terça-feira, 28 de junho de 2022
segunda-feira, 27 de junho de 2022
A VIDA OCULTA EM DEUS: A ALMA SE REJUBILA
O amor de Deus tem um calor que faz dilatar o íntimo da alma e a enche de alegria. Sob sua influência, a alma sente-se crescer, aumenta os limites de sua felicidade, à medida que se regozija. E assim, sempre sob a ação do fogo deste amor, ela se expande e se realimenta de alegria. E isso se repete sem cessar. A alma nutrida pelo Vosso amor, ó meu Deus, experimenta a sensação de que nela subsiste e se manifesta cada vez mais uma vida totalmente interior. Em certos momentos, o fluxo de calor é tão intenso que a alma não parece suportar. É quando até o coração físico se dilata - a exemplo do coração de São Filipe Neri - ou como que é transpassado de lado a lado por uma flecha - como aconteceu com o coração de Santa Teresa de Ávila. É o tempo da plenitude da graça.
A alma experimenta uma emoção indescritível quando se sente completamente unida a Deus pela primeira vez, quando Deus a enlaça espiritualmente nas profundezas de si mesma, quando recebe aquele maravilhoso hálito divino; quando, em suma, percebe que é parte de Deus e que Deus a envolve por completo. A percepção que faz dessa felicidade é a de se comparar a uma a uma esponja em alto mar, embebida por um oceano de pura felicidade, conhecida e ansiada por todo o seu ser. É tal a sua felicidade, que chora de alegria. Como é bom sentir-se unida a Deus e ser tão amada por Ele! É tão nova essa experiência, tão diferente de tudo que imaginava, que ela se sente dominada por um santo temor.
Se fosse possível dizer de forma humana, seria como que uma felicidade que se impregna na alma até os ossos. Sim, às vezes, até o corpo participa dessa experiência à sua maneira, mas o que pressente não é, nem de longe, o essencial, e nem o melhor. A alma tem os seus próprios deleites e são estes que valem verdadeiramente. A cada visita de Deus esse deleite aumenta. É o mesmo, mas ainda mantém o gosto de novo. É a graça de Deus que se infiltra completamente na alma e, com ela, a alma se deleita e se regozija em Deus.
Aumenta ainda mais esse deleite da alma a sua percepção de que outras almas são igualmente participantes da plena felicidade em Deus. A felicidade dessas almas aumenta a sua. O mundo espiritual nos oferece um grandioso espetáculo: o das almas que são verdadeiramente arrebatadas do amor por Jesus. Todos os corações puros que o conhecem são conquistados pelo Senhor porque Ele exerce sobre eles uma atração irresistível. Há flores que perscrutam o sol em seu curso diário de leste a oeste. Jesus é o sol das almas. Elas são iluminadas pela sua luz e aquecidas pelos raios do seu amor. Ele as atrai, as sublima, as eleva até Ele. E elas, como as flores em busca do sol, o perscrutam com um olhar de regozijo e graça, porque o amam muito, sem limites. Quanto mais puros os corações, mais unidos estão com Ele. Tudo o que há de mais nobre, mais generoso e mais puro nesta terra pertencem a Ele, porque são almas capazes de amar Jesus com um amor sem medidas. Isso é realmente grandioso de compreender e divino de contemplar.
(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte III - A União com Deus; tradução do autor do blog)
BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XX)
MÃE ADMIRÁVEL, rogai por nós.
(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)
domingo, 26 de junho de 2022
EVANGELHO DO DOMINGO
'Ó Senhor, sois minha herança para sempre!' (Sl 15)
26/06/2022 - Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum
31. TRÊS CONDIÇÕES E UMA REJEIÇÃO
O evangelho deste domingo nos apresenta diferentes cenários e caminhos para seguir Jesus. Há um cenário inicial de terríveis consequências, embora válido sob o domínio do nosso livre arbítrio que é a rejeição a Cristo: 'os samaritanos não o receberam' (Lc 9, 53). Sobre eles não descerá por consequência um fogo dos Céus; a vida é um dom de Deus dado aos que creem e aos que não creem, e a estes pode ser longo e muito penoso o caminho da verdadeira conversão. Há, entretanto, uma segunda opção, clara e muito mais luminosa: seguir Jesus agora, sem delongas! E o Senhor vai ponderar os frutos desta escolha, em três diferentes situações, para três diferentes discípulos imbuídos dos mistérios da graça.
O primeiro que se propõe a seguir Jesus não impõe quaisquer condicionantes neste propósito: 'Enquanto estavam caminhando, alguém na estrada disse a Jesus: Eu te seguirei para onde quer que fores' (Lc 9,57). Mas Jesus vai alertá-lo sobre o real significado de sua decisão: 'As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça' (Lc 9,58). Ou seja, seguir Jesus implica uma decisão que terá consequências imediatas e contundentes porque este propósito não constitui uma missão fácil e nem para os indolentes: seguir Jesus implica por princípio afrontar cotidianamente as coisas do mundo.
O segundo apresenta uma condição preliminar: 'Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai' (Lc 9, 59). 'Enterrar o pai' não significava que o pai já estava morto, mas que ele condicionava seguir Jesus somente após a morte do pai, ou seja, primeiro ele iria se dedicar às coisas do mundo e da sua família e depois, somente depois, assumiria incondicionalmente seguir Jesus. O terceiro tem o mesmo pensamento condicionado: 'Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares' (Lc 9, 61). É o mesma indefinição, é a mesma desculpa: as coisas do mundo precisam ser resolvidas em primeiro lugar. A resposta de Jesus é taxativa a ambos: quem se coloca a serviço do mundo, apenas serve ao mundo e não está apto a servir a Deus: 'Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus' (Lc 9, 62).
Deus nos legou o livre arbítrio para ouvir de nós, como filhos e filhas de Deus, um sim incondicional às coisas do Alto. Sem maneirismos, sem desculpas, sem meios termos. Seguir Jesus é viver como Jesus vivia, é tornar viva e manifesta a Palavra de Deus em tudo e para com todos, é praticar a caridade sem reservas, é amar o próximo como a nós mesmos. Seguir Jesus é crer e viver como herdeiros do Céu ainda neste mundo, sem apego às coisas mundanas. E, para vencer o mundo, não se pode impor condicionantes ou desculpas prévias, porque o Reino dos Céus não é feito de cristãos cansados, descansados ou cansativos, mas de cristãos atuantes e incansáveis no firme propósito de seguir Jesus, sempre e com todos, no mundo ou fora do mundo.
sábado, 25 de junho de 2022
A FÉ EXPLICADA: A MORTE DE NOSSA SENHORA
O dogma da Assunção de Nossa Senhora, 'assunta em corpo e alma à glória do céu', foi proclamado pelo Papa Pio XII, por meio da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, publicada em 1º de novembro de 1950, nos seguintes termos: 'com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu'.
A premissa fundamental da chamada 'Assunção' de Nossa Senhora (festa litúrgica a 15 de agosto) pressupõe que a Mãe de Deus não poderia subir ao Céu por seu próprio poder antes de sua morte e ressurreição - salvo por um milagre da intervenção do próprio Deus. Jesus Cristo, ao contrário, poderia ascender ao Céu por seu próprio poder mesmo antes de sua morte e gloriosa ressurreição - o que caracteriza esta subida ao Céu como a 'Ascensão' do Senhor (festa litúrgica no Sétimo Domingo da Páscoa). Neste contexto, portanto, Nossa Senhora morreu e ressuscitou.
Mas sendo a morte uma consequência direta do pecado, como Aquela isenta de pecado poderia então morrer? A imortalidade de Maria derivaria assim, como um preceito lógico, do privilégio de sua imaculada conceição. Mas uma vez que Nossa Senhora foi a primeira e a mais fiel e perfeita discípula de Jesus e porque assumiu e encerra a maternidade espiritual de todos os homens, não seria óbvio que ela participasse igualmente dos mistérios da morte e ressurreição? Se a encarnação a privilegia para garantir a origem divina do Redentor (por meio da sua Imaculada Conceição), sua participação na obra salvífica de Cristo a consubstancia em seu sofrimento e morte (por meio da sua própria morte), para assim exprimir a sua plena realização humana.
Esta é a concepção aceita e assumida pela Tradição da Igreja em relação à morte de Maria, mesmo diante a falta de evidências dos textos sagrados e das manifestações algo reticentes dos Padres da Igreja sobre este assunto. Nossa Senhora experimentou a morte e a ressurreição a exemplo do seu filho Jesus. A sua morte, porém, foi tão suave e serena como a imersão aconchegante do corpo em um sono calmo e reparador, tão extraordinária que a Igreja concebeu simplesmente por chamá-la 'dormição' da Virgem Maria.
sexta-feira, 24 de junho de 2022
TESOURO DE EXEMPLOS (155/157)
155. CORTEM-LHE A CABEÇA!
Conta-se que Teodorico, famoso príncipe ariano, tinha a seu serviço um católico, a quem estimava muito, a ponto de nomeá-lo seu ministro. Esse indivíduo, querendo merecer ainda mais as graças do príncipe, renunciou à religião católica e abraçou a ariana, o que era uma perigosa heresia.
Ao ter notícia dessa resolução do seu ministro, dirigindo-se aos seus dois guardas, disse-lhes o príncipe:
➖ Cortem-lhe a cabeça!
Estranhando os guardas aquela ordem, acrescentou Teodorico:
➖ Cortem-lhe a cabeça porque, se este homem é infiel a Deus, não deixará de ser infiel a mim, que não passo de um simples homem.
E o ministro, que esperava grandes favores à custa de sua religião, foi imediatamente decapitado.
156. OS SANTOS E A CARIDADE
A. São Pedro Nolasco, filho de uma nobre família da Provença, era devotíssimo de Nossa Senhora. Em consequência de uma visão que tivera, ele, São Raimundo e o rei Jaime I, fundaram uma Ordem (de Nossa Senhora das Mercês) para remir os cristãos cativos dos mouros. Os religiosos comprometer-se-iam, se necessário fosse, a resgatar os cristãos à custa da própria liberdade.
São Pedro foi o primeiro a dar o exemplo. Vendeu tudo quanto possuía, viveu paupérrimo, como bom religioso, e certa vez, que pregava na África, ficou como refém para libertar alguns cativos. Sofreu inúmeros e indizíveis martírios dos mouros naquelas terras de bárbaros. Recuperou, por fim, a liberdade, vindo a falecer aos sessenta e nove anos de idade, numa noite de Natal. O seu corpo exalava um suave odor que encheu todo o convento e seu rosto apresentava um resplendor celeste: eram o odor e o resplendor da santidade.
B. São Pedro Claver foi, como todos os santos, um perfeito imitador de Jesus Cristo. Não se dedicou, como São Pedro Nolasco, a remir os cativos, mas passou toda a sua vida no meio dos escravos negros. Nascido em Verdu, perto de Lérida, fez a sua carreira eclesiástica em Barcelona. Aos vinte e um anos entrou na Companhia de Jesus, e logo embarcou para a América, onde aguardava a chegada das naus carregadas de escravos negros.
Explicava a doutrina cristã àqueles pobrezinhos, curava os enfermos e purgava-lhes as chagas, chegando a beijá-las por mortificação e amor de Jesus Cristo. Conseguiu desta forma converter a muitos milhares de escravos. E como se lhe mostravam gratos todos aqueles que, por seu ministério, se viam livres das enfermidades do corpo e da ignorância religiosa! Assim entendiam e praticavam os santos o verdadeiro amor ao próximo.
157. ... SAIU TOSQUIADO!
Um senhor, que gostava de festas familiares, convidou os seus parentes e amigos para uma festa em família. No meio dos convidados apareceu também um moço desses que querem, nessas ocasiões, passar por engraçados. Quando o dono da casa se pôs a fazer as orações da mesa, o rapaz negou-se a rezar alegando ser ateu, isto é, não crer em Deus.
Todos reprovaram tal procedimento. Vendo-se contrariado e meio envergonhado, disse:
➖ De maneira que o único que nesta casa não crê em Deus sou eu? E deu uma grande gargalhada.
Uma senhora, que estava assentada ao lado dele, replicou:
➖ Não se ria tanto, moço: nesta casa, além do senhor, há dois gatos e um cachorro que também não creem em Deus. Mas, como não têm entendimento e nem sabem falar, não podem dizer o que pensam como o senhor!
Foi buscar lã e... saiu tosquiado!
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)
BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XIX)
(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)
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