terça-feira, 3 de julho de 2018

CATECISMO MAIOR DE PIO X (VIII)

Fim do cativeiro da Babilônia e volta dos hebreus à Judeia

66. O cativeiro babilônico durou 70 anos, depois dos quais os judeus alcançaram a liberdade com Ciro. De volta à sua pátria, liderados por Zorobabel (539 a.C.), reedificaram Jerusalém e o Templo, encorajados por Neemias, ministro do rei, e pelo profeta Ageu.

67. Mas nem todos voltaram para casa. Entre aqueles que permaneceram em terra estrangeira, houve por divina disposição Ester, que, escolhida pelo rei Asuero para sua esposa, salvou depois seu povo da ruína a que fora condenado pelo rei, instigados pelo ministro Haman que abominava Mardoqueu, tio da rainha.

68. Os judeus, ao recuperarem a liberdade, eram doravante mais fiéis ao Senhor, vivendo sob os cuidados de suas próprias leis e reconhecendo por chefe de sua nação o Sumo Pontífice, com certa dependência, o rei da Pérsia, o rei da Síria ou do Egito, de acordo com o destino das armas.

69. Entre esses reis, alguns deixaram em paz os judeus e outros os perseguiram para reduzi-los à idolatria. O tirano mais cruel foi Antíoco Epifânio, rei da Síria, que publicou uma lei a que todos os seus súditos estavam obrigados, sob pena de morte, a abraçar a religião dos gentios. Muitos judeus então consentiram naquela impiedade, mas, muitos mais se mantiveram firmes e se conservaram fiéis a Deus, e muitos outros morreram com glorioso martírio. Assim sucedeu a um santo ancião que se chamava Eleazar e sete irmãos, que se diziam Macabeus, com a sua mãe.

Os Macabeus

70. Surgiram depois contra o ímpio e cruel Antíoco alguns intrépidos defensores da religião e da independência da pátria, à frente dos quais se pôs um sacerdote de nome Matatias, com seus cinco filhos, virtuosos e esforçados como ele. Primeiro retirou-se para os montes, e reunindo ali outros valentes, desceu e feriu seus opressores.

71. Judas, apelidado Macabeu, filho de Matatias, continuou a guerra iniciada por seu pai, e com o favor de Deus e com a ajuda de seus irmãos fundou o pequeno reino chamado dos Macabeus que, por um período de cento e vinte e cinco anos, governaram a Judeia como pontífices e capitães, e depois também como reis. Este grande capitão, chamado na Sagrada Escritura como varão fortíssimo, deu ilustre exemplo de piedade para com os defuntos e confirmou solenemente a fé no purgatório, ordenando uma grande coleta de dinheiro com destino a Jerusalém, para que ali se oferecessem dons e sacrifícios em sufrágio dos que haviam caído mortos na guerra santa. Foi abençoado do povo por suas muitas vitórias e tornou-se o terror de seus inimigos. Mas finalmente dominado por estes, e não apoiado pelos seus, morreu como herói com as armas em punho no ano de 161, antes da era cristã. A Judas Macabeu sucederam um após outro seus irmãos Jonathan e Simão, e depois o filho deste, João Hircano, que realizou um governo sábio, glorioso e feliz.

72. Mas os filhos e descendentes degenerados da virtude de seus mais velhos e outros dissidentes entre si entraram em desastrosos conflitos com seus poderosos vizinhos, e em breve a Judeia perdeu força e autoridade, vindo gradualmente a cair em mãos dos romanos.

Os romanos e o fim do reino de Judá

73. Os romanos primeiro a tornaram tributária, e logo depois lhe impuseram um rei de nação estrangeira, Herodes, o Grande, assim chamado por algumas empresas felizes, mas certamente não grande a juízo da história, que não calou as trapaças e vilezas que empregou para subir ao cobiçado poder, do qual se valeu mais tarde para perseguir a pessoa adorável de Jesus Cristo em sua infância. Afortunado no exterior, viveu e morreu desgraçadíssimo: fim comum dos perseguidores. Depois dele reinou, com mais ou menos extensão de poder, três filhos seus e dois netos, mas pouco durou sua glória, pois o reino foi rapidamente reduzido a província do Império Romano, que enviou um governador para governar em seu nome.

Os Profetas

74. Para conservar seu povo sob a custódia da lei, ou para fazê-lo voltar a ela de novo, quando prevaricava, e em especial para preservá-lo da idolatria, a que poderosamente pendiam, Deus suscitou em todos os momentos homens extraordinários chamados Profetas, que inspirados por Ele previam os eventos que estavam por vir.

75. Alguns desses Profetas, como Elias e Eliseu, não deixaram nada escrito, mas deles e de suas façanhas se faz menção na História Sagrada. Outros dezesseis deixaram escritas suas profecias, que foram conservadas entre os Livros Sagrados.

76. Quatro destes, Jeremias, Daniel, Ezequiel e Isaías, são chamados maiores, porque suas profecias são mais extensas; os outros doze se chamam menores, pela razão oposta.

77. A principal atribuição dos Profetas era manter viva a memória da promessa do Messias e preparar o povo para que o reconhecessem. Muitos séculos antes anunciaram o tempo preciso de sua vinda, e descreveram, com detalhes minuciosos seu nascimento, vida, paixão e morte que, lendo o conjunto de suas profecias, mais parecem historiadores do que profetas.

Algumas profecias relativas ao Messias

78. Eis aqui algumas profecias que se referem ao tempo da vinda do Messias. O profeta Daniel, para o fim do cativeiro babilônico, anunciou claramente que o Messias apareceria, viveria, seria negado e morto pelos judeus dali a setenta semanas de anos, e que, logo após, Jerusalém seria destruída e os judeus dispersos, já incapacitados de constituir uma nação.

79. Os profetas Ageu e Malaquias anunciaram aos judeus que o Messias viria no segundo templo, e, portanto, antes de sua destruição. O profeta Isaías, além de descrever muitas circunstâncias do nascimento e da vida do Messias, anunciou que, depois de sua vinda, os gentios seriam convertidos.

80. O que este e os outros Profetas anunciaram teve seu cumprimento. A saber: as setenta semanas foram cumpridas, Jerusalém foi destruída, destruído o segundo Templo, os judeus foram e permaneceram espalhados por toda a terra, e os gentios se converteram: então, o Messias veio. Acima de tudo essas profecias tiveram seu cumprimento na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, e somente nEle; portanto, Ele é o verdadeiro Messias prometido.

[Fim da primeira Parte - Resumo da História do Antigo Testamento]

(Do Catecismo Maior de Pio X)