pelo menos, para lavar a mancha negra que macula o berço da reforma e a aponta a todas as gerações como uma obra imunda e revoltante. Se um protestante conhecesse a sua seita, a sua origem, a sua história, gritaria como os réprobos do juízo final: 'Montanhas, caí sobre nós, e outeiros, encobrí-nos' (Lc 19,40).

* Esta 'objeção' foi proposta por 'um crente' como um desafio público ao Pe. Júlio Maria e que foi tornado público durante as festas marianas de 1928 em Manhumirim, o que levou às refutações imediatas do sacerdote, e mais tarde, mediante a inclusão de respostas mais abrangentes e detalhadas, na publicação da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', ora republicada em partes neste blog.

(Excertos da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', do Pe. Júlio Maria de Lombaerde)


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

PALAVRAS DE SALVAÇÃO



'Se pudéssemos ver os fios sutis com que a Providência urde a tela de nossa vida, apoderar-se-iam de nós sentimentos de gratidão e amor para com nosso bom Pai celestial e, deixando nas suas mãos todo o cuidado sobre o nosso futuro, contentar-nos-íamos de ser a pequena lançadeira que doce e calmamente desliza entre os fios da urdidura divina'. 

(Santo Antão)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

ORAÇÃO PELOS MEUS FILHOS

Senhor, eu Vos suplico neste dia pela santificação de meus filhos: (... nomes). Que cada um deles possa Vos contemplar com imensa ternura, respeito e amor. Que eles, neste dia, possam Vos oferecer suas vidas, suas vontades, seus pensamentos, suas alegrias e tristezas, suas pequenas e grandes vitórias, suas limitações e incômodos, suas lutas e dores deste dia.

Que eles não passem, Senhor, este dia, sem pensarem em Vós; sem Vos louvar e agradecer por mais um dia, sem rezar, sem compartilhar convosco a imensa graça de sermos cristãos. Que eles se alegrem e se rejubilem com a sua fé, com as suas convicções, com um extremado amor pela Santa Igreja, pelo Papa e por todos os homens. Que, neste dia, nenhum deles seja tocado pelos vírus do preconceito e do egoísmo; que eles sejam sempre instrumentos do Vosso amor entre os homens.

Senhor, que eles vivam mais como Vossos filhos do que como meus filhos. Cada um deles confio à Vossa proteção e à Vossa misericórdia; que eles aprendam a confiar e recorrer sempre em Vossa infinita misericórdia de Pai. E eu, como um(a) pequeno(a) pai (mãe), possa ser um guia e um exemplo para eles nesta caminhada diária para Vós. Que eles e Vós me perdoeis quando minhas limitações e minha imensa fragilidade humana me desviarem por algum momento deste caminho.

Meu Senhor e meu Deus, tomai em Vossas santas mãos as mãos dos meus filhos e, pela intercessão de Nossa Senhora, São José e dos seus anjos da guarda, guardai-os e protegei-os de todos os males e pecados deste mundo. E que, pela Vossa infinita misericórdia, todos nós possamos estar reunidos, um dia, diante de Vós por toda a eternidade. E, assim, Senhor, que todos os meus filhos possam continuar sendo meus e Vossos filhos na glória do céu. Amém. 

(Arcos de Pilares)

FOTO DA SEMANA

'O Senhor do alto do céu observa os filhos dos homens para ver se acaso existe alguém sensato que busque a Deus' (Sl 13,2)

domingo, 12 de fevereiro de 2017

'E EU VOS DIGO...'

Páginas do Evangelho - Sexto Domingo do Tempo Comum



Nas palavras: 'Em verdade, Eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra' (Mt 5, 18), Jesus proclama que a Boa Nova do Evangelho trazida à humanidade, como instrumento de resgate e não de abolição à Antiga Lei, está fundada na Verdade Absoluta, imutável no espaço e no tempo, desde os nossos primeiros pais até o último homem da face da terra. O pecado é o mesmo ontem e hoje, e os Dez Mandamentos modelam a história humana na dimensão divina.

A plenitude do exercício do Decálogo é a via de santificação perfeita. O Céu é uma porta aberta para os que se consomem e se alimentam da Verdade de Cristo, emanada da vivência profunda dos valores do Evangelho e não apenas sedimentados no alicerce frágil das exterioridades enormes da antiga Lei Mosaica: 'Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus' (Mt 5, 20). Nesta contextualização, Jesus vai passar dos conceitos formais expressos por 'vós ouvistes...' às premissas mais abrangentes da Nova Lei: 'e eu vos digo...' Assim, do pecado gravíssimo do homicídio formal, Jesus anuncia que na própria ira contra o próximo já se manifesta a gravidade do pecado. O pecado do adultério não se restringe ao ato consumado e definitivo, que era castigado com a morte, mas é igualmente perverso no desejo; o juramento falso é um ato abominável, mas é igualmente pecaminoso o simples juramento sobre qualquer coisa.

Jesus exorta, em todas estas passagens, a se cumprir, em tudo e para todos, a santificação em plenitude, traduzida na observância radical dos seus Mandamentos e na fuga da ocasião de pecado por todos os meios disponíveis, pelos mais extremos possíveis: 'Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno' (Mt 5, 29 - 30).

Não ceder ao pecado sob concessão alguma. Não afrontar a graça divina por nenhum propósito humano. A verdadeira santificação exige, portanto, vigilância extrema e oração constante. A superação da fragilidade de nossas limitações implica decisões claras e firmes em favor da pureza evangélica e aos ditames de Cristo, nosso Divino Mestre: 'Seja o vosso ‘sim’: ‘Sim’, e o vosso ‘não’: ‘Não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno' (Mt 4, 37).

sábado, 11 de fevereiro de 2017

BREVIÁRIO DIGITAL - AS VISÕES DE TONDAL (III)

A experiência além da morte de uma alma medieval percorrendo o Céu, o Inferno e o Purgatório, guiada pelo seu Anjo da Guarda.

VISÕES DE TONDAL - PARTE III


Atravessando a escuridão infernal, o anjo e a alma de Tondal chegam diante uma estrutura gigantesca em forma de um forno incandescente, tão alto quanto uma montanha. Do fogo emergem as almas dos condenados, que são espetados e desmembrados por demônios e lançados de volta à fornalha ardente. Nesta prisão de fogo indescritível, encontram-se as almas dos glutões, dos pervertidos e dos fornicadores. Cada alma ali padece horrivelmente de tormentos específicos em sua genitália. A alma de Tondal é severamente advertida que este será o seu destino final se não mudar radicalmente a sua vida de pecados.


Na parte do inferno reservada aos ladrões, a alma de Tondal é submetida a uma prova terrível. Uma ponte muito estreita atravessa uma cratera de fogo onde padecem as almas dos condenados por roubo. Por ter roubado uma vaca de um dos seus amigos, Tondal é forçado a atravessar a estreita ponte conduzindo o animal enquanto, em sentido contrário, outra alma é submetida a igual provação, carregando feixes de trigo, igualmente roubados. Ambas as almas se cruzam no meio da ponte e, de forma surpreendente, conseguem cumprir a penitência imposta, passando uma pela outra, sem se tocarem e se precipitarem mutuamente no redemoinho de fogo logo abaixo.


No Vale do Fogo, os demônios agarram de repente a alma de Tondal e a precipitam numa forja em chamas, na qual são calcinadas, numa fase preliminar, as almas dos condenados pelos prazeres e concupiscência da carne. Dominado pelo horror e depois de tormentos atrozes, a alma de Tondal é resgatada pelo anjo para continuar a sua viagem através do inferno.


O anjo conduz a alma de Tondal através de uma ponte estreitíssima, que mal permite a passagem de um deles. A ponte é de uma extensão interminável e sob ela, um caldeirão de fogo devora as almas dos condenados pelo orgulho e presunção. À medida que avança pela frágil ponte, a alma de Tondal acompanha o vozerio infernal das almas dos condenados abaixo dele e a precipitação sem fim de novas almas no abismo de fogo.

AS 15 DORES E AS 15 FRASES DO CALVÁRIO

1. A dor de Jesus no Horto das Oliveiras: 

'A minha alma está triste até a morte!'

2. A dor pela traição de Judas e pela afronta da captura abrupta de Jesus pelos soldados romanos:

'Saístes armados de espadas e porretes para prender-me, como se eu fosse um malfeitor'


3. A dor pela bofetada recebida do soldado na casa de Anás: 

'Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?'

4. A condenação pública, o sarcasmo e as múltiplas agressões sofridas na casa de Caifás: 

'E vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, vindo sobre as nuvens do céu'.

5. A dor de ser levado amarrado como um criminoso e sob os gritos furiosos de uma multidão até à presença de Pilatos:

 'Adivinha, ó Cristo: quem te bateu?'

6. A dor da submissão completa à justiça humana de um déspota sanguinário (Herodes): 

'Todo o que é da verdade ouve a minha voz.'


7. A dor resultante do açoitamento e da flagelação:

 'Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!'

8. A dor devido à imposição da coroa de espinhos sobre a sua cabeça: 

'Salve, rei dos judeus!'

9. A dor de carregar a cruz em direção ao Calvário: 

'Não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos'.


10. A dor pungente da crucificação: 

'Crucifica-o! Crucifica-o!'

11. A dor da injúria e da difamação feita por aqueles que passavam pelo Calvário:

'Se és o Filho de Deus, desce da cruz!'

12. A dor de ser julgado como um criminoso e ser martirizado entre dois ladrões:

 'Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!'


13. A dor de Jesus ao testemunhar o sofrimento tremendo de sua santa mãe:

'Mulher, eis aí o teu filho!'

14. A dor do abandono e da provação extrema pelo afastamento do Pai:

'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?'

15. A dor e a agonia das suas três horas na cruz:

 'Tudo está consumado'.