terça-feira, 29 de dezembro de 2015

TRÊS APARIÇÕES DO MENINO JESUS AO PADRE PIO


Primeira Aparição: Novembro de 1911

Desde o final de outubro de 1911 até 07 de dezembro do mesmo ano, o Padre Pio residiu no convento de Venafro (Isernia). Foi neste local, em data não precisa, que ocorreu a primeira aparição do Menino Jesus ao Padre Pio. Nesta aparição, o Menino se apresentou com as feridas da paixão de Cristo nas mãos, nos pés e no lado. A visão de Jesus assim ferido representava uma janela para a contemplação do verdadeiro mistério do Natal. Para o Padre Pio, com efeito, o Menino Jesus devia ser visto à luz do Crucificado mostrando, assim, a singular relação do Natal com os eventos da Páscoa.

Segunda Aparição: 20 de Setembro de 1919 

(Aparição testemunhada e documentada em um manuscrito pelo Pe. Raffaele de Sant'Elia que, então estudante de teologia e se preparando para a sua ordenação sacerdotal, ocupava uma cela vizinha à do Padre Pio nesta data) 

'Na noite do dia 19 para 20 de setembro de 1919, não conseguindo dormir, levantei-me assustado. O corredor estava mergulhado na escuridão, quebrada apenas pela débil luz de uma lâmpada a óleo. Assim que abri a porta, vi passar por mim o Padre Pio, todo envolto em luz, trazendo o Menino Jesus nos braços. Ele se movia lentamente murmurando orações. Passou adiante de mim, radiante de luz e sem se dar pela minha presença. Somente alguns anos depois, fiquei sabendo que aquele dia 20 de setembro era o aniversário de um ano do aparecimento dos estigmas do Padre Pio e, portanto, a aparição do Menino Jesus constituía uma referência direta à Paixão de Cristo'.

Terceira Aparição: 24 de dezembro de 1922 

(Aparição testemunhada por Lucia Iadanza, filha espiritual do Padre Pio)

Em 24 de dezembro de 1922, Lucia queria passar a Vigília do Natal junto ao Padre Pio. A noite estava muito fria e os frades tinham levado à sacristia um braseiro com fogo. Junto ao braseiro, Lucia e outras três  mulheres esperavam a meia-noite para assistir a missa a ser celebrada pelo Padre Pio. As três mulheres começaram a cochilar enquanto ela seguia rezando o terço. Padre Pio surgiu então pela escadaria interna da sacristia quando se deteve diante de uma janela. Neste momento, envolto em um halo de luz, apareceu o Menino Jesus e se pôs nos braços do Padre Pio, cujo rosto tornou-se radiante de luz. Quando a visão desapareceu, o padre percebeu a presença de Lucia, que o fitava atônita e lhe disse: 'Lucia, o que você viu?' Lucia respondeu: 'Padre, eu vi tudo'. Padre Pio, em seguida, a advertiu com firmeza: 'Então não diga nada a ninguém'.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

TEMPO DE NATAL - SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

Nasceu o Senhor!

Hoje brilhará sobre nós a luz, porque nos nasceu o Senhor! Eis a grande novidade que comove os cristãos e que, através deles, se dirige à Humanidade inteira. Deus está aqui!
(Cristo que passa, 12)

Deus quis precisar de nós

O Natal também está rodeado de uma simplicidade admirável: o Senhor vem sem aparato, desconhecido de todos. Na Terra, só Maria e José participam na divina aventura. Depois, os pastores, avisados pelos Anjos. E mais tarde os sábios do Oriente. Assim acontece o fato transcendente que une o Céu à Terra, Deus ao homem!
(Cristo que passa, 18)

Nascer de novo

Natal. Escreves-me: 'Unindo-me à santa espera de Maria e de José, também eu espero, com impaciência, o Menino. Que contente hei de ficar em Belém! Pressinto que vou rebentar numa alegria sem limites. Ah! e, com Ele, também eu quero nascer de novo...' Oxalá se torne verdade esse teu querer!
(Sulco, 62)

Sagrada Família

Estamos no Natal. Acodem-nos à memória os diversos fatos e circunstâncias que rodearam o nascimento do Filho de Deus e o olhar detém-se na gruta de Belém, no lar de Nazaré. Maria, José, Jesus Menino ocupam de modo muito especial o centro do nosso coração. Que diz, que nos ensina a vida, simples e admirável ao mesmo tempo, dessa Sagrada Família?
(Cristo que passa, 22)

A paz de Cristo

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Que a Paz de Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo.
(Cristo que passa, 22)

Na pousada do teu coração

Jesus nasceu numa gruta em Belém, diz a Escritura, 'porque não havia lugar para eles na estalagem'. Não me afasto da verdade teológica, se te disser que Jesus ainda está à procura de pousada no teu coração.
(Forja,274)

Na intimidade da tua alma

Vai até Belém, aproxima-te do Menino, baila com Ele, diz-lhe muitas coisas vibrantes, aperta-o contra o coração... Não estou a falar de infantilidades: falo de amor! E o amor manifesta-se com fatos: na intimidade da tua alma, bem o podes abraçar!
(Forja, 345)

Ouvir a voz de Deus

Nosso Senhor dirige-se a todos os homens, para que venham ao seu encontro, para que sejam santos. Não chama só os Reis Magos, que eram sábios e poderosos; antes disso tinha enviado aos pastores de Belém, não simplesmente uma estrela, mas um dos seus anjos. Mas tanto uns como outros - os pobres e os ricos, os sábios e os menos sábios - têm de fomentar na sua alma a disposição de humildade que permite ouvir a voz de Deus.
(Cristo que passa, 33)

'Chamei-te pelo teu nome...'

Considerai a delicadeza com que o Senhor nos dirige este convite. Exprime-se com palavras humanas, como um apaixonado: 'Eu chamei-te pelo teu nome...Tu és meu'. Deus - que é a Beleza, a Sabedoria, a Grandeza - anuncia-nos que somos seus, que fomos escolhidos como objecto do seu amor infinito. É precisa uma vida forte de fé para não desvirtuar esta maravilha que a Providência depõe nas nossas mãos, uma fé como a dos Reis Magos, que nos leva a ter a certeza de que nem o deserto, nem a tormenta, nem a tranquilidade do oásis nos impedirão de chegar à meta do presépio eterno: a vida definitiva com Deus.
(Cristo que passa, 32)

28 DE DEZEMBRO - SANTOS INOCENTES


Santos Inocentes de Deus,
almas cristalinas,
pousai vossos ternos anelos
nas sombras das colinas;
não inquieteis com vosso pranto
as feras sibilinas,
fitai o esgar dos carrascos
com doces retinas;
que a vida que foge breve,
em  adagas repentinas,
renasça em eternos louvores
nas glórias divinas.
(Arcos de Pilares)

Santos Inocentes de Deus, rogai por nós

domingo, 27 de dezembro de 2015

SAGRADA FAMÍLIA

Páginas do Evangelho - Festa da Sagrada Família


Neste último domingo do ano, o Evangelho evoca o culto à Sagrada Família, síntese da vida cristã autêntica e primeira igreja na terra. Deus veio ao mundo por meio da família; eis porque a família é a fonte primária da sociedade, síntese da vida cristã autêntica e a primeira igreja. E que modelo de família cristã Deus legou ao mundo: Jesus, Maria e José: Jesus é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade; Maria, a Virgem Mãe de Deus, e São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus. Família sagrada que viveu em plenitude a submissão à perfeição do amor; submissão que se expressa pelos sentimentos de entrega e renúncia em tudo e não pelo servilismo complacente.

Na humilde casa de Nazaré, três pessoas: pai, mãe e filho viviam em natureza sobrenatural exatamente inversa à ordem natural: São José, patriarca e pai de família devotado, com direitos naturais legítimos sobre a esposa e o filho, era o menor em perfeição; Nossa Senhora, esposa e mãe, era Mãe de Deus e de todos os homens; Jesus, a criança indefesa e submissa aos pais, é o Deus feito homem para a salvação do mundo. Portentoso mistério que revela a singular santidade da família humana, moldada sobre clara hierarquia divina, moldada por Deus para ser escola de santificação, amor, renúncia e salvação. 

Neste modelo de submissão perfeita ao amor de Deus e à lei mosaica, certa ocasião, quando Jesus contava 12 anos, os seus pais subiram com ele até Jerusalém, para participarem das festas da Páscoa, conforme os preceitos vigentes. Vieram com muitos outros, parentes e conhecidos, em grupos numerosos de caravanas. Uma vez concluídos os eventos da Páscoa, tomando o caminho de volta, perceberam que o menino não voltara com eles. Perplexos e angustiados, buscaram o menino entre os parentes, entre os conhecidos, em peregrinações difusas pelas ruas de Jerusalém para, finalmente, o encontrarem no Templo, em meio aos sábios e doutores da lei, manifestando a todos a glória do Pai na casa do Pai: 'Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?' (Lc 2, 49). Jesus submetia sua missão no mundo à Santa Vontade do Pai, acima de quaisquer preceitos humanos ou terrenos. A sua hora não havia chegado, mas o anúncio de sua missão havia sido dado. E, no recolhimento do lar de Nazaré, obediente em tudo e na plenitude da vida em família, 'Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens' (Lc 2, 52).

Eis o legado da Sagrada Família às famílias cristãs: a oração cotidiana santifica os pais e os filhos numa obra incomensurável do amor de Deus e a fortalece contra todos as tribulações. Sim, que os maridos amem profundamente suas esposas, que as esposas sejam solícitas a seus maridos, que os pais não intimidem os seus filhos, que os filhos sejam obedientes em tudo a seus pais. Mas que rezem juntos, que louvem a Deus juntos, que se santifiquem juntos, como família de Deus. Em Nazaré, Deus tornou a família modelo e instrumento de santificação; que em nossas casas e em nossas famílias, a Sagrada Família seja o modelo e instrumento para a nossa vida e para nossa santificação de todos os dias!

sábado, 26 de dezembro de 2015

ATÉ A CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS

O Divino Salvador está conosco, não já como uma sombra fugaz da fama e do nome que fica sobre o túmulo e sobre os monumentos dos grandes homens que passam, mas como Deus presente em sua divindade e humanidade. Deus escondido na sombra dos pães multiplicados, sombra que Nos parece divisar nas trevas do Lago de Tiberíades, naquela noite em que Cristo caminhava sobre as ondas, e aos discípulos que estavam remando com fadiga, pareceu um fantasma. Não, não é um fantasma o Deus dos tabernáculos, que adoramos. É o mesmo que então disse aos pávidos discípulos: 'Tende confiança; sou eu, não temais'. É aquele mesmo que disse: 'Eis-me convosco todos os dias até a consumação dos tempos'. É o mesmo que caminha sobre as ondas dos séculos, senhor dos ventos e das procelas humanas. Ele caminha sobre ondas tempestuosas ao lado e diante da Igreja; responde aos seus ministros que o chamam com voz sagrada, a eles por Ele concedida, e aos seus altares convida e reúne desde vinte séculos as nações e as gentes, os povos e os que reinam, os mártires e as virgens, os pontífices e os sacerdotes, prostrados a adorá-lo presente, e a amá-lo escondido, a invocá-lo companheiro na alegria e na dor, na vida e na morte.

O Deus dos altares está no meio de nós, invisível mas testemunho fiel primogênito entre os mortos, príncipe dos reis da terra, que nos amou e nos lavou de nossos pecados, com o próprio sangue e nos fez reino e sacerdotes a Deus Pai; o primeiro e o último, o vivente que esteve morto e está vivo nos séculos dos séculos. Mas é ao mesmo tempo em nosso meio, o Deus do arcano. É o mistério da fé, centro do incruento divino sacrifício, cioso segredo da Esposa de Cristo, a qual nos primeiros séculos de sua imutável juventude amou esconder sob o véu do arcano também seus tenros filhos; arcano feito mistério de um mistério, escondido desde séculos eternos em Deus. Diante deste mistério se inclinaram no pó os apóstolos e os mártires; nas basílicas, os pontífices; nos desertos e nos cenóbios, os monges e os anacoretas; nos claustros, as virgens, nos campos de luta, os esquadrões; nas catedrais, os doutores, nas estradas, os povos; Cristo estava em meio a eles; mas quem o viu? quem o divisou? Bem-aventurados aqueles que não o viram e acreditaram: Beati qui non viderunt et crediderunt.

A fé passa além de todo véu, penetra todo arcano; e quanto mais vivo prossegue, tanto mais luz adquire, reinflama-se e exalta-se em si mesma, faz do próprio mistério o farol e o fogo de sua vida e de sua obra. Cristo, porém, não está presente apenas em meio ao mundo, mas também se avizinha do homem, está com ele, com seus apóstolos, com seus fiéis, com todas as gentes, conquista de seu sangue. Dúplice é sua presença. Há uma presença divina, com a qual sustém o universo por Ele criado, segue os passos dos homens pelos caminhos do bem e do mal e é dele testemunha e juiz que inclina ao bem e pune pelo mal. Há outra presença humana e ao mesmo tempo divina, pela qual eleva os seus estandartes nas catacumbas, entre as densas casas do povo, pelos campos, pelas selvas, em meio ao gelo perpétuo, onde quer que um sacerdote com a onipotente palavra, eleve bem alto um pão e um cálice, repetindo o que foi feito em memória de Cristo. Lá está Ele com seu ministro, com ele caminha, torna-se alimento, viático dos moribundos e dos infelizes, irmão e esposo, pai, médico, conforto e vida das almas, pão dos anjos, penhor de alegria imortal.

Até quando sobre algum campo de nosso globo despontar uma espiga de trigo e pender um cacho de uvas, e um sacerdote subir compenetrado ao sacrifício do altar, o Hóspede divino estará conosco; e o crente curvará na fé a mente e o joelho diante de uma hóstia consagrada, como na última ceia os apóstolos no pão e no vinho consagrados que o Salvador lhes dava dizendo: 'Isto é o meu corpo; Isto é o meu sangue', adoraram Cristo, o Mestre Divino, com aquela pura e alta fé que crê nos portentos de sua palavra, e da qual se deduz a interna adoração, fé sem a qual é vão o sinal de dobrar um joelho. Daquela hora do cenáculo começaram os séculos do Deus da Eucaristia; o giro do sol iluminou os passos com suas auroras e os seus ocasos; as vísceras da terra escavadas, acorreram salmodiando; nos ermos, nos cenóbios, nas basílicas, sob os aéreos pináculos inclinaram-se a Ele, Pastor e povos, príncipes e exércitos. Em suas conquistas avançava com seus arautos e sacerdotes além dos mares e dos oceanos e do Oriente ao Ocidente, de um a outro polo; o Redentor já planta, todos os dias, seus tabernáculos, perseverando contra a ingratidão dos homens, em encontrar as delícias próprias, em estar com eles, só procurando difundir a salvação, os tesouros de suas graças e de suas magnificências.

(Papa Pio XII, Discursos, 1939)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

FELIZ E SANTO NATAL EM CRISTO!


Desejo a todos os nossos amigos visitantes um Santo e Feliz Natal. 
Deseo a todos los amigos y visitantes Felices Navidades. 
I wish to our friends' visitors an happy and Holy Christmas. 
Je désire à tous nos amis un heureux et joyeux Noel. 
Auguro a tutti gli amici uno Santo ed Felice Natale. 
Ich wunshe to unsere Freude eine Wundabar und Stille Nacht.


IGREJA CATÓLICA: ALMA DO NATAL

(clicar para o vídeo)

AS MAIS BELAS CANÇÕES DE NATAL


(clicar para o vídeo)

NATAL

Jesus nasceu! e na pequena estrebaria
José apressa-se em fazer a manjedoura
ajunta palha e feno, mudo de alegria,
enquanto a Mãe em êxtase se entesoura

Os animais se aproximam cautelosos
inebriados diante a luz que transfigura
e os pastores de joelhos, jubilosos,
louvam o Criador agora criatura!

Há uma paz imensa nesta noite fria
todos os anjos cantam a doce melodia
que une céu e terra em amor profundo;

É Natal, a Mãe embala seu pequeno filho
e a luz que inunda a gruta tem o brilho
da salvação que libertou o mundo!

                                                                              (Arcos de Pilares)

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O DEUS VISÍVEL QUE PODEMOS SER

Em Nazaré, Jesus era visível, e Jesus era Deus. Entretanto, há outras lições neste mistério de um Deus que se tornou visível a todos. Jesus é um modelo, e um modelo que permanece sempre! E teria sido esta presença da divindade um privilegio reservado unicamente ao século de Augusto, ao alcance somente dos habitantes de Nazaré ou da Palestina? E nós que vivemos vinte séculos depois desta divina aparição, e cuja alma ardente tem sede de ver e de ouvir Aquele que tem as palavras de vida, estaríamos condenados a nada ver e a nada ouvir? 

Ó Jesus, nosso modelo, que mistério é este? Hoje Deus não seria mais visível? Não o poderíamos ver mais? Sim, há um meio de tornar visível o bom Deus. Basta por-se em suas mãos, deixar-se formar por Ele. Nós, pobres criaturas faremos o bem, mas é Deus quem nos impelirá. É Deus quem nos sustentará, quem se servirá de nós, e quem, de certo modo, não podendo amar materialmente a sua criatura, nos escolherá para substituí-lo. E nós seremos então 'o bom Deus feito visível'.

Ó bom e confortador pensamento! Ele foi ingenuamente expresso por uma mulher do povo, da qual cuidava um membro das conferências de São Vicente de Paulo. No auge do seu reconhecimento, em face das atenções, dos cuidados e da bondade de que este a cercava, e não sabendo como exprimir o que sentia, disse ela: 'Ó meu Senhor, se existissem dois bons deuses, vós seríeis um deles!' Ó esforcemo-nos por ser um pouco 'um bom Deus' para com aqueles que nos cercam. É com a Sagrada Família que devemos aprender este segredo.

O amor é o característico de Deus. Deus caritas est. E que é o amor senão o dom de si mesmo? Amar é se por à disposição dos outros, para seu alívio, sua instrução, sua felicidade e sua santificação, tudo o que Deus nos emprestou. E não era isto o que fazia a Sagrada Família? Jesus punha-se à disposição de seus queridos pais, dos que o cercavam ou frequentavam, e sobre todos espargia o seu sorriso e a sua benevolência. Ele os consolava nos sofrimentos e os reconfortava nas horas de acabrunhamento.

Não julguemos que Ele tenha feito milagres continuamente, para ganhar os corações, para prestar-lhes serviços, para fazer-lhes prazer e para levá-los a Deus. Não foram anjos que cumpriram junto a Maria e a José estes pequeninos deveres de um filho submisso e laborioso, os quais exigem fadiga material; foi o próprio Jesus quem se fatigou realmente. A união da natureza humana à natureza divina não impedia que o coração de Jesus se sentisse magoado pela falta de atenção, que sofresse por causa de uma palavra pouco respeitosa, que se sentisse ferido por um ato de ingratidão. Entretanto nem a grosseria dos seus companheiros, nem a falta de atenção dos que abusavam da sua bondade, nem o ódio dos que não podiam suportar uma virtude que lhes condenava as desordens, arrefeciam um só instante o seu amor.

Depois, Maria e José, nutridos por tais exemplos, penetrados do amor que se irradiava em torno do divino Filho, tinham um só desejo: aproximar-se d’Ele tanto quanto possível. Se porventura a divindade já se deixou transparecer através duma criatura, fê-lo, sem dúvida, em Maria e José. De fato, não se aproximavam ambos da divindade tanto quanto o pode um mortal? Eles sentiam a necessidade de dedicar-se; e Jesus queria tornar-se visível por eles. 

Se vinha alguém pedir um serviço a José, ele deixava logo o trabalho mais urgente, para voar em auxílio dos que a ele haviam recorrido. Se havia um trabalho urgente, ele labutava dia e noite para agradar ao seu cliente. Aconteceu-lhe talvez, como aos outros trabalhadores, ser repreendido por causa do seu trabalho. Mas para todos José tinha o seu sorriso e o seu bom coração; a todos oferecia os seus serviços, para todos teria sacrificado o seu repouso e a sua vida. É que amava com o amor de Jesus, e, pela virtude, Jesus fazia-se visível nele, por assim dizer.

E Maria! A igreja a chama o espelho de Jesus – Speculum justitiae! Muitas vezes vinham interrompê-la a pedir-lhe um conselho ou qualquer serviço. Ela nunca hesitava... dava, dava-se a si mesma... e chegará a dar o seu Jesus para a salvação do mundo! Em Nazaré havia doentes, havia pobres e órfãos. Maria era para eles a providência visível. De pé, ao romper do dia, depois de ter acabado os trabalhos domésticos, à meia obscuridade ainda, tomava uma cesta, e ia com diligência dividir a sua pobreza com outros mais pobres do que ela.

Sentava-se à cabeceira dos doentes e, consolando-os, falando-lhes do céu e do mérito do sofrimento generosamente aceito, prestava-lhes todos os serviços materiais que lhe estavam ao alcance. Lavava as chagas, curava as feridas de que outros fugiam e não queriam cuidar. Suavizava pela sua presença, e curava os corpos e as almas. Os pobres também estavam certos da sua visita. Cada manhã levava-lhes o seu meigo sorriso e sua palavra mais meiga ainda; dividia com eles o fruto dos suores de seu esposo, e fruto também das suas vigílias e das suas fadigas.

E, quando na estação invernosa, quando o frio enregelava os doentes e os pobres, a compassiva visitante achava sempre, apesar da sua pobreza, que tinha mais do que os outros e que em casa havia supérfluo, objetos de luxo de que em rigor podia privar-se. Aproveitando as trevas, depressa tomavam estes objetos o caminho das pobres mansardas, para ali levarem um pouco de alegria, um pouco de alívio e um pouco de amor.

Os órfãos de Nazaré não estavam sem mãe. A Mãe de Jesus velava por eles. Não podendo dar a si mesma, ou abrigá-los sob o próprio teto, intercedia por eles junto às famílias mais afortunadas. Abrigava-lhes o corpo, e sobretudo fornecia-lhes os meios de cumprirem os seus deveres para com Deus. Ó seria exagero dizer que às vezes, a horas impróprias, pobres e enfermos vinham bater à porta do carpinteiro José, para ali encontrar com que saciar a fome que os devorava e com que aquecer um instante os membros enregelados, sofredores ou fatigados?

A Sagrada Família, sem dúvida, recebia-os, consolava-os, e deles cuidava. Certamente, nunca julgava fazer demais para alívio destes infelizes. Quantas vezes, depois de cenas deste gênero, os doentes, os pobres, os órfãos tiveram que repetir, senão com os lábios, ao menos com o coração, o brado desta mulher que citamos ao começar: ' Ó mulher, se houvesse dois bons Deus, vós seríeis um deles!'

Sim, ela era um bom Deus. Deus se refletia na vida de cada um dos membros da Sagrada Família. Vê-los, era ver Deus, que operava neles e por eles. E mesmo quando não se via Jesus, bastava ver Maria e José, que eram como Deus feito visível aos homens! Ó meu Deus, concedei-me a graça de mostrar-vos aos homens – Vós em mim e eu em Vós. Fazei, entretanto, com que só Vós sejais visto! Experimentemos, experimentemos, sejamos um pouco, para aqueles que nos cercam, ou que de nós se aproximam, o bom Deus feito visível. 

Que suave, que sublime missão! Procurai amar como a Sagrada Família amava e como ela amaria se estivesse em nosso lugar, cercada das mesmas pessoas, dispondo dos mesmos meios de que dispomos. Não há perto de nós alguém que sofra e que tenha necessidade de um sorriso ou de uma boa palavra? Não conheceis algum pobre ao qual o vosso supérfluo levaria um pouco de alegria, um pouco de felicidade, um pouco de bem estar? Não há em vossa aldeia algum órfão, que chora sua mãe ou seu pai, que procura em vão algum consolo ou um pouco de ternura? Não conheceis alguma alma dilacerada, que vegeta tristemente abandonada, rejeitada talvez, e a quem uma boa palavra aproximaria do bom Deus, e a salvaria talvez?

Ó jovens, ó homens de coração, hoje, hoje mesmo, sede um pouco São José. Ó vós, moças cristãs, hoje, hoje mesmo, sede um pouco a Santíssima Virgem. E vós, queridas crianças, hoje, hoje mesmo, sede um pouco o pequeno Jesus. Vós todas, ó almas generosas, por vosso procedimento e por vossa dedicação tornai visível o bom Deus. Sim, meu Deus, eu quero que possam dizer também de mim: 'se houvesse dois Deuses, tu serias um'. Por nossa benevolência e dedicação, sejamos um pouco 'um Deus visível' para aqueles que nos cercam, para aqueles sobretudo que não nos são simpáticos.

(Padre Júlio Maria de Lombaerde)