terça-feira, 31 de agosto de 2021

O NOSSO ÚNICO...


1. O NOSSO ÚNICO fim é a glória de Deus e a vida eterna com Deus.

2. O NOSSO ÚNICO destino é a morte.

3. O NOSSO ÚNICO mal é o pecado.

4. O NOSSO ÚNICO propósito é a salvação da alma.

5. O NOSSO ÚNICO medo é o inferno.

6. O NOSSO ÚNICO portal é o Paraíso.

7. O NOSSO ÚNICO bem é o coração de infinita misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo.

8. O NOSSO ÚNICO exemplo é a vida de Jesus Cristo.

9. O NOSSO ÚNICO refúgio é a Paixão de Jesus Cristo.

10. O NOSSO ÚNICO tesouro é a Eucaristia.

11. O NOSSO ÚNICO amor é Deus.

12. O NOSSO ÚNICO consolo é Nossa Senhora.

13. O NOSSO ÚNICO meio para alcançar a misericórdia divina é socorrer o nosso próximo em suas necessidades espirituais e temporais.

(adaptações de máximas de São Vicente Pallotti)

domingo, 29 de agosto de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo habitará?' (Sl 14)

 29/08/2021 - Vigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum

40. PUROS DE CORAÇÃO 


Jesus veio ao mundo para trazer a Boa Nova do Evangelho, para nos despir do homem velho e nos revestir do homem novo, partícipes da Santidade de Deus que é a Verdade Absoluta e para nos libertar de toda sombra do pecado, de toda malícia humana, de todo o obscurantismo de uma fé moldada pelas aparências e pela exterioridade supérflua de práticas inócuas e vazias... No Evangelho deste domingo, nos deparamos, mais uma vez, como esta passagem do velho homem para o novo homem é um primado de rejeição para os que se aferram sem tréguas aos valores humanos.

Com efeito, os escribas e os fariseus, presenças constantes no Templo e submissos ao extremo das más interpretações da lei mosaica, ficaram petrificados pelo zelo dos costumes antigos, arraigados a práticas absurdas e a minúcias ridículas que transformavam as atividades cotidianas mais simples em complexos rituais de purificação: 'os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre' (Mc 7, 3 - 4). Divinizaram os preceitos humanos, impuseram como dogmas hábitos comezinhos, exteriorizaram ao extremo as abluções e os banhos para se resgatarem, da impureza das mãos ou do corpo, como homens livres do pecado...

Estes homens velhos, empedernidos e envilecidos por normas decrépitas e insanas, ansiosos por denunciar o Mestre, questionam Jesus: 'Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?' (Mc 7, 5). Estes hipócritas, que postulavam princípios externos cheios de melindres que não suportam o menor testemunho interior de fidelidade à graça, vão receber de Jesus as palavras de recriminação oriundas do profeta Isaías: 'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’ (Mc 7,6 - 7). E adiante, pela definitiva reprovação: 'Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens' (Mc 7,8).

Jesus chama para si a multidão e decreta aos homens de boa fé que a fonte de todas as impurezas é o coração humano, entregue a toda sorte de males, quando órfão da graça: 'Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem' (Mc 7, 21 - 23). Domar o coração e manter a serenidade da alma sob o domínio da graça, eis aí a fonte da água viva que faz nascer, no interior do homem, as sementeiras da vida eterna.

sábado, 28 de agosto de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: ALEGRIA NO SOFRIMENTO QUE CONDUZ A DEUS


Ó meu Deus, eu não posso proclamar-Vos excelso, liberal e glorioso apenas no momento em que Vós dignais a me visitar e a me fazer saborear a alegria de Vossa doce presença, mas também, e acima de tudo, quando quereis me abandonar e deixar-me sozinho em meio a escuridão, numa noite fria e sem fim. Seja o que façais comigo, sereis sempre excelso, liberal e glorioso. No cerne de todo sofrimento que provém de Vós, nele escondeis uma graça e uma alegria. Se eu for corajoso, se for capaz de compreender, de aceitar e amar, então a dor há de me arrancar de mim mesmo, me fazer atravessar o vazio, me elevar acima de tudo e me levar até Vós, para me exilar em Vossos braços e em Vosso coração. Sim, ó meu Deus, assim como existe um êxtase de alegria, existe também um êxtase de dor: 'Minha alma engrandece ao Senhor'.

O que importa o caminho que me conduz a Vós, ó meu Deus, desde que eu chegue até Vós? Não é ele o mais curto e seguro do sofrimento? Existe algum lugar do mundo que possa estar mais perto do Céu do que o Calvário? E, se para entrar na Vossa glória, Vós precisastes sofrer tanto, ó meu Jesus, como podemos esperar alcançá-la de outra forma? Mas, mais uma vez, o que isso realmente importa? Aproximar-me de Vós, ó meu Deus, juntar-me a Vós, ser levado à Vossa presença: tudo está aí e aí está tudo. Um único momento da vida divina nos faz esquecer tudo, esse é o cêntuplo que prometestes ao meu Deus e que já nos dais neste mundo. Deixai-me expressar a Vós a minha alegria, a minha felicidade, o meu deleite e graça em me sentir convosco e Vos ter em mim. Vós não me deveis nada. Melhor dizendo, deveis a mim sofrimentos. E, assim, dais a mim tudo o que eu preciso, e que eu compreendo, conclamo e usufruo em plenitude.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

MARIA - OBRA PRIMA DE DEUS


Deus, feito homem, encontrou sua liberdade em se ver aprisionado no seio da Virgem Mãe; patenteou a sua força em se deixar levar por esta Virgem santa; achou sua glória e a de seu Pai, escondendo seus esplendores a todas as criaturas deste mundo, para revelá-las somente a Maria; glorificou sua independência e majestade, dependendo desta Virgem amável, em sua conceição, em seu nascimento, em sua apresentação no templo, em seus trinta anos de vida oculta, até à morte, a que ela devia assistir, para fazerem ambos um mesmo sacrifício e para que ele fosse imolado ao Pai eterno com o consentimento de sua Mãe, como outrora Isaac, com o consentimento de Abraão à vontade de Deus. Foi ela quem amamentou, nutriu, sustentou, criou e sacrificou por nós.

Ó admirável e incompreensível dependência de um Deus, de que nos foi dado conhecer o preço e a glória infinita, pois o Espírito Santo não a pode passar em silêncio no Evangelho, como incógnitas nos ficaram quase todas as coisas maravilhosas que fez a sabedoria encarnada durante sua vida oculta. Jesus Cristo deu mais glória, a Deus, submetendo-se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres. Oh! quão altamente glorificamos a Deus, quando, para lhe agradar, nos submetemos a Maria, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo.

(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem - São Luís Maria Grignion de Montfort)

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

SOBRE AMAR OS INIMIGOS...


Ao amares o teu inimigo, desejas que ele seja para ti um irmão. Não queiras amar o que ele é, mas aquilo em que queres que ele se torne. Imaginemos um pedaço de madeira de carvalho em bruto. Um artesão hábil vê essa madeira, cortada na floresta; a madeira agrada-lhe; não sei o que quer fazer dela, mas não é para a deixar como está que o artista gosta dela. A sua arte faz com que pense em que é que se pode transformar essa madeira; o seu amor não é dirigido à madeira em bruto: ele ama o que fará com ela e não a madeira em bruto.

Foi assim que Deus nos amou quando éramos pecadores. Na verdade, Ele disse: 'Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes'. Ter-nos-á Ele amado pecadores para que permaneçamos pecadores? O Artesão viu-nos como um pedaço de madeira em bruto, vindo da floresta; porém, o que Ele tinha em vista era a obra que nela faria e não a madeira em si, nem a floresta.

Contigo passa-se a mesma coisa: vês o teu inimigo opor-se a ti, encher-te de palavras mordazes, tornar-se rude nas afrontas que te faz, perseguir-te com o seu ódio. Mas tu sabes que ele é um homem. Vês tudo o que esse homem fez contra ti, mas também vês nele aquilo que foi feito por Deus. Aquilo que ele é, enquanto homem, é obra de Deus; o ódio que te tem é obra dele.

E que dizes tu para contigo? 'Senhor sê benevolente para com ele, perdoa-lhe os pecados, inspira-lhe o teu temor, converte-o'. Não queiras amar nesse homem aquilo que ele é, mas aquilo que queres que ele venha a ser. Assim, quando amas um inimigo, amas nele um irmão.

(Santo Agostinho)

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XIV)

 

Capítulo XIV

Dores do Purgatório - Aparição de Foligno 
Os Religiosos Dominicanos de Zamora

O mesmo rigor é revelado em uma aparição mais recente, envolvendo uma religiosa falecida de vida exemplar, que deu a conhecer os seus sofrimentos de uma forma calculada para inspirar terror a todas as almas. O evento aconteceu em 16 de novembro de 1859 em Foligno, próximo a Assis, na Itália. Fez muito alarde na Itália e, além da marca visível que se viu, um inquérito feito de maneira adequada e pela autoridade competente o caracterizou como fato incontestável.

No convento dos Terciários Franciscanos de Foligno constava uma irmã chamada Teresa Gesta que, durante muitos anos, foi a encarregada das noviças e, ao mesmo tempo, responsável pela sacristia da comunidade. Ela nasceu em Bastia, na Córsega, em 1797 e entrou para o mosteiro no ano de 1826. Irmã Teresa foi um modelo de fervor e caridade. 'Não precisamos ficar surpresos', disse seu diretor, 'se Deus a glorificar por algum prodígio após sua morte'. Ela morreu repentinamente, em 4 de novembro de 1859, de um ataque de apoplexia.

Doze dias depois, no dia 16 de novembro, uma irmã chamada Anna Felicia, que a sucedeu no cargo, dirigiu-se à sacristia e nela já ia entrar, quando ouviu gemidos que pareciam vir do interior da sala. Com certo receio, apressou-se em abrir a porta, mas não havia ninguém. Mas novamente ela ouviu gemidos, e tão distintamente que, apesar de sua coragem habitual, sentiu-se dominada pelo medo. 'Jesus! Maria!" ela gritou, 'o que pode ser isso?' Ela não havia acabado de falar quando ouviu uma voz queixosa, acompanhada de um suspiro doloroso: 'Ó meu Deus, como eu sofro! Oh! Dio, che peno tanto!'

A irmã, estupefata, reconheceu imediatamente a voz da pobre Irmã Teresa. Em seguida, a sala se encheu de uma fumaça espessa e o espírito da Irmã Teresa apareceu, movendo-se em direção à porta e deslizando junto à parede. Tendo alcançado a porta, ela clamou em voz alta: 'Eis aqui uma prova da misericórdia de Deus'. Dizendo essas palavras, ela bateu no painel superior da porta e deixou ali a marca de sua mão direita, queimada na madeira como se fosse um ferro em brasa. E então desapareceu.

Irmã Anna Felicia ficou como que meio morta de susto. Ela explodiu em gritos de socorro. Uma de suas companheiras acorreu de imediato e, em seguida, toda a comunidade. Elas se comprimiam ao redor dela, surpresas pela presença de um forte odor de madeira queimada. Irmã Anna Felicia contou o que havia acontecido e mostrou-lhes a terrível impressão fixada à porta. Elas imediatamente reconheceram a mão da irmã Teresa, que era notavelmente pequena. Tomadas de pavor, rumaram em direção ao coro, onde passaram a noite em oração e penitência pelos falecidos e, na manhã seguinte, todas receberam a Sagrada Comunhão para o repouso da alma da irmã falecida. 

A notícia se espalhou fora dos muros do convento e muitas comunidades da cidade uniram as suas orações às dos franciscanos. Dois dias depois, em 18 de novembro, Irmã Anna Felicia, indo à noite para sua cela, ouviu ser chamada pelo nome outra vez e reconheceu imediatamente a voz da Irmã Teresa. No mesmo instante, um globo ou luz brilhante apareceu diante dela, iluminando sua cela com o brilho da luz do dia. Em seguida, ouviu Irmã Teresa pronunciar estas palavras com voz alegre e triunfante: 'Morri numa sexta-feira, dia da Paixão, e eis que, na sexta-feira, entro na glória eterna! Seja forte para carregar a sua cruz, seja corajosa para sofrer, ame a pobreza'. Em seguida, acrescentando afetuosamente 'Adieu, adieu, adieu!', ela se transfigurou e, como uma nuvem clara, branca e deslumbrante, elevou-se em direção ao Céu e desapareceu. 

Durante a investigação realizada imediatamente a seguir, em 23 de novembro, na presença de um grande número de testemunhas, foi aberto o túmulo da Irmã Teresa e constatou-se que a impressão na porta correspondia exatamente à mão da falecida. 'A porta, com a marca da mão queimada' - acrescenta monsenhor Segur - 'está preservada com grande veneração no convento. A madre abadessa, testemunha do fato, teve o prazer de me mostrar ela mesma'.

Desejando assegurar-me da perfeita exatidão desses detalhes relatados por monsenhor Segur, escrevi ao bispo de Foligno. Ele respondeu dando-me um relato circunstancial, perfeitamente de acordo com o exposto acima, e acompanhado por um fac-símile da marca milagrosa. Esta narrativa explica ainda a causa da terrível expiação a que foi submetida Irmã Teresa. Depois de dizer: '“Ah! quanto eu sofro! Oh! Dio, che peno tanto!' acrescentou que foi penalizada por ter, no exercício da função na sacristia, transgredido em alguns pontos a extrema pobreza prescrita pela Regra [justificativa, entretanto, de difícil entendimento no contexto dos fatos]. 

De qualquer forma, vemos que a Justiça Divina pune mais severamente as menores faltas. Pode-se perguntar aqui por que a aparição, ao fazer a marca misteriosa na porta, a chamou de 'prova da misericórdia de Deus'. É porque, ao nos dar um aviso desse tipo, Deus demonstra por nós uma grande misericórdia. Ele nos exorta, da maneira muito eficaz, a ajudar as pobres almas padecentes e a estar vigilantes em relação a nós mesmos.

Neste mesmo contexto, podemos relatar um caso semelhante ocorrido na Espanha, e que causou também grandes repercussões naquele país. Fernando de Castela assim o relata em sua História de São Domingos (Malvenda, Annal. Ord. Praedic.). Um religioso dominicano levou uma vida santa em seu convento em Zamora, cidade do reino de Leão. Ele estava unido pelos laços de uma piedosa amizade com um irmão franciscano como ele, homem de grande virtude. Um dia, conversando sobre o assunto da eternidade, prometeram mutuamente que, se fosse do agrado de Deus, o primeiro que morresse deveria aparecer ao outro para lhe dar conselhos salutares. 

O frade menor morreu primeiro; e um dia, enquanto seu amigo, o filho de São Domingos, preparava o refeitório, apareceu a ele. Depois de saudá-lo com respeito e carinho, disse-lhe que estava entre os eleitos mas que, antes de ser admitido no gozo da felicidade eterna, havia sofrido muito por uma infinidade de pequenas faltas das quais não havia se arrependido suficientemente durante a sua vida. 'Nada na terra', acrescentou ele, 'pode lhe ​​dar uma ideia dos tormentos que sofri, e dos quais Deus me permite lhe dar uma prova visível'. Dizendo essas palavras, ele colocou a mão direita sobre a mesa do refeitório, e a marca da sua mão ficou gravada na madeira carbonizada como se tivesse sido aplicada por um ferro em brasa.

Essa foi a lição que o fervoroso franciscano falecido deu ao seu amigo vivo. Foi de grande proveito não só para ele, mas para todos aqueles que viram a marca impressa na madeira queimada; tão profundamente significativa porque tornou-se um objeto de piedade que as pessoas vinham de todas as partes para contemplar. 'Ainda pode ser vista em Zamora', disse o padre Rossignoli (Mervelles, 28), 'na época em que escrevo [em meados do século XVIII]; para protegê-la, a marca foi coberta por uma folha de cobre. A mesa marcada foi preservada até o final do século XVIII, sendo então destruída, durante a época das revoluções, como tantos outros memoriais religiosos.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)