segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

FOTO DA SEMANA

'O Senhor do alto do céu observa os filhos dos homens para ver se acaso existe alguém sensato que busque a Deus' (Sl 13,2)

domingo, 12 de fevereiro de 2017

'E EU VOS DIGO...'

Páginas do Evangelho - Sexto Domingo do Tempo Comum



Nas palavras: 'Em verdade, Eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra' (Mt 5, 18), Jesus proclama que a Boa Nova do Evangelho trazida à humanidade, como instrumento de resgate e não de abolição à Antiga Lei, está fundada na Verdade Absoluta, imutável no espaço e no tempo, desde os nossos primeiros pais até o último homem da face da terra. O pecado é o mesmo ontem e hoje, e os Dez Mandamentos modelam a história humana na dimensão divina.

A plenitude do exercício do Decálogo é a via de santificação perfeita. O Céu é uma porta aberta para os que se consomem e se alimentam da Verdade de Cristo, emanada da vivência profunda dos valores do Evangelho e não apenas sedimentados no alicerce frágil das exterioridades enormes da antiga Lei Mosaica: 'Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus' (Mt 5, 20). Nesta contextualização, Jesus vai passar dos conceitos formais expressos por 'vós ouvistes...' às premissas mais abrangentes da Nova Lei: 'e eu vos digo...' Assim, do pecado gravíssimo do homicídio formal, Jesus anuncia que na própria ira contra o próximo já se manifesta a gravidade do pecado. O pecado do adultério não se restringe ao ato consumado e definitivo, que era castigado com a morte, mas é igualmente perverso no desejo; o juramento falso é um ato abominável, mas é igualmente pecaminoso o simples juramento sobre qualquer coisa.

Jesus exorta, em todas estas passagens, a se cumprir, em tudo e para todos, a santificação em plenitude, traduzida na observância radical dos seus Mandamentos e na fuga da ocasião de pecado por todos os meios disponíveis, pelos mais extremos possíveis: 'Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno' (Mt 5, 29 - 30).

Não ceder ao pecado sob concessão alguma. Não afrontar a graça divina por nenhum propósito humano. A verdadeira santificação exige, portanto, vigilância extrema e oração constante. A superação da fragilidade de nossas limitações implica decisões claras e firmes em favor da pureza evangélica e aos ditames de Cristo, nosso Divino Mestre: 'Seja o vosso ‘sim’: ‘Sim’, e o vosso ‘não’: ‘Não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno' (Mt 4, 37).

sábado, 11 de fevereiro de 2017

BREVIÁRIO DIGITAL - AS VISÕES DE TONDAL (III)

A experiência além da morte de uma alma medieval percorrendo o Céu, o Inferno e o Purgatório, guiada pelo seu Anjo da Guarda.

VISÕES DE TONDAL - PARTE III


Atravessando a escuridão infernal, o anjo e a alma de Tondal chegam diante uma estrutura gigantesca em forma de um forno incandescente, tão alto quanto uma montanha. Do fogo emergem as almas dos condenados, que são espetados e desmembrados por demônios e lançados de volta à fornalha ardente. Nesta prisão de fogo indescritível, encontram-se as almas dos glutões, dos pervertidos e dos fornicadores. Cada alma ali padece horrivelmente de tormentos específicos em sua genitália. A alma de Tondal é severamente advertida que este será o seu destino final se não mudar radicalmente a sua vida de pecados.


Na parte do inferno reservada aos ladrões, a alma de Tondal é submetida a uma prova terrível. Uma ponte muito estreita atravessa uma cratera de fogo onde padecem as almas dos condenados por roubo. Por ter roubado uma vaca de um dos seus amigos, Tondal é forçado a atravessar a estreita ponte conduzindo o animal enquanto, em sentido contrário, outra alma é submetida a igual provação, carregando feixes de trigo, igualmente roubados. Ambas as almas se cruzam no meio da ponte e, de forma surpreendente, conseguem cumprir a penitência imposta, passando uma pela outra, sem se tocarem e se precipitarem mutuamente no redemoinho de fogo logo abaixo.


No Vale do Fogo, os demônios agarram de repente a alma de Tondal e a precipitam numa forja em chamas, na qual são calcinadas, numa fase preliminar, as almas dos condenados pelos prazeres e concupiscência da carne. Dominado pelo horror e depois de tormentos atrozes, a alma de Tondal é resgatada pelo anjo para continuar a sua viagem através do inferno.


O anjo conduz a alma de Tondal através de uma ponte estreitíssima, que mal permite a passagem de um deles. A ponte é de uma extensão interminável e sob ela, um caldeirão de fogo devora as almas dos condenados pelo orgulho e presunção. À medida que avança pela frágil ponte, a alma de Tondal acompanha o vozerio infernal das almas dos condenados abaixo dele e a precipitação sem fim de novas almas no abismo de fogo.

AS 15 DORES E AS 15 FRASES DO CALVÁRIO

1. A dor de Jesus no Horto das Oliveiras: 

'A minha alma está triste até a morte!'

2. A dor pela traição de Judas e pela afronta da captura abrupta de Jesus pelos soldados romanos:

'Saístes armados de espadas e porretes para prender-me, como se eu fosse um malfeitor'


3. A dor pela bofetada recebida do soldado na casa de Anás: 

'Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?'

4. A condenação pública, o sarcasmo e as múltiplas agressões sofridas na casa de Caifás: 

'E vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, vindo sobre as nuvens do céu'.

5. A dor de ser levado amarrado como um criminoso e sob os gritos furiosos de uma multidão até à presença de Pilatos:

 'Adivinha, ó Cristo: quem te bateu?'

6. A dor da submissão completa à justiça humana de um déspota sanguinário (Herodes): 

'Todo o que é da verdade ouve a minha voz.'


7. A dor resultante do açoitamento e da flagelação:

 'Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!'

8. A dor devido à imposição da coroa de espinhos sobre a sua cabeça: 

'Salve, rei dos judeus!'

9. A dor de carregar a cruz em direção ao Calvário: 

'Não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos'.


10. A dor pungente da crucificação: 

'Crucifica-o! Crucifica-o!'

11. A dor da injúria e da difamação feita por aqueles que passavam pelo Calvário:

'Se és o Filho de Deus, desce da cruz!'

12. A dor de ser julgado como um criminoso e ser martirizado entre dois ladrões:

 'Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!'


13. A dor de Jesus ao testemunhar o sofrimento tremendo de sua santa mãe:

'Mulher, eis aí o teu filho!'

14. A dor do abandono e da provação extrema pelo afastamento do Pai:

'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?'

15. A dor e a agonia das suas três horas na cruz:

 'Tudo está consumado'.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

AVE MARIA, CHEIA DE GRAÇA...


I. Considera que, entre todas as orações que a Igreja dirige à Santíssima Virgem, a mais excelente, a mais aceita e a mais útil é a Ave-Maria. Ela é a mais excelente considerada em si mesma; porque foi composta, por assim dizer, pela Santíssima Trindade e pronunciada pela primeira vez pelo Arcanjo São Gabriel e depois por Santa Isabel, então cheia do Espírito Santo. Pelo que o Bem-aventurado Alano afirma que a Saudação Angélica, pela sua excelência, alegra todo o céu, enche a terra de prodígios, faz tremer e põe em fuga o demônio.

Em segundo lugar, ela é a mais aceita ao coração da Virgem, pois, quando dizemos Ave-Maria, parece que se lhe renova o prazer que sentiu quando lhe foi anunciado que havia sido eleita para Mãe de Deus. Mais, pela Ave-Maria mostramos que tomamos parte em sua felicidade, lembrando-lhe as suas grandezas. Disse a mesma divina Mãe a Santa Mechtildes, que nada lhe podia ser mais honroso e mais agradável do que a oferta frequente da saudação do Anjo.

Finalmente, a Ave-Maria é, depois da Oração Dominical, a mais útil para nós, porque, quem saúda Maria, será também por ela saudada. São Bernardo ouviu uma vez distintamente saudar-se por uma imagem da Virgem, que lhe disse: 'Ave, Bernardo'; e a saudação de Maria, diz São Boaventura, consiste em uma graça especial. 'Com efeito', pergunta Ricardo, 'como poderá a divina Mãe negar a graça a quem a invoca com uma oração tão sublime?' Em suma, Maria mesma prometeu a Santa Gertrudes tantos auxílios para a hora da morte, quantas Ave-Marias ela tivesse rezado; e são inúmeros os fatos que o confirmam.

II. A prática do obséquio tão excelente, tão aceito e tão útil da Ave-Maria, seja: em primeiro lugar, recitar cada dia, pela manhã e à noite, ao se levantar e deitar-se na cama, três vezes a Ave-Maria, com o rosto em terra ou ao menos de joelhos, acrescentando a cada Ave esta jaculatória: 'Pela tua pura e imaculada conceição, ó Maria, faze puro o meu corpo e casta a minha alma'. Depois, pedir a benção a nossa boa Mãe, conforme sempre praticava Santo Estanislau; e em seguida, pôr-se debaixo do manto de Nossa Senhora, pedindo-lhe que nos guarde de cair em pecado, naquele dia ou noite que se segue. Para este fim, convém ter perto da cama uma bela imagem da Virgem.

Segundo, dizer o Angelus Domini ou o Anjo do Senhor, com as costumeiras três Ave-Marias, pela manhã, ao meio dia e à noite. Os Religiosos podem nesses três tempos renovar mentalmente os seus votos, como costumava fazer São Leonardo de Porto Maurício. Em terceiro lugar, saudar a Mãe de Deus com uma Ave-Maria quando se ouve tocar o relógio, ou cada vez que se passa por diante de uma imagem da Virgem.

Finalmente, dizer sempre uma Ave-Maria, no princípio e no fim de cada ação, quer espiritual, como a oração, a confissão, a comunhão, a leitura espiritual e outras semelhantes; quer temporal, como estudar, dar conselho, trabalhar, ir para a mesa, para a cama, etc. Felizes as ações que ficarem compreendidas entre duas Ave-Marias. Assim digamos também a mesma oração quando acordamos pela manhã, quando adormecemos, em qualquer tentação, perigo, ímpeto de ira e semelhantes. Amado leitor, pratica isso e verás a suma utilidade que para ti resultará daí.

'Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.'

('Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano, de Santo Afonso Maria de Ligório, Tomo II)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

COMO COMBATER A NEGLIGÊNCIA

A negligência é um obstáculo à perfeição, pois entrega os que têm este vício nas mãos dos inimigos. Para que não te tornes escravo deste pecado, é preciso que fujas da curiosidade, do apego aos bens terrenos e de qualquer ocupação que não convenha ao teu estado. É preciso que faças esforço para corresponder com presteza a toda a boa inspiração e a qualquer ordem de teus superiores, fazendo tudo no seu tempo, e do modo que os superiores querem.

Não demores, por pouco que seja, a obedecer. Esta falta de diligência acarretará uma segunda, logo uma terceira e outras muitas. Os sentidos se habituam à negligência e cederás então, mais facilmente que no princípio, pois já estás preso do prazer que provaste. E assim te irás habituando a começar teu trabalho muito tarde, ou então, deixá-lo-ás muitas vezes, como coisa imerecida. Pouco a pouco, irá se formando o hábito de negligência, que se tornará totalmente forte; no momento da falta, reconheceremos que somos muito negligentes, sentiremos repugnância de nós mesmos, mas somente faremos o propósito de, mais tarde ou em outra ocasião, sermos solícitos e diligentes.

Esta negligência atingirá toda a nossa alma. Seu veneno infeccionará não somente a vontade, fazendo-a aborrecer aquele trabalho, mas chegará a obcecar a inteligência, de modo tal que ela não verá como são vãos aqueles propósitos de resistir, no futuro, diligentemente, às tentações a que agora, voluntariamente, sucumbirmos. Não basta fazer, a qualquer momento, o que devemos fazer. É preciso esperar o seu tempo, que será marcado pela hora de realizá-lo, importa fazê-lo com toda a diligência, para que seja cumprido o dever, com toda a perfeição possível.

Fazer um trabalho antes do tempo não é diligência, mas finíssima negligência. Fazê-lo apressadamente e sem cuidado, com os olhos fitos no descanso que poderemos desfrutar depois, também não passa de negligência. Estes atos acarretam grande mal à alma, porque não se considera o valor da boa obra, feita ao seu tempo e não se enfrenta, com ânimo resoluto, a fadiga e as dificuldades que o vício da negligência apresenta sempre aos soldados novos.

Deves lembrar-te que uma só elevação da mente a Deus e uma genuflexão em sua honra valem mais que todos os tesouros do mundo. E que sempre que fazemos violência a nós mesmos e às nossas paixões viciosas, os anjos nos trazem do reino dos céus uma coroa de gloriosa vitória. Aos negligentes, Deus vai tirando as graças que lhes dava e, aos diligentes, as graças vão crescendo para que aquelas almas gozem um dia no Senhor.

Às vezes, é preciso que faças muitos e muitos atos para conquistar uma virtude e te afadigues muitos dias. Os inimigos te parecem então muito fortes. Começa por isso a produzir atos, como se fizesses pouca conta deles. Imagina que é por pouco tempo que te precisas afadigar. Combate contra um inimigo, como se não te restassem outros a serem combatidos. E tem sempre uma grande confiança no auxílio que Deus te dispensará, mais forte que o poder dos inimigos. Deste modo, tua negligência começará a se enfraquecer e tua alma se irá dispondo a adquirir a virtude contrária.

Digo o mesmo a respeito da oração. Se ela, por exemplo, deve durar uma hora e isto parece pesado à tua negligência, começa a rezar como se fosse fazer somente durante um oitavo de hora. Passarás depois com facilidade ao segundo oitavo, ao terceiro e assim por diante. Mas se, no segundo ou em algum outro oitavo de hora, sentisses que a repugnância e a dificuldade eram fortes demais deixa para depois a oração, para não te cansares em demasia. Mas não te esqueças de retomar, pouco depois, o exercício.

Do mesmo modo deves proceder quanto aos trabalhos manuais, quando acontece que precises fazer muitas coisas e pareçam dificultosas demais à tua negligência e te causam aflição. Começa o teu trabalho corajosamente e empreende cada uma de tuas obras como se fosse a única. Cumprirás assim, todo aquele mister que à tua negligência parecia de grande fadiga.

Se assim não fizeres e não combateres a negligência, prevalecerá em ti este vício, que, não somente a fadiga que sentires durante o exercício da virtude te assustará, mas temerás sempre as dificuldades que te advirão dos trabalhos futuros. E estarás sempre ansioso, temerás sempre os futuros assaltos do inimigo e recearás, a todo o momento, que alguém te venha impor alguma coisa desagradável. Viverás sempre inquieto.

E lembro-te, filho, de que este vício da negligência, pouco a pouco, com seu veneno escondido, não somente ataca as primeiras e pequeninas raízes, que fariam crescer os hábitos das virtudes, mas ferem também os hábitos já adquiridos. É como o cupim. O vício vai roendo insensivelmente e consumindo o âmago da vida espiritual. O demônio arma este laço contra todos os homens, especialmente contra os mais piedosos.

Vigia, portanto, reza e pratica o bem e não te demores a tecer a fazenda para a veste nupcial, pois deves estar sempre pronta para ir ao encontro do esposo. E lembra-te todo o dia, de que quem te dá a manhã não te promete a tarde, e quem te dá a tarde não te promete a manhã seguinte. Usa, portanto, de todos os teus segundos e minutos, de acordo com a Vontade Divina, como se fossem os últimos momentos de tua vida. Além disto, deverás prestar conta minuciosíssima de todos os teus instantes.

Concluo, aconselhando-te a que tenhas como perdido o dia em que, mesmo se trabalhaste muito, não conseguiste muitas vitórias contra as tuas más inclinações e contra a tua vontade própria, ou não agradeceste ao Senhor dos benefícios que te concedeu, particularmente a penosa Paixão que Ele sofreu por ti, e paterno e doce castigo com que te puniu, te fez digno do tesouro inestimável de algumas tribulações.

(Excertos da obra 'O Combate Espiritual e o Caminho do Paraíso', de Lourenço Scúpoli)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

VERSUS: QUANDO ATÉ OS DEMÔNIOS LOUVAM MARIA


'Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá, àqueles que quer salvar. Eu poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo. Entre outras, primeiro aquela que vem narrada nas crônicas de São Francisco, em que se conta que o santo viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado no céu, avultava a Santíssima Virgem. E o santo compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao céu; segundo a outra, narrada nas crônicas de São Domingos: Quando o santo pregava o rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E eles, para própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que o demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem'.

(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, de São Luís Grignion de Montfort, n.41- 42)


Consta que, em 1823, os padres dominicanos Gassiti e Pignataro encontravam-se em missão paroquial na cidade de Avellino (Itália), quando se depararam com um caso de possessão demoníaca em um menino de apenas 12 anos e analfabeto. Durante o exorcismo ordenaram, em nome de Deus, que o demônio incorporado provasse teologicamente, por meio de um soneto, a Imaculada Conceição da Virgem Maria, questão que, então, agitava todo o ambiente da Igreja. O soneto abaixo, transcrito do original italiano, teria sido a prova concreta de que o demônio, quando instado a agir sob a ordem da graça, é capaz de dizer grandes verdades (mais tarde, em 1854, o dogma da Imaculada Conceição de Maria foi solenemente proclamado pelo papa Pio IX):

Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,
E sou sua filha, ainda ao ser mãe;
Ele de eterno existe e é meu filho,
E eu nasci no tempo e sou sua mãe.

Ele é meu Criador e é meu filho,
E eu sou sua criatura e sua mãe;
Foi divinal prodígio ser meu filho
Um Deus eterno e ter a mim por mãe.

O ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe 
E foi a Mãe que deu o ser ao filho;

Se, pois, do filho teve o ser a mãe,
Ou há de se dizer manchado o filho,
Ou se dirá Imaculada a mãe.