domingo, 22 de março de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as' (Ef 5, 8-11)

sábado, 21 de março de 2020

A SAGRADA FACE DE CRISTO (II)


'É a Vossa face, ó Senhor, que eu busco' (Sl 26,8)

21 DE MARÇO - SÃO NICOLAU DE FLÜE



Nicolau de Flüe, conhecido também com Bruder Klaus (Irmão Klaus), nasceu em Sachseln, na Suíça, em 1417. Desde muito cedo, manifestou claramente uma vida de oração e mortificação. Em obediência aos pais, casou-se com Dorotéia Wyss e tiveram dez filhos, sendo cinco homens e cinco mulheres. No âmbito da vida matrimonial, continuou a desenvolver, com redobrado fervor, a sua prática religiosa e de oração cotidiana intensa, agora junto a uma numerosa família.

Em torno dos 50 anos, tomou a decisão que iria percorrer até a morte na via da santificação pessoal pelo ascetismo. Com o consentimento da esposa (mas não de todos os seus familiares), abandonou todo e qualquer afeto humano para viver em absoluto isolamento do mundo, dedicando-se exclusivamente a uma vida de oração e contemplação. Vivendo inicialmente numa pequena cabana e, mais tarde, numa ermida de pedra construída especialmente para ele, com acesso diário ao Santo Sacrifício, o santo foi personagem de um milagre impressionante: passou os últimos 20 anos de sua vida sem se prover de água ou de alimentos, mas vivendo somente da Sagrada Eucaristia!

Neste período, praticou intensamente a catequese espiritual aos seus concidadãos, manifestando, em várias ocasiões, o dom da profecia. Em certa ocasião, atuou, de forma decisiva, para evitar conflitos associados a uma potencial divisão do território suíço, pelo que é celebrado também como padroeiro da Suíça. Após a sua morte, o culto pessoal estendeu-se não apenas na Suíça, mas também na Alemanha, França e Países Baixos. São Nicolau de Flüe faleceu no dia 21 de março de 1487, data do seu nascimento, aos setenta anos de idade. Foi canonizado por Pio XII em maio de 1947.

São Nicolau de Flüe, rogai por nós!

sexta-feira, 20 de março de 2020

MAS, PORÉM, CONTUDO, TODAVIA... POR QUE?

As recentes medidas adotadas pela Igreja Católica em relação aos gravíssimos eventos da disseminação do vírus mortal COVID-19 foram pertinentes e recomendáveis sob todos os aspectos do controle da contaminação geral. Mas, porém, contudo, todavia... POR QUE...

Reprimir a comunhão na boca como prevenção de um vírus? 

O que consiste realmente a nossa fé cristã? Em um sentimento vago, em algum apelo meramente sensível? Como Deus vivo na eucaristia poderia permitir que, na comunhão, um vírus mortal pudesse prevalecer sobre a graça sobrenatural? Um leigo acha isso realmente possível? Um sacerdote acredita nisso? Um bispo não apenas duvida mas, em nome da prevenção humana, recomenda explicitamente a comunhão nas mãos e não na boca? Não seria, então, muito mais óbvio, concentrar-se o cálice e a comunhão apenas no sacerdote contra uma eventual disseminação do vírus? Mas, se o sacramento da eucaristia puder ser tratado como um ato limitado aos preceitos meramente humanos, no mesmo nível de outros rituais sociais e religiosos quaisquer, como haveria de se crer possível que ali possa ocorrer o milagre da transubstanciação e os insondáveis mistérios da graça divina?

Proibir as missas e fechar as igrejas?

Mas não é exatamente a ocasião em que o mundo católico deveria intervir decisivamente na história humana, como contrapeso a uma humanidade que perdeu todos os valores espirituais e se refestela no indiferentismo religioso, quando não atolado num ateísmo brutal e militante? Somos ou não somos o povo de Deus, o povo escolhido, a nação santa? Não é exatamente nesta hora tremenda de uma provação mundial que a fé católica deveria florescer plenamente, sem medos e histerias, mergulhada em sacrifícios e orações, particularmente por estarmos no tempo quaresmal? Que oração a Igreja de Deus pode fazer que possa ser maior que a celebração de uma Santa Missa? Se vacilamos na fé pelo temor de igrejas pouco ventiladas, vamos ao ar livre, para as ruas, para as praças e montanhas, vamos para o mar aberto, mas vamos celebrar, oportuna e inoportunamente, o Santo Sacrifício... Ou vamos mesmo enfrentar esse flagelo universal com as armas humanas e abrindo mão da Santa Missa e da Eucaristia? Qual é a chance dessa luta inglória não terminar em uma grande catástrofe para todos nós?

Dar a parecer que a Igreja e o mundo são a mesma coisa?

Quando o mundo tende a perder a sua razão de ser e um simples vírus joga por terra a crença em uma civilização cujo deus é a ciência e o homem, não seria a hora da Igreja de Deus brilhar como um farol, concentrando em si o rebanho dos fieis que são o sal da terra e a luz do mundo, e mostrar-se presente e atuante, quando todos fogem e se refugiam em cidadelas do medo? Vários sacerdotes italianos morreram infectados pelo vírus por atenderem espiritualmente os moribundos da doença mas, certamente com isso, salvaram muitas almas para Deus e se tornaram mártires da Igreja. Precisamos hoje, mais do que nunca, de sacerdotes oficiantes de bênçãos, sacramentos e da extrema unção para as vítimas deste flagelo, ainda que se tornem mártires, do que homens comuns martirizados pelo medo em suas celas confinadas e seguras. Ao cortejar as medidas de prevenção formais e se inserir como uma instituição qualquer na proposição de um cenário de isolamento e hibernação das pessoas, a Igreja Católica pode estar sendo óbvia, coerente e solidária, mas tão somente radicalmente humana. A Igreja pode tudo menos ser igual ao mundo.

MEDITAÇÕES PARA A QUARTA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA

A SATISFAÇÃO EXIGIDA PELOS NOSSOS PECADOS


I - A IMPORTÂNCIA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO COMETIDO, MESMO DEPOIS DE PERDOADO
     
Toda falta merece uma punição e cada injúria exige uma reparação. Nossa falta, se for grave, merece punição eterna; Deus, por meio do sacramento da Penitência, nos perdoa o castigo eterno, mas continua a nos exigir uma punição temporal. 'Vós perdoais, Senhor' diz Santo Agostinho 'o pecador que confessa a sua culpa, mas com a condição de que seja punido'. E existe coisa mais justa? É justo que inocente, o Deus-homem tenha sofrido por nossos pecados a mais cruel de todas as mortes e que o culpado se beneficie do preço pago sem tomar parte na expiação? Paulo não pensava de outra forma, quando dizia: 'Eu completo em minha carne o que falta aos sofrimentos de Jesus Cristo; nós não seremos glorificados em Jesus Cristo, se não padecermos junto com Ele'. 

A Igreja também confirma esta crença, quando define a penitência como um batismo laborioso, que somente justifica a alma ao custo de muitas lágrimas e penas. Assim, por sua bondade, Deus nos perdoa; mas, por sua justiça, exige satisfação do pecado. Uma satisfação que o homem é incapaz por mérito próprio satisfazer à sua justiça; mas que, por sua bondade, aceita o homem tirar proveito dos méritos infinitos do Salvador, associando-os às suas obras e usufruindo com isso de uma união de valor infinito. Desta forma, a justiça e bondade divina são plenamente satisfeitas. Admiremos e bendigamos estas primícias maravilhosas de sabedoria divina.

II - MEDIDA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO PERDOADO
       
Se a penitência imposta pelo confessor é geralmente muito leve, é apenas pelo temor de desencorajar o penitente exigindo mais. Mas, na realidade, uma satisfação em grau muito diferente é devida. 'Se deve a Deus', diz Tertuliano, 'uma penitência que seja uma compensação ou uma abreviação das penas eternas'. E o Concílio de Trento acrescenta que toda a vida cristã deve ser uma perpétua penitência. Se Deus perdoou a Adão e a Davi, foi apenas com a condição de que eles seriam punidos com terríveis castigos: um em si mesmo e em toda a sua posteridade; o outro em sua pessoa e em seu povo. Os santos, mesmo depois de terem recebido o perdão, consagram-se por toda a vida a pesadas penitências e, por fim, os justos no Purgatório, ainda que Deus lhes tenha perdoado as culpas, sempre têm que padecer penas que tornam, por comparação, todos os sofrimentos desta vida como sendo muito leves. Ó justiça de Deus, quão severa sois, e como nós nos tornamos inimigos de nós mesmos fazendo pouca penitência neste mundo!

III - MODOS DE PRESTAR SATISFAÇÃO A DEUS PELOS PECADOS COMETIDOS
       
1. É preciso cumprir rigorosamente a penitência imposta pelo confessor. Esta ação traz consigo algumas graças especiais, que fazem parte integrante do sacramento; e, faltar ao seu cumprimento, seria mutilar o sacramento e, consequentemente, ofender a Nosso Senhor Jesus Cristo. Retardá-la seria retardar o mérito, que nos ajuda a viver melhor; seria diminuir a graça contra os pecados veniais que iríamos cometer neste intervalo; seria ainda perdê-la integralmente se, neste período, viéssemos a cair em pecado mortal. Ainda mais, esta ação nos preserva contra recaídas e nos propicia os meios necessários para viver devotamente certos dias santos. 

2. É preciso receber esta penitência com respeito e submissão, como imposta pelo próprio Jesus Cristo na pessoa do seu ministro, tomando-a como sendo infinitamente menor do que a exigida pelos nossos pecados e cumpri-la devotamente, aspirando a uma vida melhor e com vívidos sentimentos de pesar pelos pecados cometidos. 

3. A penitência sacramental deve ser acompanhada por uma plena aceitação de todos os problemas associados à nossa posição ou estado, incluindo todas as nossas enfermidades, o rigor das estações, as diversas contradições da vida, os desgastes causados pelos defeitos dos outros, aceitando todas essas cruzes com espírito de penitência e dizendo-nos muitas vezes: 'o que é isso comparado ao inferno, onde eu merecia estar para sempre?'

4. Enfim, é preciso, com o mesmo espírito de penitência, renunciar ao prazer e à sensualidade, aos entretenimentos perigosos, inúteis ou demasiado longos, para a satisfação da curiosidade, da vontade própria, da auto-estima e do caráter e colocar todo o nosso prazer na linha do dever, privando-nos do usufruir, dizendo como aquele santo penitente a quem se propôs prazeres, banquetes e jogos: 'Deixo tudo isso para as almas justas; mas eu pequei e estou em perigo de pecar ainda e, assim, não tenho outra opção que não seja gemer e fazer penitência'. Podemos colocar em prática estes diversos modos de satisfazer a justiça divina?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II, tradução do autor do blog).
(hoje é dia de indulgência plenária pela Igreja)

quinta-feira, 19 de março de 2020

19 DE MARÇO - SÃO JOSÉ


São José, esposo puríssimo de Maria Santíssima e pai adotivo de Jesus Cristo, era de origem nobre e sua genealogia remonta a Davi e de Davi aos Patriarcas do Antigo Testa­mento. Pouquíssimo sabemos da vida de José, além de suas atividades de carpinteiro em Nazaré. Mesmo o seu local de nascimento é ignorado: poderia ser Nazaré ou mesmo Belém, por ter sido a cidade de Davi. Ignora-se igualmente a data e as condições da morte de São José, mas existem fortes razões para afirmar que isso deve ter ocorrido an­tes da vida pública de Jesus. Com certeza, José já teria falecido quando da morte de Jesus, uma vez que não se explicaria, então, a recomendação feita aos cuidados mútuos à mãe e ao filho, dados, da cruz,  por Jesus a Maria e a São João Evangelista.

Não existem quaisquer relíquias de São José e se desconhece o local do seu sepultamento. Muitos pais da Igreja defendiam que, devido à sua missão e santidade, São José, a exemplo de São João Batista, teria sido consagrado antes do nasci­mento e já gozava de corpo e alma da glória de Deus no céu, em companhia de Jesus e sua santíssima Esposa. As virtudes e as graças concedidas a São José foram extraordinárias, pela enorme missão a ele confiada pelo Altíssimo. A dig­nidade, humildade, modéstia e pobreza, a amizade íntima com Je­sus e Maria e o papel proeminente no plano da Redenção, são atributos e méritos extraordinários que lhe garantem a influência e o poder junto ao tro­no de Deus. Pedir, portanto, a intercessão de São José, é garantia de ser ouvido no mais alto dos céus. Santa Tereza, ardorosa devota de São José, dizia: 'Não me lembro de ter-me dirigido a São José sem que tivesse obtido tudo que pedira'.

A devoção a São José na Igreja Ca­tólica é antiquíssima. A Igreja do Oriente celebra-lhe a festa, desde o século nono, no domingo depois do Natal. Foram os carmelitas que in­troduziram esta solenidade na Igreja Ocidental; os franciscanos, já em 1399, festejavam a comemoração do Santo Pa­triarca. Xisto IV inseriu-a no bre­viário e no missal; Gregório XV ge­neralizou-a em toda a Igreja. Cle­mente XI compôs o ofício, com os hinos, para a celebração da Festa de São José em 19 de março e colocou as missões na China sob a proteção do Santo. Pio IX introdu­ziu, em 1847, a festa do Patrocínio de São José e, em 1871, declarou-o Pa­droeiro da Igreja; muitos pontífices promoveram solenemente a devoção a São José, por meio de orações, homilias, encíclicas e devoções diversas.

quarta-feira, 18 de março de 2020

SALMO 91

Nestes tempos de grande aflição e temor crescente pela propagação mundial do coronavírus, volvei, ó cristão, vossa súplica à Providência Divina com a oração diária do Salmo 91 (na versão latina) ou 90 (na versão hebraica):


1. 'Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente, 
2. dize ao Senhor: 'Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em quem eu confio'. 
3. É ele quem te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa
4. Ele te cobrirá com suas plumas, sob suas asas encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção. 
5.Tu não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia, 
6. nem a peste que se propaga nas trevas, nem o mal que grassa ao meio-dia. 
7. Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita: tu não serás atingido
8. Porém, verás com teus próprios olhos e contemplarás o castigo dos pecadores, 
9. porque o Senhor é teu refúgio. Escolheste, por asilo, o Altíssimo. 
10. Nenhum mal te atingirá, nenhum flagelo chegará à tua tenda
11. porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos. 
12. Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra. 
13. Sobre serpente e víbora andarás, calcarás aos pés o leão e o dragão. 
14. 'Pois quem se uniu a mim, eu o livrarei; e o protegerei, pois conhece o meu nome. 
15. Quando me invocar, eu o atenderei; na tribulação estarei com ele. Hei de livrá-lo e o cobrirei de glória. 
16. Será favorecido de longos dias, e eu lhe mostrarei a minha salvação'.