quinta-feira, 21 de agosto de 2014

21 DE AGOSTO - SÃO PIO X

Instaurare omnia in Christo

Restaurar todas as coisas em Cristo

Pio X (02/06/1835 - 20/08/1914)

No início do Século XX, inúmeras heresias associadas ao Modernismo (movimento precursor do atual Progressismo Católico) tentavam minar a Igreja. Neste quadro de graves dificuldades, a Providência Divina legou à cristandade um Papa Santo, o único papa canonizado do Século XX. Em 04 de agosto de 1903, o Cardeal Giusepe Sarto de Veneza foi eleito como Pio X, 259º sucessor de São Pedro, sucedendo a Leão XIII, sendo coroado para o Sumo Pontificado cinco dias depois. No seu pontificado de apenas 11 anos (faleceu em 20/08/1914), Pio X promoveu uma guerra sem tréguas às heresias do Modernismo (que condenou por inteiro na Encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 1907), coordenou a compilação de um novo Código Canônico, restaurou as bases da música sacra e promulgou várias ações e documentos relacionados a uma melhor e mais perfeita devoção aos sacramentos eucarísticos. Foi canonizado pelo Papa Pio XII em 03/09/1954. Celebra-se a sua festa de santidade em 21 de agosto.

Excertos da Encíclica Pascendi Dominici Gregis - 08/08/1907 (de São Pio X): condenação explícita do Movimento Modernista na Igreja Católica

"Não se afastará, portanto, da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que  meneiam eles o machado".

"Batida pois esta raiz da imortalidade, continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem contaminar. E ainda vão mais longe; pois pondo em obra o sem número de seus maléficos ardis, não há quem os vença em manhas e astúcias:  porquanto, fazem promiscuamente o papel ora de racionalistas, ora de católicos, e isto com tal dissimulação que arrastam sem dificuldade ao erro qualquer incauto; e sendo ousados como os que mais o são, não há conseqüências de que se amedrontem e que não aceitem com obstinação e sem escrúpulos. Acrescente-se-lhes ainda, coisa aptíssima para enganar o ânimo alheio, uma operosidade incansável, uma assídua e vigorosa aplicação a todo o ramo de estudos e, o mais das vezes, a fama de uma vida austera. Finalmente, e é isto o que faz desvanecer toda esperança de cura, pelas suas mesmas doutrinas são formadas numa escola de desprezo a toda autoridade e a todo freio; e, confiados em uma consciência falsa, persuadem-se de que é amor de verdade o que não passa de soberba e obstinação".

"Efetivamente, o orgulho fá-los confiar tanto em si que se julgam e dão a si mesmos como regra dos outros. Por orgulho loucamente se gloriam de ser os únicos que possuem o saber, e dizem desvanecidos e inchados: Nós cá não somos como os outros homens. E, de fato, para o não serem, abraçam e devaneiam toda a sorte de novidades, até das mais absurdas. Por orgulho repelem toda a sujeição, e afirmam que a autoridade deve aliar-se com a liberdade. Por orgulho, esquecidos de si mesmos, pensam unicamente em reformar os outros, sem respeitarem nisto qualquer posição, nem mesmo a suprema autoridade. Para se chegar ao modernismo não há, com efeito, caminho mais direto do que o orgulho. Se algum leigo ou também algum sacerdote católico esquecer o preceito da vida cristã, que nos manda negarmos a nós mesmos para podermos seguir a Cristo, e se não afastar de seu coração o orgulho, ninguém mais do ele se acha naturalmente disposto a abraçar o modernismo!

"Nada, portanto, Veneráveis Irmãos, se pode dizer estável ou imutável na Igreja, segundo o modo de agir e de pensar dos modernistas. Para o que também não lhes faltaram precursores, esses de quem o nosso predecessor Pio IX escreveu: estes inimigos da revelação divina, que exaltam com os maiores louvores o progresso humano, desejariam com temerário e sacrílego atrevimento introduzi-lo na religião católica, como se a mesma não fosse obra de Deus, mas obra dos homens, ou algum sistema filosófico, que se possa aperfeiçoar por meios humanos" (Enc. "Qui pluribus", 9 de nov. de 1846). 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

ORAÇÃO: 'LEMBRAI-VOS' (SÃO BERNARDO DE CLARAVAL)

São Bernardo nasceu no Castelo de Fontaine, próximo a Dijon (França) no ano de 1090 e tornou-se monge cisterciense, assim como praticamente toda a sua família, que lhe seguiram o exemplo. Dedicou toda a sua vida a praticar e a ensinar com rigor a regra beneditina: oração e trabalho, seja no mosteiro de Claraval, onde foi abade por 38 anos, seja nas dezenas de outros mosteiros que ajudou a fundar. Escreveu obras religiosas como o 'Tratado do Amor de Deus' e o 'Comentário ao Cântico dos Cânticos', esta de devoção mariana. Compôs ainda inúmeras orações e hinos religiosos como 'Lembrai-vos' e 'Ave Maris Stella', bem como invocações como 'Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria', recitada na Salve-Rainha. Faleceu em  20 de agosto do ano 1153. Foi canonizado pelo papa Alexandre III em janeiro de 1174 e proclamado Doutor da Igreja em 1830 pelo papa Pio VIII.


Lembrai-Vos ('Memorare')
                                                            (São Bernardo de Claraval)

Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular, como Mãe recorro; de Vós me valho, gemendo sob o peso dos meus pecados, e me prostro a vossos pés. Não desprezeis minhas súplicas, ó Mãe do Filho (Verbo) de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia, e de me alcançar o que vos rogo. Amém.

Memorare, o piissima Virgo Maria,
non esse auditum a saeculo,
quemquam ad tua currentem praesidia,
tua implorantem auxilia,
tua petentem suffragia,
esse derelictum.
Ego tali animatus confidentia,
ad te, Virgo Virginum, Mater, curro, ad te venio,
coram te gemens peccator assisto.
Noli, Mater Verbi, verba mea despicere;
sed audi propitia et exaudi.
Amen.

São Bernardo de Claraval, rogai por nós!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

AS GRANDES HERESIAS: PELAGIANISMO

O Pelagianismo consiste em uma abordagem herética da autêntica fé cristã, surgida por volta do Século IV, que admitia que a graça é inerente à capacidade natural do homem. Nesta concepção, o homem possui uma capacidade natural de viver uma vida santa e sem pecado e merecer a felicidade eterna ao exercer a sua livre vontade. Os três principais expoentes do Pelagianismo foram Pelágio (um monge de origem provavelmente irlandesa, do qual se tem pouquíssimas referências, considerando o 'pai' desta heresia), Celéstio e Juliano de Eclano. Pelágio e seus adeptos estavam convencidos de que a capacidade de natureza humana, portanto, a sua liberdade e a sua tendência para o bem, constituem a forma fundamental da graça e, assim, seriam verdadeiros os seguintes princípios:

1. Adão havia sido criado mortal e teria morrido, quer houvesse pecado ou não; 

2. O pecado de Adão prejudicara apenas a si mesmo, e não a toda a raça humana; 

3. Os recém-nascidos estão naquele estado no qual Adão estava antes da sua queda; 

4. Nem pela morte e pecado de Adão a totalidade da raça humana perece, nem pela ressurreição de Cristo a totalidade da raça ressurge; 

5. A Lei leva ao reino dos céus da mesma forma que o Evangelho; 

6. Mesmo antes da vinda do Senhor existiram homens sem pecado.

Ou seja, o Pelagianismo nega o pecado original e, consequentemente, a necessidade do batismo. O homem teria herdado de Adão apenas o mau exemplo da desobediência, mas não o pecado. A graça nos teria sido imposta no ato de nossa criação e a salvação pode prescindir da graça divina. O homem, pelas seus próprios dons e virtudes, e força de vontade, é capaz de salvar a si próprio, por meio do livre arbítrio e da observância da lei moral. Assim, como Adão foi um mau exemplo, Jesus Cristo é apenas um bom exemplo que o homem deve seguir, assim como Moisés; ou seja, todo o trabalho salvífico de redenção de Cristo consiste basicamente na doutrina dos seus ensinamentos e na sua atuação como modelo de virtude. Em síntese, a crença minimiza a função da graça divina e exalta o poder e a liberdade humana no propósito da salvação eterna.

A inconsistência das proposições pelagianistas foi exposta e e combatida por Santo Agostinho, tendo sido condenada formalmente pela Igreja nas disposições do Concílio de Cartago (418):
  • Quem disser que a graça de Deus, pela qual o homem recebe a justificação por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo, só vale para a remissão dos pecados já cometidos, mas não como ajuda para não cometê-los – seja anátema;
  • Quem disser que a graça de Deus por Jesus Cristo Nosso Senhor só nos ajuda a não pecar, porque por ela nos é revelado e manifestado o sentido dos preceitos para sabermos o que devemos desejar, o que evitar, mas que por ela não nos é dado amar também e fazer o que sabemos que deve ser feito – seja anátema;
  • Quem disser que a graça da justificação nos é dada para que mais facilmente possamos cumprir, pela graça, o que com o livre-arbítrio nos é mandado fazer, como se, ainda que não nos fosse dada a graça, pudéssemos sem ela, embora não facilmente, mas pudéssemos cumprir os mandamentos de Deus – seja anátema: 'Sem Mim nada podeis fazer' (Jo 15, 15).  
Cerca de um século depois, na região da Gália, atual França, João Cassiano introduziu uma nova vertente a esta heresia, afirmando que a graça de Deus auxilia no momento de se vencer o pecado, mas que a iniciativa precisa ser sempre do homem, negando, assim, a ação primordial da salvação como obra de Deus. Tais princípios contradizem os conceitos da autêntica doutrina católica relativos à 'graça suficiente' (a graça que nos é dada por Deus para encontrar o caminho da santificação) e à 'graça eficaz' (aquela que o homem deve buscar por vontade própria para a sua plena santificação). Esta variante herética ficou conhecida como 'semipelagianismo' e foi condenada formalmente pela Igreja por meio do II Sínodo de Orange, iniciado em 12 de julho de 526.

domingo, 17 de agosto de 2014

SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA

Páginas do Evangelho - Assunção de Nossa Senhora
 'O Todo-Poderoso fez grandes coisas a meu favor'

As glórias de Maria podem ser resumidas na portentosa frase enunciada pelo anjo Gabriel: 'Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus' (Lc 1, 30). Ao receber a boa-nova do anjo, Maria prostrou-se como serva e disse 'sim', e por meio desse sim, como nos ensina São Luís Grignion de Montfort, 'Deus Se fez homem, uma Virgem de tornou Mãe de Deus, as almas dos justos foram livradas do limbo, as ruínas do céu foram reparadas e os tronos vazios foram preenchidos, o pecado foi perdoado, a graça nos foi dada, os doentes foram curados, os mortos ressuscitados, os exilados chamados de volta, a Santíssima Trindade foi aplacada, e os homens obtiveram a vida eterna'.

Esta efusão de graças segue Maria na Visitação, pois ela é reflexo da presença e das graças do Espírito Santo que são levadas à sua prima Isabel e à criança em seu ventre. No instante da purificação de São João Batista, o Precursor, Santa Isabel foi arrebatada por inteira pelo Espírito Santo: 'Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo' (Lc 1,41). Por meio de uma extraordinária revelação interior, Santa Isabel confirma em Maria o repositório infinito das graças de Deus: 'Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu' (Lc 1,43).

E é ainda nesta plenitude de comunhão com o Espírito Santo, que Maria vai proclamar o seu Magnificat: 'Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre' (Lc 1, 46-55).

Mãe da humildade, mãe da obediência, mãe da fé, mãe do amor. Mãe de todas as graças e de todos os privilégios, Maria foi contemplada com o dogma de fé divina e católica da assunção, em corpo e alma, à Glória Celeste. Dentre as tantas glórias e honras a Maria, a Igreja celebra neste domingo a Serva do Senhor como Nossa Senhora da Assunção. 

sábado, 16 de agosto de 2014

SALMO 44



(Cheia de graça, a rainha está, 
à vossa direita, ó Senhor!)//

1. À vossa direita se encontra a rainha,
Com veste esplendente de ouro de Ofir*.
As filhas de reis vêm ao vosso encontro,
Com veste esplendente de ouro de Ofir.
(Cheia de graça, a rainha está, 
à vossa direita, ó Senhor!)

2. Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto:
'Esquecei vosso povo e a casa paterna!
Que o Rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
(Cheia de graça, a rainha está, 
à vossa direita, ó Senhor!)

3. Entre cantos de festa e com grande alegria,
Ingressam, então, no palácio real'. 
(Cheia de graça, a rainha está, 
à vossa direita, ó Senhor!)

(Cheia de graça, a rainha está, 
à vossa direita, ó Senhor!)//

* região cuja localização exata permanece ainda desconhecida e que era muito famosa à época pela excelência e raridade do ouro ali produzido (ouro de Ofir seria, então, algo expressivo de grande raridade e excelso valor).

BREVIÁRIO DIGITAL - ORAÇÕES E MEDITAÇÕES (I)






(Do original 'Vade Mecum do Católico Fiel'; p. 3 - 6)