quinta-feira, 14 de março de 2019

50 JACULATÓRIAS DA ALMA PENITENTE (II)


11. Não entreis, Senhor, em juízo com vosso servo, porque nenhum vivente se justificará diante de Vós. De mil encargos que me fizerdes, não poderei responder a um só. Todo me entrego nos braços de Vossa misericórdia.

12. Que maldade há no mundo tão execrável, que eu não esteja pronto para a cometer? Senhor, amarrai com as cadeias de vosso santo temor as fúrias de minha liberdade porque sou capaz de tornar a Vos crucificar.

13. Isto me pasma, Senhor: como não respeitei a Vossa presença! Como não temi Vossa indignação! Como não me compadeci de Vossas dores! Como pisei o Vosso Sangue! Como não correspondi a tanto amor! Não pode haver maior cegueira.

14. 'Pecaste, alma minha: diz-me, agora, que fruto tiraste do teu pecado? Amaste as criaturas mais que ao Criador: que te ficou rendendo esta desordem? Perda da amizade de Deus e do direito à sua glória, remorso de consciência, costume de tornar a pecar, escravidão ao demônio, reato da culpa, dívida da pena eterna'. Ó quem dera rios de lágrimas nos meus olhos para lamentar tão grave desgraça!

15. Vinde, vinde, Senhor, ao meu coração; formai um azorrague das cordas de Vosso amor e temor e lançai daqui todos os maus afetos que profanam a Vossa casa.

16. Rogo-vos, meu Jesus, por aquele primeiro leite que bebeste nos peitos virginais de Vossa Mãe Santíssima e por aquelas sagradas primícias de Vosso Sangue, que derramastes na Circuncisão, que não permitais que jamais caia de Vossa graça, nem esteja um ponto fora dela.

17. Pequei mais que o número das areias do mar; porém, Senhor, as vossas misericórdias não têm número. Em vós ponho toda a minha esperança: não padecerei confusão eterna.

18. Eu a pecar; Vós, Senhor, a me perdoar; eu a Vos fazer injúrias; Vós a fazer-me benefícios. O certo é, Senhor, que cada um obra como quem é. Bendita seja Vossa paciência, que tanto me esperou.

19. Muito agravado estais de mim e vos sobra razão. Ó quem, para aplacar-Vos, tivera as lágrimas de uma Madalena, as penitências de uma egípcia, os gemidos de um Agostinho, a compunção de um São Pedro!

20. Ah, pecador atrevido e infame! Tu foste o que açoitaste a Jesus, tu o coroaste de espinhos; o que lhe lançaste salivas no rosto, o que o pregaste na Cruz... Como não te confundes?

[Excertos da obra 'Luz e Calor', do Pe. Manuel Bernardes (1644 - 1710)]

quarta-feira, 13 de março de 2019

SOBRE OS JUÍZOS DE DEUS

Amemos, pois, Teótimo, e adoremos em espírito de humildade essa profundeza dos juízos de Deus, a qual, como diz Santo Agostinho (Ep. 105), o santo Apóstolo não descobre, mas admira, quando exclama: 'Ó profundeza dos juízos de Deus!'. 'Quem poderia contar a areia do mar, as gotas da chuva, e medir a largura do abismo?' diz aquele excelente espírito que foi São Gregório de Nazianzo. E quem poderá sondar a profundeza da sabedoria divina, pela qual ela criou todas as coisas, e as modera como quer e entende? Porque, na verdade, basta que, a exemplo do Apóstolo, sem nos determos na dificuldade e obscuridade dela, a admiremos. 

Ó profundeza das riquezas e da sabedoria e da ciência de Deus! Ó como seus juízos são imperscrutáveis, e seus caminhos inacessíveis! quem conheceu o sentimento do Senhor, e quem foi seu conselheiro? (Rm 11, 33-34). Teótimo, as razões da vontade divina não podem ser penetradas pela nossa mente, até que vejamos a face dAquele que atinge de ponta a ponta fortemente e dispõe todas as coisas suavemente, fazendo tudo o que faz com número, peso e medida (Sb 8, 1; 11.21) e ao qual o salmista diz: 'Senhor, tudo fizestes com sabedoria' (Sl 103, 24).

Quantas vezes nos sucede ignorarmos como e por que as próprias obras dos homens se fazem, 'e disso', diz o mesmo santo bispo de Nazianzo, 'o artífice não é ignorante, ainda que nós ignoremos o seu artifício! Assim, por certo, também as coisas deste mundo não são temerária e imprudentemente feitas, ainda que lhes não saibamos as razões'. Se entrarmos na loja de um relojoeiro, acharemos às vezes um relógio que não será maior do que uma laranja, no qual haverá todavia cem ou duzentas peças, das quais umas servirão ao relógio, e as outras ao bater das horas e do despertador; veremos nele rodinhas, das quais umas vão para a direita e as outras para a esquerda; umas rodam por cima e outras por baixo; e o balancim, que, a golpes medidos, vai balançando seu movimento para um lado e para outro; e nós admiramos como a arte soube juntar umas às outras tal quantidade de tão pequenas peças, com uma correspondência tão justa, não sabendo nem para que é que cada peça serve, nem para que efeito é assim feita, se o dono no-lo não disser; e somente em geral sabemos que todas servem para o relógio ou para o toque. 

...

Teótimo, assim vemos nós este universo, e sobretudo a natureza humana, como um relógio, composto de tamanha variedade de ações e de movimentos, que não nos poderíamos furtar à admiração. E bem sabemos em geral que essas peças, diversificadas em tantas sortes, servem todas, ou para fazerem aparecer, como num relógio, a santíssima justiça de Deus, ou para manifestarem a triunfante misericórdia da sua bondade, como por um toque de louvor. Mas conhecer em particular o uso de cada peça, ou como ela é ordenada ao fim geral, ou por que assim é feita não o podemos entender, a não ser que o soberano Obreiro no-lo ensine. Ora, se Ele não nos manifesta Sua arte, é a fim de que O admiremos com mais reverência até que, estando no céu, Ele nos extasie na suavidade da Sua sabedoria, quando na abundância do Seu amor nos descobrir as razões, meios e motivos de tudo o que se houver passado neste mundo em proveito da nossa salvação eterna.

...

Exclamemos, pois, Teótimo, em todas as ocorrências, mas exclamemos com coração todo amoroso para com a Providência sapientíssima, poderosíssima e dulcíssima de nosso Pai eterno: 'Ó profundeza das riquezas, da sabedoria e da ciência de Deus!' (Rm 11, 33). Ó Senhor Jesus, como são excessivas as riquezas da bondade divina! O Seu amor para conosco é um abismo incompreensível: foi por isso que Ele nos preparou uma rica suficiência, ou antes uma rica afluência de meios próprios para nos salvar; e, para no-los aplicar suavemente, Ele usa de uma sabedoria soberana, tendo pela Sua infinita ciência previsto e conhecido tudo o que era requerido para esse efeito. O que podemos temer? Antes, que não devemos esperar, sendo como somos filhos de um Pai tão rico em bondade para nos amar e nos querer salvar, tão sábio para preparar os meios convenientes a isso, e tão prudente para os aplicar, tão bom para os querer, tão clarividente para os ordenar, tão prudente para os executar?

Nunca permitamos aos nossos espíritos esvoaçarem por curiosidade em torno dos juízos divinos; porque, quais pequenas borboletas, nós queimaremos aí nossas asas, e perecemos nesse fogo sagrado. Esses juízos são incompreensíveis (Rm 11, 33) ou, como diz São Gregório Nazianzeno, são imperscrutáveis; quer dizer, não lhes podemos reconhecer e penetrar os motivos. Os caminhos e meios pelos quais Ele os executa e conduz ao fim não podem ser discernidos e reconhecidos e, por melhor sentimento que tenhamos, nós falhamos a cada passo e lhe perdemos o rastro. 

Porque quem pode penetrar o sentido, a inteligência e a intenção de Deus? (Rm 11, 34). Quem foi seu conselheiro para saber os seus projetos e motivos ou quem jamais o preveniu (Rm 11, 35) por algum serviço? Pelo contrário, não é Ele quem nos previne com bênçãos de Sua graça, para nos coroar na felicidade da Sua glória? Ah! Teótimo, todas as coisas são dele (Rm 11, 36), que lhes é o criador; todas as coisas são por Ele, que lhes é o governador; todas as coisas são nEle, que lhes é o protetor. A Ele seja dada honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém. Vamos em paz, Teótimo, pelo caminho do santíssimo amor; porque quem na morte tiver o divino amor, após a morte gozará eternamente do amor.

(Excertos da obra 'Tratado do Amor de Deus', São Francisco de Sales)

terça-feira, 12 de março de 2019

PALAVRAS DE SALVAÇÃO



Ó Santo Espírito da Verdade, nós te suplicamos que ilumines as mentes dos incrédulos que estão em nosso meio, para que seus corações se inclinem para a Tua Palavra e para que creiam no ensinamento da Tua Igreja; dai-lhes coragem para aceitar e professar abertamente a fé; que eles possam entrar em comunhão contigo e com o Pai, através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.

(Papa Leão XIII)

segunda-feira, 11 de março de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (VI)


26. Qual o sentido das palavras de Mt 1,18-19? 

Alguns teólogos chegaram a afirmar, com base nestes dois versículos, que Maria tinha conservado silêncio absoluto sobre a sua maternidade divina comunicada pelo Anjo, e assim José não sabia de nada. Antes de tudo, devemos salientar que é ilógico que Maria não tenha comunicado nada a José sobre sua maternidade, mesmo porque uma postura assim não estaria de acordo com a psicologia, visto que sua gravidez provocara sem dúvida consequências que se calaram profundamente em sua existência e em seu ser feminino. Por isso afirmamos que José tomou conhecimento de tudo o que se passava com Maria justamente porque ele era a pessoa de maior confiança dela. 

27. Por que então Mateus descreve que Maria ficou grávida pela ação do Espírito Santo antes de morar com José? 

Analisando superficialmente o versículo 18 do primeiro capítulo deste evangelista, ele deixa entender que Jesus nascerá necessariamente logo depois que foram morar juntos; porém a intenção do evangelista é ressaltar o fato da concepção virginal, de excluir de modo absoluto qualquer participação masculina na concepção de Jesus. Para Mateus o essencial é deixar claro que existia entre ambos um vínculo matrimonial, 'José era seu marido' e a concepção virginal 'ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo'. Basta lembrar que Mateus considera sempre Maria como esposa (1,20-24) e José como esposo (1,16-19). 

28. Como explicamos a intenção de José, 'homem justo', em querer deixar Maria? 

A designação de 'homem justo' aplicada a José indica que sua justiça não se deve porque é um observante da lei, pois de fato a lei mosaica autorizava ao marido, em caso de adultério de sua esposa, dar-lhe o divórcio, o que não é o caso de Maria. Ele se mostra justo não por querer aplicar justiça a uma inocente (no caso Maria, que não tinha cometido adultério), mas ele é justo porque, na sua humildade, sente-se não estar à altura de ser considerado o pai do Menino Deus. Ao conhecer a grande missão que Deus confiara à sua esposa, como Mãe do Messias, ele sentiu-se menor diante daquele misterioso desígnio divino, inexplicável para ele e, por isso, porque era homem justo, decidiu abandonar Maria. Porém, a sua decisão de abandoná-la não foi porque suspeitou algo errado nela e então para não desonrá-la, porque era bom, encontrou a solução de deixá-la. Não foi também porque, diante do mistério da maternidade divina, ele não conseguia compreender e assim, incerto, achou como melhor saída abandoná-la. Mas foi porque, em sua humildade, sentiu-se indigno de compartilhar sua vida ao lado de Maria, achando ser um obstáculo para a ação de Deus sobre ela. 

29. Então qual é a explicação para esse seu pensamento 'deixar Maria'? 

A explicação correta, defendida inclusive por grandes teólogos e santos, é que ele, como todos os que esperavam o Messias, reagiu como os justos da Bíblia diante de Deus que intervém na sua história: como Moisés que tira as sandálias, como Isaías espantado pela visão de Deus, como Isabel que se maravilha e pergunta como é possível a mãe do Salvador pode vir até ela, ou ainda como Pedro, que diante de Jesus, diz: 'Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador'.

30. De Maria Virgem, no texto de Mateus (Mt 1,18-25), temos uma comprovação incontestável, mas como afirmar a virgindade de José? 

Antes de tudo, com Santo Tomás encontramos duas razões para a sua virgindade: 'porque ele não teve nenhuma outra mulher e porque a infidelidade não pode ser atribuída a este santo personagem'. Da mesma forma, sendo a virgindade um dom de Deus (I Cor 7,32), Deus quis conceder-lhe também este dom em vista de sua grande missão. O fato de Deus ter escolhido José como esposo de Maria Virgem, faz com que a presença e a convivência dele com Maria fosse o resultado de uma preciosa intervenção divina. José viveu a sua virgindade ao lado de Maria, compreendendo a missão de sua esposa e, por um especial desígnio de Deus, compartilhou totalmente com ela essa tarefa, vivendo um amor virginal e ao mesmo tempo conjugal.

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)

domingo, 10 de março de 2019

O JUGO DAS TENTAÇÕES

Páginas do Evangelho - Primeiro Domingo da Quaresma


Se há algo que liga de forma admirável todo o universo da criação é o zelo imposto à fidelidade e à obediência aos desígnios de Deus. O que significa dizer que criatura alguma não perpassou por tais provas de fidelidade sem o jugo das tentações. A primeira prova foi imposta aos anjos e uma miríade deles se condenou. Depois, Adão e Eva sucumbiram à tentação e o pecado deles marcou indelevelmente a história humana. Sob o jugo cotidiano de tentações diversas, todos nós percorremos nosso vale de lágrimas.

Mas Jesus, embora não possuindo a mais remota imperfeição, também foi tentado. E não, uma, duas ou três vezes como nos revelam as Sagradas Escrituras, mas muitas outras vezes naqueles 'quarenta dias no deserto' (Lc 4, 2). Aquele que disse de si 'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida' (Jo 14,6) foi sempre exemplo. Sabendo de nossas imperfeições e da ação diabólica sobre a natureza humana, Jesus quis mostrar as provas e os riscos de nossa caminhada terrena: seremos tentados, mas temos todos os meios disponíveis para superar a malícia do tentador. Assim, Jesus submeteu-se às tentações do demônio no deserto para 'compadecer-Se de nossas fraquezas' e, em tudo, menos no pecado, assumir incondicionalmente a dimensão do homem.

E este Primeiro Domingo da Quaresma nos lembra as três tentações sofridas por Jesus e descritas nos Evangelhos. Depois de quarenta dias, em jejum e oração, Jesus teve fome. Jesus teve fome, como qualquer ser humano privado de alimento por longo tempo. A manifestação maligna ousou, então, tentar Jesus: diante a suspeição de ser Jesus o Filho de Deus pairava a incontestável condição humana de um homem debilitado pela fome. E, por isso, a primeira tentação tem essa via, em que o vômito maligno titubeia por ânsias de dubiedade: 'Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se converta em pão' (Lc 4,3). Ao que Jesus, citando as Escrituras, responde: 'Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra de Deus' (Lc 4,4), porque Jesus poderia alcançar o seu sustento por vias naturais mas, principalmente, para mostrar a ascensão da vida espiritual sobre a dimensão puramente física. 

A segunda tentação foi a tentativa de idolatria, diante da soberba do poder diabólico, exposta pelo brilho feérico e a falsa concessão de 'todos os reinos do mundo'. Quantos homens não se perdem nessa vereda diante de migalhas de luxo e esplendor mesquinhos? Jesus vai responder ao espírito maligno: 'Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás' (Lc 4,8). Satanás sentiria reverberar em seus ouvidos a sentença de Miguel: 'Quem, como Deus?'. E chegaria a ousadia satânica a uma terceira tentação, misto de vanglória e desmedido orgulho, ainda mais abominável porque supostamente amparada nos próprios textos das Escrituras: 'Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! Porque a Escritura diz... Eles te levarão nas mãos para que não tropeces em alguma pedra' (Lc 4, 9.11). Jesus, uma vez mais, se submete ao desvario diabólico, para desmascarar suas ciladas e malícias e reduzi-lo como macaqueador de Deus: 'Não tentarás o senhor teu Deus' (Lc 4,12). A lição do Mestre sobre os benefícios das tentações e das provas humanas torna-se cristalina: não devemos temer o demônio, mas sim, o pecado, pois é o pecado que nos deixa à mercê da ação maligna de todos os demônios.

sábado, 9 de março de 2019

50 JACULATÓRIAS DA ALMA PENITENTE (I)


1. Senhor Deus: eu sou a miséria, a ingratidão, a indignidade; sou um pecador vilíssimo, a quem não devia cobrir o Céu nem sustentar a Terra. Tende misericórdia de mim e salvai-me por amor de vossa bondade.

2. Pai, pequei contra o Céu e em vossa presença; não sou digno de me chamar filho vosso; fazei-me como qualquer de vossos mercenários.

3. Lavai-me, meu Senhor Jesus Cristo, nas correntes de Vosso precioso Sangue e limpai a minha alma das manchas de todo o pecado.

4. Desgarrei-me como ovelha perdida. Que seria de mim, ó bom Pastor, se não me buscásseis e tomásseis sobre os vossos ombros?

5. Eis aqui está à vossa porta o pobre; eis aqui o leproso e cego, e tolhido, e coberto de inumeráveis chagas. Não necessitam de médico os sãos, mas os enfermos; vinde e curai-me com a vossa palavra, para glória de vosso nome.

6. Que seria eu, Senhor, no meio dos meus vícios, e fora de vossa graça, senão um cão morto, coberto das moscas dos demônios, que em minha podridão se cevavam. Vistes minha miséria e vos apiedastes. Destes-me vida e misericórdia. Ó bendito seja tal amor!

7. Inclinai, Senhor, para mim os vossos amorosos olhos e apagai os meus pecados. Concedei-me a graça da renovação de meu espírito com uma vida totalmente conforme à vossa lei.

8. Deus meu; proponho firmemente, com o auxílio de vossa graça, não admitir jamais ofensa vossa. Ó não mais pecar, não mais desprezar vossos preceitos; guardá-los, sim, mais que as meninas dos meus olhos.

9. Senhor: que eu alcance de vós esta mercê; que, no ponto em que certamente hei de cair de vossa graça, antes caia morto de repente; porque viver com injúria vossa pior morte é que a mesma morte e maior desgraça que o inferno.

10. Jesus amorosíssimo, Jesus minha redenção e remédio: de tantas lágrimas que andando neste mundo chorastes, dai-me uma para que amoleça este coração, e o derreta pelos olhos. Dai-me uma lágrima vossa para que eu a apresente a vosso Eterno Pai em remissão dos meus pecados. 

[Excertos da obra 'Luz e Calor', do Pe. Manuel Bernardes (1644 - 1710)]

sexta-feira, 8 de março de 2019

INDULGÊNCIA PLENÁRIA DAS SEXTAS-FEIRAS DA QUARESMA


Indulgência Plenária: rezar com piedosa devoção a oração En ego, o bone et dulcissime Iesu (Eis-me aqui, ó bom e dulcíssimo Jesus!) nas sextas-feiras da Quaresma, diante de uma imagem de Jesus Crucificado e depois da comunhão.

En ego, o bone et dulcissime Iesu, ante conspectum tuum genibus me provolvo, ac maximo animi ardore te oro atque obtestor, ut meum in cor vividos fidei, spei et caritatis sensus, atque veram peccatorum meorum paenitentiam, eaque emendandi firmissimam voluntatem velis imprimere; dum magno animi affectu et dolore tua quinque vulnera mecum ipse considero ac mente contemplor, illud prae oculis habens, quod iam in ore ponebat tuo1 David propheta de te, o bone Iesu: Foderunt manus meas et pedes meos: dinumeraverunt omnia ossa mea. Amen.

Eis-me aqui, ó bom e dulcíssimo Jesus! De joelhos me prostro em vossa presença e vos suplico com todo o fervor de minha alma que vos digneis gravar no meu coração os mais vivos sentimentos de fé, esperança e caridade, verdadeiro arrependimento de meus pecados e firme propósito de emenda, enquanto vou considerando com vivo afeto e dor as vossas cinco chagas, tendo diante dos olhos aquilo que o profeta Davi já nos fazia dizer, Ó bom Jesus: ‘Transpassaram minhas mãos e meus pés e contaram todos os meus ossos’.

(SI 21,17; cf. Missal Romano, ação de graças depois da missa)

É sempre importante lembrar que a indulgência não é o perdão dos pecados, mas a reparação das penas e danos devidos aos pecados. Para se obter a indulgência plenária é preciso:

1. ter uma disposição interior de afastamento total de todo o pecado, mesmo do pecado venial;
2. ter feito confissão recente;
3. receber a Sagrada Comunhão;
4. rezar em intenção do Santo Padre e da Santa Igreja (orações livres, mas que a Santa Sé recomenda fazer na forma de um 'Pai Nosso' e de uma 'Ave Maria').