quinta-feira, 29 de junho de 2023

29 DE JUNHO - FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

 

'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo' (Mt 16,16)

'Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé' (II Tm 4,7)

Excertos da Homilia do Papa João Paulo II, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29/06/2000

1.'E vós, quem dizeis que Eu sou?' (Mt 16, 15). Jesus dirige aos discípulos esta pergunta acerca da sua identidade, enquanto se encontra com eles na Alta Galileia. Muitas vezes acontecera que foram eles a interrogar Jesus; agora é Ele quem os interpela. A sua pergunta é específica e espera uma resposta. Simão Pedro toma a palavra em nome de todos: 'Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo' (Mt 16, 16). A resposta é extraordinariamente lúcida. Nela se reflete de modo perfeito a fé da Igreja. Nela nos refletimos também nós. De modo particular, reflete-se nas palavras de Pedro, o Bispo de Roma, por vontade divina o seu indigno sucessor.

2. 'Tu és o Cristo!'. À confissão de Pedro, Jesus replica: 'És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue quem to revelou, mas o Meu Pai que está nos céus' (Mt 16, 17).

És feliz, Pedro! Feliz, porque esta verdade, que é central na fé da Igreja, não podia emergir na tua consciência de homem, senão por obra de Deus. 'Ninguém', disse Jesus, 'conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar' (Mt 11, 27). Reflitamos sobre esta página evangélica particularmente densa: o Verbo encarnado revelara o Pai aos seus discípulos; agora é o momento em que o próprio Pai lhes revela o seu Filho unigênito. Pedro acolhe a iluminação interior e proclama com coragem: 'Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!'

Estas palavras nos lábios de Pedro provêm do profundo do mistério de Deus. Revelam a verdade íntima, a própria vida de Deus. E Pedro, sob a ação do Espírito divino, torna-se testemunha e confessor desta soberana verdadeA sua profissão de fé constitui assim a sólida base da fé da Igreja: 'Sobre ti edificarei a minha Igreja' (Mt 16, 18). Sobre a fé e a fidelidade de Pedro está edificada a Igreja de Cristo.

3. 'O Senhor assistiu-me e deu-me forças a fim de que a palavra fosse anunciada por mim e os gentios a ouvissem' (2 Tm 4, 17). São palavras de Paulo ao fiel discípulo Timóteo: escutamo-las na Segunda Leitura. Elas dão testemunho da obra nele realizada pelo Senhor, que o tinha escolhido como ministro do Evangelho, 'alcançando-o' na via de Damasco (Fl 3, 12). Envolvido numa luz fulgurante, o Senhor se lhe havia apresentado, dizendo:  'Saulo, Saulo, por que Me persegues?' (At 9,4), enquanto uma força misteriosa o lançava por terra.

'Quem és Tu, Senhor?', perguntara Saulo. 'Eu sou Jesus, a quem tu persegues!'. Foi esta a resposta de Cristo. Saulo perseguia os seguidores de Jesus e Jesus fez-lhe tomar consciência de que era Ele mesmo a ser perseguido neles. Ele, Jesus de Nazaré, o Crucificado, que os cristãos afirmavam ter ressuscitado. De Damasco, Paulo iniciará o seu itinerário apostólico, que o levará a defender o Evangelho em tantas partes do mundo então conhecido. O seu impulso missionário contribuirá assim para a realização do mandato de Cristo aos Apóstolos: 'Ide, pois, ensinai todas as nações...' (Mt 28, 19).

4. Caríssimos Irmãos no Episcopado vindos para receber o Pálio, a vossa presença põe em eloquente ressalto a dimensão universal da Igreja, que derivou do mandato do Senhor: 'Ide... ensinai a todas as nações' (Mt 28, 19). Todas as vezes que vestirdes estes pálios, recordai, irmãos caríssimos que, como pastores, somos chamados a salvaguardar a pureza do Evangelho e a unidade da Igreja de Cristo, fundada sobre a 'rocha' da fé de Pedro. A isto nos chama o Senhor; esta é a nossa irrenunciável missão de guias previdentes do rebanho que o Senhor nos confiou.

5. A plena unidade da Igreja! Sinto ressoar em mim a recomendação de Cristo. Deus nos conceda chegarmos quanto antes à plena unidade de todos os crentes em Cristo. Obtenhamos este dom dos Apóstolos Pedro e Paulo, que a Igreja de Roma recorda neste dia, no qual se faz memória do seu martírio e, por isso, do seu nascimento para a vida em Deus. Por causa do Evangelho, eles aceitaram sofrer e morrer e se tornaram partícipes da ressurreição do Senhor. A sua fé, confirmada pelo martírio, é a mesma fé de Maria, a Mãe dos crentes, dos Apóstolos,  dos Santos  e Santas de  todos  os séculos.

Hoje a Igreja proclama de novo a sua fé. É a nossa fé, a imutável fé da Igreja em Jesus, único Salvador do mundo; em Cristo, o Filho de Deus vivo, morto e ressuscitado por nós e para a humanidade inteira.

São Pedro e São Paulo, rogai por nós! 

quarta-feira, 28 de junho de 2023

DOUTORES DA IGREJA (XV)

15. São Pedro Damião, Bispo (†1072)

Doutor Austero


Concessão do título: 1823 - Papa Leão XII

Celebração: 21 de fevereiro (Memória Facultativa)

 Obras e Escritos 

  • De Divina Omnipotentia
  • Dominus Vobiscum - 'O Senhor é convosco'
  • Vida de Romualdo
  • Obra Eremítica
  • Officium Beatae Virginis
  • Liber Gomorrhianus - Livro de Gomorra

PALAVRAS DA SALVAÇÃO

'Meu Senhor está na Cruz e perguntas por que choro? Quisera eu ser neste momento o maior oceano da terra para ter tudo isso de lágrimas. Quisera que se abrissem ao mesmo tempo todas as comportas do mundo e se soltassem as cataratas e os dilúvios para me emprestarem mais lágrimas. Mas ainda que juntemos todos os rios e mares, não haveria lágrimas suficientes para chorar a dor e o amor do meu Senhor Crucificado. Quisera ter as asas invencíveis de uma águia para atravessar as cordilheiras e gritar sobre as cidades: O Amor não é amado! O Amor não é amado! Como é que os homens podem amar uns aos outros se não amam o Amor?'

(São Francisco de Assis)

terça-feira, 27 de junho de 2023

ORAÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS NO SOFRIMENTO

 

Ó doce, ó amável, ó amoroso Coração de Jesus, fostes desde a infância cheio de amargura e agonias, sem alívio algum, e sem que ninguém visse a vossa pena ou ao menos vos consolasse, compadecendo-se convosco. Tudo isto sofrestes, ó meu Jesus, para satisfazerdes os meus pecados e me livrardes da agonia eterna que eu devia sofrer no inferno. Duro abandono padecestes, privação de todo socorro, para me salvardes, a mim que tive a audácia de abandonar a Deus, para contentar os meus desordenados apetites. Graças vos dou, ó Coração afligido e amorosíssimo do meu Senhor; graças vos dou, e me compadeço das vossas dores, sobretudo vendo que sofreis tanto pelo amor dos homens e estes permanecem insensíveis. Ó amor divino! Ó ingratidão humana! Homens, ó homens, olhai, eu vos peço, para este inocente Cordeiro, agonizando por vós, a fim de satisfazer a justiça de Deus pelas injúrias que lhe fizestes; vede-o orando e intercedendo em vosso favor ao seu eterno Pai; contemplai-o e amai-o! Dulcíssimo Redentor, quão pequeno é o número dos que pensam nas vossas dores e no vosso amor! 

Ó Céu! Quão poucos os que vos amam! Eu mesmo tive a desgraça de viver largo tempo sem pensar em vós! Tanto haveis sofrido para ganhar o meu amor e eu não vos tenho amado nada! Perdoai-me, ó meu Jesus, perdoai-me; quero me corrigir e vos amar. Não permitais responder com mais ingratidão ao vosso amor. Atendei-me, suplico-vos, pelos merecimentos da vossa Paixão; nela ponho toda a minha confiança. Ó Maria, minha terna Mãe, socorrei-me; vós é que me tendes conseguido todas as graças que de Deus possam vir; do íntimo vos agradeço; mas, se não continuais a proteger-me, serei sempre infiel como no passado.

(Excertos da obra 'As Mais Belas Orações de Santo Afonso', do Pe. Saint-Omer)

segunda-feira, 26 de junho de 2023

26 DE JUNHO - SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

  


São Josemaria Escrivá de Balaguer nasceu em 09 de janeiro de 1902 em Barbastro, Espanha. Em 02 de outubro de 1928, durante um retiro espiritual em Madrid, concebeu e fundou o OPUS DEI, atualmente prelazia pessoal da Igreja Católica. A missão específica do Opus Dei é promover, entre homens e mulheres de todo o âmbito da sociedade, um compromisso pessoal de seguir a Cristo, de amor a Deus e ao próximo e de procura da santidade na vida cotidiana. Faleceu em Roma em 26 de junho de 1975. Foi beatificado em 17 de maio de 1992 e canonizado, pelo Papa João Paulo II na Praça de São Pedro, em 06 de outubro de 2002. Sua obra mais conhecida é Caminho, escrita como orientações espirituais em diferentes parágrafos. Outras obras do autor são ForjaSulco e É Cristo que Passa.

A CRUZ NÃO É UM CONSOLO FÁCIL

'A doutrina cristã sobre a dor não é um programa de fáceis consolações. Começa logo por ser uma doutrina de aceitação do sofrimento, inseparável de toda a vida humana. Não vos posso esconder - e com alegria pois sempre preguei e procurei viver a verdade de que, onde está a Cruz, está Cristo, o Amor - que a dor apareceu muitas vezes na minha vida; e mais de uma vez tive vontade de chorar. Noutras ocasiões, senti crescer em mim o desgosto pela injustiça e pelo mal. E soube o que era a mágoa de ver que nada podia fazer, que, apesar dos meus desejos e dos meus esforços, não conseguia melhorar aquelas situações iníquas.

Quando vos falo de dor, não vos falo apenas de teorias. Nem me limito a recolher uma experiência de outros, quando vos confirmo que, se sentis, diante da realidade do sofrimento, que a vossa alma vacila algumas vezes, o remédio que tendes é olhar para Cristo. A cena do Calvário proclama a todos que as aflições hão-de ser santificadas, se vivermos unidos à Cruz.

Porque as nossas tribulações, cristãmente vividas, convertem-se em reparação, em desagravo e em participação no destino e na vida de Jesus, que voluntariamente experimentou, por amor aos homens, toda a espécie de dores, todo o gênero de tormentos. Nasceu, viveu e morreu pobre; foi atacado, insultado, difamado, caluniado e condenado injustamente; conheceu a traição e o abandono dos discípulos; experimentou a solidão e as amarguras do suplício e da morte. Ainda agora, Cristo continua a sofrer nos seus membros, na Humanidade inteira que povoa a Terra e da qual Ele é Cabeça, Primogênito e Redentor'.
(É Cristo que Passa)

domingo, 25 de junho de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

   

'Atendei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!(Sl 68)

Primeira Leitura (Jr 20, 10-13) - Segunda Leitura (Rm 5,12-15)  -  Evangelho (Mt 10,26-33)

 25/06/2023 - Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum

31. 'NÃO TENHAIS MEDO!' 


O Evangelho deste domingo nos infunde o sopro da Verdade de Deus. Todas as nossas ações, gestos, pensamentos, palavras, silêncios, desejos, intenções, atos e omissões, praticados a cada segundo, durante toda a vida de cada um de nós, são conhecidos por Deus como escritos em manchetes nas estrelas: 'Até os cabelos de vossa cabeça estão contados' (Mt 10, 30). Nada, absolutamente nada, ficará envolto em penumbra ou esquecimento; todas as coisas serão refletidas no espelho da verdade divina, como oráculo universal: 'nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido' (Mt 10, 27).

A certeza final é que deveremos prestar contas de cada palavra, de cada gesto, de cada intenção. Tudo será pesado na balança do juízo particular. A resposta à graça concedida e o mal devido ao pecado; a caridade anônima ou o juízo temerário, a palavra de conforto ou o gesto de revolta. O valor de uma alma é infinito, pois se trata de um ato puro da criação do Pai, na escolha personalíssima de Deus como criatura destinada a partilhar a eternidade com Ele no Céu. Mas o legado desta graça é cumprir fielmente os desígnios de Deus para as almas de sua predileção.

O pensamento da eternidade transforma em palha e espuma os tesouros, grandezas e glórias do mundo. Deus nos escolheu não para sermos peregrinos nesta terra, mas como herdeiros do Céu. E,assim, em cada pensamento ou palavra, o fim último deve ser sempre a busca da vida eterna em Deus, conforme nos fala o Apóstolo: 'Com temor e tremor trabalhai por vossa salvação’ (Fl 2,12). E esta busca passa pelo horror ao pecado e a tudo que nos aniquila como Filhos de Deus: 'Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!' (Mt 10, 28).

'Não tenhais medo!' (Mt 10, 31). O triunfo da alma é seguir o Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Quem tem Deus no coração, ama a Verdade e a pratica em tudo e em todos. Quem ama a Verdade, faz a Vontade do Pai que está nos Céu; quem nega a Verdade, é réu de pecado eterno: 'todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus (Mt 10, 32 - 33). Iustus ex fide vivit — O justo vive pela fé.

ORAÇÃO: 25 DE JUNHO DA DIVINA INFÂNCIA

   

A JESUS, INFINITAMENTE PURO

Todas as outras crianças vêm ao mundo com a mancha do pecado, mas Jesus nasce em perfeita santidade. O meu amado - dizia a Esposa Sagrada - é todo vermelho de amor e branco todo de Inocência e pureza (Ct 5,10). Este celeste menino é, com a sua Mãe, o único em quem o Pai achou as suas delícias, porque é o único inteiramente puro aos seus olhos. 

O' meu inocente Senhor, espelho sem mancha, amor do Pai eterno, não é a vós que são devidos os castigos e maldições, mas a mim, miserável pecador. A fim de mostrar ao mundo até onde vai o vosso amor, destes a vossa vida, sobrecarregastes as penas que devíamos e a que preço merecestes o perdão das nossas faltas! Todas as criaturas louvem e bendigam para sempre a vossa misericórdia e bondade infinita ! Graças vos dou por todos os homens, mas principalmente por mim: como vos ofendi mais do que os outros, devestes sofrer mais por mim do que por eles. Maldigo mil vezes os meus indignos prazeres que vos custaram tantas dores. Que não seja perdido para mim esse divino sangue por vós derramado como preço da minha libertação. 

Amo-vos, Bondade infinita, mas desejo amar-vos ainda mais; quisera amar-vos quanto mereceis. Fazei-vos amar, ó meu Jesus, fazei-vos amar por mim e por todo o mundo como sois tão digno de ser amado! Por piedade, esclarecei os pecadores que não vos querem conhecer ou vos recusam amar; dai-lhes a compreender o que haveis feito pelo seu amor e quanto ansiais pela sua salvação. O' Maria, rogai a Jesus por mim e por todos os pecadores; obtende-nos as luzes e as graças de que temos necessidade para amarmos o vosso divino Filho


(A Divina Infância de Jesus, celebrada a cada dia 25 do mês, por Santo Afonso Maria de Ligório)