sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

22 DE FEVEREIRO - A CÁTEDRA DE PEDRO

A celebração da festa litúrgica da Cátedra de São Pedro no dia 22 de fevereiro tem origem muito antiga e está documentada por sua inclusão num calendário do ano 354 e no Martyrologium Hieronymianum, o mais antigo da Igreja Latina, composto entre 431 e 450. Na pessoa de São Pedro (e de todos os seus sucessores), insere-se o fundamento visível da unidade da Igreja, nascida de Deus e glória de Deus até os confins dos séculos 'porque as portas do inferno não prevalecerão contra ela' (Mt 16,18).

"O chamado de Pedro' (Giorgio Vasari, sem data)


'Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus' (Mt 16, 17-19).



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

20 DE FEVEREIRO - BEM AVENTURADOS JACINTA E FRANCISCO


Jacinta contava apenas sete anos e Francisco apenas nove quando tiveram, juntamente com Lúcia (à época, com 10 anos) as visões de Nossa Senhora em Fátima. Se é verdade que São Domingos Sávio morreu aos 15 anos e Santa Maria Goretti aos onze, é possível que crianças em tal tenra idade sejam capazes de viver e praticar a virtude com zelo heroico e, assim, alcançarem o cimo da santificação? A resposta é sim e este sim se aplica aos pequenos videntes de Fátima. Pois, foi exatamente com base na curtíssima vida de Jacinta e de Francisco Marto que o Papa João Paulo II revogou os decretos impeditivos de Pio XI neste sentido e declarou-os bem aventurados da Igreja em 13 de maio de 2000.

Depois da visão do inferno, Nossa Senhora pediu a ambos orações e sacrifícios pela conversão dos pecadores, e as duas crianças passaram a se esmerar para o pleno cumprimento destas práticas desde então e citam-se inúmeros exemplos de mortificação dados por eles em diversas ocasiões. Em 1918, foram vitimados pela terrível gripe pneumônica que assolou toda a Europa. Durante meses, em meio a internações e operações diversas, os dois irmãos sofreram com grande resignação. 

Em janeiro de 1919, a Santíssima Virgem apareceu-lhes para dar uma surpreendente notícia e convidar Jacinta ao holocausto completo: 'Nossa Senhora veio nos ver e disse que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim, perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim. Disse-me que iria para um hospital, que lá sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus.' Francisco morreria em 04/04/1919. Jacinta, internada em um hospital de Lisboa, padeceu com serenidade os tormentos finais da sua enfermidade, até falecer em 20 de fevereiro de 1920.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

SERMÃO DA QUARESMA

Neste Oitavo Dia da Quaresma, acompanhemos as meditações de São Leão Magno:

'Há muitas batalhas dentro de nós: a carne contra o espírito, o espírito contra a carne. Se, na luta, são os desejos da carne que prevalecem, o espírito será vergonhosamente rebaixado de sua dignidade própria e isto será uma grande infelicidade; de rei que deveria ser, torna-se escravo.

Se, ao contrário, o espírito se submete ao seu Senhor, põe sua alegria naquilo que vem do céu, despreza os atrativos das volúpias terrestres e impede o pecado de reinar sobre o seu corpo mortal, a razão manterá o cetro que lhe é devido de pleno direito, nenhuma ilusão dos maus espíritos poderá derrubar seus muros; porque o homem só tem paz verdadeira e a verdadeira liberdade quando a carne é regida pelo espírito, seu juiz, e o espírito governado por Deus, seu Mestre.

É, sem dúvida, uma preparação que deve ser feita em todos os tempos: impedir, por uma vigilância constante, a aproximação dos espertíssimos inimigos. Mas é preciso aperfeiçoar essa vigilância com ainda mais cuidado, e organizá-la com maior zelo, nesta época do ano, quando nossos pérfidos inimigos redobram também a astúcia de suas manobras.

Eles sabem muito bem que esses são os dias da santa Quaresma e que passamos a Quaresma castigando todas as molezas, apagando todas as negligências do passado; usam então de todo o poder de sua malícia para induzir em alguma impureza aqueles que querem celebrar a santa Páscoa do Senhor; mudar para ocasião de pecado o que deveria ser uma fonte de perdão.

Meus caros irmãos, entramos na Quaresma, isto é, em uma fidelidade maior ao serviço do Senhor. É como se entrássemos em um combate de santidade.

Então preparemos nossas almas para o combate das tentações e saibamos que quanto mais zelosos formos por nossa salvação, mais violentamente seremos atacados por nossos adversários. Mas Aquele que habita em nós é mais forte do que aquele que está contra nós. Nossa força vem d’Aquele em quem pomos nossa confiança.

Pois se o Senhor se deixou tentar pelo tentador foi para que tivéssemos, com a força de seu socorro, o ensinamento de seu exemplo. Acabaste de ouvi-Lo. Ele venceu seu adversário com as palavras da lei, não pelo poder de sua força: a honra devida a sua humanidade será maior, maior também a punição de seu adversário se Ele triunfa sobre o inimigo do gênero humano não como Deus, mas como homem.

Assim, Ele combateu para que combatêssemos como Ele; Ele venceu para que também nós vencêssemos da mesma forma. Pois, meus caríssimos irmãos, não há atos de virtude sem a experiência das tentações, a fé sem a provação, o combate sem um inimigo, a vitória sem uma batalha. 

A vida se passa no meio das emboscadas, no meio dos combates. Se não quisermos ser surpreendidos, é preciso vigiar; se quisermos vencer, é preciso lutar. Eis porque Salomão, que era sábio, dizia: 'Meu filho, quando entras para o serviço do Senhor, prepara a tua alma para a tentação' (Ecl. 2,1).

Cheio da sabedoria de Deus, sabia que não há fervor sem combate laborioso; prevendo o perigo desses combates, anunciou-os de antemão para que, advertidos dos ataques do tentador, estivéssemos preparados para aparar seus golpes.'

(Dos Sermões de São Leão Magno)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

DA VIDA ESPIRITUAL (43)

Passaste há pouco pela experiência difícil de uma dor terrível, que te prostrou e te roubou o equilíbrio. Lamentaste a sensibilidade da carne e consideraste o extremo valor da saúde e me perguntaste, então, o que poderia ser a dor espiritual pelo castigo da perda da graça de Deus. Trata-se de algo que transcende a compreensão humana, porque é a dor total e sem refrigério algum, pois não tem a carne (cuja sensibilidade lamentas!) para amortecer nada, nunca...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

ORAÇÃO: DE PROFUNDIS (SALMO 129)

1. De profundis clamavi ad te Domine 
1. Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor! 

2. Domine exaudi vocem meam fiant aures tuae intendentes in vocem deprecationis meae
2. Senhor, ouvi minha oração; que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica.

3. Si iniquitates observabis Domine: Domine, quis sustinebit?
3. Se levardes em conta nossos pecados, Senhor, quem poderá permanecer diante de vós? 

4. Quia apud te propitiatio est propter legem tuam sustinui te Domine sustinuit anima mea in verbum eius
4. Mas em vós se encontra o perdão dos pecados, para que, reverentes, o sirvamos. Ponho a minha esperança no Senhor. Minha alma tem confiança em sua palavra.

5. Speravit anima mea in Domino
5. Minha alma espera pelo Senhor.

6. A custodia matutina usque ad noctem speret Israel in Domino
6. Mais do que os vigias aguardam a manhã, Espere Israel pelo Senhor.

7. Quia apud Dominum misericordia et copiosa apud eum redemptio
7. Porque junto dele se acha a misericórdia; encontra-se nele copiosa redenção.

8. Et ipse redimet Israel ex omnibus iniquitatibus eius
8. Ele mesmo há de remir Israel de todas as suas iniquidades.


18 DE FEVEREIRO - SANTA BERNADETTE SOUBIROUS


Bernadette Soubirous nasceu em Lourdes, região montanhosa dos Pirineus, a 7 de janeiro de 1844. Após as aparições, Bernadette foi admitida na Comunidade de Filhas da Caridade de Nevers: em julho de 1866 começou seu noviciado e, em 22 de setembro de 1878, pronunciou seus votos. Faleceu no dia 16 de Abril de 1879, com a idade de 35 anos, após uma longa e dolorosa enfermidade. Pouco antes, em 1876, foi edificada ali a atual Basílica, um dos lugares de peregrinação do mundo católico. Trinta anos após sua morte, em 22 de setembro de 1909, seu corpo foi exumado e encontrado em perfeito estado de conservação. Alguns anos depois, em 13 de abril de 1925, pouco antes de sua beatificação, efetuada em 12 de Junho de 1925, foi feito um segundo reconhecimento do corpo, que continuava intacto. 

Bernadette foi canonizada pelo Papa Pio XI em 8 de dezembro de 1933. Seu corpo incorrupto é mantido em uma urna de cristal desde 3 de agosto de 1925 e pode ser visitado ainda hoje na Igreja de Saint Gildard em Nevers. A festividade da Santa se celebra no dia 16 de Abril, data de sua morte. Na França (e no Brasil), é celebrada no dia 18 de fevereiro. A festa de Nossa Senhora de Lourdes é celebrada no dia de sua primeira aparição, 11 de fevereiro.

Santa Bernadette, rogai por nós!



domingo, 17 de fevereiro de 2013

O JUGO DAS TENTAÇÕES


Se há algo que liga de forma admirável todo o universo da criação é o zelo imposto à fidelidade e à obediência aos desígnios de Deus. O que significa dizer que criatura alguma não perpassou por tais provas de fidelidade sem o jugo das tentações. A primeira prova foi imposta aos anjos e uma miríade deles se condenou. Depois, Adão e Eva sucumbiram à tentação e o pecado deles marcou indelevelmente a história humana. Sob o jugo cotidiano de tentações diversas, todos nós percorremos nosso vale de lágrimas.

Mas Jesus, embora não possuindo a mais remota imperfeição, também foi tentado. E não, uma, duas ou três vezes como nos revelam as Sagradas Escrituras, mas muitas outras vezes naqueles 'quarenta dias no deserto' (Lc 4, 2). Aquele que disse de si 'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida' (Jo 14,6) foi sempre exemplo. Sabendo de nossas imperfeições e da ação diabólica sobre a natureza humana, Jesus quis mostrar as provas e os riscos de nossa caminhada terrena: seremos tentados, mas temos todos os meios disponíveis para superar a malícia do tentador. Assim, Jesus submeteu-se às tentações do demônio no deserto para 'compadecer-Se de nossas fraquezas' e, em tudo, menos no pecado, assumir incondicionalmente a dimensão do homem.

E este Primeiro Domingo da Quaresma nos lembra as três tentações sofridas por Jesus e descritas nos Evangelhos. Depois de quarenta dias, em jejum e oração, Jesus teve fome. Jesus teve fome, como qualquer ser humano privado de alimento por longo tempo. A manifestação maligna ousou, então, tentar Jesus: diante a suspeição de ser Jesus o Filho de Deus pairava a incontestável condição humana de um homem debilitado pela fome. E, por isso, a primeira tentação tem essa via, em que o vômito maligno titubeia por ânsias de dubiedade: 'Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se converta em pão.' (Lc 4,3). Ao que Jesus, citando as Escrituras, responde: 'Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra de Deus' (Lc 4,4), porque Jesus poderia alcançar o seu sustento por vias naturais mas, principalmente, para mostrar a ascensão da vida espiritual sobre a dimensão puramente física. 

A segunda tentação foi a tentativa de idolatria, diante da soberba do poder diabólico, exposta pelo brilho feérico e a falsa concessão de 'todos os reinos do mundo'. Quantos homens não se perdem nessa vereda diante de migalhas de luxo e esplendor mesquinhos? Jesus vai responder ao espírito maligno: 'Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás' (Lc, 4,8). Satanás sentiria reverberar em seus ouvidos a sentença de Miguel: 'Quem, como Deus?'.

E chegaria a ousadia satânica a uma terceira tentação, misto de vanglória e desmedido orgulho, ainda mais abominável porque supostamente amparada nos próprios textos das Escrituras: 'Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! Porque a Escritura diz... Eles te levarão nas mãos para que não tropeces em alguma pedra' (Lc 4, 9.11). Jesus, uma vez mais, se submete ao desvario diabólico, para desmascarar suas ciladas e malícias e reduzi-lo como macaqueador de Deus: 'Não tentarás o senhor teu Deus.' (Lc 4,12). A lição do Mestre sobre os benefícios das tentações e das provas humanas torna-se cristalina: não devemos temer o demônio, mas sim, o pecado, pois é o pecado que nos deixa à mercê da ação maligna de todos os demônios.