sábado, 3 de maio de 2014

VERSUS: SOBRE A COVARDIA

'Recordo-me de um sonho que tive nessa idade (uns quatro anos aproximadamente) e que me ficou gravado na memória: Andava eu a passear sozinha no jardim, quando de repente divisei perto do caramanchão dois horrendos diabinhos a dançar em cima de uma barrica de cal com vertiginosa agilidade, não obstante os pesados grilhões que tinham nos pés. Deitaram-me primeiro uns olhos que faiscavam lume; depois, como que tomados de espanto, vi-os precipitarem-se rapidamente no fundo da barrica, saírem logo não sei por que abertura, correrem e esconderem-se finalmente na rouparia contígua ao jardim e ao mesmo nível deles. Vendo-os tão covardes, quis saber o que iam fazer naquele esconderijo, e, sobrepondo-me ao susto, abeirei-me da janela... Os pobres demônios andavam a correr e a saltar por cima das mesas, sem atinarem como haviam de fugir às minhas vistas. De vez em quando, assomavam-se à janela, a espreitar pelos vidros, com olhar inquieto; mas vendo que eu não despejava dali, recomeçavam a sua carreira numa fúria desesperada.

Evidentemente neste sonho não há nada de extraordinário; julgo que se quis Deus servir-se deles para me mostrar que uma alma em estado de graça nada tem a temer dos demônios, que afinal [os demônios] são uns covardes, que se envergonham de fugir diante de uma criança'.

(Recordação de um sonho da infância de Santa Teresa do Menino Jesus, descrito na sua obra 'História de uma Alma'. Livraria Apostolado da Imprensa, 1952. p. 17).


'Os covardes não entrarão no reino dos Céus. O reino dos Céus admite violência; só os violentos o arrebatam ... Oh! quão violento é esse combate: e é preciso sempre recomeçar. A vitória da véspera não garante a do dia seguinte. Hoje, vencedor, amanhã, vencido. Basta qualquer descanso para preparar a derrota: só saem vitoriosos dessa guerra aqueles que jamais cessam de lutar. É preciso escalar o Céu, tomá-lo de assalto …O fundo de nossa natureza é a covardia; todos os vícios nada mais são que covardia

(Excertos da obra 'La Divine Eucharistie' de São Pedro Julião Eymard, Paris, 1926, 16ª ed., p. 293 e 295).

PRIMEIRO SÁBADO DE MAIO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O DRAMA DO FIM DOS TEMPOS (X)

DOS ESCRITOS PROFÉTICOS DO Pe. R. P. EMMANUEL 

DÉCIMO ARTIGO: A VINDA DO SOBERANO JUIZ (janeiro de 1886*)

I

É supérfluo procurar precisar a hora em que terá lugar a segunda vinda de Nosso Senhor. É um impenetrável segredo para todas as criaturas. 'Quanto àquele dia e àquela hora', nos diz Jesus Cristo, 'ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas só o Pai' (Mt 24, 36). No entanto, esse momento supremo, que porá fim a este mundo de pecado, será precedido de sinais estrondosos que fixarão a atenção não somente dos crentes mas também dos ímpios.

Primeiramente, como mostramos, haverá a perseguição do Anticristo, a aparição de Henoc e de Elias. Quando São Paulo nos diz que Jesus Cristo matará o ímpio com o sopro de sua boca, e o destruirá com o brilho de sua vinda, parece que o castigo do Anticristo coincidirá com a vinda do soberano juiz. No entanto, não é esse o sentimento geral dos intérpretes. Pode-se explicar São Paulo dizendo que a destruição do ímpio só será consumada no dia do julgamento geral, se bem que sua morte tenha tido lugar tempos antes. De outro lado, os Evangelhos insinuam bem claramente que haverá um certo lapso de tempo, se bem que relativamente curto, entre a punição do monstro e a consumação de todas as coisas.

O que diz com efeito Nosso Senhor? Ele começa por pintar uma tal tribulação como nunca houve desde o começo do mundo: é a perseguição do Anticristo. Depois acrescenta: 'Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o sol, a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu e as potestades do céu serão abaladas. E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e todas as tribos da terra chorarão e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade' (Mt 24, 29-30).

Estes sãos os sinais que precederão imediatamente a vinda de Jesus Cristo como Juiz. Mas como conciliar todos esses terríveis prelúdios com essa surpresa e imprevisão que, segundo outros textos do Evangelho, caracterizam esse acontecimento? Um pouco mais adiante, com efeito, Nosso Senhor nos apresenta os homens dos últimos dias do mundo semelhantes aos contemporâneos de Noé, que o Dilúvio surpreende, comendo e bebendo, casando-se e dando as filhas em casamento (Id., ibid., 36-40). Santo Tomás responde a essa objeção dizendo que todos os abalos precursores do fim do mundo podem ser considerados como fazendo corpo com o próprio julgamento, parecendo esses estalos sinistros que não se distinguem do desmoronamento que os segue. Antes de todos esses terríveis presságios, os homens poderão zombar das advertências da Igreja. Mas ouvindo o estalar da máquina do mundo, empalidecerão; e como diz São Lucas, secarão de medo, à espera do que sobrevirá ao universo (Lc 21, 26).

Santo Tomás difunde uma luz viva sobre os tempos que passarão entre a morte do Anticristo e a vinda de Jesus Cristo, quando diz: 'Antes que comecem a aparecer os sinais do julgamento, os ímpios crerão estar em paz e segurança, a saber, depois da morte do Anticristo, porque não verão o mundo acabar, como antes estimavam. (Suppl. Q. LXXI, art. I, ad. 1). Com a ajuda desta palavra podemos formar conjecturas mais plausíveis sobre os últimos tempos do mundo; e nossos leitores não deixarão de se interessar recebendo essas conjecturas a título de simples probabilidade.

II

Dissemos e mantemos como incontestável que a morte do Anticristo será seguida de um triunfo sem igual da Santa Igreja de Jesus Cristo. As alegrias proféticas de Tobias, recuperando a vista ao mesmo tempo que reencontra o filho, a embriagadora alegria dos judeus com a queda de Aman e de seus satélites, os transportes dos habitantes de Betúlia, libertados por Judith do círculo de ferro que os apertava; a purificação do templo pelos Macabeus vencedores do ímpio Antíoco; enfim e sobretudo o calmo e pacífico triunfo de Jó, restabelecido por Deus em todos os seus bens, vendo acorrer a seus pés amigos e parentes arrependidos e reunindo todos em um banquete religioso: todas essas imagens exprimem insuficientemente o estado da Santa Igreja, abrindo seu coração e seus braços a seus inimigos como a seus filhos, aos judeus convertidos como aos heréticos reconciliados, aos descendentes de Caim, como aos filhos de Sem e de Jafé, em uma palavra, realizando a unidade comprada pelo preço do sangue de um Deus, um só rebanho e um só pastor!

Certamente, e mesmo neste período de triunfo, haverá ainda maus e ímpios; mas é-nos permitido pensar que eles se esconderão e que desaparecerão na intensidade da alegria pública. Infelizmente esses belos dias não durarão mais do que o tempo de poder esquecer os solenes acontecimentos que os fizeram nascer. Pouco a pouco a tibieza sucederá ao fervor; e essa passagem insensível se fará tão mais depressa quanto menos inimigos a Igreja tiver então para combater.

O estimado autor, Padre Armijon, pinta assim o estado no qual o mundo então cairá: 'A queda do mundo', diz ele, 'terá lugar instantaneamente e de improviso: veniet dies Domini sicut fur (2 Ped 3, 10). — Acontecerá em uma época em que o gênero humano, mergulhado no mais profundo desleixo, estará a mil léguas de sonhar com o castigo e com a justiça. A misericórdia divina terá esgotado todos os meios de ação. O Anticristo terá aparecido. Os homens, espalhados em todos os espaços, terão sido chamados ao conhecimento da verdade. A Igreja Católica, por uma última vez, terá desabrochado na plenitude da sua vida e da sua fecundidade. Mas todos esses favores, assinalados e superabundantes, todos esses prodígios serão novamente apagados do coração e da memória dos homens. A humanidade, por um abuso criminoso das graças, voltará a seu vômito. Voltando todas as suas aspirações para a terra, dará as costas a Deus, a ponto de não ver mais o céu nem se lembrar de seus justos julgamentos (Dn 13, 9). Toda fé estará extinta nos corações. Toda carne terá corrompido seu caminho. A Divina Providência julgará que já não há mais remédio'.

'Será', diz Jesus Cristo, como no tempo de Noé. Os homens viviam despreocupados, plantavam, construíam casas suntuosas, escarneciam prazerosamente do simplório Noé que se dedicava à profissão de carpinteiro, trabalhando dia e noite para construir sua barca. Diziam: que louco, que visionário! Isto durou até o dia em que veio o dilúvio e submergiu toda a terra: venit diluvium et perdidit omnes' (Lc 17, 27).

'Assim a catástrofe final se produzirá quando o mundo estiver mais em segurança; a civilização estará em seu apogeu, o dinheiro abundará nos mercados e nunca os fundos públicos estarão tão altos. Haverá festas nacionais, grandes exposições; a humanidade regurgitando de uma prosperidade material nunca vista, dirá como o avarento do Evangelho: 'Minha alma, tu tens bens por longos anos, beba, coma, divirta-se...' Mas, de repente, no meio da noite, in media nocte, pois haverá trevas, e nessa hora fatídica da meia-noite, quando o Salvador apareceu pela primeira vez em sua baixeza, é que ele reaparecerá em sua glória; — os homens, acordados em sobressalto, ouvirão um grande estrondo e um grande clamor, e uma voz se fará ouvir: 'Deus está aqui, saí a seu encontro, exite obviam ei' (Mt 25, 6).

E o autor acrescenta que os homens não terão tempo para se arrependerem. Aqui nos separamos dele. A grande catástrofe será precedida de sinais apavorantes, cujo conjunto formará um supremo apelo da misericórdia divina; bem cego e bem endurecido será quem resistir a tudo isso!

O sol se obscurecerá como que esgotado por um desperdício de luz. A lua não receberá mais nem um raio suficiente para brilhar. O céu se fechará como um livro invadido por uma obscuridade espessa. As potências do céu serão abaladas; pois as leis dos movimentos dos corpos celestes parecerão suspensas. Haverá uma profunda comoção no mar, um grande estrondo de ondas elevadas, a terra sacudida por movimentos insólitos; e os homens não saberão onde se lançarem para fugir dos elementos desencadeados. Enfim, a terra se abrirá e lançará globos de chamas que provocarão um abrasamento geral enquanto que aparecerá nos ares uma cruz faiscante anunciando a vinda do soberano Juiz.

Quanto tempo durarão esses sinais? Ninguém sabe. O que a Escritura nos diz é que os homens secarão de pavor. E acontecerá com eles o que aconteceu aos contemporâneos de Noé. Enquanto ele continuava a arca, escarneciam dele; mas quando o Dilúvio começou a invadir tudo, todos tremeram, e muitos, segundo o testemunho de São Pedro, se converteram. É-nos permitido esperar que também, à aproximação do julgamento, uma parte dos homens, vendo o céu se velar e sentindo a terra faltar sob os pés, façam um ato de contrição suprema e voltem ao estado de graça com Deus.

(Excertos da obra 'O Drama do Fim dos Tempos, do Pe. R.P. Emmanuel, prior do Mosteiro de Mesnil-Saint-Loup, Ed. Permanência, 2004)

Foi pouco antes (1884) que o Papa Leão XIII escreveu sua famosa oração de exorcismo pela intercessão de São Miguel Arcanjo, em face de sua profética visão sobre a ação futura do inferno sobre a Santa Igreja)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque  durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

A FÉ EXPLICADA (XV)

Há Conciliação Possível entre a Igreja e a Maçonaria?

Não há conciliação possível entre a Santa Igreja e a Maçonaria, como pode ser atestado por vários e diferentes documentos, proclamados, em épocas diversas, pela Santa Igreja. Consideremos três destes documentos, como exemplos.

DECLARAÇÃO SOBRE A MAÇONARIA (1983)

Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja à respeito da maçonaria pelo fato que, no novo Código de Direito Canônico, ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior. Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério redacional seguido também quanto às outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.

Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e, por isso, permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.

Não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas com um juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de Fevereiro de 1981 (cf. AAS 73, 1981, p. 240-241).

O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a Audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação. Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de Novembro de 1983.

Joseph Card. RATZINGER
Prefeito

+ Fr. Jérôme Hamer, O.P.
Secretário

http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19831126_declaration-masonic_po.html

INCONCIABILIDADE ENTRE FÉ CRISTÃ E MAÇONARIA (1985)

Para dissolver quaisquer dúvidas,  a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé promulgou um novo documento, datado de 11 de março de 1985, ratificando esta conciliação impossível com base em termos morais, filosóficos e doutrinais:

'Mesmo quando, como já se disse, não houvesse uma obrigação explícita de professar o relativismo como doutrina, todavia a força “relativizante” de uma tal fraternidade, pela sua mesma lógica intrínseca tem em si a capacidade de transformar a estrutura do ato de fé de modo tão radical que [isto] não é aceitável por parte de um cristão'.

http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19850223_declaration-masonic_articolo_po.html

Este documento ressalta a peça demolidora do Magistério da Igreja contra a Maçonaria: a Encíclica Humanum Genus de Leão XIII de 20 de Abril de 1884.

ENCÍCLICA HUMANUM GENUS DE LEÃO XIII (1884)

'Não mais fazendo qualquer segredo de seus propósitos, eles [os maçons] estão agora abruptamente levantando-se contra o próprio Deus. Eles estão planejando a destruição da Santa Igreja publicamente e abertamente, e isso com o propósito estabelecido de despojar completamente as nações da Cristandade, se isso fosse possível, das bênçãos obtidas para nós através de Jesus Cristo nosso Salvador …  (item 2)

(...) esta sé apostólica denunciou a seita dos maçons, e publicamente declarou sua constituição, como contrária à lei e ao direito, perniciosa tanto à Cristandade como ao Estado; e proibiu qualquer um de entrar na sociedade, sob as penas que a Igreja costuma infligir sobre as pessoas excepcionalmente culpadas ... (item 6)

(…) a doutrina fundamental dos naturalistas, que eles tornam suficientemente conhecida em seu próprio nome, é que a natureza humana e a razão humana deveria em todas as coisas ser senhora e guia. Eles ligam muito pouco para os deveres para com Deus, ou os pervertem por opiniões errôneas e vagas. Pois eles negam que qualquer coisa tenha sido ensinada por Deus; eles não permitem qualquer dogma de religião ou verdade que não possa ser entendida pela inteligência humana, nem qualquer mestre que deva ser acreditado por causa de sua autoridade...  (item 12)

(…) abertamente declaram, o que em segredo entre eles mesmos têm por um longo tempo planejado, que o poder sagrado dos Pontífices deve ser abolido, e que o próprio papado, fundado por direito divino, deve ser totalmente destruído... (item 15)

(…) eles não mais consideram como certas e permanentes aquelas coisas que são totalmente entendidas pela luz natural da razão, tais como certamente são – a existência de Deus, a natureza imaterial da alma humana, e sua imortalidade ... a seita permite grande liberdade aos seus membros juramentados por voto, de modo que para cada lado é dado o direito de defender a sua própria opinião, ou de que há um Deus, ou de que não há nenhum ... (item 17)

No final da encíclica, a condenação explícita e duríssima contra a maçonaria é feita associada a uma contundente recomendação aos bispos da Igreja (item 31):

(...) Nós desejamos que o vosso primeiro ato seja arrancar a máscara da Maçonaria, e deixar que ela seja vista como realmente é; e por sermões e cartas pastorais instruir o povo quanto aos artifícios usado pelas sociedades deste tipo para seduzir os homens e persuadi-los a entrar em suas fileiras, e quanto à perversidade de suas ações e à maldade de seus atos ... Pode parecer a alguns que os Maçons não exigem nada que seja abertamente contrário à religião e à moral; mas, como todo princípio e objetivo da seita está naquilo que é vicioso e criminoso, ajuntar-se com estes homens ou em algum modo ajudá-los não pode ser legítimo.

http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_18840420_humanum-genus_po.html

Observação Complementar: a Maçonaria não tem uma 'cara' única, embora as diversas Lojas Maçônicas sejam muitas (e existam entidades ainda mais secretas, além dos graus mais elevados da maçonaria clássica). Basta considerar, entretanto, que o Rotary foi fundado pelo maçon Paul Harris; que o Lions foi fundado pelo maçon Melvin Jones; que a entidade do DeMolay foi fundada pelo maçon Frank Sherman Land e os próprios Escoteiros constituem um grupo fundado pelo maçon Robert Baden Powell. Assim, como instituições co-irmãs da maçonaria, recaem sobre elas as mesmas condenações explícitas da Santa Igreja à maçonaria.

terça-feira, 29 de abril de 2014

A VERDADEIRA E PERFEITA HUMILDADE


Saudação e objetivo

Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, meu caríssimo filho, no doce Cristo Jesus, eu, Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver alicerçado na verdadeira e perfeita humildade.

Iluminação divina e humildade

Quem é humilde também é paciente no suportar dificuldades por amor à verdade, pois a humildade alimenta e sustenta a caridade. Quem possui a chama da caridade nunca é negligente, mas sempre solícito, porque a caridade não é preguiçosa, sempre trabalha.

Todavia, sem uma iluminação divina, ninguém possui a caridade e a humildade, que afastam o orgulho. Se o olho tem um objeto que possa ver, mesmo que esteja sadio e haja luz, se ele não estiver aberto, nada verá. O olho da nossa alma é a inteligência, e a sua iluminação vem da fé, se tal olho não estiver velado pelo pano do amor-próprio ou egoísmo. Quando o egoísmo é afastado, a nossa inteligência torna-se limpa e conhece.

Desperta a afeição da alma, que começa a amar o seu benfeitor. Impulsionado pelo amor, o pensamento se abre e contempla o objeto, que é Cristo Crucificado. A alma compreende, sobretudo no precioso sangue, o abismo do seu infinito amor.

A humildade é a cela do auto-conhecimento

Onde a inteligência (iluminada pela fé) encontra Cristo crucificado? Na cela do coração, na qual a alma vê a própria miséria, os próprios defeitos, o próprio nada. Mas, ao mesmo tempo, conhece a bondade de Deus. Se a alma ficasse somente a conhecer-se a si mesma, o seu conhecimento de Deus não seria verdadeiro; nem a pessoa colheria os frutos que resultam do conhecimento de si. Ela mais perderia do que ganharia, uma vez que retiraria do conhecimento de si apenas tédio e confusão. Cairia na aridez (espiritual). E se continuasse assim, sem a devida cura, terminaria no desespero. Por outro lado, se a alma apenas conhecesse a Deus e não também a si mesma, colheria como fruto apodrecido uma grande confusão (intelectual), que alimenta a soberba.

Aliás, uma coisa nutre a outra. É preciso, portanto, que o conhecimento iluminado da alma chegue a um grau completo, tanto do conhecimento de Deus como de si mesma.

Desse modo a alma evita a presunção e o desespero, e colhe na cela do coração o fruto da vida, a partir do conhecimento de si e do desprezo do pecado e da perversa lei (da sensualidade), sempre disposta a lutar contra o espírito (Rm 7,23). Tal desprezo gera a paciência, que é o cerne da caridade. No conhecimento de Deus (presente) em si, a alma atinge o abismo do amor por Deus e pelo próximo. Na luz da fé, compreende que o amor que tem por Deus não pode ser útil ao Criador. Por isso, imediatamente, a alma começa a ser útil ao próximo, por amor a Deus. Ama a criatura por compreender que Deus a ama sumamente. É condição do amor que alguém ame tudo o que a pessoa amada ama.

Conselhos materiais de Catarina. Conclusão

Filho caríssimo, com a iluminação divina, recebemos a humildade e a caridade. Graças ao esforçado empenho, dado pela chama da caridade, destruiremos toda a negligência; ao mesmo tempo, a água da humildade lavará a nossa soberba. Ficamos sedentos da glória divina e zelosos pela salvação das almas, mediante a cruz do Cordeiro Imaculado e Humilde. Outro caminho não existe! Foi ao considerar que temos de caminhar por tal caminho da humildade, que eu disse acima estar desejosa de vos ver alicerçado na verdadeira e perfeita humildade. Quero que vivais dessa maneira, sem medo e sem confusão na mente. Mas, sobretudo, quero que recomeceis a viver com fé viva, esperança firme, obediência pronta. Quero que reabasteçais e alimenteis a vossa alma.

Que ela não resseque pela confusão e cansaço da mente. Pelo contrário, com muito empenho, esforçai-vos por despertar do sono da negligência, imitando as virtudes que vedes nos vossos irmãos e conservando-as no vosso coração. Amai a verdade! Que ela esteja sempre nos vossos lábios. Quando oportuno, difundi-a aos outros, sobretudo entre as pessoas que amais. Mas fazei-o com delicadeza, assumindo os defeitos alheios. Se não fizestes isso no passado, com a necessária cautela, corrigi-o no futuro. Quero que não vos aflijais, nem vos preocupeis comigo. Dia após dia, deixemos passar as ondas deste tempestuoso mar, na humildade, caridade fraterna e paciência.

Nada mais acrescento. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Jesus doce, Jesus amor.

(Santa Catarina de Sena, Carta 51)