sexta-feira, 25 de julho de 2025

O DOGMA DO PURGATÓRIO (CV)

Capítulo CV

Meios de se Evitar o Purgatório - Confiança na Misericórdia de Deus - Palavras de São Francisco de Sales - São Filipe Néri: 'O Paraíso é seu!'

O quinto meio para obter o favor diante do tribunal de Deus é ter grande confiança em sua misericórdia. 'Junto de vós, Senhor, me refugio. Não seja eu confundido para sempre (Sl 30,2). Certamente Aquele que disse ao bom ladrão: 'Hoje estarás comigo no Paraíso', merece bem que tenhamos uma confiança ilimitada nele. São Francisco de Sales confessou que, se considerasse apenas a sua miséria, mereceria o inferno; mas, cheio de humilde confiança na misericórdia de Deus e nos méritos de Jesus Cristo, esperava firmemente compartilhar a felicidade dos eleitos. 'E o que Nosso Senhor faria com sua vida eterna' - disse ele - 'se não fosse dá-la a nós, pobres, pequenas e insignificantes criaturas que somos, que não temos outra esperança senão a sua bondade? Bendito seja Deus! Tenho esta firme confiança no fundo do meu coração, de que viveremos eternamente com Deus. Um dia estaremos todos unidos no Céu. Tenham coragem; em breve estaremos lá!'

'Devemos' - disse ele também - 'morrer entre dois travesseiros: um, da humilde confissão de que não merecemos nada além do inferno; o outro, da confiança total de que Deus, em sua misericórdia, nos dará o paraíso'. Tendo encontrado um dia um senhor que estava cheio de medo excessivo dos julgamentos de Deus, ele lhe disse: 'Aquele que tem um desejo verdadeiro de servir a Deus e evitar o pecado não deve, de forma alguma, permitir-se ser atormentado pelo pensamento da morte e do julgamento. Se eles devem ser temidos, não é com aquele medo que desanima e deprime o vigor da alma, mas com um medo temperado pela confiança e, portanto, salutar. Espere em Deus: quem espera nele nunca será confundido'.

Lemos na Vida de São Filipe Néri que, tendo ido um dia ao Convento de Santa Marta, em Roma, uma das religiosas, chamada Escolástica, desejou falar com ele em particular. Essa senhora estava há muito tempo atormentada por um pensamento de desespero, que não ousava revelar a ninguém; mas, cheia de confiança no santo, resolveu abrir seu coração a ele. Quando ela se aproximou dele, antes que tivesse tempo de dizer uma palavra, o homem de Deus disse-lhe com um sorriso: 'Você está muito enganada, minha filha, ao acreditar que está destinada às chamas eternas: o Paraíso pertence a você!' 'Não consigo acreditar, padre!' - respondeu ela com um profundo suspiro. 'Você não acredita? Isso é loucura da sua parte, você verá. Diga-me, Escolástica, por quem Jesus morreu?' 'Ele morreu pelos pecadores'. 'Então, pois, me diga, você é uma santa? 'Ai de mim!' - respondeu ela chorando, 'sou uma grande pecadora'. 'Portanto, Jesus morreu por você, e certamente foi para abrir o Céu para você. Assim, fica claro que o Céu é seu. Quanto aos seus pecados, você os detesta, não tenho dúvidas'. A boa religiosa ficou comovida com essas palavras. A luz entrou em sua alma, a tentação desapareceu e, a partir daquele momento, aquelas doces palavras - 'o Paraíso é seu!' - a encheram de confiança e alegria.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

quarta-feira, 23 de julho de 2025

SOBRE SOFRER OS DEFEITOS DOS OUTROS


1. Aquilo que o homem não pode emendar em si mesmo ou nos demais, deve-o tolerar com paciência, até que Deus disponha de outro modo. Considera que talvez seja melhor assim, para provar tua paciência, sem a qual não têm grande valor nossos méritos. Todavia, convém, nesses embaraços, pedir a Deus que te auxilie, para que os possas levar com seriedade.

2. Se alguém, com uma ou duas advertências, não se emendar, não contendas com ele; mas encomenda tudo a Deus para que seja feita a sua vontade, e seja ele honrado em todos os seus servos, pois sabe tirar bem do mal. Procura sofrer com paciência os defeitos e quaisquer imperfeições dos outros, pois tens também muitas que os outros têm de aturar. Se não te podes modificar como desejas, como pretendes ajeitar os outros à medida de teus desejos? Muito desejamos que os outros sejam perfeitos, e nem por isso emendamos as nossas faltas.

3. Queremos que os outros sejam corrigidos com rigor e nós não queremos ser repreendidos. Estranhamos a larga liberdade dos outros e não queremos sofrer recusa alguma. Queremos que os outros sejam apertados por estatutos e não toleramos nenhum constrangimento que nos coíba. Donde claramente se vê quão raras vezes tratamos o próximo como a nós mesmos. Se todos fossem perfeitos, que teríamos então de sofrer nós mesmos por amor de Deus?

4. Ora, Deus assim o dispôs para que aprendamos a carregar uns o fardo dos outros; porque ninguém há sem defeito; ninguém sem carga; ninguém com força e juízo bastante para si; mas cumpre que uns aos outros nos suportemos, consolemos, auxiliemos, instruamos e aconselhemos. Quanta virtude cada um possui, melhor se manifesta na ocasião da adversidade; pois as ocasiões não fazem o homem fraco, mas revelam o que ele é.

(Da Imitação de Cristo, de Thomas de Kempis)

OS PAPAS DA IGREJA (XXIII)

 



terça-feira, 22 de julho de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (23/26)

 

23. UM SERMÃO OUVIDO DE LONGE

Conta o escritor Súrio que, estando Santo Antônio a pregar em certa cidade, uma senhora devota, que morava distante, tinha imenso desejo de ouvir as pregações do santo. O marido, homem perverso, não lhe permitia de modo algum. Ouvindo que, devido a multidão do povo, o santo iria pregar fora da cidade em campo aberto, a boa senhora, aflita e desconsolada, subiu ao terraço da casa para olhar, ao menos de longe, o lugar onde o santo pregava.

Coisa admirável! Apesar da grande distância, a voz do pregador chegava-lhe aos ouvidos forte e distinta, como se o púlpito estivesse ali mesmo. Admiradíssima chamou o marido, o qual, reconhecendo naquele acontecimento o dedo de Deus, entrou em si, converteu-se sinceramente, e foi dali em diante um ouvinte assíduo da palavra de Deus.

E assim recompensou Nosso Senhor a fé e o amor que aquela senhora demonstrava pela palavra divina.

24. NÃO SOMOS PAGÃOS...

➖Fique tranquilo, senhor vigário - dizia um pai de família - em nossa casa não somos pagãos. É verdade que eu não vou muito à missa e não comungo há muitos anos, mas minha mulher está na igreja todos os domingos e cumpre todos os seus deveres religiosos...
➖ Mas por que a sua mulher é tão fiel em cumprir os deveres para com Deus?
➖ Senhor vigário, por que há de ser, senão para salvar a alma?
➖ Perfeitamente! E você não tem por acaso uma alma que salvar? Porventura a sua mulher tem uma alma para os dois?

25. A DUPLA PÁSCOA DE BERRYER

Pelo fim da quaresma de 1868, o célebre advogado Berryer almoçava com o famoso historiador e literato Thiers. Este perguntou-lhe:
➖ Meu caro Berryer, vais fazer a Páscoa este ano?
➖ Espero que sim, respondeu o advogado; e até pretendo fazer duas: a primeira em Paris para cumprir meu dever e, depois, em Angerville, para servir de exemplo aos meus conterrâneos.
➖ Muito bem, Berryer; se todos seguissem o teu exemplo, a França estaria salva.

26. 'ÚLTIMA MISSA'

Há em Roma um quadro magnífico intitulado 'Última Missa', no qual estão representados os prelúdios do fim do mundo. Bem no fundo, um padre está para terminar a santa missa. Os anjos, inclinados sobre suas trombetas, esperam apenas que a missa termine, para anunciarem, ao som das trombetas, a hora da divina Justiça. 

Esse quadro é devido ao gênio do imortal pintor Leonardo da Vinci, o qual costumava dizer: 'Estou convencido de que, sem a santa missa, o mundo teria caído no abismo sob o peso de suas maldades'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

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segunda-feira, 21 de julho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LVI)


'A inteligência, iluminada pela fé, encontra Cristo Crucificado na cela do coração, no qual a alma vê o seu próprio nada' 

(Santa Catarina de Sena)

Jesus, quando o meu nada se extinguir de vez, que seja no abismo de Vossa Misericórdia...

OS PAPAS DA IGREJA (XXII)