segunda-feira, 25 de julho de 2016

SANTOS E MÁRTIRES (VII)

SÃO CRISTÓVÃO


Embora seja um dos santos mais venerados da Igreja, pouco se conhece historicamente da vida de São Cristóvão. A sua referência tem origem em lendas que se perdem no tempo e que o descrevem como um gigante que, prostrado à beira de um rio muito caudaloso, fazia valer a sua força e a sua altura para ajudar as pessoas a atravessá-lo.

Eis que de uma certa feita, tal travessia lhe foi solicitada por um menino muito formoso. E, acostumado à tarefa, o gigante se dispôs de imediato a fazê-la. À medida que avançava pelas águas, porém, o peso da criança tornava-se assustadoramente maior, a ponto de submergi-los. Arfando e espumando de cansaço sob o peso descomunal e, amparado em um longo bastão em que se apoiava no fundo do rio, o gigante conseguiu reunir todas as suas forças remanescentes e finalmente depositar a criança em segurança na margem oposta, após uma luta tremenda contra os seus próprios músculos e resistência.

Limpando o suor do rosto em fogo, com as narinas dilatadas e sorvendo sofregamente o ar que lhe fugia dos pulmões, Cristóvão virou-se para o menino com voz entrecortada:

'O mundo não é mais pesado do que tu!'

E o menino, sorrindo-lhe docemente, retrucou:

'Tu levaste sobre os ombros mais do que o mundo todo, levaste o seu próprio Criador e Aquele a quem deves servir'.

E assim se deu a conversão de Cristóvão - 'aquele que carrega o Cristo'. O santo é retratado comumente levando o menino Jesus às costas e passou a ser invocado como o protetor dos condutores de veículos e pelos viajantes de maneira geral. O Martirológio Romano confirma de forma resumida o martírio desse varão católico: tendo sido ferido com varas de ferro e preservado da violência do fogo pelo poder de Jesus Cristo, foi finalmente transpassado por flechas e recebeu o martírio pela decapitação.

domingo, 24 de julho de 2016

VIDA DE ORAÇÃO

Páginas do Evangelho - Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum


Jesus em oração. Nos Evangelhos, são inúmeros os exemplos que mostram Jesus em silente oração na intimidade com o Pai. O Filho de Deus Vivo feito homem mostra e reafirma, em sua condição humana, a necessidade da oração contínua e suplicante a Deus. Nestas ocasiões, Jesus se afastava do burburinho dos homens, para rezar com piedade, recolhimento e devoção, no exemplo do modelo da oração perseverante que se eleva da terra e encontra acolhida e reflexos nos céus. É preciso rezar sempre, é preciso sempre rezar bem.

E Jesus ensina aos discípulos a Oração do Pai Nosso, síntese da perfeição da oração cristã. Em São Lucas, os Evangelhos transcrevem uma versão mais resumida da forma integral da oração como expressa por São Mateus (Mt 6, 9-13). Nas suas sete petições, suplicamos e louvamos de forma perfeita a glória e a misericórdia de Deus, assumimos a condição de criaturas necessitadas de alimento físico e espiritual para ascendermos à eternidade com Deus, definitivamente libertados do pecado e de todas as insustentáveis fragilidades da nossa natureza humana. 

Rezar bem, com perseverança, insistentemente, oportuna e inoportunamente, como Abraão diante o perdão de Sodoma (Gn 18, 20-32), como Jesus ilustra com a parábola do pedido inoportuno do amigo insistente em plena madrugada: 'Amigo, empresta-me três pães...' (Lc 11,5). Deus não se cansa, Deus não se aflige, Deus não reclama de horários inapropriados ou da falta de cortesias humanas. Deus quer ouvir a nossa oração sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar: 'Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá' (Lc 11, 9-10). A oração bem feita é a certeza concreta de que nossas súplicas tocaram o Coração de Deus.

A insistência e a perseverança da oração rendem frutos de graças. O poder da oração agradável a Deus é capaz de remover montanhas, obstáculos julgados intransponíveis, e de superar todos os limites conhecidos da condição humana; é capaz de realizar milagres: 'Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!' (Lc 11, 13). O tempo de Deus conosco é a nossa vida em oração.

sábado, 23 de julho de 2016

POR QUE NOSSA SENHORA CHORA?

Catedral da Imaculada Conceição do Rio Quarto, sul da província de Córdoba, na Argentina, nos dias atuais. Uma imagem da Mãe Imaculada do Divino Coração Eucarístico de Jesus manifesta-se em lágrimas. O pároco da catedral, Pe. José Luis Benfatto, declarou-se surpreso e emocionado ao constatar como a imagem tem derramado pequenas lágrimas e pela presença de uma umidade constante sob os olhos da Virgem (ver vídeo abaixo). 

Por que Nossa Senhora chora? Chora porque o Coração Divino do seu Filho continua  a ser chagado pelos que se dizem católicos, porque rezamos pouco e mal, por causa de tantas comunhões sacrílegas, por causa de tanto hedonismo, corrupção, maldade e blasfêmias. Nossa Senhora chora porque ousamos trocar os valores eternos das coisas de Deus pelas quinquilharias humanas e pelos apelos do mundo. Nossa Senhora chora porque milhões de almas se perdem no inferno que os insensatos postulam que não existe. Nossa Senhora chora porque ela é a Mãe de uma humanidade pecadora e cada vez mais afastada da Cruz de Cristo.



(vídeo em espanhol)

sexta-feira, 22 de julho de 2016

22 DE JULHO - SANTA MARIA MADALENA


Maria Madalena. Para se fazer distinção do nome Maria tão comum entre os habitantes de Israel (esse era o nome, por exemplo, da irmã de Moisés), os textos bíblicos nomeavam as diferentes Marias por um acréscimo singular do personagem - assim, Maria Madalena é a Maria de Magdala, povoado situado às margens do Lago da Galileia e próximo à cidade de Tiberíades. Eis as pouquíssimas referências a ela nas Sagradas Escrituras:
[Lc 8, 2-3]: 'Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses'.

[Jo 19, 25]: 'Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena'.

[Mc 15,40-41; 47]: 'Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que o tinham seguido e o haviam assistido, quando ele estava na Galileia; e muitas outras que haviam subido juntamente com ele a Jerusalém... Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o depositavam'.

[Mc 16, 1; 5-6; 9-10]: 'Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus... Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram... Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios. Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos'.

[Jo 20, 1-2; 18]: 'No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! ... Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado'.

Ela é a figura bíblica 'Maria de Magdala', da qual Jesus havia expulsado sete demônios. Esta acepção não implica a interpretação direta de 'uma grande pecadora'. O fato de ter-se livrado de 'sete demônios' (sete é o número da perfeição, da plenitude) implica que ela foi curada de todos os seus males tanto físicos (enfermidades) como espirituais (pecados, estes de naturezas quaisquer). É absolutamente forçada e despropositada a conjectura de que Maria Madalena pudesse ter sido uma 'prostituta' na sua condição pregressa antes do seu encontro com Jesus. Desta interpretação espúria, nasceram inúmeras outras lendas e desdobramentos fantasiosos da participação e do envolvimento desta mulher singular na vida pública de Jesus e dos seus apóstolos. 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO


São Cipriano (séc. III): 'Não há salvação fora da Igreja'

Credo de Santo Atanásio (séc. IV), oficial da Igreja Católica: 'Todo aquele que queira se salvar, antes de tudo é preciso que mantenha a fé católica; e aquele que não a guardar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá para sempre (...) esta é a fé católica e aquele que não crer fiel e firmemente, não poderá se salvar'.

Papa Inocêncio III (1198 - 1216): 'De coração cremos e com a boca confessamos uma só Igreja, que não de hereges, só a Santa, Romana, Católica e Apostólica, fora da qual cremos que ninguém se salva'.

IV Concílio de Latrão (1215), infalível, Cânon I: '...Há apenas uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém é salvo...'

Papa Bonifácio VIII (1294 - 1303): 'Por apego da fé, estamos obrigados a crer e manter que há uma só e Santa Igreja Católica e a mesma apostólica e nós firmemente cremos e simplesmente a confessamos e fora dela não há salvação nem perdão dos pecados (...) Assim o declaramos, o decidimos, definimos e pronunciamos como de toda necessidade de salvação para toda criatura humana'

Concílio de Florença (1438 - 1445): 'Firmemente crê, professa e predica que ninguém que não esteja dentro da Igreja Católica, não somente os pagãos, mas também, judeus, os hereges e os cismáticos, não poderão participar da vida eterna e irão para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes de sua morte se unirem a Ela...'

O Concílio infalível de Trento (1545 - 1563) além de condenar e excomungar os protestantes, reiterou tudo o que os Concílios anteriores declararam, e ainda proferiu: '... A nossa fé católica, sem a qual é impossível agradar a Deus..."

Papa Pio IV (1559 - 1565), um dos papas do Concílio de Trento: '... Esta verdadeira fé católica, fora da qual ninguém pode se salvar...' (Profissão de fé da Bula Iniunctumnobis de 1564)

Papa Benedito IV (1740 - 1758): 'Esta fé da Igreja Católica, fora da qual ninguém pode se salvar...'

Papa Gregório XVI (1831 - 1846), Mirari Vos: 'Outra causa que tem acarretado muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria espalhada por toda a parte, graças aos enganos dos ímpios e que ensina poder-se conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que se amolde à norma do reto e honesto. Podeis com facilidade, patentear à vossa grei esse erro tão execrável, dizendo o Apóstolo que há um só Deus, uma só fé e um só batismo (Ef 4,5): entendam, portanto os que pensam poder-se ir de todas as partes ao Porto da Salvação que, segundo a sentença do Salvador, eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Lc 11,23) e os que não colhem com Cristo dispersam miseravelmente, pelo que perecerão infalivelmente os que não tiverem a fé católica e não a guardarem íntegra e sem mancha (Simb. Sancti Athanasii).

Erros condenados pelo Papa Pio IX (1846 - 1878), no Syllabus:

15a 'É livre a qualquer um abraçar e professar aquela religião que ele, guiado pela luz da razão, julgar verdadeira'.

16a 'No culto de qualquer religião podem os homens achar o caminho da salvação e alcançar a mesma eterna salvação'

17a 'Pelo menos deve-se esperar o bem da salvação eterna daqueles todos que não vivem na verdadeira Igreja de Cristo'

18a 'O protestantismo não é senão outra forma da verdadeira religião cristã na qual se pode agradar a Deus do mesmo modo que na Igreja Católica'.

(...) 'não temem fomentar a opinião desastrosa para a Igreja Católica e a salvação das almas, denominada por Nosso Predecessor, de feliz memória, de ‘loucura’ (Mirari Vos) de que a ‘liberdade de consciência e de cultos é direito próprio e inalienável do indivíduo que há de proclamar-se nas leis e estabelecer-se em todas as sociedades constituídas; (...) Portanto, todas e cada uma das opiniões e perversas doutrinas explicitamente especificadas neste documento, por Nossa autoridade apostólica, reprovamos, proscrevemos e condenamos; queremos e mandamos que os filhos da Igreja as tenham, todas, por reprovadas, proscritas e totalmente condenadas' (Pio IX, em Quanta Cura)

Papa Leão XIII (1878 - 1903), encíclica Libertas Praestantissimum: ... 'oferecer ao homem liberdade (de culto) de que falamos, é dar-lhe o poder de desvirtuar ou abandonar impunemente o mais santo dos deveres, afastando-se do bem imutável, a fim de se voltar para o mal. Isto, já o dissemos, não é liberdade, é uma escravidão da alma na objecção do pecado'

Papa Pio XI (1922 - 1939), em Mortalium Animus: 'Os esforços [do falso ecumenismo] não têm nenhum direito à aprovação dos católicos porque eles se apoiam sobre esta opinião errônea que todas as religiões são mais louváveis naquilo que elas revelam, e traduzem todas igualmente, se bem que de uma maneira diferente, o sentimento natural e inato que nos leva para Deus e nos inclina ao respeito diante de seu poder (...) Os infelizes infestados por esses erros sustentam que a verdade dogmática não é absoluta, mas relativa, e deve pois, se adaptar às várias exigências dos tempos e lugares às diversas necessidades das almas'

São Pio X (1903 - 1914), no Catecismo Maior:

149 - Que é a Igreja Católica?

A Igreja Católica é a sociedade ou reunião de todas as pessoas batizadas que, vivendo na terra, professam a mesma fé e a mesma lei de Cristo, participam dos mesmos sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores, principalmente ao Romano Pontífice.

153 - Então não pertencem à Igreja de Jesus Cristo as sociedades de pessoas batizadas que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe?

Todos os que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe, não pertencem à Igreja de Jesus Cristo.

156 - Não poderia haver mais de uma Igreja?

Não pode haver mais de uma Igreja, porque, assim com há um só Deus, uma só fé e um só Batismo, assim também não há nem pode haver senão uma só Igreja verdadeira.

168 - Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana?

Não. Fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana, ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da Arca de Noé, que era figura desta Igreja.

terça-feira, 19 de julho de 2016

INSENSATEZ É NÃO ACREDITAR EM DEUS

Entre todas as verdades, em primeiro lugar deve-se acreditar que Deus existe. Além disso, deve-se considerar o que significa este nome - Deus. Significa precisamente Aquele que governa e cuida de todas as coisas. Acredita na existência de Deus quem acredita que todas as coisas deste mundo são governadas e estão subordinadas à sua Providência. 

Quem pensa que todas as coisas originam-se do acaso, não acredita na existência de Deus. Seria insensato não crer que a natureza seja governada por alguém, vendo que tudo se processa a seu tempo, com ordem. Vemos o Sol, a Lua, as estrelas e muitos outros elementos da natureza obedecerem um determinado curso. Ora, isso não aconteceria se houvesse caos. Eis por que é insensato não acreditar na existência de Deus, como lembra o salmista: 'O insensato diz em seu coração: não há Deus' (Sl 13,1).

Há alguns que acreditam que Deus governa e ordena coisas naturais, mas não acreditam que governe os atos humanos. Pensam assim porque vêem no mundo os bons sofrerem e os maus prosperarem e concluem que a Providência de Deus não atinge os homens. Afirmar tal coisa seria grande insensatez. Seria como pensar que se o médico dá a um doente um remédio e a outro doente outro remédio, tudo é por acaso e não por motivo ponderado. Seria pensar que o médico é insensato. 

Pois Deus também age como médico. Por motivo justo e pela sua Providência, dispõe Ele as coisas necessárias aos homens, quando aflige alguns bons e permite que os maus prosperem. Acreditar que isto é obra do acaso é, evidentemente, insensato. Assim pensa porque desconhece a maneira de Deus agir e razão pela qual dispõe de todas as coisas. 

Lê-se em Jó:' Oxalá Ele te revele os segredos da sua sabedoria e a multiplicidade dos seus planos' (Jo 11,6). E no Livro dos Salmos: 'Disseram os maus: Deus não vê. O Deus de Jacó não percebe as coisas. Compreendei agora, ó néscios, ó estultos, até quando sereis insensatos? Aquele que nos deu orelhas, não ouve? Aquele que nos deu olhos, não vê? O Senhor conhece o pensamento dos homens' (Sl 103, 7-10). Deus vê todas coisas, os pensamentos, segredos dos homens. Como diz São Paulo: 'Tudo está nu e descoberto aos seus olhos' (Hb 4, 13).

(Sermão sobre o Credo, de Santo Tomás de Aquino)

FOTO DA SEMANA

'O insensato diz em seu coração: não há Deus' (Sl 13,1)