domingo, 27 de setembro de 2015

A SANTIFICAÇÃO EXIGE O ÓDIO AO PECADO

Páginas do Evangelho - Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum


Naqueles dias, nos caminhos da Galileia, os discípulos de Jesus ainda se tomavam como os únicos arautos da Verdade e discutiam à qual deles esta primazia haveria de se elevar mais alto, pois viviam ainda reféns de uma perspectiva puramente humana do reino prometido por Jesus. Atento às murmurações deles, o Senhor vai condenar o pecado do orgulho ao lhes assegurar que o maior de todos é o que serve a todos (Mc 9, 35) para, em seguida, os exortar que, no caminho da santificação, o amor a Deus implica um ódio extremado ao pecado, a todo tipo de pecado.

Esta firme exortação tem origem na pergunta de João: 'Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue' (Mc 9, 38), cuja ação é imediatamente contestada por Jesus, pois não havia sido movida pela caridade, mas por meros ciúmes da concessão de dons sobrenaturais a quem não era do restrito círculo fechado dos discípulos do Senhor: 'Quem não é contra nós é a nosso favor' (Mc 9, 40). Não deve haver limites ou impedimentos para os mistérios da Graça, quando o bem é feito compartilhado com o autor da Vida: 'quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa' (Mc 9, 41).

E, de forma oposta, Jesus condena aquele que, por malícia, se conspurca na obstinação do pecado, consumindo a graça na lama do escândalo, expondo-se e expondo a muitos no caminho da ruína espiritual de suas almas, no caminho do inferno. Quanto a este, a admoestação de Jesus é severa: 'melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço' (Mc 9, 42). A gravidade do pecado do escândalo - por ações, por exemplos, por palavras - está em que, muito além de provocar a perda da inocência alheia ou propagar blasfêmias, é que, ao conduzir à perda das almas, é um pecado que simula, em sua essência, a ação do próprio demônio.

Jesus exorta, então, se cumprir, em tudo e para todos, a santificação em plenitude, traduzida na observância radical aos seus Mandamentos. Isso implica não ceder ao pecado sob concessão alguma e não afrontar a graça divina por nenhum propósito humano. A verdadeira santificação exige, portanto, vigilância extrema, oração constante e fuga da ocasião de pecado por todos os meios disponíveis, pelos mais extremos possíveis: 'Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga' (Mc 9, 43.45.47-48).

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA DAS MERCÊS


Na coroa de glórias dadas à Nossa Senhora, a Virgem das Mercês é celebrada em 24 de setembro. Mercês significa 'graças', 'favores', 'bênçãos' mas, acima de tudo, 'misericórdia'. A devoção teve origem na Espanha, durante a dura perseguição e prisão imposta aos cristãos numa Europa então invadida pelos mouros.

Na noite de primeiro para 2 de agosto de 1218, Nossa Senhora se manifestou em sonho para São Pedro Nolasco, para São Raimundo de Peñaforte,  seu confessor, e para o rei Dom Jaime I de Aragão, dando-se a conhecer com o título de Mercês, e pedindo a fundação de uma ordem religiosa para o resgate dos cristãos cativos dos mouros. A ordem religiosa dos Mercedários foi, então, fundada em 10 de agosto de 1218, em Barcelona, na Espanha, tendo São Pedro Nolasco como primeiro diretor geral. A devoção logo se difundiu por toda a Europa e chegou ao Brasil, pelas mãos dos frades mercedários, dando origem a várias confrarias no país. Em 1696, o Papa Inocêncio XII estendeu a festa de Nossa Senhora das Mercês para toda a Igreja estabelecendo a data de 24 de setembro para a sua celebração.


Oração a Nossa Senhora das Mercês

Virgem Maria, Mãe das Mercês,
com humildade acorremos a Vós,
certos de que não nos abandonais
por causa de nossas limitações e faltas.
Animados pelo vosso amor de Mãe,
oferecemo-vos nosso corpo para que o purifiqueis,
nossa alma para que a santifiqueis,
o que somos e o que temos, consagrando tudo a Vós.
Amparai, protegei, bendizei e guardai
sob a vossa maternal bondade a todos
e a cada um dos membros desta família
que se consagra totalmente a Vós.
Ó Maria, Mãe e Senhora nossa das Mercês,
apresentai-nos ao vosso Filho Jesus,
para que, por vosso intermédio
alcancemos, na terra, a sua Graça
e depois a vida eterna.
Amém!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

UMA CARTA PROFÉTICA DE SÃO PIO X


Se há um tempo no qual devemos estar vigilantes de uma forma especial é este dos nossos dias, pois o mundo, com espírito diabólico, favorece e ajuda os planos malignos, especialmente aqueles dirigidos contra a Igreja, a fim de provocar sentimentos anti-religiosos e, assim, diminuir o prestígio e a reputação para os homens que a governam, de forma a ressaltar todos os seus defeitos, em todos os níveis da hierarquia, pelo que concluímos com o Apóstolo: Resisti fortes na fé! Permanecei firmes na verdade que só se encontra substancialmente em Jesus Cristo, a quem Deus Pai constituiu pedra angular na construção da Nova Jerusalém - a Igreja Católica - e todo aquele cuja fé esteja fundada em Cristo não será confundido. Fonte da graça para todos os que lhe são fiéis, esta pedra misteriosa converte-se em pedra de escândalo e de ruína para todos os que procuram construir sem colocá-la como base de seus empreendimentos.

Estejais alertas, queridos filhos, e mantendes viva a vossa fé: guardai-vos dos seus inimigos declarados, que deixaram escondidos no passado os segredos dos conchavos mas que, agora, com bandeiras desfraldadas, se esforçam para arrebatar ao povo a sua joia mais valiosa: a fé. E fazem isso usando sutis artimanhas, tentando minar a autoridade da Igreja e dos seus ministros, denunciando-os como perturbadores, passíveis de todas as suspeições e extremistas, até ao ponto em que muitos católicos, ingênuos ou hipócritas, acabam por admitir plenamente todas estas coisas, e creem quando lhes é dito que eles não lutam contra a religião, mas que querem apenas libertá-la dos abusos que nela existem, que querem separar religião e política; que não querem perseguir a Igreja; que há que se saber, dizem eles, que não se pode atuar com certeza absoluta se não se leva em conta o espírito dos tempos. 'Queremos o bem dos povos', assim afirmam, 'pelo que nos empenhamos vivamente pela paz entre todas as nações'.

Resistais fortes na fé contra aqueles cristãos que, conhecendo apenas superficialmente a ciência da Religião, e ainda menos a praticando, pretendem-se colocar como mestres da Igreja, afirmando que ela deve estar adaptada às exigências dos tempos, sacrificando, assim, algum ponto da integridade de suas sagradas leis; que (afirmam equivocadamente) o direito público da cristandade deve tornar-se submisso aos grandes princípios da era moderna, e manifestar essa submissão aos novos valores; que querem acomodar a moral evangélica, tratada como demasiado severa, aos ditames de normas menos rígidas e mais confortáveis. Finalmente (também sob falsas argumentações) que defendem que a disciplina eclesiástica deve dispensar as prescrições molestas à natureza humana, em nome de leis que exaltem uma maior liberdade e o amor.

Resistais fortes na fé contra todos aqueles que pretendem dirigir e guiar a Igreja em favor dos seus próprios interesses e decisões, julgando os seus ensinamentos e rechaçando as suas censuras e condenações; tudo isso constitui um enorme pecado do orgulho e, para não nos tornarmos vítimas de seu grande castigo, tenhamos a coragem de lutar em nossa sociedade contra todos esses inimigos, expondo a malícia de suas idéias perniciosas e a vileza de suas maquinações, e enfrentando as suas ironias e insultos.

Resistais fortes na fé, especialmente aqueles que se gloriam de verdade do nome de católicos, sobretudo para que não vos deixais seduzir pelos falsos apóstolos que, como Satanás, se disfarçam de anjos de luz, e fingem pesares, medos e preocupações com os males advindos contra a Igreja e os perigos que a cercam e, sob as máscaras de uma caridade fingida e de um amor hipócrita, aceitam as estocadas que levam a Igreja a uma situação de risco e de perigo mortal. Embora seja verdade que certos triunfos da iniquidade moderna podem nos escandalizar e por mesmo à prova a nossa fé na Providência Divina, a própria evolução dos acontecimentos é capaz de serenar a inquietude do nosso coração. As Sagradas Escrituras nos advertem assim: 'Ai dos que ao mal chamam bem, que fazem as trevas em luz e a luz por trevas, que tomam por amargo o que é doce e por doce, o que é amargo! Ai dos que se julgam sábios aos seus próprios olhos, e que se acham prudentes ao próprio juízo! Ai dos que são valentes para beber vinho e para misturar licores; que por suborno justificam o ímpio, mas que anseiam impor ao justo a sua própria justiça!' E em outra passagem, diz: 'Ai de vós, Assíria, vara da minha cólera e bastão do meu furor! Eu vos enviei contra um povo ímpio, contra um povo objeto de minha cólera, para que este fosse saqueado e reduzido a despojos, para serem calcados aos pés como a lama das ruas; porém, não tivestes as mesmas intenções e não eram estes os pensamentos do vosso coração, e sim, o desejo de somente destruir e exterminar povos em massa'.

Como estes fatos que ora contemplamos na Igreja são iluminados por estas passagens! Meditai-as, queridos filhos, e aceitai tudo o que nos sucede como uma provação e uma expiação; volvei ao Senhor e respondei prontamente ao chamado paternal de sua misericórdia. Que estes santos dias da Quaresma nos sejam dias de profundo recolhimento e, assim, nos possam tornar mais dignos de celebrar, junto a Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua gloriosa Páscoa da Ressurreição!

Cardeal Giuseppe Sarto, Patriarca de Veneza, futuro Papa São Pio X

(Excertos da Carta para meditação dos tempos da Quaresma, de 17 de fevereiro de 1895, tradução do autor do blog)

O CÉU É AQUI...

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

10 REGRAS DE OURO PARA ASSISTIR A SANTA MISSA

1. O que não caberia fazer no Calvário, não cabe fazer na Missa.

2. Na Missa, o papel do sacerdote é único - in persona Christi - e não pode ser nunca compartilhado com os fieis leigos.

3. Há orações exclusivas do sacerdote, que não podem e nem devem ser compartilhadas com os fieis, mesmo sob solicitação expressa do sacerdote (a Oração da Paz é um exemplo). Nestes casos, permaneça calado e somente responda 'Amém'.

4. O sacerdote pediu palmas? Ótimo, guarde para batê-las em casa, na alegria cristã em família.

5. O leigo fiel tem o direito de assistir a Santa Missa sem ter que participar de improvisações, vedetismos ou gracejos do sacerdote.

6. É melhor ser 'indelicado' com o sacerdote do que profanar o Mistério da Graça.

7. Lugar de teatro é no teatro. O fiel católico não vai à Missa para assistir teatro, mas para prestar adoração ao sacrifício do Filho de Deus. 

8. Todo abuso litúrgico é uma profanação da sagrada liturgia.

9. Um sacerdote tem todo o direito de se achar um cantor de ópera - e nós, os leigos, o direito de permanecermos surdos à ópera durante a Missa.

10. Amar o sacerdócio é obra de grandeza cristã por excelência. Deus nos perdoará quando não os amarmos o suficiente. Mas os sacerdotes serão julgados severamente pelas Missas que rezaram e pelas quais nos levaram a não os amarmos o suficiente.

domingo, 20 de setembro de 2015

O MAIOR DE TODOS É O QUE SERVE A TODOS

Páginas do Evangelho - Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comum


'Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más' (Tg 3, 16). Com efeito, toda sorte de males advém da inveja e das paixões desregradas do homem, que se pauta em ter cada vez mais e invejar no outro tudo aquilo que ainda não se tem. Não é esse o caminho da graça, nem a via da santidade. Jesus, no evangelho deste domingo, vai mostrar aos seus discípulos que a primazia da alma é forjada no cadinho da humildade.

Após a extraordinária experiência no Monte Tabor, Jesus seguia agora, rodeado apenas pelos seus discípulos e, mais uma vez, lhes anunciara o mistério de sua Paixão e Ressurreição: 'O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará' (Mc 9, 31). Mas os apóstolos ainda estavam demasiado presos à ideia de um reino terreno, pautado por poderes mundanos. E era a ambição de um poder maior em relação aos demais o que minava os sentimentos daqueles homens nos caminhos da Galileia.

Jesus vai interpelá-los sobre as murmurações de uns e outros pelo caminho; e o silêncio da resposta é o testemunho de que haviam estado até então submissos aos grilhões da inveja e das rivalidades. Estremecidos os corações diante da Verdade, são todos acolhidos na misericórdia do Bom Pastor que lhes revela: 'Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!' (Mc 9, 35). A primazia da graça é o serviço do bem desprovido de honras e vaidades humanas: o maior de todos é o que serve a todos; a humildade é a virtude que eleva o homem às vias mais plenas da santidade!

E, para ilustrar a dimensão da verdadeira humildade, Jesus a insere no contexto sublime da inocência pura de uma criança: 'Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou' (Mc 9, 37). Possuir uma inocência infantil é possuir a própria sabedoria de Deus, pois nela não prospera as ambições, nem a inveja, nem as rivalidades, nem as desordens ou qualquer espécie de obras más e porque 'a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento' (Tg 3, 17).