segunda-feira, 30 de julho de 2012

31 DE JULHO - SANTO INÁCIO DE LOYOLA

(31/05/1491 - 31/07/1556)

O fundador da Companhia de Jesus (cujo lema é Ad Maiorem Dei Gloriam - Para a Maior Glória de Deus) concebeu os seus famosos Exercícios Espirituais como um meio de exame da consciência por meio da oração, contemplação, meditação ou outra atividade espiritual. Para o pleno exercício diário deste exame de consciência, Santo Inácio estabeleceu uma sequência de cinco passos:

Primeiro Passo: Colocar-se na presença de Deus. Deus está aqui comigo, agora. E minha oração é a manifestação da Graça de Deus em minha vida, sempre.

Segundo Passo: Pedir a Graça de Deus. Pedi e recebereis, assim diz o Senhor. Que se  cumpra em mim a Vontade do Pai e mais nada.

Terceiro Passo: Meditar a Palavra de Deus. No silêncio desse momento, que eu seja capaz de ouvir e fazer ressoar a Voz de Deus no mais profundo da minha alma.

Quarto Passo: Conversar com Deus. Agora sou eu que coloco nas mãos de Deus todo o amor humano nascido no mais íntimo do meu coração.

Quinto Passo: Fazer um Diário Espiritual. Deus me sonda a alma e o coração. E abre para mim um caminho de Vida Espiritual para um Apostolado Leigo.

sábado, 28 de julho de 2012

CINCO PÃES E DOIS PEIXES

François-Xavier Nguyên Van Thuân era bispo de Nhatrang (Vietnam) desde 1967, e fôra nomeado arcebispo-coadjutor de Saigon (atual Cidade de Ho Chi Minh), quando foi preso pelos comunistas em 15 de agosto de 1975. Passou, então, 13 anos na prisão, nove dos quais numa cela isolada, sem janelas, úmida e bolorenta. Fechado neste cubículo insalubre, andava como podia para exercitar os músculos, enquanto recitava mentalmente orações e canções litúrgicas. Repetidas vezes tinha que se agachar e respirar junto ao vão da porta, para obter ar puro.

Viveu este ‘martírio sem morte’, dominando a loucura que arde do absoluto silêncio a que estava condenado e à privação de qualquer contato humano. Viveu nove anos na aceitação plena do abismo de sua fé. Depois deste período, vivendo na mais absoluta quietude e aceitação de seus sofrimentos, foi transferido para uma cela com outros presos e, ali, deu início a um contínuo trabalho de conversão dos companheiros de cárcere e também da celebração diária da missa, de forma clandestina e sob os lençóis dos presos, usando o pouco vinho que conseguia junto aos seus carcereiros. Por meio de papéis de velhos calendários, escreveu e transmitiu mensagens aos seus fiéis que, anos mais tarde, foram catalogadas e publicadas no livro ‘O Caminho da Esperança’.  

A experiência amarga da prisão é relatada em outro livro: ‘Cinco Pães e Dois Peixes’ pois, como ele próprio nos confessa, cinco pães (o pão da esperança, o pão da fé, o pão da oração, o pão eucarístico e o pão da caridade) e dois peixes (o amor filial a Maria e o seguimento de Jesus) foram o seu alimento durante aquele tempo de trevas, perseguição e profundo sofrimento. “Como o menino no trecho do Evangelho, resumo a minha experiência em sete pontos: cinco pães e dois peixes. É um nada, mas é tudo o que tenho. Jesus fará o resto”.

Libertado em 1988, transferiu-se para Roma em 1991, sendo nomeado cardeal por João Paulo II, dez anos depois (2001). O Cardeal Van Thuân faleceu em Roma em 16 de Setembro de 2002 e seu processo de beatificação encontra-se atualmente em curso no Vaticano. Abaixo, algumas das citações do livro "Cinco Pães e Dois Peixes":

"Liberto, após treze anos de cativeiro, quero compartilhar convosco as minhas experiências: como encontrei Jesus em cada momento da minha experiência cotidiana, no discernimento entre Deus e as suas obras, na oração, na Eucaristia, nos meus irmãos e irmãs, na Virgem Maria, oferecendo-vos deste modo, também eu, e à maneira de Jesus, cinco pães e dois peixes."



"Jesus amantíssimo, nesta noite, no fundo da minha cela sem luz, sem janela e quentíssima, penso com intensa nostalgia na minha vida pastoral... Já dei a bênção solene com o santíssimo, na catedral; agora (na prisão) faço a adoração eucarística todas as noites às 21 horas, no silêncio, cantando baixinho o Tantum Ergo, a Salve Rainha e concluindo com esta breve oração: Senhor, estou contente em tudo aceitar das tuas mãos, todas as tristezas, os sofrimentos, as angústias, até à minha morte. Amém.”

"Nunca poderei exprimir a minha grande alegria: todos os dias, com três gotas de vinho e uma gota de água na palma da mão, celebro a minha Missa."

“Aceito a minha cruz e cravo-a, com as minhas duas mãos, no meu coração... Então, eu canto a Tua misericórdia, na obscuridade, na minha fragilidade, no meu aniquilamento.”

sexta-feira, 27 de julho de 2012

OBRAS DE MISERICÓRDIA

As obras de misericórdia são aquelas que se prestam ao nosso próximo em suas necessidades corporais ou espirituais (sete para cada um dos tipos de necessidades). Eis a mensagem cristalina de Jesus à Santa Faustina Kowalska (Diário 742):

"Minha filha, se por teu intermédio peço aos homens o culto à Minha misericórdia, por tua vez deves ser a primeira a distinguir-te pela confiança na Minha misericórdia. Estou exigindo de ti atos de misericórdia, que devem decorrer do amor para Comigo. Deves mostrar-te misericordiosa para com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te.

Eu te indico três maneiras de praticar a misericórdia para com o próximo: a primeira é a ação, a segunda, a palavra e a terceira, a oração. Nestes três graus repousa a plenitude da misericórdia, pois constituem uma prova irrefutável do amor por Mim. É deste modo que a alma glorifica e honra a Minha misericórdia".

Corporais


Cibum praebere esurientibus.
Potum praebere sitientibus.
Nudos cooperire.
Hospites excipere.
Infirmos visitare.
Carcere clausos invisere.
Mortuos sepelire.

Dar de comer a quem tem fome.
Dar de beber a quem tem sede.
Vestir os nus.
Dar pousada aos peregrinos.
Assistir aos enfermos.
Visitar os presos.
Enterrar os mortos.


Espirituais


Dubitantibus consilia dare.
Ignorantes instruere.
Peccatores monere.
Afflictos solari.
Offensas remittere.
Molestos patienter sustinere.
Pro vivis et defunctis Deum orare.

Dar bom conselho.
Ensinar os ignorantes.
Corrigir os que erram.
Consolar os aflitos.
Perdoar as injúrias.
Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo.
Rogar a Deus pelos vivos e pelos defuntos.

(Catecismo de S. Pio X. Capítulo IV: 'Das obras de misericórdia')

DA VIDA ESPIRITUAL (19)



Lembra-te da história do homem que deixou de reclamar que não tinha sapatos quando encontrou um homem que não tinha pés? Filho, leve a tua cruz de cada dia sem resmungos ou insatisfações porque, no teu caminho para o Pai, irás encontrar muitos homens que não apenas arrastam cruzes atrás de si, mas estão crucificados nelas como Jesus!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

MUNDO CATÓLICO

Bento XVI supera média histórica do pontificado de todos os papas


Cidade do Vaticano
 ( 25/07; Gaudium Press)
Eleito Papa no dia 19 de abril de 2005, Bento XVI superou na última semana a média de anos de pontificado de todos os 265 Papas. O número é de sete anos e dois meses; o pontífice já está a frente da Igreja Católica há sete anos e três meses.
Entre os Papas que ocuparam o trono de Pedro por menos tempo que Bento XVI, estão, entre outros: Gregório XI, que ficou durante sete anos e dois meses; Constantino, que permaneceu no cargo por sete anos; Paulo II, que foi Papa por seis anos e 11 meses; e São Hilário, cujo pontificado durou seis anos e três meses.
Aos 85 anos, Bento XVI é o sexto Papa mais longevo da história, perdendo por exemplo para Pío IX; Clemente X; Clemente XII e Leão XIII, que faleceu com 93 anos de idade.

MUNDO CATÓLICO

Portugal: Católicos são pouco exigentes nas suas celebrações
Fátima, Santarém, 25 jul 2012 (Ecclesia)

O cônego Luís Manuel Silva, pároco da Sé de Lisboa e professor de Liturgia na Universidade Católica Portuguesa (UCP), alertou em Fátima para a pouco exigência dos católicos com a “beleza” das cerimônias católicas:

“Já é tempo de sermos mais exigentes nas nossas celebrações. Tirar a 'música pimba' das nossas igrejas: textos pobres, melodias ainda piores, coisas que só procuram uma eficácia quase irritante e desesperante”, disse o também mestre das cerimônias patriarcais, durante o 38.º Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica, que decorre até sexta-feira. A iniciativa, com cerca de 1200 participantes, é dedicada ao tema ‘Eucaristia, Sacramento da Caridade’.

O cônego Luís Manuel Silva sublinhou que liturgia da Igreja Latina é “sóbria” e não “transforma a celebração num emaranhado de gestos sem sentido”. “As nossas celebrações, permiti que o diga, muitas vezes parecem assim uma patuscada de amigos. A gente gosta, sente-se bem (…), está ali como podia estar noutro lado”, afirmou. Numa conferência dedicada ao tema ‘Eucaristia, fonte de epifania de comunhão’, o docente da UCP destacou que a celebração não é “propriedade” de ninguém e exige “fidelidade às normas litúrgicas”: “Nunca celebramos a eucaristia se não o fizermos em comunhão com toda a Igreja. A Igreja peregrina na terra e a Igreja que se encontra na glória”, disse o especialista.

O cônego frisou ainda que “a Eucaristia não se compadece com protagonismos fáceis, mais próximos de compensações afetivas do que com a celebração do mistério em comunhão com toda a Igreja”. “O ambão e o altar não são o púlpito nem o areópago para protagonismos fáceis, seja de quem preside, seja de quem exerce qualquer ministério”, alertou. Só pode ser inovador quem conhece “muito bem” e vive “a tradição”, caso contrário só existirão “soluções passageiras”.

Em conclusão, apelou ao “respeito pelo silêncio”, frisando que este tem “estatuto próprio”. “Não é a ausência de palavra, ou de som, ou de gesto, mas é ele próprio e o que Deus nos quer dizer no silêncio e pelo silêncio”, precisou. O evento, promovido pelo Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), procura destacar o sacramento da Eucaristia enquanto “fonte de missão, caridade e comunhão” na Igreja Católica. Na primeira conferência do encontro, o bispo de Bragança-Miranda lamentou a pobreza de algumas celebrações litúrgicas e frisou que é indispensável promover a sua qualidade.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)


De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  


terça-feira, 24 de julho de 2012

VÍDEOS CATÓLICOS: JESUS ESTÁ NO CHÃO!

Este vídeo está sendo reproduzido em muitos sites e blogs e é de relevância capital sua ampla divulgação em escala generalizada na internet. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que 'A Eucaristia é a fonte e o centro de toda a vida cristã ... na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa'. Quantos católicos perderam esta referência capital de nossa fé! Que este vídeo e a série de artigos que este blog vai publicar sobre a Sagrada Eucaristia possam reavivar em muitos os extraordinários mistérios incorporados neste Santo Sacrifício!


segunda-feira, 23 de julho de 2012

POEMAS PARA REZAR - II


NADA TE TURBE - NADA TE PERTURBE
                                                                           (Santa Teresa de Ávila)


(1515-1582)

NADA TE TURBE

Nada te turbe,
nada te espante,
todo se pasa,
Dios no se muda;
la paciencia
todo lo alcanza;
quien a Dios tiene
nada le falta:
Sólo Dios basta.
Eleva tu pensamiento,
al cielo sube,
por nada te acongojes,
nada te turbe.
A Jesucristo sigue
con pecho grande,
y, venga lo que venga,
nada te espante.
¿Ves la gloria del mundo?
Es gloria vana;
nada tiene de estable,
todo se pasa.
Aspira a lo celeste,
que siempre dura;

iel y rico en promesas,
Dios no se muda.
Ámala cual merece
bondad inmensa;
pero no hay amor fino
sin la paciencia.
Confianza y fe viva
mantenga el alma,
que quien cree y espera
todo lo alcanza.
Del infierno acosado
aunque se viere,
burlará sus furores
quien a Dios tiene.
Vénganle desamparos,
cruces, desgracias;
siendo Dios tu tesoro
nada te falta.
Id, pues, bienes del mundo;
id dichas vanas;
aunque todo lo pierda,
sólo Dios basta.

Video (excerto)

NADA TE PERTURBE

Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa,
Deus não muda.
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem
Nada lhe falta:
Só Deus basta.
Eleva o pensamento,
Ao céu sobe,
Por nada te angusties,
Nada te perturbe.
A Jesus Cristo, segue
Com peito grande,
E, venha o que vier,
Nada te espante.
Vês a glória do mundo?
É glória vã;
Nada tem de estável,
Tudo passa.
Aspira às coisas celestes,
Que sempre duram;
Fiel e rico em promessas,
Deus não muda.
Ama-O como merece,
Bondade imensa;
Mas não há amor fino
Sem a paciência.
Confiança e fé viva
Mantenha a alma,
Que quem crê e espera
Tudo alcança.
Do inferno acossado
Muito embora se veja,
Burlará os seus furores
Quem a Deus tem.
Advenham-lhe desamparos,
Cruzes, desgraças;
Sendo Deus o seu tesouro,
Nada lhe falta.
Ide, pois, bens do mundo,
Ide, ditas vãs;
Ainda que tudo perca,
Só Deus basta.

sábado, 21 de julho de 2012

CARTA AOS SACERDOTES DE CRISTO

Eu sou um leigo. Não passo de um leigo e tenho a profunda compreensão da dimensão que me separa - homem comum - de um sacerdote - homem nada comum. Ao me dirigir, portanto, a um sacerdote, tenho a plena convicção de que devo me pautar por um grande respeito, pela solicitude e por uma especial reverência. Assim procedo e me desculpo de pronto se ousar esquecer estes princípios, ainda que alguns possam imaginar que sejam homens tão comuns como eu.

Como homem comum, luto cotidianamente para não ser um cristão comum. Quero ser radicalmente cristão, como quero ser radicalmente fiel à minha esposa, à minha família, aos princípios e convicções da minha religião. Onde está o erro em ser um cristão radical? Ao me decidir pelo matrimônio, eu não jurei fidelidade à minha esposa por toda a vida? Este propósito não é radicalmente bom? Um sacerdote cristão não fez também outro tipo de decisão - e que decisão! - e, assim, não se tornou radicalmente responsável por esta escolha? Ai dos médicos que são mais ou menos, ai dos pais que são mais ou menos... Mas quantos destes ais poderiam resumir os que são mais ou menos padres? Se fosse possível pensar assim, penso, ao lembrar a passagem bíblica dos que tiveram mais e os que tiveram menos, que os sacerdotes passarão pelo crivo do Pai, mais tangidos pela justiça do que pela misericórdia divina...

Quanta responsabilidade a vossa, nestes tempos difíceis, em que tudo parece submergir pelos modismos, pela insensatez, pela correria e pelo hedonismo. Quanta insensatez que se torna loucura e quanta loucura que se propaga como um rastilho de pólvora, levando confusão e mais loucura.  Quantos cristãos estão à míngua, tontos, cegos, sem rumo e sem vida espiritual. Quantos se dizem cristãos e vivem regularmente em pecado, fazem e refazem dogmas, vagueiam por seitas e pseudo-crendices, empanturram-se de livros esotéricos e de autoajuda, adéquam vulgarmente os sagrados ensinamentos aos seus próprios interesses e  momices. Não, certamente estes cristãos não são radicais... Mas, com certeza, estão radicalmente distantes da Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja!

Estou sendo radical? Como entender, então, a ideia de se pretender adequar a Igreja aos tempos modernos, ao mundo lá fora? Isso me parece, sem dúvida, uma insensatez radical e insensatez radical tem por nome loucura. Mas, o que eu penso tem muito pouca importância. O que interessa realmente é o que Vós pensais. Refleti sobre a imensa responsabilidade vossa de pastores dos Filhos de Deus, o que cada um estais fazendo contra esta avalanche de erros doutrinários, esta balbúrdia, este festim ecumênico e sei lá mais o quê de loucura. Coragem, padres, coragem. Não vos limiteis a fazer o que os leigos podem fazer, deveis fazer somente o que é tarefa intrinsecamente vossa! Rezai, rezai muito e sempre. Qual é o peso da oração, da confissão, da orientação espiritual no dia-a-dia de cada um de vós?

Sede radicais na defesa da santa eucaristia: quantos pecados se cometem por que muitos sacerdotes não são radicalmente intransigentes nos cuidados da santa eucaristia, na confissão, na Santa Missa? Quem pode errar ao se prevenir radicalmente contra abusos ou distorções da Santa Eucaristia? Velai-vos por um zelo radical à santa eucaristia e não pelas concessões e descuidos. Mirai-vos em Nossa Senhora: que  outro ser humano foi tão radicalmente fiel a Deus? E vós vos inquietais porque vos julgam radicais...

Sacerdotes da Igreja Católica: sede radicalmente fiéis a Cristo, ao Papa, à Santa Igreja. Sim, sede radicais, absolutamente radicais às coisas do Pai. De que adianta palavras bonitas ou adocicadas nos sermões? Nada. A retórica do orgulho humano esvai-se com a primeira lufada de vento. Para que serve estes obstinados afazeres para a melhoria das condições de vida de alguns homens? Nada. Homens comuns podem fazê-lo com mais proveito e tempo. Para que serve vossos conhecimentos mundanos, políticos, sociais? Nada. Nem os vossos, nem os meus, nem os de homem algum, nem os da humanidade inteira vão ponderar alguma coisa na outra vida. Oração, oração, oração!

Sede homens radicais, sacerdotes de Cristo! Sede radicalmente coerentes com vossa missão sacerdotal. Coragem, coragem sempre. Ainda que homens comuns os rotulem de tantos nomes: conservadores, ultrapassados, ortodoxos,... radicais! Sim, para a glória de Deus e da Igreja, sede homens radicais e não homens comuns. Talvez, muitos leigos como eu também queiram infundir-vos ânimo e coragem, compartilhar convosco tantos dificuldades e incompreensões. Esta carta busca ser uma palavra de coragem e de solidariedade aos sacerdotes de Cristo: por mais inútil, ela é mais do que as mais comuns das tarefas humanas hoje em dia: a omissão, o comodismo, a indiferença. Vós, padres, não tendes o direito de se comportar como homens comuns! Sede radicais, sacerdotes de Cristo! Não esperais nem consolação e nem refrigério: escolhestes a cruz e somente nela deveis pregar os cravos de vossas dores, todas as vossas dores, junto às dores de Cristo. Que estes cravos e que estas chagas possam ser muitos, para glória da Santa Igreja e salvação de uma infinidade de homens comuns.
(Arcos de Pilares)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (18)




Não digas apenas: 'Sou um cristão no mundo e estou a caminho do céu!' És bem mais que isso. Vivas de hoje em diante este novo preceito: 'Sou do céu e ainda estou cristão no mundo!' 

sábado, 14 de julho de 2012

GLÓRIAS DE MARIA: MÃE E FORMOSURA DO CARMELO


No dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a intercessão de Nossa Senhora  para resolver problemas da Ordem Carmelitana quando teve uma visão da Virgem que, trazendo o Escapulário nas mãos, lhe disse as seguintes palavras:

"Filho diletíssimo, recebe o Escapulário da tua Ordem, sinal especial de minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas. Aqueles que morrerem com este Escapulário não padecerão o fogo do Inferno. É sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos, e aliança de paz para sempre".

Imposição e Uso do Escapulário

- Qualquer padre pode fazer a bênção e imposição do Escapulário à pessoa.

2 - A bênção e a imposição valem para toda a vida e, portanto, basta receber o Escapulário uma única vez.

- Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.

- Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não sendo necessária outra bênção.

5 - Uma vez recebido, o Escapulário deve ser usado em todas as ocasiões (inclusive ao dormir), preferencialmente no pescoço.

6 - Em casos de necessidade de retirada do Escapulário, como no caso de doenças e/ou internações em hospitais, a promessa de Nossa Senhora se mantém, como se a pessoa o estivesse usando.

7 - Mesmo um leigo pode fazer a imposição do Escapulário a uma pessoa em risco de morte, bastando recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já bento por algum sacerdote.

8 - O Escapulário pode ser substituído por uma medalha que tenha, de um lado, o Sagrado Coração de Jesus e, do outro, uma imagem de Nossa Senhora (por autorização do Papa São Pio X).

Oração a Nossa Senhora do Carmo
     Ó Virgem do Carmo e mãe amorosa de todos os fiéis, mas especialmente dos que vestem vosso sagrado Escapulário, em cujo número tenho a dita de ser incluído, intercedei por mim ante o trono do Altíssimo. 

          Obtende-me que, depois de uma vida verdadeiramente cristã, expire revestido deste santo hábito e, livrando-me do fogo do inferno, conforme prometestes, mereça sair quanto antes, por vossa intercessão poderosa, das chamas do Purgatório.

        Ó Virgem dulcíssima, dissestes que o Escapulário é a defesa nos perigos, sinal do vosso entranhado amor e laço de aliança sempiterna entre Vós e os vossos filhos. Fazei, pois, Mãe amorosíssima, que ele me una perpetuamente a Vós e livre para sempre minha alma do pecado. 

       Em prova do meu reconhecimento e fidelidade, ofereço-me todo a Vós, consagrando-Vos neste dia os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e todo o meu ser. E porque Vos pertenço inteiramente, guardai-me e defendei-me como filho e servidor vosso. Amém.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

POR QUE NOSSA SENHORA CHORA?



Porque muitas mulheres abandonam o Cristo no caminho da salvação e se  aviltam como vadias em marchas do inferno 

Mãe de Deus e Mãe Nossa, oferecei ao Vosso Filho Jesus vossas lágrimas e dores  pela impiedade e loucura de tantas vossas filhas. Se elas precisam gritar para gerar blasfêmias, que nosso silêncio seja oração de desagravo profundo. Se elas se encantam com as trilhas do mal e da insensatez, que nos encante apenas a oferta do nosso desprezo ao pecado. Se elas se revestem de sensualidade e nudez, que sejamos nós, então, a nos despir de toda ofensa e de toda maldade e nos revestir ainda mais do Amor pelo vosso Divino Filho. Que o vosso pranto, Mãe de Deus e Mãe Nossa, seja o refrigério da justiça divina e o incêndio de amor a abrasar ainda mais os nossos corações, na súplica de perdão ao Vosso Filho, por tantas marchas das trevas, por tantas mulheres sem luz.

terça-feira, 10 de julho de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (17)



Por que lamentas a presença desta pessoa que te causa tantos dissabores e perturbações no ambiente de trabalho? Como sentirias alívio se ela fosse transferida ou abandonasse a função que exerce! No entanto, perderias a graça concedida pelo Pai para melhorares em tua alma as imperfeições freqüentes de tua falta de paciência e de serenidade...

sábado, 7 de julho de 2012

MADRE PAULINA - A PRIMEIRA SANTA BRASILEIRA

SANTA PAULINA DO CORAÇÃO AGONIZANTE DE JESUS

A primeira santa brasileira nasceu Amábile Lúcia Visintainer em Vigolo Vittaro (Itália), em 16 de dezembro de 1865. A família imigrou para o Brasil quando Amábile tinha apenas 9 anos, fixando-se no povoado de Vigolo, em Nova Trento (SC), que recebeu o mesmo nome de sua terra natal. Aos 25 anos, após a morte da mãe, deu início, junto à amiga Virgínia Rosa Nicolodi, à obra que hoje é conhecida no Brasil inteiro e em muitos países como Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada pela santa madre no dia 12 de julho de 1890. 

Em dezembro de 1895, Amábile e as duas primeiras companheiras (Virgínia e Teresa Anna Maule) fizeram os votos religiosos e Amábile recebeu o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. A santidade e a vida apostólica de Madre Paulina e de suas Irmãs atraíram muitas vocações, apesar da pobreza e das dificuldades em que viviam.

Em 1903, Madre Paulina foi eleita Superiora Geral por toda a vida pelas Irmãs da nascente congregação, que deixou Nova Trento e estabeleceu-se em São Paulo. Neste período, sofreu grandes perseguições que culminaram em sua destituição e afastamento da própria Congregação que havia fundado. Somente em 1918, foi readmitida na mesma, passando, então, a morar na casa-sede da congregação no Bairro do Ipiranga em São Paulo, onde permaneceu até a sua morte.

Em 1938, tiveram início os sérios problemas de diabetes, que a levaram a amputar um braço e a ficar completamente cega. Morreu piedosamente aos 76 anos, em 9 de julho de 1942, sendo suas últimas palavras as de sua habitual jaculatória: "Seja feita a vontade de Deus".

Em 1933, o Papa Pio XI assinou o Decreto de Louvor reconhecendo a importância de sua obra de caridade. O processo de canonização de Madre Paulina teve início em 1965. A primeira Santa do Brasil foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 18 de outubro de 1991, em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, Brasil.

EXCERTOS DA HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
NA CELEBRAÇÃO DA MISSA  DE BEATIFICAÇÃO
 DE MADRE PAULINA

Florianópolis, 18 de Outubro de 1991

1. Minha alegria no dia de hoje, queridos irmãos e irmãs de Florianópolis e de Santa Catarina, tem um motivo todo especial: a beatificação da Madre Paulina do Coração de Jesus Agonizante. Ela é, na verdade, uma representante bem legítima do povo catarinense. Como os pais e os avós de muitos dos que aqui estão, pertence ela a uma destas famílias que aqui chegaram no século passado e deram uma feição toda especial à terra catarinense.Foi uma destas famílias, vindas do Tirol e radicadas na região de Nova Trento, que deu ao Brasil e à Igreja a Madre Paulina. Hoje, diante de vós, ela será elevada pelo Papa à glória dos altares. 

Hoje, com a cerimônia da beatificação professamos nossa fé na Comunhão dos Santos. E ao mesmo tempo, consolida-se nossa esperança de santidade, de participação na vida de Deus. Ora, os santos nos indicam o caminho desta esperança. Deste modo cumprem eles uma particular tarefa dentro da missão evangelizadora da Igreja sobre a terra, e proclamam a vocação cristã à santidade. Eles nos exortam: “Revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cfr. Cl 3, 14).

2. Como foi que a Madre Paulina, que hoje proclamaremos beata, se revestiu desta caridade? O que mais se destaca na vida dos santos é sua capacidade de despertar o desejo de Deus, naqueles que tem a felicidade de deles se aproximar. Foi precisamente este o dom vivido em sumo grau por Madre Paulina. Soube ela converter todas as suas palavras e ações, num contínuo ato de louvor a Deus. Durante a juventude pediu a Deus a graça de entrar na vida religiosa com o único fim de amá-Lo e de servi-Lo com a maior perfeição possível. Sua conformidade com a vontade de Deus, levou-a a uma constante renúncia de si mesma, não recusando qualquer sacrifício para cumprir os desígnios divinos, especialmente no período, particularmente heróico, da sua destituição como Superiora Geral da Congregação por ela fundada.

Fruto desse grande amor de Deus, foi a caridade vivida pela Serva de Deus, desde menina até o último instante de sua vida terrena, em relação a todos que conviveram com ela. No seu testamento espiritual ela escreveu: Muito vos encareço que haja entre todas a santa Caridade, especialmente para com os doentes das Santas Casas, (os velhos) dos asilos, etc. Tende grande apreço pela prática da santa Caridade. Esse estar-para-os-outros, constituiu-se como o pano de fundo de toda sua vida. Os pobres e os doentes, foram os dois ideais da vida ascética da Madre Paulina, que, no seu serviço encontrava o incentivo para crescer no amor de Deus e na prática das virtudes.

3. Queridas filhas da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, o exemplo de santidade de vossa Madre Fundadora, recolhe esta mensagem perene que a Santa Igreja guarda como tesouro precioso.Ser santo significa opor-se ao pecado, à ruptura com Deus.A Igreja existe para a santificação dos homens em Cristo. É esta santidade que ela deve levar também aos homens do mundo secularizado para que não se profanizem. Por isso ela ensina também que santidade não é “alienação”, como às vezes se ouve dizer, mas uma maior familiaridade com as realidades mais profundas de Deus.

4. Foi precisamente esta capacidade de manter-se constantemente unida a Deus e, ao mesmo tempo, de desenvolver um intensíssimo trabalho pelo bem das almas, que caracterizou a vida da Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante. A Igreja a propõe, a partir de hoje, como modelo de vida a ser admirado e imitado.

5. Deus disse a Abraão: “Deixa tua terra, tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que eu te mostrar” (Gn 12, 1). Ele repete hoje a todos nós, a cada um de nós: deixa tua terra, que é um lugar de passagem, deixa o lugar da casa dos teus pais, lugar de tantas gerações - e vai para a terra que eu te indicar. A Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante seguiu este chamado de Cristo. Que o exemplo de Madre Paulina possa inspirar a todos uma resposta decidida, generosa, ao chamado de Cristo à santidade! Confio à proteção materna da Virgem Maria, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Desterro como A venerais aqui em Florianópolis, o presente e o futuro da Igreja no Brasil. Ela precisa, hoje, mais do que nunca, de santos!

A FÉ EXPLICADA - III

POR QUE CRER EM DEUS?

Porque Deus, sendo ‘Aquele que É’, é a Primeira Causa de Tudo. E, portanto, a Causa de eu, você e outras seis bilhões de pessoas estarmos aqui e agora neste mundo. E a Causa deste mundo, e de outros tantos mundos que possam existir, e do Universo que possa abranger quantos universos você seja capaz de imaginar. A Causa Primeira é Deus, Único e Verdadeiro, Infinito e Eterno. E tais atributos são irreversivelmente óbvios para Quem é Deus, porque senão Deus não seria Deus. Porque existe a Causa das Causas, Deus é Único, Infinito e Eterno. E por que a Verdade é a Sabedoria de Deus, existe somente a Verdade em Deus e o Nada. E Deus, pela sua infinita santidade, é todo misericórdia.

Nós, pobres criaturas, criados à imagem e semelhança de Deus, também queremos ser deuses, senhores das causas passadas, donos das verdades lavradas pelo livre arbítrio. Nem Deus pode fazer o que fazem os deuses que queremos ser. Deus não pode fazer o Nada, que Dele não provém, em que Ele não atua e, assim, Deus não pode pecar.  De posse do conhecimento mais ermo, envaidecidos das mais tolas crendices da ciência humana, somos capazes de adotar premissas da razão para negar a Verdade, limitar o Infinito e destituir a Causa como premissa. E, assim, negar a própria existência da Causa, da Verdade, de Deus.

Há uma relação direta entre a incredulidade do inferno e o livre pensar de que Deus é uma utopia. Incredulidade e utopia morrerão juntas na eternidade para estes crentes de suas próprias deidades, quando a Verdade Absoluta e o Nada Absoluto forem, então, as únicas causas e premissas do seu conhecimento. O que se perdeu e o que nunca será reparado. Por que se perdeu Deus Infinito, a reparação nunca acontecerá, nunca. Se não fosse infinito, o  inferno não seria o Inferno. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (16)

'O que é a fé?' Indaga-me você de pronto. Lembrei-me, então, dos conceitos extremados que envolvem a fé: o de ser tanto sendo quase nada. Imagine que, de repente, falte a luz e nós fiquemos nesta sala às escuras. Um de nós providencia uma vela acesa e, agora, embora a chama seja débil e pouca, temos luz. Veja. Alguém que está completamente acostumado às comodidades da energia elétrica pode se adaptar facilmente à parca luz de velas? Não, certamente não. Mas pode usar temporariamente este recurso até que a eletricidade volte e recomponha o estado ideal das coisas. É isso que fazemos nós, os cristãos. A fé é a nossa vela de chama tíbia e fraca, que nos conforta e revigora na segurança e no aconchego da caminhada humana. Sabemos o que nos espera no dia da Plena Visão; durante a espera, a fé não nos deixa órfãos de luz. Quem não tem velas? Não se dá pela falta do que nunca se possuiu e nem se perde o que nunca se achou. Só anseia por luz os Filhos da Luz. Homens sem fé são como velas apagadas – almas vazias, vidas às escuras... Isto é a fé: tudo o que o homem pode ter, quase nada do que terá na eternidade... 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A 'MENSAGEM ESQUECIDA' DE FÁTIMA

Além da afirmação do triunfo do Coração Imaculado de Maria e do impacto relativo ao Segredo de Fátima, muitos outros aspectos da mensagem assumiram importância capital no contexto das revelações. A consagração aos Primeiros Cinco Sábados, as orações ensinadas por Nossa Senhora às crianças, o milagre do sol e as aparições do Anjo de Portugal constituem exemplos marcantes destes fatos, tendo sido descritos e abordados em detalhe nos livros e documentos sobre as aparições de Fátima.

Um aspecto, porém, exatamente por não se enquadrar no espírito das revelações, não tem sido analisado com igual rigor, mas, embora secundário, deveria merecer muita atenção e reflexão por parte de todos os homens. É o que poderíamos chamar de “mensagem esquecida de Fátima”. Este fato ocorreu já na primeira aparição e a sua revelação deveu-se a uma resposta de Nossa Senhora a uma pergunta de Lúcia. Recapitulemos o diálogo entre a Mãe de Deus e a pastorinha de Fátima:

“ _ A Maria das Neves já está no céu?
  _ Sim, está.
  _ E a Amélia?
  _ Estará no Purgatório até o fim do mundo”.

Maria das Neves e Amélia eram duas amigas de Lúcia que frequentavam a sua casa “para aprender a tecer com sua irmã mais velha” e teriam falecido pouco antes das aparições (Maria das Neves faleceu em 26/02/1917 e Amélia faleceu a 28/03/1917, ambas com 20 anos de idade). A resposta de Nossa Senhora quanto ao destino eterno de Amélia é categórico: “Estará no Purgatório até o fim do mundo”.

São palavras duras e preocupantes quando revelam a justiça de Deus aplicada a uma jovem portuguesa que vivera apenas 20 anos, no início do século XX, em um lugar isolado e deserto, perdido nos contrafortes da Serra do Aire, então distante cerca de 150km do norte de Lisboa, onde predominam colinas pedregosas e azinheiras, descendente de um povo bom e ordeiro, católicos praticantes e devotos do terço diário.  Fátima, em 1917, representava provavelmente um ambiente de extrema religiosidade e de prática corrente da moral cristã. Que pecados terríveis teriam sido cometidos por esta moça de modo a ter que pagar as penas e danos devido a eles no Purgatório até o fim do mundo?

A primeira questão que surge desta revelação deveria ser a de uma reflexão profunda sobre o pecado e a justiça divina. É evidente que morar em Fátima em 1917 não constituiu garantia de salvação a ninguém e que é possível que alguma alma tenha, inclusive, sido condenada eternamente. Mas isto é uma absoluta elucubração; o destino de Amélia, ao contrário, é fato, é uma revelação direta de Nossa Senhora aos homens. Qual seria a nossa reflexão sobre a justiça divina transferindo a realidade do destino eterno de Amélia à realidade dos homens e mulheres, jovens e crianças das nossas grandes e pequenas cidades, às Amélias (almas) do nosso tempo? Não deveríamos nós reavaliarmos profundamente os conceitos de misericórdia e justiça de Deus e começarmos a praticar, na vida diária de cada um, o preceito lógico de São Domingos Sávio: “antes morrer do que pecar?”.

Uma segunda questão que se apresenta refere-se ao próprio destino final de Amélia. A alma no Purgatório nada pode fazer para diminuir ou abreviar os seus sofrimentos, mas as orações daqueles que ainda vivemos na terra podem intervir profundamente nesta condição, por graça e obra da misericórdia divina. Esta interação de bens espirituais dos filhos de Deus constitui a comunhão dos santos e o tesouro da Igreja, obtido através dos méritos infinitamente satisfatórios da redenção de Cristo. Assim, pois, deve-se entender que Amélia estará no Purgatório até o fim do mundo se não houver quem reze por ela ou mande celebrar missas em sua intenção. E novamente, a mensagem de Fátima mostra a sua unidade perfeita ao relacionar o exemplo de Amélia com o apelo fervoroso de Nossa Senhora: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.  Reconheçamos definitivamente o valor imponderável das orações, penitências e sofrimentos no plano salvífico de Deus. Todas as grandes obras de Deus, e em particular àquelas relacionadas à conversão e salvação das almas, são feitas com a dor e o sacrifício de algumas almas privilegiadas. Em Fátima, estas foram as missões específicas desempenhadas por Jacinta e Francisco Marto – as duas crianças morreram em circunstâncias extremamente sofridas e dolorosas - almas escolhidas por Deus como vítimas da expiação e reparação dos pecados de Amélia e de todos nós.

domingo, 1 de julho de 2012

BIBLIOTECA DIGITAL

'Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem'

de São Luís Maria Grignion de Montfort

(versão completa disponível na Biblioteca Digital desse blog)



Missionário do Espírito Santo e da Virgem Santíssima, São Luís Maria Grignion de Montfort foi o portador da graça divina de uma mensagem de transcendência extraordinária: a necessidade de uma devoção ardente à Mãe de Deus e do conhecimento da missão ímpar de Nossa Senhora no Segundo Advento do seu Filho. Nasceu em 31 de janeiro de 1637 em Montfort (França), sendo ordenado sacerdote em 1700. Em 1706, foi recebido pelo Papa Clemente XI que, confirmando a sua vocação missionária, outorgou-lhe o título de 'Missionário Apostólico'. Nesta missão, combateu duramente a doutrina jansenista na França, que, crendo na predestinação, apresentava um Deus tirânico e sem misericórdia. Fundou três instituições religiosas: a Companhia de Maria (congregação de sacerdotes missionários), as Filhas da Sabedoria (freiras dedicadas à assistência aos doentes nos hospitais e à instrução de meninas pobres) e os Irmãos de São Gabriel (congregação de leigos voltados para o ensino). Escreveu várias obras, dentre ela o 'Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem', referência básica da mariologia cristã. Morreu em 28 de abril de 1716, aos 43 anos e apenas 16 anos como sacerdote, em Saint-Laurent-sur-Sèvre (França). Foi beatificado em 1888 e canonizado em 1947, pelo Papa Pio XII.

FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

FUNDAMENTOS DA IGREJA

São Pedro e São Paulo - Jusepe de Ribera (1591 - 1652)

"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16).

“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (II Tm 4,7).

Excertos da Homilia do Papa João Paulo II, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29/06/2000


Jesus dirige aos discípulos esta pergunta acerca da sua identidade, enquanto se encontra com eles na Alta Galileia. Muitas vezes acontecera que foram eles a interrogar Jesus; agora é Ele quem os interpela. A sua pergunta é específica e espera uma resposta. Simão Pedro toma a palavra em nome de todos:  "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Mt 16, 16). A resposta é extraordinariamente lúcida. Nela se reflete de modo perfeito a fé da Igreja. Nela nos refletimos também nós. De modo particular, reflete-se nas palavras de Pedro o Bispo de Roma, por vontade divina, seu indigno sucessor.

2. "Tu és o Cristo!". À confissão de Pedro, Jesus replica:  "És feliz, Simão, filho  de  Jonas,  porque  não  foram  a carne nem o sangue quem to revelou, mas  o  Meu  Pai  que  está  nos  céus" (Mt 16, 17).

És feliz, Pedro! Feliz, porque esta verdade, que é central na fé da Igreja, não podia emergir na tua consciência de homem, senão por obra de Deus. "Ninguém, disse Jesus, conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11, 27). Reflitamos sobre esta página evangélica particularmente densa:  o Verbo encarnado revelara o Pai aos seus discípulos; agora é o momento em que o próprio Pai lhes revela o seu Filho unigênito. Pedro acolhe a iluminação interior e proclama com coragem:  "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo"!

Estas palavras nos lábios de Pedro provêm do profundo do mistério de Deus. Revelam a verdade íntima, a própria vida de Deus. E Pedro, sob a ação do Espírito divino, torna-se testemunha e confessor desta soberana verdade. A sua profissão de fé constitui assim a sólida base da fé da Igreja:  "Sobre ti edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18). Sobre a fé e a fidelidade de Pedro está edificada a Igreja de Cristo.

3. "O Senhor assistiu-me e deu-me forças a fim de que a palavra fosse anunciada por mim e os gentios a ouvissem" (2 Tm 4, 17). São palavras de Paulo ao fiel discípulo Timóteo:  escutamo-las na Segunda Leitura. Elas dão testemunho da obra nele realizada pelo Senhor, que o tinha escolhido como ministro do Evangelho, "alcançando-o" na via de Damasco (cf. Fl 3, 12). Envolvido numa luz fulgurante, o Senhor se lhe havia apresentado, dizendo:  "Saulo, Saulo, por que Me persegues?" (Act 9, 4), enquanto uma força misteriosa o lançava por terra (cf. ibid., v. 5).

"Quem és Tu, Senhor?", perguntara Saulo. "Eu sou Jesus, a quem tu persegues!" (ibid.). Foi esta a resposta de Cristo. Saulo perseguia os seguidores de Jesus e Jesus fez-lhe tomar consciência de que era Ele mesmo a ser perseguido neles. Ele, Jesus de Nazaré, o Crucificado, que os cristãos afirmavam ter ressuscitado. De Damasco, Paulo iniciará o seu itinerário apostólico, que o levará a defender o Evangelho em tantas partes do mundo então conhecido. O seu impulso missionário contribuirá assim para a realização do mandato de Cristo aos Apóstolos:  "Ide, pois, ensinai todas as nações..." (Mt 28, 19).

4. Caríssimos Irmãos no Episcopado vindos para receber o Pálio, a vossa presença põe em eloquente ressalto a dimensão universal da Igreja, que derivou do mandato do Senhor:  "Ide... ensinai todas as nações" (Mt 28, 19). Todas as vezes que vestirdes estes Pálios, recordai, Irmãos caríssimos que, como Pastores, somos chamados a salvaguardar a pureza do Evangelho e a unidade da Igreja de Cristo, fundada sobre a "rocha" da fé de Pedro. A isto nos chama o Senhor; esta é a nossa irrenunciável missão de guias previdentes do rebanho que o Senhor nos confiou.

5. A plena unidade da Igreja! Sinto ressoar em mim a recomendação de Cristo. Deus nos conceda chegarmos quanto antes à plena unidade de todos os crentes em Cristo. Obtenhamos este dom dos Apóstolos Pedro e Paulo, que a Igreja de Roma recorda neste dia, no qual se faz memória do seu martírio e, por isso, do seu nascimento para a vida em Deus. Por causa do Evangelho, eles aceitaram sofrer e morrer e se tornaram partícipes da ressurreição do Senhor. A sua fé, confirmada pelo martírio, é a mesma fé de Maria, a Mãe dos crentes, dos Apóstolos,  dos Santos  e Santas  de  todos  os séculos.

Hoje a Igreja proclama de novo a sua fé. É a nossa fé, a imutável fé da Igreja em Jesus, único Salvador do mundo; em Cristo, o Filho de Deus vivo, morto e ressuscitado por nós e para a humanidade inteira.