terça-feira, 10 de julho de 2018

INTERPRETAÇÕES DOS SONHOS DE DOM BOSCO (II)


Ainda no contexto do primeiro sonho de Dom Bosco, são feitas as seguintes considerações adicionais:

O primeiro Conselho tem sido comumente interpretado como sendo o Concílio Vaticano I, realizado no Vaticano entre 08/12/1869 e 18/07/1870, quando foi bruscamente interrompido pele deflagração da guerra franco-alemã em 19/07/1870, que culminou com a ocupação de Roma em 20/09/1870 pelas tropas de Victor Emmanuel II. Em 20/10/1870, o Papa Pio IX (1846 - 1878) suspendeu formalmente o Concílio para uma posterior reabertura e continuação, o que nunca ocorreu. O segundo Conselho corresponderia, então, ao Concílio Vaticano II, que sucedeu ao primeiro quase cem anos depois, tendo sido convocado pelo Papa João XXIII (1958 - 1963) em 25 de dezembro de 1961. Realizado no Vaticano, o CVII estendeu-se entre 11 de outubro de 1962 e 07 de dezembro de 1965, e foi concluído pelo Papa Paulo VI (1963 - 1978), então sucessor do papa João XXIII, falecido em 1963.

O Concílio Vaticano I foi proclamado pelo Papa Pio IX em dezembro de 1864, portanto, menos de três anos após a revelação do sonho profético de Dom Bosco e teve de ser bruscamente interrompido pela guerra ('os pilotos foram mandados de volta aos seus navios', sob a fúria crescente do vento e da tempestade). A Igreja vivia tempos extraordinariamente difíceis à época; o racionalismo e o modernismo devastavam os espíritos em favor de uma descrença quase que generalizada (particularmente da sociedade europeia) diante de fenômenos não explicados rigorosamente pelas leis da natureza. E a visão de Dom Bosco iria confirmar que isso era apenas o prenúncio de tempos muito mais calamitosos.

Com efeito, ao final do relato do sonho em 1862, Dom Bosco questionou a um dos sacerdotes presentes (Dom Miguel Rua, o primeiro sucessor de Dom Bosco) o significado daquelas visões. Após a breve explanação do entendimento dos fatos pelo sacerdote, Dom Bosco lhe retrucou: 'preparam-se gravíssimos sofrimentos para a Igreja; o que até agora aconteceu é quase nada comparado com aquilo que deve acontecer'. Ou seja, os fatos narrados estão encerrados num contexto de tempo mais além que a época de Dom Bosco (e também do Concílio Vaticano I), num futuro mais abrangente, que permitiria uma 'preparação' cuidadosa dos inimigos da igreja para impor a ela 'sofrimentos gravíssimos'. 

Na época do CVI, a gravidade dos fatos era 'quase nada' diante da devastação que estava para acontecer durante a reunião do Segundo Conselho - Concílio Vaticano II (tempos de uma 'borrasca espantosa'). Todos os esforços de ordenamento e zelo doutrinário deste Conselho tornaram-se infrutíferos porque foram forjados no âmbito de uma crescente e desastrosa reforma litúrgica que, rompendo as amarras da Igreja à sã doutrina de Cristo e aos apelos da Virgem de Fátima, a impulsionou desordenadamente para águas turbulentas e mar aberto, à mercê das tempestades e dos ataques insidiosos de todos os seus inimigos ('aquilo que deve acontecer'). 

No nono aniversário de sua coroação como Papa, na Festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, em 29 de junho de 1972, o Papa Paulo VI revelou: 'Acreditamos que após o Concílio viria um dia de sol brilhante para a história da Igreja. Porém, em vez disso, veio um dia de nuvens, tempestades e de escuridão… e como foi que isso aconteceu? Há um poder, um poder adversário. Chamemo-lo pelo nome: o demônio. Parece que, por alguma rachadura misteriosa, a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus'. Assim, a nossa época expressa a tragédia da nave-mãe submetida a todos os perigos em mar revolto.

Quatro testemunhas tentaram reproduzir os principais aspectos do conteúdo assombroso do sonho e os manuscritos tendem a concordar substancialmente, sendo que as suas pequenas diferenças traduzem meramente as naturais dificuldades de entendimento e apreensão de toda a narrativa apresentada. Em geral, tende-se a concordar que as visões de Dom Bosco abrangem certamente tempos diversos e vários pontificados, a começar por Pio IX. Entretanto, uma discrepância é muito significativa: a narrativa fala em dois ou em três papas da fase final da tremenda batalha? E o próprio Dom Bosco parece ter esclarecido mais tarde (em 1866) em favor da versão de três papas e não de dois, como parece ser mais indicado pela narrativa formal. O primeiro ferimento afeta gravemente um primeiro papa que cai e 'a segunda vez' refere-se ao ferimento mortal causado a um segundo papa que cai e morre, e ao qual sucede o terceiro papa que finalmente há de levar a nau da Igreja, com firmeza e segurança, até lançar âncoras diante dos dois pilares da Fé Católica e que se projetam às alturas do firmamento. É importante ressaltar que a nave majestosa da Igreja pode ser solidamente ancorada aos pilares por duas pequenas correntes, símbolos das devoções aos sagrados corações de Jesus e de Maria. 

É bem possível que estejamos vivendo uma parte da visão de Dom Bosco mas, como toda profecia genuína antes de seu cumprimento final, há muito de incerteza e ambiguidade para se pensar em estabelecer uma interpretação completa dos eventos. O presente exercício é uma mera tentativa de se compreender o conteúdo do sonho, à luz de fatos sobejamente conhecidos. Duas questões, entretanto, parecem ser conclusivas e definitivas: o final da visão revela um incondicional triunfo da Igreja, em escala mundial (a 'calmaria do mar' como um todo), conquistado depois de muita luta e sofrimento. E que este triunfo será alcançado necessariamente por meio da devoção ao Santíssimo Sacramento e pela intervenção explícita de Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

INTERPRETAÇÕES DOS SONHOS DE DOM BOSCO (I)



No cenário do primeiro sonho de Dom Bosco, são descritas as seguintes visões:

(i) a presença de uma nave majestosa em mar revolto e sob forte ventania e tempestade; a nave majestosa tem por comandante supremo o Romano Pontífice.
(ii) uma esquadra gigantesca de navios, 'cujas proas eram terminadas por um agudo esporão de ferro em forma de lança' buscam, a todo custo e usando todo tipo de armas, afundar a nave majestosa.
(iii) a grande nave é escoltada por muitas outras naves menores que combatiam os navios inimigos.

A nave majestosa é a Igreja de Cristo, a única igreja verdadeira, Santa e Católica, sob o comando supremo do Romano Pontífice desde São Pedro. Muitas naves pequenas - as ações integradas de tantos e tantos religiosos e leigos que professam e preservam inalteradas a autêntica fé católica - escoltam e defendem a nave-mãe dos ataques, agressões, heresias e sacrilégios impetrados pelos inimigos da Igreja - e são tantos! - utilizando-se do indiferentismo religioso, do hedonismo, da proliferação de seitas e 'igrejas' irmanadas pelo ódio à nave de Pedro, pelo ateísmo militante, pela tentativa desenfreada de destruição completa das primícias da fé católica e da doutrina de Cristo! No mar revolto e tempestuoso do mundo, a Igreja continua a navegar incólume e firme, mesmo sob tenebrosas oscilações e percalços, porque os poderes do inferno nunca poderão prevalecer contra ela!

(iv) duas colunas gigantescas, muito próximas: uma mais robusta e mais elevada, encimada pela Hóstia; a outra, menos robusta e menos elevada, encimada por uma estátua de Nossa Senhora.
(v) as duas colunas encontravam-se afastadas da grande nau, 'no meio da imensa extensão do mar'.

A nave-mãe afastada das duas colunas significa uma perda de referências da Igreja com a sua Cabeça, que é Cristo, um tremendo afastamento da Fé, uma renúncia explícita à tradição bimilenar da Igreja e da doutrina do Salvador, manifestadas primariamente pelo abandono de dois portos seguros: as devoções à Eucaristia (e à Santa Missa de sempre) e à Nossa Senhora. A Igreja, sem estas âncoras seguras, torna-se nau sem rumo nas águas revoltas deste mundo.

(vi) o Sumo Pontífice tenta reunir o Conselho da Igreja duas vezes; na primeira vez, os membros são dispersos mas, na segunda vez, se mantêm sempre em torno do Pontífice.
(vii) os ataques dos inimigos tornam-se, então, extremados, mas são todos repelidos e anulados pela Igreja de Cristo.
(viii) os inimigos da Igreja, então, ficam ensandecidos de ódio e matam o Sumo Pontífice.

No primeiro Conselho, a Igreja ainda está à deriva e todos os esforços do Sumo Pontífice tornam-se infrutíferos, resultando em uma grande dispersão dos combatentes. No segundo Conselho, a nau assume agora uma rota fixa em direção de retorno ao porto seguro das duas colunas, rumo que nunca deveria ter sido abandonado. Muitas naves menores seguem resolutas e com grande júbilo a nave-mãe: a Igreja não está mais totalmente dispersa e a rota é a mesma para muitos, embora muitas outras naves ainda titubeiem e busquem se afastar do centro da batalha, receosos dos combates violentos que ocorrem sobre as águas. 

Diante da força recomposta da Igreja, os ataques inimigos recrudescem em escala violentíssima, as heresias e blasfêmias se avolumam como a espuma das águas em turbilhão, o estertor do mal se revela por inteiro (tristes e inglórios tempos dos homens), mas a nave-mãe e sua escolta fiel, apesar dos estragos e das avarias profundas, se recompõem de imediato pela aliança fiel aos desígnios da graça e rompem o mar em fúria em direção às duas colunas. Ensandecidos de furor diabólico, os ataques passam a ser abertos e pessoais (com 'armas curtas') contra os justos e os homens de fé, contra os religiosos, os bispos e governantes da Igreja e até mesmo contra o próprio pontífice, que é ferido duas vezes e morto.

(ix) os inimigos da Igreja se regozijam diante do triunfo final iminente, mas a morte do Pontífice é apenas o início da bancarrota geral da esquadra inimiga.
(x) a nave-mãe é firmemente ancorada às duas colunas e tem fim a batalha no mar.

Após um breve júbilo delirante dos inimigos diante a morte do Pontífice, outro imediatamente se levanta e assume o comando da nave-mãe, com firmeza ainda maior e ainda maior segurança, na rota em direção às duas colunas. O resultado, então, é espantoso: numa reviravolta tremenda, os navios inimigos se dispersam abruptamente, colidem entre si e se destroçam, submergindo num mar de águas escuras e profundas. A nave-mãe alcança finalmente o porto seguro e faz âncora firme entre os dois pilares da Eucaristia e da devoção à Nossa Senhora, acompanhadas pelas pequenas naves que combateram vivamente e, um pouco depois, também pelas que se mantiveram alheias à luta terrível. A Igreja do mundo é novamente a Igreja de Cristo em plenitude. Reina a calmaria no mar e ao mundo é concedido o tempo de paz. 

domingo, 8 de julho de 2018

OS IRMÃOS E AS IRMÃS DE JESUS

Páginas do Evangelho - Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum


Na pequena Nazaré, Jesus tinha sido apenas o filho de um carpinteiro, o filho de Maria e José. Ali viveu por cerca de trinta anos, desde o retorno da fuga dos seus pais para o Egito, após a morte de Herodes (Mt 2, 15-23) até o início de sua vida pública, com o batismo no Jordão (Mt 3, 13-17). Ali vivera no anonimato de uma família simples, como uma pessoa comum e os seus conterrâneos não tiveram dele, durante todo este tempo, nenhuma ocorrência extraordinária, nenhuma referência de sua manifestação como o Filho de Deus. E, desde algum tempo, Jesus partira de Nazaré para algum lugar alhures. 

E, certamente, cada vez com maior vigor, chegavam a eles notícias da pregação pública de Jesus por toda a Galileia, as suas parábolas, os seus milagres, os seus feitos extraordinários, a manifestação grandiosa de uma doutrina messiânica que levaria à redenção e à salvação de toda a humanidade. E, mais certamente ainda, tais notícias deveriam produzir neles impulsos de incredulidade e estranheza: 'Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?’ (Mc 6,3). O ceticismo natural daquela gente era imposto por uma dualidade factual: Jesus tinha sido 'uma pessoa normal' entre eles e, agora, em pouco tempo, assumira uma referência profética e messiânica fora de Nazaré, muito além da capacidade de entendimento possível daquelas pessoas que haviam convivido diariamente com Ele durante tantos anos...

E eis que Jesus retorna agora à Nazaré de quase todos os seus dias; quanta expectativa e admiração certamente não deveriam estar aflorando naquela gente, quando Jesus entrou na sinagoga da cidade e começou a pregar as Escrituras. Quanto júbilo de amor e caridade não terá se revestido o Senhor, de modo tão especial, para ensinar a sã doutrina àqueles homens e mulheres de sua terra de predileção? De uma certa forma ali, mais do que em qualquer outro lugar, a dualidade humana e divina de Jesus se manifestava de forma tão sublime e particular mas, contradição das contradições, uma será julgada para anular a outra! Movidos pela incredulidade, pela inveja, pelo arbítrio humano da pura má vontade, aqueles homens se fecharam em suas experiências humanas e negaram o milagre da fé: 'E ficaram escandalizados por causa dele' (Mc 6, 3).

Mesmo entre os seus familiares mais próximos, os 'irmãos e irmãs de Jesus', houve uma resistência muito além do ceticismo inicial, fruto dessa insustentável condição humana de julgar pelas meras aparências e com base apenas na lógica fria das coisas palpáveis e racionais. Neste contra-senso geral, Nazaré perdeu a primazia da graça e Jesus não pôde ali realizar milagre algum e passou a pregar, então, nos povoados vizinhos. Jesus chegou a se admirar com a cegueira espiritual de sua gente e lançou sobre eles o epíteto que perpassou pelos tempos: 'Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares' (Mc 6, 4). Nos escombros da lógica fria, a fé não pode se erguer grandiosa e nem fincar raízes na terra nua da incredulidade pura e obstinada. Estes são aqueles que Jesus há de nomear mais tarde: 'Nunca vos conheci' (Mt 7, 23). Os que creem, os que realmente se abrem ao milagre da fé, estes são, verdadeiramente, 'os irmãos e as irmãs de Jesus'.

sábado, 7 de julho de 2018

SONHOS DE DOM BOSCO: O TRIUNFO DA VIRGEM MARIA

'Era uma noite escura. Os homens não podiam mais discernir qual fosse o caminho para retornar às suas aldeias, quando apareceu no céu uma luz esplendorosíssima que esclarecia os passos dos viajantes como se fosse meio-dia.

Naquele momento, foi vista uma multidão de homens, de mulheres, de velhos, de crianças, de monges, freiras e sacerdotes, tendo à frente o Pontífice, saindo do Vaticano e enfileirando-se em forma de procissão. Mas eis que veio um furioso temporal escurecendo um tanto aquela luz. Parecia engajar-se uma batalha entre a luz e as trevas.

Chegou-se a uma pequena praça coberta de mortos e de feridos, dos quais vários pediam ajuda em altas vozes. As fileiras da procissão tornaram-se bastante ralas. Depois de ter caminhado por um espaço de duzentos tempos do levantar do sol, cada um percebeu que não estava mais em Roma. O espanto invadiu os ânimos de todos, e cada um se recolheu em torno do Pontífice para guardar a sua pessoa e assisti-lo em suas necessidades. Naquele momento, foram vistos dois anjos que portavam um estandarte e o foram apresentar ao Pontífice dizendo: 'Recebe o auxílio daquela que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra. Os teus inimigos desapareceram, os teus filhos, com lágrimas e com suspiros, invocam o teu retorno'.

Levantando, depois, o olhar para o estandarte, viu escrito nele, de um lado Regina sine labe originale concepta [Rainha concebida sem pecado original] e do outro lado Auxillium Christianorum [Auxílio dos Cristãos]. O Pontífice tomou o estandarte com alegria mas, tornando a olhar ao pequeno número daqueles que haviam permanecido em torno de si, ficou aflitíssimo.

Os dois anjos acrescentaram: 'Vai depressa consolar os teus filhos. Escreve a teus irmãos dispersos nas várias partes do mundo que é preciso uma reforma nos costumes e nos homens. Isto só se poderá obter repartindo aos povos o pão da Divina Palavra. Catequizai as crianças, pregai o desapego das coisas da terra.' 'Chegou o tempo', concluíram os dois anjos, 'que os pobres serão os evangelizadores dos povos. Os levitas serão buscados entre a enxada, a pá e o martelo, a fim de que se cumpram as palavras de Davi: Deus levantou o pobre da terra para colocá-lo sobre o trono dos príncipes do teu povo'.

Ouvindo isto, o Pontífice se pôs em movimento e as filas da procissão começaram a engrossar-se. Quando, afinal, ele colocou o pé na cidade santa, começou a chorar por causa da desolação em que estavam os cidadãos, dos quais muitos não existiam mais. Encontrando-se, enfim, em São Pedro, ele entoou o Te Deum, ao que foi respondido por um coro de anjos, cantando: 'Gloria in excelsis Deo, et pax in terris hominibus bonae voluntatis'.

Terminado o canto, cessou de fato toda escuridão e se manifestou um sol fulgidíssimo. As cidades, as aldeias, os campos tinham a população muito diminuída, a terra estava pisada como por um furacão, por um temporal e pelo granizo, e as pessoas iam umas para as outras dizendo com ânimo comovido: 'Há um Deus em Israel'. Do começo do exílio até o canto do Te Deum, o sol se levantou duzentas vezes. Todo o tempo que transcorreu para se cumprirem estas coisas corresponde a quatrocentos tempos do levantar do sol'.

('Memórias Biográficas de Dom Bosco', Vol. X, do Rev. Angelo Amadei, Publicações Salesianas)

PRIMEIRO SÁBADO DE JULHO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

SONHOS DE DOM BOSCO: DAS DUAS COLUNAS NO MAR

'Quero contar-lhes um sonho. É verdade que quem sonha não raciocina, todavia, eu, que lhes contaria até mesmo os meus pecados, se não tivesse medo de fazer que vocês todos fugissem e fazer cair a casa, lhes conto isso para utilidade espiritual de vocês. O sonho, eu o tive há alguns dias.

Imaginem vocês de estar comigo numa praia do mar, ou antes, sobre um escolho isolado, e de não ver outro espaço de terra a não ser aquele que lhes está sob os pés. Em toda aquela vasta superfície das águas se via uma multidão inumerável de navios em ordem de batalha, cujas proas eram terminadas por um agudo esporão de ferro em forma de lança, que, onde era dirigido, feria e traspassava qualquer coisa. Estes navios estavam armados com canhões, carregados com fuzis, com outras armas de todo gênero, com matérias incendiárias, e também com livros, e avançavam contra um navio muito maior e mais alto que todos eles, tentando chocar-se com ele por meio do esporão, incendiá-lo, ou então causar-lhe todo o dano possível.

Aquela nave majestosa, perfeitamente guarnecida, era escoltada por muitas navezinhas que recebiam dela os sinais de comando e executavam manobras para se defender das frotas adversárias. O vento lhes era desfavorável e o mar agitado parecia favorecer os inimigos.

No meio da imensa extensão do mar elevavam-se acima das ondas duas robustas colunas, altíssimas, pouco distantes uma da outra. Sobre uma delas havia a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés pendia um longo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum [Auxílio dos Cristãos]; sobre a outra, que era muito mais alta e mais grossa, havia uma Hóstia de grandeza proporcional à coluna, e sobre um outro cartaz, com as palavras: Salus Credentium [Salvação dos fieis].

O comandante supremo da grande nau, que era o Romano Pontífice, vendo o furor dos inimigos e o mau partido em que se achavam os seus fiéis, pensa convocar para junto de si os pilotos dos navios secundários, para ter um conselho e decidir o que se deveria fazer. Todos os pilotos sobem e se reúnem em torno do Papa. Mantêm uma reunião, mas, enfurecendo-se cada vez mais o vento e a tempestade, eles são mandados de volta para dirigir seus próprios navios.

Ocorrendo um pouco de calmaria, o Papa reúne os pilotos de novo, pela segunda vez em torno de si, enquanto a nau capitânia segue o seu curso. Mas a borrasca volta espantosa. O Papa permanece no timão, e todos os seus esforços são dirigidos a levar a nau para o meio daquelas duas colunas, de cujo cimo pendem, em toda a volta delas, muitas âncoras e grossos ganchos presos a correntes.

Os navios inimigos se movem todos a assaltá-la, e tentam de todo modo detê-la e fazê-la afundar. Algumas com escritos, com livros, com matérias incendiárias de que estão cheias, e que buscam lançá-las a bordo; as demais com os canhões, com os fuzis, e com os esporões; o combate se torna cada vez mais encarniçado. As proas inimigas a chocam violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto se revelam inúteis. Em vão tentam de novo o ataque e desperdiçam toda a sua fadiga e munições: a grande nau prossegue seguramente e livre em seu caminho. Ocorre por vezes que, atingida por golpes formidáveis, apresenta em seus flancos largas e profundas brechas, mas apenas acontece o dano, sopra um vento proveniente das duas colunas e as brechas se fecham e os furos se obturam.

E explodem os canhões dos assaltantes, despedaçam-se os fuzis, e todas as outras armas e os esporões; destroem-se muitos navios e se afundam no mar. Então, os inimigos, furibundos, começam a combater com armas curtas; e com as mãos, com os punhos, com blasfêmias e com maldições. Quando eis que o Papa, ferido gravemente, cai. Imediatamente, aqueles que estão junto com ele correm a ajudá-lo e o levantam. O Papa é ferido a segunda vez, cai de novo e morre.

Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre os seus navios se dá um indizível tripudio. Eis que apenas morto o Pontífice, um outro Papa o substitui em seu posto. Os pilotos reunidos o elegeram tão subitamente que a notícia da morte do Papa chegou com a notícia da eleição do sucessor. Os adversários começam a perder a coragem.

O novo Papa, dispersando e superando todo obstáculo, guia o navio até as duas colunas e, chegando junto a elas, o ata com uma pequena corrente que pendia da proa a uma âncora da coluna sobre a qual estava a Hóstia; e com uma outra pequena corrente que pendia da popa o prende do lado oposto a uma outra âncora, que pendia da coluna sobre a qual estava colocada a Virgem Imaculada.

Então, aconteceu uma grande reviravolta. Todos os navios que até aquele ponto tinham combatido a nau sobre a qual governava o Papa fogem, se dispersam, se chocam e se destroçam mutuamente. Uns naufragam e procuram afundar os outros. Outras navezinhas que tinham combatido valorosamente com o Papa são as primeiras a virem a atar-se àquelas colunas. Muitas outras naus que, tendo-se retirado por temor da batalha. se acham em grande distância, ficam prudentemente observando, até que, desaparecidos nos abismos do mar os restos de todos os navios destroçadas, com grande vigor vogam em direção daquelas duas colunas, onde, chegando, se prendem aos ganchos pendentes das mesmas colunas, e aí ficam tranquilas e seguras, junto com a nau principal, sobre a qual está o Papa. No mar reina uma grande calma'.

(relatado publicamente por Dom Bosco em 30/05/1862)

('Memórias Autobiográficas de Dom Bosco', Vol. VII, do Pe. João Batista Lemoyne)