segunda-feira, 5 de junho de 2023
domingo, 4 de junho de 2023
EVANGELHO DO DOMINGO
'A vós louvor, honra e glória eternamente!'
(Responsório Dn3,52.53.54.55.56)
Primeira Leitura (Ex 34,4b-6.8-9) - Segunda Leitura (2Cor 13,11-13) - Evangelho (Jo 3, 16-18)
04/06/2023 - Solenidade da Santíssima Trindade
28. GLÓRIA AO PAI, AO FILHO E AO ESPÍRITO SANTO
O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de conhecimento e de amor. Pois, desde toda a eternidade, o Pai, conhecendo-se a Si mesmo com conhecimento infinito de sua essência divina, por amor gera o Filho, Segunda Pessoa da Trindade Santa. E esse elo de amor infinito que une Pai e Filho num mistério insondável à natureza humana se manifesta pela ação do Espírito Santo, que é o amor de Deus por si mesmo. Trindade Una, Três Pessoas em um só Deus.
Mistério dado ao homem pelas revelações do próprio Jesus, posto que não seria capaz de percepção e compreensão apenas pela razão natural, uma vez inacessível à inteligência humana: 'Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele (o Espírito Santo) receberá e vos anunciará, é meu' (Jo 16, 15). Mistério revelado em sua extraordinária natureza em outras palavras de Cristo nos Evangelhos: 'Em verdade, em verdade vos digo: O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vir fazer o Pai; porque tudo o que fizer o Pai, o faz igualmente o Filho. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que ele faz (Jo 5, 19-20) ou ainda 'Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho' (Mt 11, 27).
Nosso Senhor Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito homem, sob duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana: 'Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16 - 17). Enquanto homem, Jesus teve as três potências da alma humana: inteligência, vontade e sensibilidade; enquanto Deus, Jesus foi consubstancial ao Pai, possuindo inteligência e vontade divinas.
'Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo'. Glórias sejam dadas à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Neste domingo da Santíssima Trindade, a Igreja exalta e ratifica aos cristãos o maior dos mistérios de Deus, proclamado e revelado aos homens: O Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho (Conselho de Florença, 1442).
sábado, 3 de junho de 2023
PORQUE DEVES CHORAR...
Deves chorar os teus pecados...
Ai! Esses pecados tão numerosos, tão enormes, de que te carregaste, já os chorastes? E não obstante, foram eles a causa da morte de Jesus, e certeza não tens tu de que não te precipitarão no inferno? Sabes se já te foram perdoados? És digno de amor ou de ódio? São Paulo, o apóstolo das nações, ignorava-os e tremia. São Bernardo, oráculo do seu século, ignorava-os e tremia, tu também os ignoras e não tremes! Treme, pois, e chora!
Deves chorar os pecados dos outros...
Pais e mães, deveis chorar os pecados dos vossos filhos; talvez por negligência vossa ou por vossos maus exemplos sejais a causa deles; pastores de almas, chorai também os pecados das vossas ovelhas; cristãos, choremos os pecados dos nossos irmãos porque ofendem o nosso Deus.
Deves chorar o teu longo exílio sobre a terra...
Ah! Trazes em tão frágeis vasos a graça divina, que a cada instante corres risco de perdê-la. Quantos antes de ti a perderam e não a tornaram achar! Exposto sempre às tentações da carne, do mundo e do demônio, em grande perigo te achas de para sempre perderes o céu e caíres no inferno. Chora, pois, o teu exílio. Durante todo o percurso desta peregrinação, vive num grande recolhimento; excita-te à compunção, para o que nunca deixes de pensar nos pecados passados e misérias presentes; recita em português ou em latim o salmo Miserere [Salmo 50], procura compenetrar-te bem dos sentimentos de penitência que encerra. Chora, alma cristã, chora. Jesus deu-te o exemplo chorando pelos teus pecados; chora, que breve saberás quão doces são as lágrimas da penitência.
(Excertos da obra 'As Chamas do Amor de Jesus', do Abade D. Pinnard)
sexta-feira, 2 de junho de 2023
DOUTORES DA IGREJA (XII)
12. Santo Isidoro de Sevilha, Bispo (†636)
Doutor da Igreja da Idade Média
Concessão do título: 1722 - Papa Inocêncio XIII
Celebração: 04 de abril (Memória Facultativa)
Obras e Escritos
- Etymologiae - Etimologia (enciclopédia teológica)
- De fide catholica contra Iudaeos - Da fé católica contra os judeus
- Historia de regibus Gothorum, Vandalorum et Suevorum - história dos reis góticos, vândalos e suevos.
- Chronica Majora - sobre a história universal (até o ano 616)
- De differentiis verborum - tratado teológico sobre a doutrina da Trindade e a natureza de Cristo
- Quaestiones in Vetus Testamentum - Questões sobre o Antigo Testamento
- Liber numerorum, qui in Sanctis Scriptura occurunt - manual sobre os significados místicos dos números
- Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ - compilação de decretos e cânones da Igreja espanhola
- Sententiarum Libri Tres - compêndio sobre Fé e Moral
- De viris illustribus
- De ecclesiasticis officiis
- De summo bono
- Cartas Diversas
quinta-feira, 1 de junho de 2023
O DOGMA DO PURGATÓRIO (LVII)
Capítulo LVII
Auxílio às Santas Almas - Liturgia da Igreja para o Dia de Finados - Santo Odilo e o Decreto de Cluny
A Santa Igreja possui uma liturgia especial para os defuntos: é composta de vésperas, matinas, laudes e da comumente chamada 'missa de requiem'. Esta liturgia, tão comovente quanto sublime por meio do luto e das lágrimas, desvela aos olhos dos fieis a luz consoladora da eternidade. Esta liturgia é proferida nos funerais dos seus filhos e, particularmente, no dia solene da comemoração dos mortos. A Santa Missa aqui ocupa o primeiro lugar; é como o centro divino ao redor do qual todas as outras orações e cerimônias se agrupam. No dia seguinte ao Dia de Todos os Santos, na grande solenidade de Finados, todos os sacerdotes devem oferecer o Santo Sacrifício pelos mortos; dia em que os fieis têm o dever de assistir, e até oferecer a Sagrada Comunhão, orações e esmolas, para alívio do sofrimento dos seus irmãos no Purgatório.
Esta festa em memória dos falecidos não é de origem muito antiga. Desde o início, a Igreja sempre rezou pelos seus filhos defuntos: cantou salmos, recitou orações, ofereceu a Santa Missa pelo repouso de suas almas. No entanto, não se tinha uma missa especial para recomendar a Deus as almas dos mortos em geral. Foi somente no século X que a Igreja, sempre guiada pelo Espírito Santo, instituiu o dia solene de comemoração de todos os defuntos, para encorajar os fieis a cumprir o grande dever de oração pelos defuntos, conforme prescrito pela caridade cristã. O berço desta comovente solenidade teve lugar na Abadia de Cluny. Santo Odilo, então abade da mesma no final do século X, edificou toda a França com sua caridade para com o próximo. Estendendo sua compaixão até os mortos, ele não deixava de rezar também pelas almas do Purgatório. Foi esta terna caridade que o inspirou a estabelecer no seu mosteiro, como também nos seus arredores, a festa da comemoração de todas as almas defuntas. Acreditamos, como nos diz o historiador Berault, que ele havia recebido uma revelação nesse sentido, pois Deus lhe manifestara de maneira milagrosa como agradava aos Céus a devoção do seu servo.
Eis como isso é relatado pelos seus biógrafos. Enquanto o santo abade dirigia o seu mosteiro na França, um piedoso eremita vivia em uma pequena ilha na costa da Sicília. Certo dia, um peregrino francês foi lançado na costa desta pequena ilha por uma tempestade. O eremita, a quem foi dado conhecer, perguntou-lhe se conhecia o abade Odilo. 'Certamente' - respondeu o peregrino - 'eu o conheço e tenho orgulho de conhecê-lo; mas como você o conhece e por que me faz essa pergunta?'. 'Ouço muitas vezes' - respondeu o eremita - 'que os espíritos malignos se queixam de pessoas piedosas que, com suas orações e esmolas, livram as almas das dores que suportam na outra vida, mas se queixam principalmente de Odilo, abade de Cluny e dos seus religiosos. Quando, portanto, você retornar ao seu país natal, eu imploro a você, em nome de Deus, que exorte o santo abade e os seus monges a redobrar suas boas obras em favor das pobres almas'.
O peregrino retornou à França e dirigiu-se até o mosteiro, cumprindo o que lhe havia sido recomendado. Em função disso, Santo Odilo ordenou que, em todos os mosteiros do seu Instituto, no dia seguinte ao dia de Todos os Santos, fosse feita uma comemoração especial pelas almas de todos os fieis defuntos, por meio da recitação das vésperas pelos mortos nas horas da véspera e das matinas da manhã seguinte, repique de sinos e celebração de missa especial pelo repouso das almas falecidas. Este decreto, redigido em Cluny, válido para o mosteiro e para todos os demais do instituto, ainda hoje se conserva e essa prática tão piedosa passou rapidamente a ser aplicada para outras igrejas e, com o tempo, tornou-se de observância universal para todo o mundo católico.
Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.
Assinar:
Postagens (Atom)