sábado, 30 de novembro de 2013

ORAÇÃO PARA NÃO DESISTIR NUNCA


Não desista nunca:
Nem quando o cansaço se fizer sentir,
Nem quando os teus pés tropeçarem,
Nem quando os teus olhos arderem,
Nem quando os teus esforços forem ignorados,
Nem quando a desilusão te abater,
Nem quando o erro te desencorajar,
Nem quando a traição te ferir,
Nem quando o sucesso te abandonar,
Nem quando a ingratidão te desconsertar,
Nem quando a incompreensão te rodear,
Nem quando a fadiga te prostrar,
Nem quando tudo tenha o aspecto do nada,
Nem quando o peso do pecado te esmagar.
Invoque sempre a Deus, cerre os punhos, sorria… 
E recomece!
(São Leão Magno)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

GALERIA DE ARTE SACRA (IX)

Num ramal ermo das catacumbas de Santa Tecla, nas proximidades da Basílica de São Pedro e do lado de fora das muralhas da Roma antiga, foram descobertas recentemente pinturas que podem ser as primeiras imagens dos apóstolos São Pedro, Santo André, São João e São Paulo. Acredita-se que o local seja o túmulo (com cerca de 2,0m x 2,0m) de uma mulher nobre que ter-se-ia convertido ao cristianismo.

As imagens, pintadas no fim do século 4 ou início do século 5, são compostas por quatro círculos, com cerca de 50 centímetros de diâmetro e estão localizadas no teto do túmulo, circundando uma imagem que representa Cristo como o Bom Pastor. Outras imagens foram pintadas nas paredes laterais. As imagens foram recuperadas por meio de técnicas modernas de restauração e estão abertas por enquanto apenas ao acesso dos especialistas.

(local das imagens nas catacumbas de Roma)

(imagem de Cristo como o bom pastor)

(o apóstolo Paulo e uma pintura lateral do túmulo)

(imagem do apóstolo São Pedro)

(imagem do apóstolo São João)


(imagem do apóstolo Santo André)

GLÓRIAS DE MARIA - NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS


'Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós'


'Este globo que vês representa o mundo inteiro e, em especial, a França e cada pessoa em particular. Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem'

'Estes raios são o símbolo das graças que a Santíssima Virgem alcança para as pessoas que lhe pedem...'.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao contemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (em silêncio e devoção, pedir a graça desejada).

Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas.
E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre verdadeiros cristãos. Amém.

Rezar 3 Ave-Marias e, após cada ave-maria, a jaculatória: 'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós'.

Oração Final - Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém.


'Faça cunhar uma medalha por este modelo; todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes graças, sobretudo se a trouxerem ao pescoço; as graças serão abundantes, especialmente para aqueles que a usarem com confiança'

SÍMBOLOS DAS FACES DA MEDALHA MILAGROSA

Uma mulher Vestida de Luz:
Nossa Senhora resplandecente, envolvida por luz e graças, significando a glória total. 

A inscrição: 
Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. 


Mãos abertas: 
Gesto de distribuição de inúmeras Graças para o mundo, Maria, medianeira e co-redentora. 

Raios:
'Os raios que vês são símbolos das Graças que derramo sobre quem as pede'.

Globo branco sobre os pés que pisam a serpente:
Maria é a antítese e o refúgio aos pecados do mundo.


Letra M:
A letra M, que sustém uma Cruz sobre uma barra horizontal entrelaçada nos braços do M , provém de Maria, Mãe de Deus, altar da encarnação divina e participante das dores de Jesus na cruz; Mãe de todos nós. 

A Cruz sobre a barra:
Altar da redenção, sinal da Salvação.


Dois corações:
O coração de Jesus, coroado de espinhos; O coração de Maria atravessado por uma espada, pela sua participação ativa e eminente na obra da Redenção. 

Doze estrelas: 
Recordam o texto do Apocalipse: ... e na sua cabeça uma coroa de doze estrelas que simbolizam as doze tribos de Israel, os doze apóstolos, os doze pilares da Fé.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

28 DE NOVEMBRO - SANTA CATARINA LABOURÉ

Hoje, 28 de novembro, a Igreja celebra a santidade de Catarina Labouré, a vidente das aparições de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris, 1830). Sínteses da vida dessa santa, dos carismas recebidos e das aparições de Nossa Senhora a ela são apresentadas nos slides abaixo.





terça-feira, 26 de novembro de 2013

26 DE NOVEMBRO - SÃO LEONARDO DE PORTO MAURÍCIO

(São Leonardo de Porto Maurício: 1676 - 1751)

São Leonardo, o grande missionário do século XVIII proclamado pelo Papa Pio XI patrono dos sacerdotes consagrados às missões católicas, nasceu em Porto Maurício, perto de Gênova na Itália, a 20 de dezembro de 1676. Entrou para a Ordem Franciscana, no Convento de São Boaventura, ordenando-se padre aos 26 anos, dedicando, então, toda a sua vida, à salvação das almas por meio de pureza singular, penitências, orações e extremada caridade. Foi um grande apóstolo da ação missionária e do santo exercício da Via-Sacra, destacando-se ainda por ser um exímio pregador e autor de uma grande coleção de escritos católicos. São Leonardo de Porto Maurício faleceu no mesmo Convento de São Boaventura, em Roma, em 26 de novembro de 1751. Foi canonizado pelo Papa Pio IX em 29 de junho de 1867.



EXCERTO DA OBRA 'AS EXCELÊNCIAS DA SANTA MISSA' DE SÃO LEONARDO DE PORTO MAURÍCIO
                                          (conforme a edição romana de 1737, dedicada ao Papa Clemente XII)

Sabeis o que é, na realidade, a Santa Missa? É o sol da cristandade, a alma da Fé, o centro da religião Católica apostólica com a sede em Roma, a que tendem todos os seus ritos, todas as suas cerimônias, todos os seus sacramentos. É, em uma palavra, a essência de tudo o que há de bom e de belo na Igreja de Deus. 

Só o Sacrifício que temos em nossa santa religião, que é a Santa Missa, é um sacrifício santo, perfeito, e, em todo sentido, completo: por ele, cada fiel honra dignamente a Deus, reconhecendo, ao mesmo tempo, o próprio nada e o supremo domínio de Deus. Davi o chama: Sacrifício de Justiça ('sacrificium justitiae'); tanto porque contém o Justo dos justos e o Santo dos santos, ou, melhor a própria Justiça e Santidade, como porque santifica as almas pela infusão das graças e abundância dos dons que lhes confere. 

A principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que, nessa única oblação, Jesus Cristo satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído para nos aplicar especialmente esta expiação universal que Jesus por nós cumpriu no Calvário. 

Assim o sacrifício cruento foi o meio de nossa redenção e o sacrifício incruento nos proporciona as graças da nossa redenção. Um abre-nos os tesouros dos méritos de Cristo Nosso Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos. Notai, portanto, que na Missa não se faz apenas uma representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas, num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por nós misticamente, sem morrer na realidade, estando ao mesmo tempo vivo e como imolado.

No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento do Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse dia. Nos dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a subida do Senhor Jesus ao Céu e a vinda do Espírito Santo, sem que, de modo algum, nesses dias, o Senhor suba ainda ao Céu ou o Espírito Santo desça visivelmente à Terra. A mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa Missa, pois aí não é uma simples representação que se faz, mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido sobre a Cruz, com efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o mesmo corpo, o mesmo sangue, o mesmo Jesus, que se imola hoje na Santa Missa. 

Ora, dizei-me sinceramente se, quando ides à Igreja para assistir a Santa Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do Redentor, que diria alguém que vos visse ai chegar numa atitude tão pouco modesta? Se Maria Madalena fosse ao Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida, perfumada e ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como se fôsseis a uma festa mundana? Que aconteceria, sobretudo se profanásseis este ato tão santo, com gestos, risadas, cochichos, encontros sacrílegos? Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniquidade não tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da Santa Missa e na proximidade do altar, são pecados que atraem a maldição de Deus

Se não houvesse o Sol, que seria da Terra? Oh! Tudo seria trevas, horror, esterilidade e desolação. E se o Mundo não tivesse a Santa Missa, que seria de nós? Infelizes! Ficaríamos privados de todos os bens sobrecarregados de todos os males. Estaríamos expostos a todos os raios da cólera de Deus. Alguns há que se admiram, e acham que, de certo modo Deus mudou a sua maneira de governar. Antigamente Ele se nomeava de Deus dos exércitos, e falava ao povo do meio das nuvens, manejando o trovão; e de fato, era com todo o rigor da justiça que castigava os pecados. Por um único adultério, mandou passar a fio de espada vinte e cinco mil homens da tribo de Benjamim (Juiz 20,46). Por um leve pecado de orgulho de Davi em computar o povo, enviou Ele uma peste tão terrível que, em poucas horas pereceram setenta mil pessoas (II Sam. 24,15). Por um só olhar curioso e desrespeitoso dos betsamitas, fez com que cinqüenta mil deles perecessem (I Sam. 6, 19). 

E agora suporta, com paciência, não só vaidades e irreverências, mas adultérios, os mais vergonhosos, escândalos gravíssimos, e tantas blasfêmias horríveis que muitos cristãos vomitam contra Seu Nome Santíssimo. Por que assim acontece? Por que tão grande mudança de conduta? Serão as ingratidões dos homens mais escusáveis hoje do que outrora? Bem ao contrário, são muito mais culpáveis, já que os imensos benefícios de Deus se multiplicam a cada dia. 

A verdadeira razão desta clemência espantosa é a Santa Missa, pela qual esta grande Vítima, que se chama Jesus, se oferece ao Eterno Pai. Eis aí o sol da Santa Igreja que dissipa as nuvens e torna sereno o céu. Eis aí o arco-íris que detém os raios da Divina Justiça. Creio para mim que, não fosse a Santa Missa, o Mundo estaria já no abismo, incapaz de suportar o imenso fardo de suas iniquidades. A Santa Missa é o poderoso sustentáculo que lhe permite subsistir. Conclui-se, de tudo isto, quanto este divino Sacrifício é necessário; assim então, sabei aproveitá-lo o máximo que for possível. Para isto, quando participamos da Santa Missa, devemos imitar Afonso de Albuquerque. Achando-se, com sua frota, em perigo de naufragar numa horrível tempestade, teve uma inspiração: tomou nos braços uma criança que viajava em sua nau, e, elevando-a ao alto, exclamou: “Se todos somos pecadores, esta criaturinha é certamente sem mácula, Ah! Senhor por amor deste inocente compadecei-vos dos culpados!” Acreditareis? A vista dessa criança inocente agradou tanto a Deus, que Ele acalmou o mar e devolveu a alegria àqueles infelizes, gelados já pelo terror da morte certa. 

Ainda que a excelência e a necessidade da Santa Missa não fossem para vós bastante ponderáveis, como poderíeis deixar de apreciar a magna utilidade que ela proporciona aos vivos e falecidos, aos justos e aos pecadores, para a vida e para a morte, e mesmo para depois da morte? Imaginai que sois aquele devedor do Evangelho, cuja dívida se elevara à enorme quantia de dez mil talentos. Chamado a prestar contas humilha-se, implora e pede adiamento para satisfazer completamente o débito: 'Tem paciência comigo, que tudo de pagarei' (Mt 18, 26).  Aí está o que deveis fazer, vós que tendes com a Justiça divina não uma, mas mil dívidas. Deveis humilhar-vos e suplicar tempo bastante para assistir à Santa Missa; e ficai certos de que estas Santas Missas saldarão completamente todas as vossas obrigações. 

São Tomás de Aquino, o Doutor angélico, nos ensina quais são as dívidas que temos com Deus. Ele diz que há especialmente quatro. Todas as quatro ilimitadas. A primeira é de adorar, louvar e honrar este Deus de majestade infinita e digno de infinitos louvores e homenagens. A segunda é dar-Lhe satisfação pelos pecados que cometemos. A terceira, render-Lhe graças pelos benefícios recebidos. A quarta, implorar-Lhe, como fonte de todas as graças. Ora, como é possível que pobres criaturas como nós, que nada possuímos, nem mesmo o ar que respiramos, possam jamais satisfazer obrigações tão grandes? Consolemo-nos, pois aqui está um meio facílimo. Façamos o possível para participar de muitas Missas e com a máxima devoção; mandemos celebrá-la também o mais que pudermos: e, se bem que nossas dívidas sejam enormes e inumeráveis, não há dúvida de que, com o tesouro contido na Santa Missa, poderemos solvê-las inteiramente. 

São Leonardo de Porto Maurício, rogai por nós!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

DAS PROFECIAS DE SANTA HILDEGARDA

'E vi aparecer um cavalo esverdeado. Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos mortos o seguia. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada, pela fome, pela peste e pelas feras' (Ap 6,8).

Isto se interpreta assim: o cavalo descrito deste modo é o tempo em que todas as coisas conformes com a lei e cheias da justiça de Deus serão consideradas como nada, como as coisas sem cor, e então os homens dirão: ‘Não sabemos o que fazemos e os que nos deram estas ordens não sabiam o que diziam’. E assim, sem medo nem temor pelo julgamento de Deus, desprezarão todos os bens, persuadidos pelo diabo a fazer estas coisas.

Mas Deus em sua cólera julgará estas obras e se vingará destruindo-as completamente, porque dará morte àqueles que não se arrependam e os condenará ao inferno. Nesse tempo, haverá por todas as partes da terra combates com a espada, os frutos da terra desaparecerão, e os homens morrerão de morte súbita ou pelas mordidas das feras.

A antiga serpente se regozija com todos estes castigos com os quais o homem se vê castigado na alma e no corpo. Ela, que perdeu a glória celeste, não quer que o homem a alcance. Na verdade, quando percebeu que o homem ouviu seu conselho, começou a planejar fazer guerra a Deus, dizendo: ‘Através do homem, levarei a cabo todos os meus propósitos’.

Pois, em seu ódio, inspirou todos os homens a se odiarem com o mesmo mau sentimento, para que se matassem uns aos outros. E disse: ‘Farei com que os homens morram, perdê-los-ei mais do que a mim mesma, que já estou perdida, porque eu estou viva, mas eles não estarão’. E enviou seu sopro para que a sucessão dos filhos dos homens se extinguisse, e então os homens se tomaram de paixão por outros homens, perpetrando atos vergonhosos.

E a serpente, sentindo gozo nisso, gritou: ‘Esta é a suprema ofensa contra quem deu o corpo ao homem, que a forma deste desapareça, por ter evitado a relação natural com as mulheres'. É, pois, o diabo quem os persuade a se tornarem infiéis e sedutores, para se odiarem e se matarem, convertendo-se em bandidos e ladrões, porque o pecado da homossexualidade leva às mais vergonhosas violências e a todos os vícios.

E quando todos estes pecados tiverem se manifestado ao mesmo tempo no povo, então a vigência da Lei de Deus será quebrada e a Igreja será perseguida como uma viúva. E os príncipes, os aristocratas e os ricos serão despojados de suas posses pelas pessoas de menor condição, e serão expulsos de cidade em cidade, sua nobreza será aniquilada e os ricos se verão reduzidos à pobreza.

Todas estas coisas acontecerão quando a antiga serpente instilar no povo a vontade de mudar de roupas e costumes. Os homens obedecerão a ela, acrescentando aqui um detalhe, tirando outro em outro lugar, ansiosos de novidades e mudanças constantes. O antigo inimigo e todos os outros espíritos malignos, que perderam sua beleza, mas não o sopro da racionalidade, por medo de seu Criador, não mostram a nenhuma criatura mortal a forma de sua perdição tal como ela é.

Mas com suas sugestões infundem insídias entre todos os homens, a cada um de um modo diferente, porque em todas as criaturas acham algo de sua malícia. Entretanto, Deus iniciou uma grande batalha contra a sua impiedade através da razão do homem que resiste aos raciocínios diabólicos e os confunde. Esta luta durará até o fim dos tempos, quando serão confundidos em tudo e por tudo, e o homem que os tiver vencido obterá como recompensa a vida eterna.

(Excertos da obra 'Livro das Obras Divinas', de Santa Hildegarda de Bingen).

domingo, 24 de novembro de 2013

JESUS CRISTO - REI DO UNIVERSO

Páginas do Evangelho - Festa de Cristo Rei 


Jesus Cristo é o Rei do Universo. Como Filho Unigênito de Deus, Ele é o herdeiro universal de toda a criação, senhor supremo e absoluto de toda criatura e de toda a existência de qualquer criatura, no céu, na terra e abaixo da terra. A realeza de Cristo abrange, portanto, a totalidade do gênero humano, como expresso nas palavras do Papa Leão XIII: 'Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro' (Encíclica Annum Sacrum, 1899).

E, neste sentido, o domínio do seu reinado é universal e sua autoridade é suprema e absoluta. Cristo é, pois, a fonte única de salvação tanto para as nações como para todos os indivíduos. 'Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos' (At 4, 12). O livre-arbítrio permite ao ser humano optar pela rebeldia e soberba de elevar a criatura sobre o Criador, mas os frutos de tal loucura é a condenação eterna.

A realeza de Cristo é, entretanto, principalmente interna e de natureza espiritual. Provam-no com toda evidência as palavras da Escritura, e, em muitas circunstâncias, o proceder do próprio Salvador. Quando os judeus, e até os Apóstolos, erradamente imaginavam que o Messias libertaria seu povo para restaurar o reino de Israel, Jesus desfez o erro e dissipou a ilusória esperança. Quando, tomada de entusiasmo, a turba, que O cerca O quer proclamar rei, com a fuga furta-se o Senhor a estas honras, e oculta-se. Mais tarde, perante o governador romano, declara que seu reino 'não é deste mundo'. Neste reino, tal como no-lo descreve o Evangelho, é pela penitência que devem os homens entrar. Ninguém, com efeito, pode nele ser admitido sem a fé e o batismo; mas o batismo, conquanto seja um rito exterior, figura e realiza uma regeneração interna. Este reino opõe-se ao reino de Satanás e ao poder das trevas; de seus adeptos exige o desprendimento não só das riquezas e dos bens terrestres, como ainda a mansidão, a fome e sede da justiça, a abnegação de si mesmo, para carregar com a cruz. Foi para adquirir a Igreja que Cristo, enquanto 'Redentor', verteu o seu sangue; para isto é, que, enquanto 'Sacerdote', se ofereceu e de contínuo se oferece como vítima. Quem não vê, em conseqüência, que sua realeza deve ser de índole toda espiritual? (Encíclica Quas Primas de Pio XI, 1925).

Cristo Rei se manifesta por inteiro pela Sua Santa Igreja e, por meio dela, e por sua paixão, morte e ressurreição, atrai para Si a humanidade inteira, libertada do pecado e da morte, que será o último adversário a ser vencido. Como herdeiros de Cristo, elevemos ao Pai a súplica de salvação emanada pelas palavras do 'bom ladrão': 'Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado' (Lc 23, 42) e, neste propósito, supliquemos, tal como ele, nos tornarmos dignos também de compartilhar com Cristo Rei a glória da sua realeza eterna.

HOJE É DIA DA INDULGÊNCIA PLENÁRIA DE CRISTO REI

Hoje, dia da solenidade de Cristo Rei, recebe Indulgência Plenária todo fiel* que recitar, publicamente e com piedosa devoção, o ato de consagração do gênero humano a Jesus Cristo Rei:

   Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, lançai sobre nós que humildemente estamos prostrados na vossa presença, os vossos olhares. Nós somos e queremos ser vossos; e, a fim de podermos viver mais intimamente unidos a vós, cada um de nós se consagra, espontaneamente, neste dia, ao vosso sacratíssimo Coração. Muitos há que nunca vos conheceram; muitos, desprezando os vossos mandamentos, vos renegaram.
   Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros e trazei-os todos ao vosso Sagrado Coração. Senhor, sede rei não somente dos fiéis, que nunca de vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos, que vos abandonaram; fazei que estes tornem, quanto antes, à casa paterna, para não perecerem de miséria e de fome. Sede rei dos que vivem iludidos no erro, ou separados de vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da fé, a fim de que, em breve, haja um só rebanho e um só pastor.
    Senhor, conservai incólume a vossa Igreja, e dai-lhe uma liberdade segura e sem peias; concedei ordem e paz a todos os povos; fazei que, de um polo a outro do mundo, ressoe uma só voz: louvado seja o coração divino, que nos trouxe a salvação; honra e glória a ele, por todos os séculos. Amém.

*Para que alguém seja capaz de lucrar indulgências, deve ser batizado, não estar excomungado e encontrar-se em estado de graça, pelo menos no fim das obras prescritas. O fiel deve também ter intenção, ao menos geral, de ganhar a indulgência e cumprir as ações prescritas, no tempo determinado e no modo devido, segundo o teor da concessãoA indulgência plenária só se pode ganhar uma vez ao dia. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O QUE DEUS EXIGE DE NÓS

Deus não exige muito do nosso tempo, nem da nossa atenção. Ele não exige nem todo o nosso tempo nem toda a nossa atenção; é a nós mesmos que Ele quer. Valem para todos nós as palavras de João Batista: 'Importa que Ele cresça e que eu diminua'. Deus será infinitamente misericordioso em relação às nossas falhas repetitivas; mas não conheço nenhuma promessa em que Ele aceite uma negociação deliberada. 

Em última instância, Ele não tem nada a nos oferecer a não ser a Si mesmo; e Deus só nos pode dar isso, na medida em que a nossa vontade auto-suficiente se retrai, abrindo espaço pra Ele em nossa alma. Não tenhamos dúvidas em relação a isso. Não restará nada 'de nós mesmos' para vivermos uma vidinha normal. Não quero dizer que todos nós vamos necessariamente ser chamados para sermos mártires ou ascetas. Se acontecer, que aconteça. Para alguns (não sabemos quem) a vida cristã incluirá muito lazer e muitas ocupações naturalmente prazerosas. E isso será recebido diretamente das mãos de Deus. 

Para um cristão perfeito, isso seria tão próprio de sua religião, do seu 'serviço', como suas tarefas mais difíceis, e seus banquetes seriam tão cristãos quanto os seus jejuns. O que não podemos admitir de forma alguma - e deve ser admitido somente como um inimigo não derrotado, mas ao qual se resiste diariamente - é a ideia de que tenhamos algo 'só nosso' a conservar, alguma área de nossa vida que esteja fora do jogo e sobre a qual Deus não tenha nada a reivindicar. 

Deus exige tudo de nós, porque Ele é amor e é próprio dEle nos abençoar. Mas Ele não pode nos abençoar enquanto não nos possuir por completo. Sempre que tentarmos reservar uma área de nossa vida como propriedade nossa, estaremos reservando uma área onde impera a morte. Por isso é que Ele exige, com todo o amor, que nos entreguemos por inteiro. Sem chance de barganha.

(Excertos da obra 'Um ano com C.S.Lewis: Leituras Diárias de suas Obras Clássicas', Ultimato, 2005)  

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A PAIXÃO DE JESUS NAS PALAVRAS DE MARIA

Quando chegou o momento da paixão de meu Filho, seus inimigos o arrastaram. Golpearam-no na face e no pescoço e lhe cuspiram zombando dele. Quando foi levado à coluna, ele mesmo se desnudou e colocou suas mãos sobre o pilar, e seus inimigos as ataram sem misericórdia. Atado à coluna, sem nenhum tipo de roupa, como quando veio ao mundo, se manteve ali sofrendo a vergonha de sua nudez. Seus inimigos o cercaram e, tendo fugido todos os seus amigos, flagelaram seu puríssimo corpo, limpo de toda mancha e pecado. Na primeira chicotada eu, que estava por perto, caí quase morta, e ao voltar a mim, vi em meu espírito seu corpo chicoteado e chagado até as costelas.

O mais horrível foi que quando lhe retiraram as amarras, as correias grossas haviam sulcado sua carne. Estando aí meu Filho, tão ensanguentado e lacerado que não lhe restou nenhuma área sã sem ser chicoteada, alguém ali presente perguntou: 'Vão matá-lo sem estar sentenciado?' e imediatamente lhe cortou as amarras. Então, meu Filho vestiu suas roupas e vi como ficou cheio de sangue o lugar onde havia estado. E, por suas pegadas, pude ver por onde andava, pois o solo ficava empapado de sangue por onde Ele ia. Não tiveram paciência quando se vestia, empurram-no e o arrastaram com pressa. Sendo tratado como um ladrão, meu Filho secou o sangue de seus olhos. Quando ele foi sentenciado à morte, lhe impuseram a cruz para que a carregasse. Levou-a um pouco, mas depois veio um que a pegou e o ajudou a carregá-la. Enquanto meu Filho ia até o lugar de sua paixão, alguns o golpearam no pescoço e outros lhe esbofetearam a face. Batiam com tanta força que embora não visse quem lhe batia, ouvia claramente o som da bofetada.

Quando cheguei com Ele ao lugar da paixão, vi todos os instrumentos de sua morte ali preparados. Ao chegar ali Ele só se desnudou enquanto os carrascos diziam entre si: 'Estas roupas são nossas e ele não as recuperará porque está condenado à morte'. Meu Filho estava ali, nu como quando nasceu e nisto alguém veio correndo e lhe ofereceu um pano com o qual Ele contente pode cobrir sua intimidade. Depois seus cruéis executores o agarraram e o estenderam na cruz, pregando primeiro sua mão direita na ponta da cruz onde tinha feito o buraco para o cravo. Perfuraram sua mão no ponto em que o osso era mais sólido. Com uma corda lhe estenderam a outra mão e a pregaram no outro extremo da cruz, do mesmo modo.

Continuando, cruzaram seu pé direito com o esquerdo por cima usando dois cravos de forma que seus nervos e veias se estenderam e se romperam. Depois lhe puseram a coroa de espinhos e a apertaram tanto que o sangue que saia de sua venerável cabeça lhe tapava os olhos, lhe obstruía os ouvidos e lhe empapava a barba ao cair. Estando assim na cruz, ferido e sangrando, sentiu compaixão de mim, que estava ali soluçando e, olhando com seus olhos ensanguentados em direção a João, meu sobrinho, me encomendou a ele. Nesse momento pude ouvir alguns dizendo que meu Filho era um ladrão, outros que era um mentiroso, e ainda outros dizendo que ninguém merecia a morte mais do que Ele.

Ao ouvir tudo isto se renovava minha dor. Como disse antes, quando lhe fincaram o primeiro cravo, esse primeiro sangue me impressionou tanto que cai como morta, meus olhos cegos na escuridão, minhas mãos tremendo, meus pés instáveis. No impacto de tanta dor não pude olhá-Lo até que terminaram de crucificá-Lo. Quando pude levantar-me, vi meu Filho arfando ali miseravelmente e, consternada de dor, eu sua Mãe tão triste, apenas podia manter-me em pé.

Vendo-me a mim e seus amigos chorando desconsoladamente, meu Filho gritou em voz alta e pesarosa dizendo: 'Pai porque me abandonaste'? Era como dizer: 'Ninguém se compadece de mim senão tu, Pai'. Então seus olhos pareciam meio mortos suas faces estavam afundadas, seu rosto lúgubre, sua boca aberta, e sua língua ensanguentada.

Seu ventre estava pressionado na direção das costas, porque todos os líquidos tinham sido perdidos. Era como se não tivesse órgãos. Todo o seu corpo estava pálido e lânguido devido à perda de sangue. Suas mãos e pés estavam muito rígidos e estirados ao terem sido forçados para adaptá-los a cruz. Sua barba e seu cabelo estavam completamente empapados de sangue.

Estando assim, lacerado e lívido, sua mente e seu coração se mantinham vigorosos, pois tinha uma boa e forte constituição. De minha carne, Ele recebeu um corpo puríssimo e bem proporcionado. Sua pele era tão fina e macia que ao menor arranhão imediatamente lhe saia sangue, que sobressaia sobre sua pele tão pura. Precisamente por sua boa constituição, a vida lutou contra a morte em seu corpo chagado. Em certos momentos, a dor nas extremidades e fibras de seu corpo lacerado lhe subia até o coração, ainda vigoroso e integro e isto trazia um incrível sofrimento. Em outros momentos, a dor baixava de seu coração para seus membros feridos e, ao suceder isto, se prolongava a amargura de sua morte.

Submerso na agonia, meu Filho olhou ao redor e viu seus amigos que choravam e que teriam preferido suportar eles mesmos a dor com seu auxilio e ter ardido para sempre no inferno em lugar de vê-Lo tão torturado. Sua dor pela dor dos seus amigos excedia toda a amargura e tribulações que havia suportado em seu corpo e em seu coração pelo amor que lhes tinha. Então, na excessiva angústia corporal de sua natureza humana, clamou a seu Pai: 'Pai, em tuas mãos entrego meu espírito'.

Quando eu, sua triste Mãe, ouvi essas palavras, todo o meu corpo se comoveu com a dor amarga de meu coração, e todas as vezes que as recordo choro desde então, pois elas permaneceram presentes e recentes em meus ouvidos. Quando se lhe aproximava a morte e seu coração se rompeu com a violência das dores, todo seu corpo se convulsionou e sua cabeça se levantou um pouco para depois cair outra vez. Sua boca ficou aberta e sua língua podia ser vista sangrando. Suas mãos se retraíram um pouco do lugar da perfuração e seus pés suportaram mais com o peso de seu corpo. Seus dedos e braços pareceram estender-se e seus ombros ficaram rígidos contra a cruz.

Então, alguns me diziam: 'Maria, teu Filho está morto'. Outros diziam: 'Está morto, mas ressuscitará'. À medida que tudo seguia veio um homem e lhe cravou uma lança no lado com tanta força que quase saiu pelo outro lado. Quando tiraram a lança, sua ponta estava tingida de sangue vermelho e me pareceu como se me tivessem perfurado o meu próprio coração, quando vi meu querido Filho transpassado. Depois o retiraram da cruz e eu tomei seu corpo sobre meu regaço. Parecia um leproso, completamente lívido. Seus olhos estavam mortos e cheios de sangue, sua boca tão fria como gelo, sua barba eriçada e sua face contraída.


Suas mãos estavam tão desconjuntadas que não se sustentavam sequer sobre seu ventre. Recebi-o sobre meus joelhos como havia estado na cruz, como um homem contraído em todos os seus membros. Depois disso, o estenderam sobre um tecido limpo de linho e com meu próprio lenço lhe sequei as feridas e seus membros e fechei seus olhos e sua boca que havia ficado aberta quando morreu. 

Assim o colocaram no sepulcro. De boa vontade me teria colocado ali viva com meu Filho se essa tivesse sido sua vontade! Terminado tudo isto veio o bondoso João e me levou à sua casa. Vê, Filha minha, quanto suportou meu Filho por ti!

(Excertos da obra 'Profecias e Revelações de Santa Brígida da Suécia' - Livro I, Cap. 10)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ORAÇÃO DA SALVAÇÃO

Apague em mim, Senhor, a sombra do menor pecado,
a golpe de espada;
que nenhum anelo de maldade seja elevado nas alturas
nas dobras da asa.
O que eu vos suplico, meu Deus, é a salvação da minha alma,
e mais nada:
e que seja o Céu, o Vosso Céu, pelos séculos dos séculos 
a minha casa.

Não me julgueis, Senhor, sob o rigor da Vossa Justiça,
mas à luz da Vossa infinita Misericórdia;
que eu não seja lançado nas hostes do abismo,
mas contado entre os que Vos louvam na glória,
que eu não leve a Vós o pó de caminhos pedregosos,
nem as retinas de olhares indevidos,
que eu não beba da fonte dos prazeres ímpios,
e nem vasculhe o coração dos orgulhosos,
que eu não proclame palavra sem sentido
nem qualquer gesto de medida humana;
que não leve nas costas o peso da calúnia que mata
e nem traga no peito a inveja que escraviza
que minhas mãos estejam limpas e puras
e meu coração pleno de esperança;
que meu corpo seja eivado da Vossa Graça
e minha alma seja reflexo da Vossa Glória.

Sim ,meu Deus, que minha alma finalmente encontre,
desfeita a inquietude de todas as minhas falas,
A Vós, meu Deus, a Vós somente.
E que, ao fim da minha dolorosa via nesta terra,
eu seja apenas um nada e um desejo:
que o meu nada repouse no Coração de Deus eternamente.

(Arcos de Pilares)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A FÉ EXPLICADA (XI)

O PECADO MORTAL - Do Catecismo da Igreja:

1855. O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a sua bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior. 

O pecado mortal é o ato maligno da soberba na rejeição a Deus. O pecador perde a graça divina, torna-se réu da condenação eterna e maldito entre os homens. A gravidade de um único pecado mortal tem a magnitude do inferno inteiro, pois faz perder todos os méritos naturais e sobrenaturais adquiridos em uma vida inteira. Nada, absolutamente nada, mantém-se em pé, tudo se torna incomensuravelmente vão. O que valem tantas missas assistidas? Nada. Orações, sofrimentos, penitências, jejuns, boas ações, devoções? Nada. Todos os bons pensamentos, gestos de caridade, defesas da fé cristã, dores e injúrias ainda que sofridas em nome de Cristo? Nada. Pois o pecado mortal, um único pecado mortal, traz em si o flagelo da morte espiritual: no pecado mortal, é a alma que morre. 

1857. Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em simultâneo, três condições: 'É pecado mortal o que tem por objeto uma matéria grave, e é cometido com plena consciência e de propósito deliberado'.

O pecado mortal requer primariamente matéria grave em termos de desordem moral em relação a Deus (blasfêmia, sacrilégio, desespero de salvação), ao próximo (assassinato, roubo, calúnia) ou a nós mesmos (suicídio, adultério, homossexualismo): 'Acaso não sabeis que os injustos não possuirão o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes possuirão o Reino de Deus' (Cor. VI, 9-10).

O pecado mortal requer o conhecimento explícito do caráter gravemente pecaminoso do ato em si e de sua contraposição à lei de Deus. Em outros termos, presume da condição de malícia e da voluntariedade de se cometer o pecado. O pecado mortal requer finalmente o consentimento da vontade, entendida como a livre proposição de se praticar uma ação contrária à Santa Vontade de Deus.

Três condições complementares; se faltar alguma delas, o pecado não pode ser mortal. 

1861. O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível julgar se um ato é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.

...

1856. O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, torna necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração que normalmente se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação.

Exame de Consciência*

1º Mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas

- Creio firmemente tudo o que Deus revelou ou duvidei voluntariamente de algum doutrina da Igreja Católica?
- Descuidei o conhecimento da minha fé, tal como o Catecismo a ensina, tal como o Credo dos Apóstolos, os Dez Mandamentos, os Sete Sacramentos, o Pai Nosso, etc?
- Alguma vez li, com consciência do que fazia, alguma literatura herética, blasfema ou anti-católica?
- Assinei, publiquei, propaguei, emprestei livros, folhetos, revistas ou jornais hostis à Deus e à santa religião?
- Sou membro de alguma organização religiosa não católica, de alguma sociedade secreta ou de um grupo anti-católico?
- Dei ouvido a conversas ou discursos ímpios ou heréticos?
- Tomei parte num ato de culto não católico (sessão espírita, ao culto protestante, ao candomblé, etc.)?
- Abandonei a única Igreja verdadeira que é a Católica para abraçar uma seita falsa?
- Tenho confiança em Deus, na Divina Providência e na divina graça?
- Pratiquei alguma superstição (tal como horóscopos, adivinhação, espiritismo, etc.)?
- Desesperei ou fui presunçoso esperando a salvação sem deixar o pecado?
- Cometi pecados com o intuito de confessá-los mais tarde?
- Amei a Deus e cumpri bem a sua santa vontade?
- Não tenho posto Deus sempre em primeiro lugar na minha vida e procurado amá-l’O sobre todas as coisas?
- Falei mal contra Deus, contra sua Mãe, Maria Santíssima, contra os Santos, contra a Igreja e seus ministros?
- Abusei os Sacramentos de alguma maneira?
- Recebi indignamente algum sacramento?
- Deixei de rezar por muito tempo?
- Tenho rezado fielmente as minhas orações diárias?
- Rezei sem devoção, com distrações voluntárias?
- Omiti algum dever ou prática religiosa por respeitos humanos? Recomendo-me a Deus diariamente?
- Fui culpado de grande irreverência na igreja, como, por exemplo, em conversas, comportamento ou modo como estava vestido?
- Fui indiferente quanto à minha Fé Católica — acreditando que uma pessoa pode salvar-se em qualquer religião, ou que todas as religiões são iguais?
- Dei demasiada importância a alguma criatura, atividade, objeto ou opinião?

2º Mandamento - Não tomar seu santo nome em vão

- Profanei o SS. Sacramento, pessoas, lugares, coisas consagrados a Deus?
- Blasfemei ou disse palavras injuriosas contra Deus, contra os Santos ou contra as coisas santas?
- Jurei pelo nome de Deus falsamente, impensadamente, ou em assuntos triviais e sem importância?
- Jurei o seu santo nome sem necessidade?
- Jurei voto e não o cumpri?
- Pronunciei levianamente o nome de Deus ou falsamente?
- Deixei de cumprir uma promessa feita a Deus?
- Tenho o hábito de dizer palavrões?
- Jurei, sabendo que era falso, o que afirmava?
- Jurei fazer algo injusto ou ilícito? Não reparei os prejuízos que daí advieram?
- Amaldiçoei-me a mim próprio, ou a outra pessoa ou criatura?
- Provoquei alguém à ira, para o fazer praguejar ou blasfemar a Deus?

3º Mandamento - Guardar domingos e festas

- Faltei voluntariamente à Missa num Domingo ou festa de guarda?
- Perdi uma parte principal (ofertório, elevação, comunhão)?
- Cheguei atrasado à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda ou saí mais cedo por minha culpa?
- Fiz com que outras pessoas faltassem à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saíssem mais cedo, ou chegassem atrasados à Missa?
- Estive distraído propositadamente durante a Missa?
- Profanei a igreja por conversas, olhares indiscretos, namoros, por traje indecente?
- Fiz ou mandei fazer trabalho servil desnecessário num Domingo ou Festa de guarda?
- Comprei ou vendi coisas sem necessidade nos Domingos e Dias Santos de guarda?

4º Mandamento - Honrar pai e mãe

- Desobedeci aos meus pais, faltei-lhes ao respeito, descuidei-me em ajudá-los nas suas necessidades?
- Desrespeitei os pais ou superiores falando-lhes asperamente ou respondendo-lhes mal?
- Murmurei contra eles?
- Recusei-lhes a obediência?
- Obedeci de má vontade?
- Descuidei-me dos pais na velhice, na pobreza ou na doença (sustento, últimos sacramentos, remédios)?
- Desejei-lhes mal?
- Deixei de rezar por eles?
- Mostrei irreverência em relação a pessoas em posições de autoridade?
- Insultei ou disse mal de sacerdotes ou de outras pessoas consagradas a Deus?
- Não me preocupei com aqueles que vivem e trabalham comigo?
- Dei mau exemplo a meus filhos ou subordinados, não cumprindo os meus deveres religiosos e civis?
- Tive menos reverência para com pessoas de idade?
- Tratei mal a minha esposa ou os meus filhos?
- Foi desobediente ao meu marido, ou faltei-lhe ao respeito?

Sobre os filhos:

- Descuidei as suas necessidades materiais?
-Protelei por meses ou até anos o Batismo de meus filhos, a primeira comunhão?
- Descuidei-me da educação física, intelectual e principalmente da educação religiosa dos meus filhos?
- Não os mandei à Missa nos domingos, ao catecismo?
- Permiti que eles descuidassem os seus deveres religiosos?
- Consenti que se encontrassem ou namorassem sem haver hipótese de se celebrar o matrimônio num futuro próximo? (Santo Afonso propõe um ano, no máximo).
- Controlei suas leituras, seus divertimentos?
- Deixei de vigiar as companhias com quem andam?
- Deixei de os disciplinar quando necessitassem de tal?
- Castiguei-os com ira?
- Dei-lhes mau exemplo?
- Escandalizei-os, discutindo com o meu cônjuge em frente deles?
- Escandalizei-os ao dizer imprecações e obscenidades à sua frente?
- Guardei modéstia na minha casa?
- Permiti-lhes que usassem roupa imodesta (mini-saias; calças justas, vestidos ou camisolas justos; blusas transparentes; calções muito curtos; fatos de banho reveladores; etc.)?
- Neguei-lhes a liberdade de casar ou seguir uma vocação religiosa?

5º Mandamento - Não matar

- Procurei, desejei ou apressei a morte ou o ferimento de alguém?
- Tive ódio ao próximo? Desejei-lhe mal?
- Procurei vingar-me?
- Discuti ou lutei com alguém sem justiça?
- Desejei mal a alguém?
- Quis ferir ou maltratar alguém, ou tentei fazê-lo?
- Recuso-me a falar com alguém, ou guardo ressentimento de alguém?
- Regozijei-me com a desgraça alheia?
- Tive ciúmes ou inveja de alguém?
- Fiz ou tentei fazer um aborto, ou aconselhei alguém a que o fizesse?
- Mutilei o meu corpo desnecessariamente de alguma maneira (tatuagens, piercings, etc) ?
- Consenti em pensamentos de suicídio, desejei suicidar-me ou tentar suicidar-me?
- Prejudiquei minha saúde por excesso em comida e bebida?
- Embriaguei-me ou usei drogas ilícitas?
- Comi demais, ou não como o suficiente por motivo fútil?
- Deixei de corrigir alguém dentro das normas da caridade?
- Causei dano à alma de alguém, especialmente crianças, dando escândalo através de mau exemplo?
- Fiz mal à minha alma, expondo-a intencionalmente e sem necessidade a tentações, como maus programas de TV, música reprovável, praias, etc.?
- Não tive caridade para com os pobres, doentes e necessitados?
- Seduzi outra pessoa ao pecado ou dei escândalo?
- Não avisei o meu próximo sobre certos perigos materiais e espirituais em que incorria?
- Roguei pragas?
- Provoquei a inimizade entre outras pessoas?
- Maltratei os animais sem necessidade?

6º e 9º Mandamentos - Não pecar contra a castidade / Não desejar a mulher do próximo

- Neguei ao meu cônjuge os seus direitos matrimoniais?
- Pratiquei o controle de natalidade (com pílulas, dispositivos, interrupção)? Aconselhei meios para este fim?
- Abusei dos meus direitos matrimoniais de algum outro modo?
- Faltei à fidelidade conjugal por pensamentos ou ações?
- Cometi adultério ou fornicação (sexo pré-marital)?
- Cometi algum pecado impuro contra a natureza (homosexualidade ou lesbianismo, etc.)?
- Toquei ou abracei outra pessoa de forma impura?
- Troquei beijos prolongados ou apaixonados?
- Pratiquei a troca prolongada de carícias?
- Pequei impuramente contra mim próprio (masturbação)?
- Consenti em pensamentos impuros, ou tive prazer neles?
- Consenti em desejos impuros para com alguém, ou desejei conscientemente ver ou fazer alguma coisa impura?
- Entreguei-me conscientemente a prazeres sexuais, completos ou incompletos? Havia alguma circunstância de parentesco, de menoridade ou de relação educativa que tornassem mais grave esta desordem?
- Faltei com o pudor ou com a modéstia em meus trajes?
- Fui ocasião de pecado para os outros, por usar roupa justa, reveladora ou imodesta?
- Fiz alguma coisa, deliberadamente ou por descuido, que provocasse pensamentos ou desejos impuros noutra pessoa?
- Li livros indecentes ou vi figuras obscenas?
- Vi filmes ou programas de televisão sugestivos, ou pornografia na Internet, ou permiti que os meus filhos os vissem?
- Usei linguagem indecente ou contei histórias indecentes?
- Ouvi tais histórias de boa vontade?
- Gabei-me dos meus pecados, ou deleitei-me em recordar pecados antigos?
- Estive com companhias indecentes?
- Consenti em olhares impuros?
- Deixei de controlar a minha imaginação?
- Deixei de rezar imediatamente para afastar maus pensamentos e tentações?
- Evitei a preguiça, a gula, a ociosidade, e as ocasiões de impureza?
- Fui a bailes imodestos ou peças de teatro indecentes?
- Fiquei sozinho sem necessidade na companhia de alguém do sexo oposto?
- Mantenho amizades particulares que facilmente me levam à infidelidade e estou disposto a abandoná-las?

7º e 10º Mandamentos - Não furtar / Não cobiçar as coisas alheias

- Tive vontade de roubar alguma coisa?
- Furtei ou roubei alguma coisa? O quê, ou quanto?
- Reparei esses prejuízos causados e restituí o que não me pertence?
- Defraudei a minha família no uso dos bens?
- Gastei de mais para além do que permitem as minhas possibilidades e o orçamento familiar?
- Danifiquei a propriedade de outrem?
- Deixei estragar, por negligência, a propriedade de outrem?
- Fui negligente na guarda do dinheiro ou bens de outrem?
- Enganei o meu próximo cobrando mais que o justo combinado ou favoreço a exploração comercial?
- Recusei-me a pagar alguma dívida, ou descuidei-me no seu pagamento?
- Adquiri alguma coisa que sabia ter sido roubada?
- Lesei o meu patrão, não trabalhando como se esperava de mim, com honradez e responsabilidade?
- Deixei que se produzissem graves prejuízos através do meu trabalho?
- Fui desonesto com o salário dos meus empregados?
- Recusei-me a ajudar alguém que precisasse urgentemente de ajuda, ou descuidei-me a fazê-lo?
- Dei prejuízo ao próximo, usando de peso ou medida falsos, enganando nas mercadorias ou encomendas?
- Desperdicei o dinheiro em jogo?
- Tive inveja de alguém, por ter algo que eu não tenho?
- Invejei os bens de alguém?
- Tenho sido avarento?
- Tenho sido cúpido e invejoso, dando demasiada importância aos bens e confortos materiais? O meu coração inclina-se para as posses terrenas ou para os verdadeiros tesouros do Céu?
- Cumpri rigorosamente os meus deveres sociais, tais como os seguros, os impostos justos e os compromissos assumidos?
- Não ajudo a Igreja com os auxílios necessários e até tirando do meu supérfluo ou dos meus maus gastos?
- Não dou esmolas de acordo com a minha condição econômica?

8º Mandamento - Não levantar falso testemunho

- Disse mentiras?
- Minto habitualmente com a desculpa de serem coisas de pouca importância?
- As minhas mentiras causaram a alguém danos materiais ou espirituais?
- Fiz julgamentos temerários a respeito de alguém (isto é, acreditei firmemente, sem provas suficientes, que eram culpados de algum defeito moral ou crime)?
- Atingi o bom nome de alguém, revelando faltas autênticas mas ocultas (maledicência)?
- Não disse bem dos outros reparando deste modo alguma injustiça realizada ou consentida?
- Caluniei?
- Colaborei na calúnia e na murmuração?
- Revelei os pecados de outra pessoa?
- Fui culpado de fazer intrigas (isto é, de contar alguma coisa desfavorável que alguém disse de outra pessoa, para criar inimizade entre eles)?
- Dei crédito ou apoio à divulgação de escândalos sobre o meu próximo?
- Supus más intenções?
- Jurei falso ou assinei documentos falsos?
- Sou crítico ou negativo sem necessidade ou falto à caridade nas minhas conversas?
- Lisonjeei outras pessoas?
- Violei segredos?
- Abri cartas alheias?
- Fingi doenças, pobreza, piedade para enganar os outros?
- Dei ouvido a conversas contra a vida alheia?

* publicado originalmente em www.montfort.org.br