domingo, 11 de fevereiro de 2018

'EU QUERO, FICA CURADO!'

Páginas do Evangelho - Sexto Domingo do Tempo Comum


No tempo de Jesus, os leprosos eram tomados como homens ímpios e imundos; a terrível doença era a simples manifestação externa de pecados gravíssimos ocultos. A exclusão social os exilava em grupos fora das cidades; o temor e o desprezo dos homens acompanhavam as suas chagas visíveis e outras muito piores que não se revelavam fisicamente. As vestes imundas tentavam esconder a lepra do corpo, que devia ser proclamada, em altos brados, a todos os passantes: 'Impuro, impuro!' Um leproso, porém, ousou sobrepor a sua fé a todos os ditames e regulações extremas da lei vigente e vai ao encontro de Jesus e O interpela em súplica confiante: 'Se queres, tens o poder de curar-me' (Mc 1, 40).

Reconhecido de suas misérias e limitações, a fé daquele homem expressa-se em fluxos de humildade e resignação. Mas vai muito além disso; libertando-se das amarras de sua triste e perversa condição humana, manifesta publicamente a sua crença confiante na autoridade e na misericórdia de Jesus, não apenas para afastar os males, mas para fazer milagres para suprimi-los. Aquele homem crê profundamente que Jesus tem o poder divino de fazer a cura impensável e, nessa crença, modela uma das mais belas profissões de fé descritas nos Evangelhos: 'Se queres, tens o poder de curar-me' (Mc 1, 40).

Jesus, movido de compaixão, determinou prontamente: 'Eu quero: fica curado!' (Mc 1, 41). Jesus demonstra, assim, o poder extremado da graça em reação a uma oração fervorosa e confiante. Mas, a ação de Jesus vai além das primeiras aparências pois, ao tocar aquele homem, a lepra já havia desaparecido. Jesus não toca apenas um corpo livre das chagas e sequelas de uma doença repulsiva, mas a alma purificada de um homem livre da doença do pecado. As multidões que cercam Jesus buscam, em maior grau, os fatos que lhes sensibilizam os instintos. Mas a glória de Deus é manifestada ali muito além das coisas sensíveis. 

É o pecado que inocula uma lepra na alma e a priva da graça santificante, das virtudes e dos bens espirituais e, assim, a exclui, não por um tempo da sociedade dos homens, mas da herança eterna das bem aventuranças de Deus. É a cura da alma que nos deve forjar a ousadia da fé ao irmos ao encontro de Jesus pelos caminhos da vida. Que, a exemplo do leproso, a nossa fé possa superar, então, a barreira dos instintos e suplicar a Deus, mais do que tudo, a cura espiritual, para que sejamos homens limpos e santos na peregrinação dos eleitos à pátria celeste.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

EXISTE (MUITO) PECADO AO SUL DO EQUADOR...

ARQUIVOS DO SENDARIUM
(publicado originalmente no blog em 25/02/2014)

Nestes tempos de licenciosidade e relativismos mórbidos, em que tudo torna-se passível de questionamento geral e corriqueiro, a ideia de impor ou definir limites é irremediavelmente taxada de anacrônica ou obscurantismo 'medieval'. E, neste contexto de um mundo que perdeu completamente a noção do sagrado e do pecado, é perfeitamente compreensível, e até mesmo louvável, que 'não exista pecado ao sul do Equador...'

Neste contexto, o carnaval é o frenesi dos instintos e a apoteose da libertinagem. Mas um católico não poderia objetar que o pecado não está no carnaval, mas na carnavalização dos sentidos? Pode o pecado da ira não estar na ira? Pode o mal esconder-se ambiguamente atrás de algo intrinsecamente neutro? A questão de pecar ou não pecar envolve a relatividade do ato e do fato? De outra forma, as obras do espírito são frutos de suas operações ou, nas palavras de São Tomás de Aquino, operações e obras se correspondem como a edificação de uma casa para a casa edificada (Summa Theologiae).

Nada, absolutamente nada, nos atos humanos ou nas operações do espírito (ideias, juízos, imaginação, raciocínio), podem ser incondicionalmente neutras no âmbito da moral cristã: ou conduzem à maior glória de Deus ou nos afastam inexoravelmente da vida da graça: 'Portanto, quer comais quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus' (I Cor 10, 31). E, assim, como a ira tornada ação, a ira entranhada é também pecado. Expor-se à ocasião do pecado já é pecado. O que se impõe, além disso, é meramente a questão da maior ou menor gravidade de um e de outro pecado.

Se nosso propósito é fazer tudo para a glória de Deus, na edificação cotidiana da casa, o que estaremos fazendo exatamente nestes dias em um bloco de carnaval? Investidos na supressão dos costumes formais, em meio à turba eufórica e excitada, subjugados pela onda avassaladora da licenciosidade dos sentidos? 

Ora, se numa discussão, eu me permito ser dominado pela cólera e, em vez de confrontá-la com a objeção do autocontrole e do discernimento, eu a admito tendo em vista um alardeado controle sobre os meus atos, ainda assim, não passo de um encolerizado pecador. Da mesma forma, ainda que seduzido ou enganado pelos rompantes de se buscar apenas diversão no carnaval, numa festa intrinsecamente contrária à moral cristã, você será apenas mais um folião na legião de pecadores. E, convenhamos que, para um católico, isso não é nada engraçado...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (VII)

XXI

AÇÃO DAS CRIATURAS NO GOVERNO DO MUNDO: ORDEM DO UNIVERSO

Podem as criaturas exercer o influxo de umas nas outras para efetuar as mudanças e alterações que se observam no mundo?
Sim, Senhor; e neste mútuo influxo se funda a ordem do universo (XLVII, 3)*.

Estão reguladas estas ações pelas leis da Providência divina?
Sim, Senhor; e de modo especialíssimo (CIII, 6).

Por que?
Porque são o meio ou instrumento de que Deus se utiliza para conduzir as criaturas em conjunto ao fim que lhes assinalou (Ibid).

Pode Deus prescindir do concurso das criaturas no governo do mundo?
Sem dúvida alguma pode, porém foi melhor que as utilizasse, pois deste modo Ele aparece maior e a criatura, mais enobrecida e perfeita.

Por que ganham as criaturas em nobreza e perfeição?
Porque concorrem com a ação soberana de Deus, na obra de guiar os seres ao seu fim último (CIII, 6-3).

Por que Deus aparece maior?
Porque manifesta-se nEle sinal de grandeza e poderio soberano o ter a seu serviço uma legião de ministros que executem submissos os seus mandatos (Ibid).

Logo, quando as criaturas exercem mútuo influxo limitam-se a cumprir as ordens absolutas de Deus?
Sim, Senhor; porque é impossível que executem atos não previstos, nem ordenados no plano da Providência Divina (Ibid).

É possível que a atuação da criatura, obrando como instrumento de Deus no governo do mundo, perturbe ou contrarie o plano divino?
Não, Senhor; porque quaisquer que sejam os seus atos, ordenados estão por Deus, para o bem do universo (CIII, 8, ad 1).

Podem, não obstante isto, ser causa de algum mal particular?
Sim, Senhor; podem ocasionar alguns males físicos e até morais, porque, em determinadas ocasiões, umas vezes perturbam a ordem inferior de um grupo de seres e outras vezes impedem alguma manifestação secundária do poder e da vontade de Deus.

Ferem estes males particulares a ordem estabelecida no plano divino?
Considerando o plano em conjunto, não Senhor.

Por que?

Porque o soberano poder de Deus é tal, que se utiliza do mal particular, e depois de o ter subordinado a um fim mais elevado, ele vai contribuir para o bem universal (Ibid, XIX, 6; XXIII 5 ad 3).

Logo, não há ação das criaturas que não esteja maravilhosamente disposta, para cooperar, sob a direção suprema de Deus, para o bem do universo?

Não, Senhor; e se alguma coisa aparece prejudicial ou deslocada num plano inferior, considerado de um ponto de vista mais alto, ela tem sempre a razão suficiente, sapientíssima e profundíssima.

Pode o homem, neste mundo, abranger e compreender a maravilhosa grandeza e harmonia do plano divino?
Não, Senhor; porque necessitaria conhecer todas as criaturas, assim como os incontáveis segredos do plano divino.

Onde as compreenderá?
Somente no céu.

XXII

AÇÃO DOS ANJOS NO GOVERNO DO MUNDO - ORDENS E HIERARQUIAS ANGÉLICAS

Atuam também umas criaturas sobre as outras no mundo dos espíritos?
Sim, Senhor.

Como se chama este influxo?
Chama-se iluminação (CVI, 1).

Por que?
Porque um espírito puro influi no outro para transmitir-lhe a iluminação que recebe de Deus, relacionada com o governo do mundo (Ibid).

Logo, a iluminação, que procede de Deus, comunica-se aos espíritos, ordenada e gradualmente?
Comunica-se com graduação e ordem maravilhosa.

Que entendeis, quando afirmais que se comunica com graduação e ordem maravilhosa?
Que Deus a comunica diretamente aos que estão mais próximos dEle, e estes aos demais anjos, porém com ordem tão severa que a iluminação dos primeiros só pode chegar aos últimos por ação dos intermediários (CVI, 3).

Logo há anjos superiores, intermediários e últimos na ordem estabelecida para se comunicarem entre si as iluminações que emanam de Deus?
Sim, Senhor (CVIII, 2).

Podereis esclarecer com um exemplo em que consiste esta subordinação?
Poderíamos compará-la a um rio que, em vistosas cascatas, se precipita de rocha em rocha, alimentando o seu curso, sem cessar, com as águas de um lago, situado no alto da montanha.

Há, em cada uma das ditas categorias angélicas, diversos agrupamentos?
Sim, Senhor (CVIII).

De quantas classes são?
De duas classes.

Que nome têm?
Chamam-se Hierarquias e Ordens Angélicas (Ibid).

Que significa o nome de Hierarquia?
Hierarquia é uma palavra derivada do grego que significa 'Principado Sagrado'.

Que coisas se expressam com a palavra Principado?
Duas: O príncipe e a multidão a ele subordinada (Ibid).

Qual é, pois, o significado completo da expressão 'Principado Sagrado'?
Significa e designa o conjunto de todas as criaturas racionais, chamadas a participar das coisas santas, debaixo do governo único de Deus, Rei dos Reis e Príncipe Soberano (Ibid).

Logo, só há uma hierarquia e um principado sagrado no mundo?
Considerado por parte de Deus, Rei Soberano de todas as criaturas racionais por Ele regidas, só há uma hierarquia ou principado sagrado, que compreende os anjos e os homens (Ibid).

Por que, pois, e em que sentido, se fala das hierarquias no plural e especialmente no mundo dos espíritos puros ou anjos?
Porque, atendendo aos súbditos, classificam-se os principados segundo os diversos modos como o príncipe os governa (Ibid).

Poderíeis elucidá-lo com um exemplo?
Sim, Senhor; debaixo do cetro de um monarca pode haver cidades e províncias regidas sob diversas leis e diferentes ministros (ibid).

São os homens da mesma hierarquia que os anjos?
Enquanto vivem neste mundo, não, Senhor (Ibid).

Por que dizeis 'enquanto vivem neste mundo'?
Porque no céu serão admitidos nas hierarquias angélicas (CVIII, 8).

Logo, há várias hierarquias angélicas?
Sim, Senhor (CVIII, 8).

Quantas são?
São três (Ibid).

Em que se distinguem?
Na forma diversa de conhecer a razão das coisas concernentes ao governo divino (Ibid).

Como as conhecem os da primeira hierarquia?
Com a iluminação direta procedente do mesmo Deus.

Que se segue daqui?

Segue-se que os anjos da primeira hierarquia são os mais próximos de Deus e, portanto, as ordens desta hierarquia tomam os seus nomes de algum ministério que tenha por objeto o mesmo Deus (CVIII, 1,6).

Como conhecem os anjos da segunda hierarquia a razão das decisões concernentes ao governo do mundo?
Nas suas causas universais criadas (Ibid).

Que se deduz deste princípio?
Que os anjos da segunda hierarquia as conhecem, mediante a iluminação dos da primeira e suas ordens tomam o nome de algum ministério que tenha por objeto o conjunto de todas as criaturas (ibid).

Como as conhecem os anjos da terceira hierarquia?
Enquanto são executivas e dependem de suas causas próximas (Ibid).

Que se deduz deste modo de conhecer?
Que os anjos da última hierarquia recebem as ordens divinas tão concretas e particularizadas como é necessário para comunicá-las às nossas inteligências e as suas ordens recebem denominação de atos limitados a um homem, como os anjos da guarda, ou a uma província, como os principados (CVIII, 6).

Podereis esclarecer a doutrina exposta com uma comparação?
Com a seguinte: nas cortes dos reis há assessores e conselheiros áulicos que assistem à pessoa do monarca; há secretários da real cúria e despacho a cujas secretarias vêm ter os negócios gerais de todo o reino: há, por fim. governadores e prepostos nas diversas províncias e nos diversos ramos da administração.

São as ordens angélicas distintas das hierarquias?
Sim, Senhor (CVIII, 2).

Em que se distinguem?
Em que as hierarquias se integram com diversas multidões de anjos que formam diferentes principados. debaixo do governo divino, e as ordens constituem classes distintas dentro das multidões que formam uma mesma hierarquia (Ibid).

Quantas ordens há em cada hierarquia?
Há três (Ibid).

Por que?
Porque é uma semelhança do que se passa entre os homens, onde se agrupam as classes sociais em aristocracia, classe média e povo inferior (Ibid).

Logo, em cada hierarquia, há anjos superiores, médios e inferiores?
Sim, Senhor e a estas categorias chamamos ordens angélicas (Ibid).

Logo, são nove as ordens angélicas?
As principais são nove (CVIII, 5, 6).

Por que dizeis 'as principais'?
Porque em cada ordem há infinitas sub-ordens, visto que cada anjo tem a sua categoria e ofício particular, ainda que nos não é dado conhecê-las neste mundo (CVIII, 3).

Ordem é o mesmo que coro angélico?
Sim, Senhor.

Por que se dá o nome de coros às ordens angélicas?
Porque, cumprindo as diversas ordens a missão que Deus lhes confia no governo do mundo, formam grupos harmônicos, onde maravilhosamente se retrata a glória divina.

Que nome têm as ordens angélicas?
Enumerados, em ordem descendente, chamam-se: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e Anjos (CVIII, 5).

Há ordens ou classes entre os demônios?
Sim, Senhor; porque a ordem angélica depende da natureza de cada anjo, e esta permaneceu nos demônios.

Logo, há subordinação entre eles, como a havia antes da queda?
Sim, Senhor.

Algum dos demônios utiliza esta superioridade para praticar o bem?
Nunca, sempre para praticar o mal (CIX, 3).

Não existe, portanto, iluminação entre os demônios?
Não, Senhor, por isso que seu reino é chamado de império das trevas.

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular).

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

08 DE FEVEREIRO - SANTA JOSEFINA BAKHITA


A primeira santa africana nasceu numa aldeia próxima a Dardur, no Sudão, por volta de 1869 – ela mesma não sabia a data precisa. Raptada por traficantes de escravos aos nove anos de idade, foi trancada inicialmente em um quarto escuro e miserável, depois espancada barbaramente e vendida cinco vezes nos mercados do Sudão, padecendo todo tipo de humilhação e selvageria nas mãos dos seus senhores. Este martírio atroz desde tenra idade roubou-lhe o próprio nome; o nome Bakhita - 'afortunada' em árabe -  foi-lhe dado pelos próprios traficantes.

Mas o pior dos tormentos ainda estava por vir. Comprada por um general turco, foi submetida a sofrimentos inimagináveis a serviço da mãe e da esposa deste homem, que incluíram dezenas de tatuagens no seu corpo abertas por navalha e que lhe legaram 144 cicatrizes e um leve defeito ao caminhar. A descrição destes tormentos foi assim exposta nas palavras da santa:

'Uma mulher habilidosa nesta arte cruel [tatuagem] veio à casa principal... nossa patroa colocou-se atrás de nós, com o chicote nas mãos. A mulher trazia uma vasilha com farinha branca, uma vasilha com sal e uma navalha. Quando terminou de desenhar com a farinha, a mulher pegou da navalha e começou a fazer cortes seguindo o padrão desenhado. O sal foi aplicado em cada ferida... Meu rosto foi poupado, mas 6 desenhos foram feitos em meus seios, e mais 60 em minha barriga e braços. Pensei que fosse morrer, principalmente quando o sal era aplicado nas feridas... foi por milagre de Deus que não morri. Ele havia me destinado para coisas melhores'.

Em 1882, com o retorno do general à Turquia, Bakhita foi comprada pelo cônsul italiano Calixto Legnani que a tratou como serviçal e não como escrava, sem humilhações e castigos. Diante de uma revolução nacionalista no Sudão, o cônsul retornou à itália levando Bakhita consigo, que foi cedida então a amigos do cônsul, o casal Michieli, em cuja casa começou a morar na região do Veneto, tendo por encargo especial os cuidados da filha do casal, a pequena Mimina. Foi nesta família católica que Bakhita conheceu a revelação de Jesus Cristo, sua flagelação e sua morte de cruz. O caminho de Bakhita estava traçado: da conversão à santidade pela via da caridade e do perdão. 

Em 9 de janeiro de 1890, foi batizada e crismada com o nome de Josefina e recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Patriarca de Veneza. Pouco depois, solicitou seu ingresso no Instituto das Filhas da Caridade, fundado por Santa Madalena de Canossa. Em 8 de dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos finais de religiosa da congregação. A partir de então, por mais de 50 anos, sua vida foi um ato constante de amor a Deus e à caridade para com todos. Além de operosa nos serviços simples como na sacristia e na portaria do convento, realizou várias viagens através da Itália para difundir a sua missão: a libertação dada a ela pelo encontro com Cristo deveria ser compartilhada com o maior número possível de pessoas; a redenção que experimentara não podia ser guardada como posse, mas levada como sinal de esperança para todos.


Em 8 de fevereiro de 1947, após muito sofrimento de doenças como bronquites e pneumonias, a Irmã Josefina faleceu no convento canossiano de Schio, com a idade de 78 anos. Na hora da sua morte, seu semblante pareceu iluminar-se e exclamou com alegria suas últimas palavras 'Como estou contente! Nossa Senhora, Nossa Senhora!' A Irmã Moretta - a Irmã Morena - como era carinhosamente conhecida entregava serenamente a sua alma ao Senhor, rodeada pela comunidade em pranto e em oração. Seu corpo foi enterrado originalmente na capela de uma família de Schio, para um sepultamento definitivo posterior no Templo da Sagrada Família. Quando isso foi finalmente preparado, verificou-se que o corpo de Bakhita estava incorrupto, sendo o mesmo sepultado então sob o altar da igreja do mesmo convento. Em 17 de maio de 1992 foi beatificada e, em 1º de outubro de 2000, foi elevada à honra dos altares e declarada santa pelo Papa João Paulo II.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

10 MANEIRAS DO CATÓLICO PASSAR O CARNAVAL

1. No silêncio e no anonimato de tua oração fervorosa, aplaque a cólera de Deus contra os homens mergulhados nas desordens e licenciosidades do carnaval.

2. Pratique, de forma anônima e recata, a piedade e a caridade extremadas a muitos de teus próximos, nestes terríveis dias da insensatez humana!

3. Afaste-se completamente de todos os espetáculos, desordens, sensualidades e demais loucuras daqueles que se embriagam dos prazeres do carnaval pela força dos costumes.

4. Reflita, de forma muito especial e reverente, a memória e a paixão do Senhor nestes dias de carnaval.

5. Busque refúgio no escondimento do mundo, com o firme propósito de manifestar a glória de Deus, nestes dias, por meio da tua vida vivida inteiramente na pequenez e na solidão.

6. Visite o Santíssimo Sacramento durante os dias de carnaval e ofereça a tua oferta de desagravo aos pecados cometidos pelos homens ensandecidos de carnaval.

7. Antecipe a tua preparação, com zelo redobrado, de continência e penitência para a Quaresma.

8. Reze, reze muito, reze o tempo inteiro, com a tua oração, o teu silêncio, o teu descanso, o teu trabalho manual, o teu trabalho mental, com as tuas ações pequenas, simples, cotidianas e boas, oferecendo-as a Cristo em reparação às injúrias e loucuras de tantos homens nestes dias de carnaval.

9. Participe de santas missas, de exercícios ou retiros espirituais ou de atos de adoração, e reze particularmente pelos teus irmãos que dissipam a graça de Deus neste tempo de insanidades.

10. 'Abraça a cruz, enterra-a no seu coração... compadeça de mim e participe da minha dor' (Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque).

domingo, 4 de fevereiro de 2018

SOFRIMENTO, APOSTOLADO E ORAÇÃO

Páginas do Evangelho - Quinto Domingo do Tempo Comum


No Evangelho deste Quinto Domingo do Tempo Comum, Jesus manifesta aos homens três grandes pilares da fé cristã: o sofrimento, o apostolado e a oração. Todos eles estão intrinsecamente associados, todos eles são essenciais no plano salvífico do Pai: a saúde do corpo e da alma (cura) implica o apostolado (a necessidade de servir ao outro) e a força de ambos emana e se alimenta da oração, fruto da intimidade do homem com si mesmo e diante de Deus.

Jesus, assim que chegou à casa de André e Simão, sanou de imediato a febre alta que prostrava na cama a sogra de Pedro. Na febre desta mulher, estão representados todos os males físicos e e espirituais da humanidade, que constituem os sofrimentos e as tentações inevitáveis à condição humana e que somente podem ser curados em nome do Senhor. Naquele dia exaustivo, 'Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios' (Mc 1, 34).

'Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los' (Mc 1, 31). A alma, consolada em Deus sente, então, o impulso imperativo de praticar o bem, de acolher e de servir. O homem incensado por Deus tem alma de apóstolo e sua ação se transforma em missão: levar o Evangelho aos que o cercam e levar a todos ao Senhor da Vida. Jesus demonstra isso, ainda no início de sua pregação pública, indo a todos os lugares e andando por toda a Galileia, para proclamar a Boa Nova: 'Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim' (Mc 1, 38). A semente deve ser lançada pela terra inteira, e dará fruto ou não, se for ou não for aceita, se for ou não acolhida.

A saúde do corpo e da alma e a vocação para o apostolado emanam da oração nascida da sincera entrega do homem diante de sua consciência, na intimidade com Deus. Os Evangelhos descrevem muitas situações em que Jesus está em oração em um lugar retirado, como esta de hoje: 'De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto' (Mc 1, 35). Nestes momentos de profunda meditação, Jesus vai buscar consolo e alento no diálogo amoroso com o Pai e nos revela, com soberana clareza, que a superação de todos os nossos sofrimentos e mazelas, de corpo e de alma, tem como única fonte e remédio a oração profunda com Deus nos mistérios da graça. 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

FÁTIMA EM FATOS E FOTOS (XVIII)

86. A quem foi dirigida e em que consiste a devoção reparadora dos Primeiros Sábados pedida por Nossa Senhora?

A devoção reparadora dos Primeiros Sábados (associada diretamente à recitação do Rosário) foi um pedido de Nossa Senhora dirigido a todos os católicos do mundo, como tributo de oração e devoção para a salvação das almas e para a obtenção da paz do mundo. 

Nesse pedido, Nossa Senhora ratificava a prática piedosa de considerar o sábado como dia consagrado especialmente à Santíssima Virgem desde provavelmente os primeiros séculos da Igreja (fato concreto é que tal devoção já era praticada pelas Confrarias do Rosário, na forma de uma consagração especial a Nossa Senhora durante quinze sábados consecutivos, e que tal devoção já constava expressamente no missal romano de São Pio V, de 1570). Em 10 de julho de 1905, o papa São Pio X indulgenciou pela primeira vez esta devoção nos seguintes termos:

'Todos os fiéis que, no primeiro sábado ou primeiro domingo de doze meses consecutivos, consagrarem algum tempo com a oração vocal ou mental em honra da Virgem Imaculada em sua Conceição ganham, cada um desses dias, uma indulgência plenária. – condições: confissão, comunhão e oração nas intenções do soberano pontífice'.

Exatamente 5 anos (exatos!) antes da aparição e do pedido de Nossa Senhora, em 13 de junho de 1912, o papa São Pio X concedia novas indulgências à devoção dos primeiros sábados do mês, enfatizando a intenção reparadora inerente a esta devoção:

'A fim de promover a devoção dos fiéis para a gloriosa e imaculada Mãe de Deus, e para favorecer o piedoso desejo de reparação dos fiéis diante das blasfêmias execráveis proferidas contra o seu augusto nome e as celestes prerrogativas desta mesma bem-aventurada Virgem, Pio X, papa pela divina Providência, dignou-se conceder uma indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação como indicado acima e rezarem nas intenções do soberano pontífice' (Acta Apostolicae Sedis 4, 1912).

São Pio X (1835 - 1914)

Assim, o pedido de Nossa Senhora consolida, reforça e fomenta a ampliação de uma das mais belas práticas de devoção mariana já enraizada na mais pura tradição católica e no acervo litúrgico da Santa Igreja.

87. Quais foram os termos, as condições e as promessas inerentes à devoção reparadora dos Primeiros Sábados feita por Nossa Senhora?

Os termos e as condições inerentes à devoção reparadora dos Primeiros Sábados pedida por Nossa Senhora foram detalhados por Nossa Senhora, em aparição ocorrida na noite de 10 de dezembro de 1925, quando Lúcia, então postulante na casa doroteana em Pontevedra/Espanha, encontrava-se sozinha na sua cela após o jantar. Na aparição, Nossa Senhora trazia numa das mãos um coração cravado de espinhos e tinha, ao seu lado, o Menino Jesus suspenso sobre uma nuvem luminosa, que falou inicialmente:

'Tem pena do Coração de tua Santíssima Mãe que está coberto de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar'.

Em seguida, Nossa Senhora disse a Lúcia:

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no Primeiro Sábado, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos quinze Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação destas almas'.


Constata-se, portanto, ser Lúcia a depositária expressa da divulgação mundial desta devoção. Com efeito, em 15 de fevereiro de 1926, ocorreu uma nova aparição do Menino Jesus. Ele perguntou então à Lúcia se ela já tinha difundido a devoção à sua Santíssima Mãe. A Irmã Lúcia apresentou a dificuldade que algumas almas tinham de se confessar ao sábado, e pediu para ser válida a confissão de oito dias. Eis a resposta de Jesus: 'Sim, pode ser de muitas [maneiras] mais ainda, contanto que, quando Me receberem, estejam em graça, e que tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria'.

Quando a Irmã Lúcia perguntou mais tarde a Nosso Senhor (na noite do dia 29 para 30 de maio de 1930) a razão da devoção abranger Cinco Primeiros Sábados, Ele respondeu:

'Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
  • contra a Imaculada Conceição;
  • contra a Sua Virgindade;
  • contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
  • contra os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
  • contra os que A ultrajam diretamente nas Suas sagradas imagens.
A intenção primária da devoção é estas ações de reparação dos pecados que ultrajam e blasfemam contra a Mãe de Deus, atestado pelas palavras de Jesus a Lúcia após elencar as cinco espécies de ofensas a serem reparadas: 

'Eis, minha filha, porque motivo o Imaculado Coração de Maria me inspirou para pedir esta pequena reparação e em consideração a ela, comover minha misericórdia para perdoar as almas que tiveram a infelicidade de ofendê-lo. Quanto a ti, procure sem cessar, por tuas orações e teus sacrifícios, comover minha misericórdia em relação às pobres almas'.

Em revelação adicional, em carta da irmã Lúcia dirigida ao bispo titular de Gurza, de 27 de maio de 1943, a vidente enfatiza as promessas do poder e da eficácia sobrenatural da devoção aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria:

Os Santíssimos Corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria] porque dele se servem para atrair todas as almas a eles e isto é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas. Nosso Senhor me dizia, há alguns dias: 'Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia'.


88. O pedido de Nossa Senhora quanto à devoção reparadora dos Primeiros Sábados foi atendido pelos homens?

Parcialmente, sim, mas certamente muito aquém do tesouro inesgotável de graças propostas pelos Céus para 'salvar as almas, muitas almas, todas as almas'. Com efeito, a devoção já consistia de prática comum pela Igreja há muito tempo, porém sem os frutos abundantes de salvação prescritos. O diálogo (locução interior) entre a Irmã Lúcia e o Menino Jesus, em 5 de fevereiro de 1926, nos dá a dimensão deste descompasso:

–  Meu confessor dizia em sua carta que esta devoção não fazia falta ao mundo porque já havia muitas almas que vos recebia todo primeiro sábado, em honra de Nossa Senhora e dos quinze mistérios do rosário.

– É verdade, minha filha, que muitas almas começam, mas poucas vão até o fim; e aquelas que perseveram, não fazem para receber as graças que estão prometidas. As almas que fazem os cinco primeiros sábados com fervor e com o fim de reparar o Coração de tua Mãe do Céu me agradam mais do que aquelas que fazem quinze, sem ardor e indiferentes.

Eis, portanto, as premissas necessárias da devoção: um profundo fervor, humildade e firme propósito de reparação contra os pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Estas premissas e os termos da devoção são praticados por almas reparadoras no mundo inteiro. Mas seriam tantas para apagarem as inúmeras blasfêmias, os sacrilégios e as nefandas injúrias contra a dignidade, as honras e os privilégios da Santíssima Virgem? Não são estes pecados tão disseminados, tão incentivados e tão explorados nos nossos tristes tempos em nome do ecumenismo, do respeito humano e do ódio a Igreja de Cristo? E, tragicamente, muitos deles não são cometidos pelos próprios católicos e até mesmo por certos setores da Igreja Católica?


89. A quem foi dirigida e como deveria ser realizada a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria?

Ao contrário da devoção anterior, o pedido do ato de consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria foi dirigido explicitamente às autoridades hierárquicas da Igreja (papa e bispos). Os termos e as condições inerentes ao pedido da consagração da Rússia foram expostos por Nossa Senhora em uma nova aparição a Lúcia no Convento de Tuy, ocorrida em 13 de junho de 1929:

'É chegado o momento em que Deus pede ao Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação; sacrifica-te por esta intenção e ora'.

Ou seja, o ato de consagração se inclui na mesma medida de reparação da devoção dos Primeiros Sábados e deveria compreender três princípios indissociáveis:
  • a consagração deve ser feita expressamente em nome da Rússia (e não genericamente em nome do mundo inteiro);
  • a consagração deve ser conduzida pelo Santo Padre;
  • a consagração deve ser feita em conjunto com todos os bispos do mundo.
Em carta dirigida ao seu diretor espiritual, datada de 18 de maio de 1936, Lúcia revelou que havia perguntado recentemente a Nosso Senhor (por locução interior) porque Ele mesmo não fazia esta consagração independentemente da vontade da Igreja, ao que Jesus lhe havia respondido:

'Porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Imaculado Coração de Maria, para depois estender o seu culto e para por, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração'.

Insistindo, Lúcia havia argumentado que o Santo Padre não daria crédito aos seus apelos se não fosse movido por uma inspiração especial dos Céus, ao que Jesus respondeu:

'O Santo Padre! Ora muito pelo Santo Padre! Ele há de fazê-la, mas será tarde*! No entanto, o Imaculado Coração de Maria há de salvar a Rússia, pois esta lhe está confiada.

* em outra carta da vidente, datada de 19 de agosto de 1931, Lúcia esclarece que o termo revelado foi 'tarde' e não 'muito tarde' porque 'nunca será tarde demais para recorrer a Jesus e a Maria'.

90. O pedido de Nossa Senhora quanto à consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração foi atendido pela Igreja Católica?

Considerando as condições exigidas em conjunto, a resposta é infelizmente NÃO. Todas as tentativas levadas a cabo nesse sentido nos últimos 88 anos (1929 - 2018) por diferentes pontífices foram parciais ou incompletas e não cumpriram todas as exigências impostas. É um paradoxo estranho e singular que Aquela que abriu com seu Fiat sem vacilações o caminho da salvação humana não tenha recebido um Fiat generoso da Igreja à última e extraordinária graça de salvação oferecida por Ela a toda a humanidade. Muito ao contrário.

A síntese abaixo apresenta o histórico dos eventos relativos ao não cumprimento dessa manifestação da Senhora de Fátima para os diferentes mandatos pontifícios no período 1929 - 2018:

⁜ Pio XI (1922 - 1939):  não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;


⁜ Pio XII (1920 - 1958): em 31 de outubro de 1942, em mensagem via rádio, o Papa Pio XII realizou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, renovando-a em 8 de dezembro de 1942, sem fazer uma menção explícita à Rússia. 

A natureza incompleta desta consagração foi exposta pela própria Lúcia, em carta dirigida ao bispo de Gurza, em 28 de fevereiro de 1943: 'O Bom Deus tinha-me mostrado já o seu contentamento pelo ato, ainda que incompleto, segundo o seu desejo, do Santo Padre e de vários bispos. Em troca, promete acabar breve a guerra. A conversão da Rússia não será já'.

(Leitura do ato de consagração do Papa Pio XII realizado em 31 de outubro de 1942) 

Em maio de 1952, Nossa Senhora ratificava a condição parcial desta consagração à Irmã Lúcia: 'Faz saber ao Santo Padre que Eu ainda estou à espera da Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração. Sem a Consagração da Rússia, a Rússia não poderá converter-se e o mundo não terá paz'.

Pio XII escreveu então a carta apostólica Sacro Vergente Anno, em que ele consagra e, de forma especial, confia todos os povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Nomeou-se a Rússia no texto, mas não se realizou nenhuma cerimônia pública e solene, nem houve a conclamação dos bispos do mundo inteiro para que se unissem ao ato.

⁜ João XXIII (1958 - 1963): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ Paulo VI (1963 - 1978): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ João Paulo I (1978 - 1978): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ João Paulo II (1978 -  2005): em 7 de junho de 1981, o papa João Paulo II realiza em Roma um ato de consagração de 'toda a família humana' à 'Mãe dos Homens e dos Povos'; este ato seria ratificado em Fátima posteriormente, em 13 de maio de 1982 e, evidentemente, não cumpriram os pressupostos do pedido feito por Nossa Senhora. 

Em Roma, em 25 de março de 1984, diante de 250.000 pessoas e tendo solicitado expressamente aos bispos do mundo inteiro que compartilhassem o ato, João Paulo II oferece e consagra o mundo à 'Mãe dos Homens e dos Povos', mas também não faz nenhuma menção específica à Rússia.

⁜ Bento XVI (2005 -  2013): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ Francisco (2013 - ): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia até o momento.

Conclui-se, portanto, que o ato de consagração ainda não foi feito como pedido por Nossa Senhora em Fátima e, apesar de algumas assertivas deste fato alegadamente expressas pela própria Irmã Lúcia, é muito fácil demonstrar o contrário. Com efeito, como consequências imediatas do ato de consagração, Nossa Senhora havia prometido a conversão da Rússia, um tempo de paz para o mundo e a salvação de muitas almas. Nenhuma destas promessas é efetivamente corroborada pelos fatos e pelos tristes tempos em que vivemos. Mas, há uma certeza absoluta e definitiva de que o Imaculado Coração de Maria há de prevalecer no final e que 'nunca será tarde demais para recorrer a Jesus e a Maria'.