segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (II)


06. Como era a situação geográfica na época em que José nasceu? 

Sabemos que o seu país de origem é a Palestina, onde hoje se situa o território de Israel, localizado na parte oriental do Mar Mediterrâneo, formado por uma faixa de terra de 240 por 150 quilômetros quadrados. Uma região de terras férteis, embora comporte também desertos desoladores e de regiões montanhosas com colinas, que vão de 500 a 900 metros, espalhadas por suas regiões denominadas de Galileia, Samaria e Judeia. Destacava-se no tempo de José, como de sorte ainda hoje, o Mar da Galileia, também denominado de Lago de Genesaré, com 2 km de comprimento por 11 km de largura e com uma profundidade de até 45 metros, um dos principais palcos da vida do povo de José, sobretudo pela pesca. Era de suma importância também o Rio Jordão que, percorrendo 350 km, despeja suas águas no Mar Morto, o qual possui uma extensão de 85 km por 16 km de largura, com profundidades de até 400 metros e com suas águas densas de sal que não permitem, portanto, nenhum tipo de vida. 

07. Como era a situação política no tempo de José? 

São José nasceu sob a dominação dos Romanos, pois seu povo passou a viver sob o jugo dos Romanos desde o ano 63 antes do nascimento de Jesus. Seu povo tem uma longa história marcada de lutas, conquistas, derrotas, deportações, exílios, monarquias e infidelidade a Deus, embora sempre com uma fé forte em Javé, embora muitas vezes contaminada por idolatrias. Quando José nasceu, seu país era palco de um certo progresso e de novidades por parte dos Romanos, os quais gostavam de construções imponentes e de artes. Entretanto seu povo era de certa maneira escravo dos dominadores, e pouco se podia progredir a não ser os privilegiados. Por ser os Romanos de uma índole eclética, seus comportamentos eram incompatíveis com as aspirações do povo de José, o que deu ocasião para muitas revoltas, guerrilhas e revoluções armadas organizadas por facções do próprio povo e em tudo isso estava o desejo enorme de livrar-se da dominação estrangeira. O país de José era governado por Herodes; este era um caudilho imposto pelo poder real de Roma no ano 46 aC. Cruel, mandou matar todos aqueles que se opunham à sua política mas, apesar de tudo, foi um administrador hábil e um político astuto. 

08. Como era a situação social que José vivenciou? 

Como povo dominado e explorado pelos Romanos, as pessoas eram pobres com exceção de alguns que constituíam a classe dos privilegiados. Agravava-se ainda mais a situação de precariedade se levarmos em conta que, além da dominação dos Romanos, havia muitas e altas taxas impostas pelo império romano que toda pessoa era obrigada a pagar. Soma-se a isso o solo pobre e pouco produtivo, agravado pelas condições climáticas hostis por causa da escassez de chuva e por uma agricultura rudimentar. Além de tudo isso, havia também a exploração por parte da classe dominante. 

09. Sendo José pertencente à classe pobre, como podemos deduzir seu estilo de vida? 

Como todo pobre, José morava em uma casa muito simples, construída com paredes de pedras calcárias, com tijolos de barro cozido ao sol. Dormia como era o costume, em esteiras apropriadas para esse fim e sua alimentação era constituída de pão e peixes provenientes do Lago de Genesaré, não distante de Nazaré. Não faltavam também variedades de frutas tais como: romãs, figos e tâmaras. A carne era muito rara na mesa do pobre, mas em compensação havia sempre o azeite, o leite e até o vinho. 

10. E quanto ao ambiente religioso? 

Toda a vida religiosa do povo hebreu, e também a política e a social, girava em torno do Templo de Jerusalém, imponente edifício que tinha sido construído pelo Rei Salomão dez séculos antes de Jesus nascer. Destruído por Nabucodonosor em 516 aC, fora reconstruído por Zorobabel. Porém, por volta do ano 20 antes do nascimento de Jesus, novamente fora destruído por Herodes para que, em seu lugar, fosse edificado um outro mais suntuoso e rico pela sua imponência. Este ficou pronto no ano 64 dC. O Templo era o lugar das orações e das ofertas dos sacrifícios e imolações de animais por parte dos hebreus. Pela sua importância e constante movimentação, devido ao fluxo de gente que o frequentava, este possuía cerca de 20 mil funcionários, desde o mais alto grau sacerdotal até o mais humilde empregado. Naturalmente para sustentar todo este funcionamento, cada hebreu pagava 10% de impostos do que produzia. 

Outro fator importante que constituía o contexto religioso da época era a divisão dos grupos ou classes, constituídos pelos saduceus, que eram as pessoas mais ricas e influentes. Estes geralmente eram os sacerdotes e os administradores do Templo; era o grupo dos privilegiados. Seguiam depois os fariseus, inimigos dos Romanos e distinguidos pela ostentação religiosa, com suas práticas de orações, purificações, normas de comportamento e pela observância estrita da lei. Havia ainda um grupo de revolucionários e guerrilheiros denominados de zelotas e também uma outra classe conhecida como essênios. Estes viviam em comunidades monacais às margens do Mar Morto, numa localidade hoje conhecida como Qumran, onde levavam uma vida ascética e rígida. Por fim, devido a uma divisão dos hebreus no século X aC, a região da Samaria era considerada pelos judeus como uma terra maldita e seus habitantes eram tidos como pagãos, heréticos e impuros, e por isso odiados, ainda mais porque adoravam a Deus no monte Garizim, onde haviam construído um templo.

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)