quarta-feira, 27 de julho de 2022

TESOURO DE EXEMPLOS (161/163)

 

161. COMO ELE MEDITAVA NA MORTE

Santo Efrém ia frequentemente, à tardinha, meditar junto às sepulturas. Triste e pensativo ia de túmulo em túmulo, lendo as inscrições e nomes dos defuntos: príncipes da cidade, magistrados da província, ricos senhores, sábios admirados pelo mundo. 

Às vezes, o santo chamava-os em voz alta por seus nomes: ninguém lhe respondia. Onde estão aquelas soberbas figuras de homens e de mulheres aos quais todos se sujeitavam? Aquelas línguas que só falavam de seus próprios méritos e dos defeitos alheios? Onde estão? Onde estão aqueles ouvidos que só queriam ouvir os seus próprios louvores?

Tudo tornou-se pó e cinza. Lembra-te, ó homem soberbo, que és pó! Então Santo Efrém voltava para casa mais humilde e mais paciente.

162. O MUNDO PERVERTE

São Gabriel da Virgem Dolorosa, depois de passar a primeira juventude entre as lisonjas do mundo, refugiou-se na religião e nos primeiros dias de convento, pensando em seu amigo Filipe Giovanetti, que era estudante no liceu de Espoleto e, temendo por ele, que se encontrava em muitas tentações de pecado, escreveu-lhe assim: 

'Tens razão de dizer que o mundo está cheio de perigos e tropeços e que é coisa muito difícil poder salvar nossa única alma; não deves por isso desanimar. Desejas a tua salvação? Foge dos maus companheiros. Desejas a tua salvação? Foge dos teatros. Ó é verdade, e eu sei por experiência, que é impossível entrar neles com a graça de Deus e sair sem a ter perdido ou a posto em perigo. Desejas a tua salvação? Foge das diversões, porque naqueles lugares tudo se conjura contra a nossa alma. Foge enfim dos maus livros, pois é indizível o mal que eles podem causar aos corações de todos e especialmente dos jovens. Dize-me: podia ter eu maiores diversões e prazeres do que gozei no mundo? Pois bem: o que me resta agora? Confesso-o a ti: Não me restam senão amarguras'.

163. QUERIA MORRER MÁRTIR...

O pequeno Orígenes tinha uma alma ardente e pura. Naquele tempo havia perseguições contra os cristãos. Bem o sabia o menino, e não tinha medo, antes tinha grande desejo do martírio para testemunhar com a vida e o sangue o seu amor a Jesus Cristo. Resolvera secretamente entregar-se nas mãos dos verdugos e teria morrido mártir se a astúcia de sua mãe não tivesse conseguido impedi-lo.

Aquela santa mulher compreendera o propósito do filho e, antes que este despertasse naquela manhã perigosa, escondeu-lhe as roupas e o obrigou a ficar na cama (Eusébio, História Eclesiástica). Como é possível que um menino tivesse tanta coragem, tanta fé e tanto entusiasmo a ponto de desejar a morte? Era possível, porque seu pai, o beato Leônidas, também morrera como mártir.

Aí está, prezados pais, vossos filhos crescerão segundo os vossos exemplos. Vós os quereis obedientes: obedecei também vós a Deus. Vós os quereis religiosos, puros, honrados, trabalhadores: frequentai também vós os sacramentos e exercitai-vos nas virtudes cristãs.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

terça-feira, 26 de julho de 2022

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXX)

SEDE DE SABEDORIA, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

PARA SER UM HOMEM ETERNO... (IV)

 ... SEJA UM CATÓLICO DE VERDADE

Ser católico de verdade é, por princípio, uma enorme e absurda contradição. O católico é aquele que comunga a doutrina de Cristo, que é a Verdade. Então, não existem católicos 'de verdade', nem católicos de quaisquer espécie ou adjetivação complementar, como se fosse possível a existência de hordas de católicos 'de mentira', neocatólicos ou católicos dos tempos atuais. Católicos mais ou menos. Mas, infelizmente, estes são muitos - talvez mesmo uma grande maioria - e, assim, nestes tristes tempos, seja preciso enfatizar os católicos como 'católicos de verdade'.

Ser católico começa em ser crente. Partilhar de crenças que têm como base a fé centrada em Cristo e que implica compartilhar EM TUDO a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo como modelo de pensamento e de vida neste mundo. Isso implica assumir crenças diversas como valores fundamentais. Cremos em Deus Pai criador e todo poderoso. Cremos no Filho de Deus Vivo, Jesus Cristo, que sofreu, morreu e ressuscitou dos mortos, para nos salvar e nos oferecer o dom da vida eterna. Professamos que Jesus é nosso Senhor e Salvador, nosso Pastor e Rei. Cremos no Espírito Santo e na sua operosa intercessão nos tempos em favor das almas e da Santa Igreja. Buscamos moldar a nossa vida em amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a nós mesmos, praticando sempre o perdão, a caridade e a misericórdia. Trabalhamos pela paz e justiça em nosso mundo. Adoramos e louvamos a Deus vivendo uma vida sacramental. Reconhecemos a necessidade do perdão e cremos firmemente que, no sacramento da Reconciliação, encontramos a fonte divina para receber o dom do perdão. Cremos na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, não apenas como um sinal ou símbolo de Jesus, mas como verdadeiro corpo e sangue de Cristo. 

Reconhecemos a oração como prática de vida da intimidade com Deus. Reconhecemos a importância de ler e rezar as Sagradas Escrituras, a palavra viva de Deus.  Reconhecemos a primazia do Papa e respeitamos o ofício do papado como a verdadeira autoridade de ensino da Igreja. Pregamos o Evangelho de Jesus Cristo, tanto em palavras como em ações, particularmente no sentido de viver para os outros, e não apenas para nós mesmos. Somos devotos de Maria, Mãe de Deus, e vemos os santos como verdadeiros exemplos de santidade e de fé. Rezamos e pedimos a intercessão de Nossa Senhora e dos santos em nosso favor. Estamos comprometidos com a proteção de toda a vida humana, desde o momento da concepção até a morte natural. Somos irmãos em Cristo e, como comunidade unida, buscamos respeitar a dignidade de cada ser humano, extirpando quaisquer resquícios de preconceito, opressão, arbítrio, violência ou  injustiça a quem quer que seja.

Mais do que crentes, somos cristãos, porque temos como único modelo Cristo, Aquele que é Caminho, Verdade e Vida e 'cujo jugo é suave e o fardo é leve'. Ser cristão é ser católico, porque a Igreja de Cristo é única: una, santa, católica e apostólica. Se a Igreja de Cristo é única, quaisquer outras igrejas são absolutamente falsas. Se são falsas e dissociadas da Verdade que é Cristo, não são católicas e nem cristãs. 

Como católicos, somos cristãos e somos crentes. Mas, quantas vezes apenas crentes? Crentes que acreditam que, como católicos, nos bastam ser crentes? Crentes de nossas próprias convicções, crentes num modo particular de estabelecer limites e interfaces entre a vida mundana e a vida espiritual? Crentes que podemos ser cristãos diferentes? Crentes num Deus que nos espera compassivo na próxima esquina, forjado pelos nossos interesses ou repentinamente alçado aos dotes de uma solução infinita quando as provações e as intempéries da vida nos jogam no chão? Crentes que o bem feito é fruto e empenho de graças divinas, ainda que seja feito exclusivamente pela moral humana? Onde fica, então, o 'sem Mim, nada podeis fazer?' 

Para ser um homem eterno... seja um católico de verdade. Seja crente, cristão e católico. Professe a Verdade de Cristo em suas palavras, em suas obras, no recolhimento de sua oração, em tudo, com todos, o tempo todo. Sem meias verdades, sem miseráveis concessões. Sem querer moldar Deus e a doutrina de Cristo aos seus interesses e privilégios mundanos, sem maneirismos, sem tibieza, sem indiferentismo, sem covardia, sem presunção. 

Seja intransigente, seja inoportuno em nome da Verdade. Todo o respeito humano vai morrer em pó, toda vaidade humana é fuligem no tempo. Nada disso importa, nada disso produz frutos de graça e de salvação. Só Deus possui as chaves da eternidade e somente nas palavras de Cristo e da Santa Igreja Católica você pode encontrá-las. Somente em Cristo, por Cristo e em Cristo, o católico de verdade pode aspirar a ser um homem eterno.

domingo, 24 de julho de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

'Naquele dia em que gritei, Vós me escutastes, ó Senhor!(Sl 137)
 
 24/07/2022 - Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum 

35. VIDA DE ORAÇÃO  


Jesus em oração. Nos Evangelhos, são inúmeros os exemplos que mostram Jesus em silente oração na intimidade com o Pai. O Filho de Deus Vivo feito homem mostra e reafirma, em sua condição humana, a necessidade da oração contínua e suplicante a Deus. Nestas ocasiões, Jesus se afastava do burburinho dos homens, para rezar com piedade, recolhimento e devoção, no exemplo do modelo da oração perseverante que se eleva da terra e encontra acolhida e reflexos nos céus. É preciso rezar sempre, é preciso sempre rezar bem.

E Jesus ensina aos discípulos a Oração do Pai Nosso, síntese da perfeição da oração cristã. Em São Lucas, os Evangelhos transcrevem uma versão mais resumida da forma integral da oração como expressa por São Mateus (Mt 6, 9-13). Nas suas sete petições, suplicamos e louvamos de forma perfeita a glória e a misericórdia de Deus, assumimos a condição de criaturas necessitadas de alimento físico e espiritual para ascendermos à eternidade com Deus, definitivamente libertados do pecado e de todas as insustentáveis fragilidades da nossa natureza humana.

Rezar bem, com perseverança, insistentemente, oportuna e inoportunamente, como Abraão diante o perdão de Sodoma (Gn 18, 20-32), como Jesus ilustra com a parábola do pedido inoportuno do amigo insistente em plena madrugada: 'Amigo, empresta-me três pães...' (Lc 11,5). Deus não se cansa, Deus não se aflige, Deus não reclama de horários inapropriados ou da falta de cortesias humanas. Deus quer ouvir a nossa oração sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar: 'Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá' (Lc 11, 9-10). A oração bem feita é a certeza concreta de que nossas súplicas tocaram o Coração de Deus.

A insistência e a perseverança da oração rendem frutos de graças. O poder da oração agradável a Deus é capaz de remover montanhas, obstáculos julgados intransponíveis, e de superar todos os limites conhecidos da condição humana; é capaz de realizar milagres: 'Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!' (Lc 11, 13). O tempo de Deus conosco é a nossa vida em oração.

sábado, 23 de julho de 2022

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XXXVI)

Capítulo XXXVI

Razões da Expiação no Purgatório - Mortificação dos Sentidos - A visão do Padre Francisco de Aix - Mortificação da Língua e o Célebre Durand

Os cristãos que desejam escapar dos rigores do Purgatório devem amar a mortificação do seu Divino Mestre e ter cuidado para não serem membros transigentes sob uma Cabeça coroada de espinhos. Em 10 de fevereiro de 1656, na província de Lyon, faleceu o padre Francisco de Aix, da Companhia de Jesus, para uma vida melhor. Ele levou todas as virtudes de um religioso a um elevado grau de perfeição. Possuído por uma profunda veneração à Santíssima Trindade, teve por particular intenção em todas as suas orações e mortificações honrar este Augusto Mistério; abraçar de preferência os trabalhos pelos quais os outros mostravam menos inclinação tinha um encanto especial para ele. Frequentemente visitava o Santíssimo Sacramento, mesmo durante a noite, e nunca saía da porta de seu quarto sem ir rezar ao pé do altar. Suas penitências, um tanto excessivas, deram a ele a alcunha de homem das dores. A alguém que o aconselhou a moderação, ele respondeu: 'O dia que eu deixasse passar sem derramar algumas gotas do meu sangue para oferecer ao meu Deus seria para mim a mais dolorosa e severa mortificação. Assim, já que não posso esperar sofrer o martírio por amor de Jesus Cristo, pelo menos terei alguma participação em seus sofrimentos'.

Outro religioso, Irmão Coadjutor da mesma Ordem, não imitou o exemplo deste bom padre. Ele tinha pouco amor pela mortificação e, ao contrário, buscava mais a comodidade e o conforto, bem como tudo o que pudesse agradar os sentidos. Este irmão, alguns dias depois de sua morte, apareceu ao padre d'Aix, envolvido por um cilício tenebroso e sofrendo grandes tormentos, como castigo pelas faltas de sensualidade que havia cometido em vida. Ele implorou a ajuda de suas orações e logo em seguida desapareceu.

Outra falta contra a qual devemos nos proteger, porque nela caímos muito facilmente, é a não mortificação da língua. Ó como é fácil errar nas palavras! Quão raro é falar por muito tempo sem ofender a mansidão, a humildade, a sinceridade ou a caridade cristã! Mesmo pessoas piedosas estão frequentemente sujeitas a esse defeito; quando escapam de todas as outras armadilhas do demônio, deixam-se levar, diz São Jerônimo, nesta última armadilha – a calúnia. 

Ouçamos o que é relatado por Vincent de Beauvais. Quando o célebre Durand que, no século XI, resplandeceu a Ordem de São Domingos, era ainda um simples religioso, mostrou-se um modelo de regularidade e fervor; mas ele tinha um defeito. A sua vivacidade era uma predisposição a falar muito; gostava excessivamente de expressões espirituosas, muitas vezes à custa da caridade. Hugh, seu abade, alertou isso ao seu conhecimento, prevendo mesmo que, se não se corrigisse dessa falta, certamente teria que expiá-la no Purgatório. Durand não deu importância suficiente a esse conselho e continuou a se dedicar, sem muita restrição, aos distúrbios da língua. Após sua morte, a previsão do abade Hugh foi cumprida. Durand apareceu a um religioso, um de seus amigos, implorando-lhe que o ajudasse com suas orações, porque ele foi terrivelmente punido pela não mortificação de sua língua. Em consequência desta aparição, os membros da comunidade decidiram por unanimidade em observar estrito silêncio por oito dias, e praticar outras boas obras para o repouso do falecido. Esses exercícios de caridade produziram seu efeito; algum tempo depois Durand apareceu novamente, mas agora para anunciar a sua libertação.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

sexta-feira, 22 de julho de 2022

22 DE JULHO - SANTA MARIA MADALENA

 

Maria Madalena. Para se fazer distinção do nome Maria tão comum entre os habitantes de Israel (esse era o nome, por exemplo, da irmã de Moisés), os textos bíblicos nomeavam as diferentes Marias por um acréscimo singular do personagem - assim, Maria Madalena é a Maria de Magdala, povoado situado às margens do Lago da Galileia e próximo à cidade de Tiberíades. Eis as pouquíssimas referências a ela nas Sagradas Escrituras:

[Lc 8, 2-3]: 'Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses'.

[Jo 19, 25]: 'Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena'.

[Mc 15,40-41; 47]: 'Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que o tinham seguido e o haviam assistido, quando ele estava na Galileia; e muitas outras que haviam subido juntamente com ele a Jerusalém... Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o depositavam'.

[Mc 16, 1; 5-6; 9-10]: 'Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus... Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram... Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios. Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos'.

[Jo 20, 1-2; 18]: 'No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! ... Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado'.

Ela é a figura bíblica 'Maria de Magdala', da qual Jesus havia expulsado sete demônios. Esta acepção não implica a interpretação direta de 'uma grande pecadora'. O fato de ter-se livrado de 'sete demônios' (sete é o número da perfeição, da plenitude) implica que ela foi curada de todos os seus males tanto físicos (enfermidades) como espirituais (pecados, estes de naturezas quaisquer). É absolutamente forçada e despropositada a conjectura de que Maria Madalena pudesse ter sido uma 'prostituta' na sua condição pregressa antes do seu encontro com Jesus. Desta interpretação espúria, nasceram inúmeras outras lendas e desdobramentos fantasiosos da participação e do envolvimento desta mulher singular na vida pública de Jesus e dos seus apóstolos.