domingo, 28 de janeiro de 2018

'CALA-TE!'

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo do Tempo Comum


Num certo dia de sábado, ainda no início do tempo de sua pregação pública, Jesus se dirige a uma sinagoga de Cafarnaum. E se põe a ensinar aos presentes, não conforme as prescrições vigentes e nem como um escriba qualquer, mas com a autoridade suprema de ser Ele próprio a Verdade falada e afirmada por todos os profetas. Aqueles homens privilegiados da história escutaram naquele sábado as primeiras palavras de uma nova doutrina, nascida do próprio coração de Deus.

Deus falava aos homens naquele sábado em Cafarnaum. E as palavras de Jesus ressoavam pela sinagoga e reverberavam, com ruídos estridentes, nos portais do inferno, transtornando os espíritos imundos. O mal, então, reage na sua cantilena miserável, pelos gritos de um possesso qualquer: 'Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus' (Mc 1, 24). 

Jesus vai fazer o demônio se calar peremptoriamente: 'Cala-te e sai dele!' (Mc 1, 25). 'Cala-te!' Sim, pois não se deve dar ouvidos ao demônio em condição alguma, pois não se obtém proveito algum da sordidez do maligno; o mal apenas faz conluio com o mal e, mesmo a verdade - 'tu és o Santo de Deus' - torna-se repugnante e maliciosa nas entranhas do pai da mentira. Não existe confabulação ou argumentação possível com o mal, mas apenas a sua condenação explícita e imediata: 'Cala-te!' Jesus é imperativo ao expulsar o demônio do possesso e, assim, não lhe dar a menor chance de réplica. 

Não há melhor didática que tal ensinamento diante dos inevitáveis confrontos e tentações humanas diante da avassaladora força do mal: não admitir concessão alguma à sua manifestação. Diante do mal, diante das tentações, diante das ciladas dos espíritos maus às condições humanas, este 'cala-te!' deve soar de pronto e definitivo: 'Cala-te!' Diante das lamentações frouxas, da tibieza, da preguiça, do orgulho: 'Cala-te!' Contra todas as ocasiões de pecado e de perda dos fundamentos da nossa fé: 'Cala-te!' Contra o mundo, se o mundo estiver contra a Verdade: 'Cala-te!' Seguindo os preceitos de Jesus, não nos basta apenas praticar o bem, mas também fazer calar e desaparecer de vez o mal que grita e se estertora entre as misérias do mundo.  

sábado, 27 de janeiro de 2018

NÃO É ESTRANHO?

Não é estranho como uma nota de 50 reais parece muito dinheiro quando é para se pagar o dízimo para a igreja, mas parece muito pouco quando você faz compras?

Não é estranho que duas horas de uma missa pareçam excessivamente longas e passam despercebidas quando você está assistindo um bom filme?

Não é estranho que você tenha dificuldades para encontrar as palavras certas para fazer uma oração a Deus e elas sejam sempre tão fáceis numa mesa de conversa com os amigos?

Não é estranho que seja tão difícil e aborrecido dedicar-se à leitura de um só capítulo da Bíblia, mas tende a ser tão prazeiroso ler as notícias populares pela internet e pelas mídias sociais mesmo que um dia inteiro?

Não é estranho como todos queiram ingressos nos primeiros lugares para assistir um jogo de futebol ou uma peça de teatro, mas preferem se sentar nas últimas fileiras na igreja?

Não é estranho que temos a mania de exigir uma agenda com muita antecedência para participarmos de eventos religiosos, mas somos capazes de nos ajustarmos no último minuto para assistirmos eventos profanos?

Não é estranho como compartilhamos mensagens e vídeos grosseiros nas redes sociais a todo o momento, mas resistimos e pensamos duas vezes quanto às mensagens e vídeos religiosos da nossa fé católica?

Não é estranho a grande dificuldade que temos em proclamar e compartilhar a palavra de Deus, mas temos um oceano de facilidades para divulgar fofocas e amenidades com os outros?

Não é estranho como acreditamos tão facilmente em quem desmerece ou tenta questionar a nossa fé católica, mas empreendemos tantos obstáculos à sã doutrina imposta pela nossa Igreja?

Não é estranho como todos querem um lugarzinho no céu e acham que um amém lhes basta para isso, mas dedicam o tempo inteiro de suas vidas em ajuntar tesouros e acumular o máximo de lugares neste mundo?

Não é estranho apenas parecermos católicos e não praticarmos a autêntica fé católica?

Isso tudo não é estranho, muito estranho, meus irmãos católicos?

(tradução livre e adaptação do autor do blog de texto original de autor desconhecido)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

OS CATÓLICOS PODEM PRATICAR A IOGA?

Muitos católicos estão realmente convencidos de que a ioga é apenas um sistema de posturas físicas especiais e nada mais do que isso, constituindo uma prática saudável, tal como a de se fazer exercícios de ginástica em uma academia. Na verdade, a ioga é algo muitíssimo mais perigoso do que isso para os católicos: as aparentes benéficas posturas e exercícios de respiração são na verdade passos camuflados para uma união panteísta-niilista com Brahma, conceito hindu de Deus.

A palavra ioga vem da raiz sânscrita yuj, que significa 'união', porque a ioga visa exatamente promover a união entre o eu temporal (jiba) com o eu infinito (Brahma). Qualquer tipo de ioga (Raja yoga, Karma yoga, Jnana yoga, Hatha yoga, Laya yoga ou Kundalini yoga, Bhakti yoga e Mantra yoga) busca estabelecer este estado de conexão com seu 'eu divino' e cada uma de suas posições é projetada explicitamente para adorar uma de suas divindades. Isto é feito por meio das posturas das mãos (mudras), do corpo (asanas), do som (mantras) e também da respiração (pranayama).

As oito práticas de ioga que projetam levar o praticante da fase da ignorância à iluminação incluem o autocontrole (yama); a prática religiosa (niyama); posturas (asanas); exercícios de respiração (pranayamas); o controle dos sentidos (pratyaharas); a concentração (dharana); a contemplação profunda (dhyana) e, finalmente, a iluminação (samadhi). As posturas e os exercícios de respiração, aparentemente tomados como atividades inócuas e prazeirosas, são na realidade os passos 3 e 4 deste caminho em direção à união panteísta-niilista com Brahma.

Muitos católicos certamente dirão que praticam a ioga apenas por razões físicas e não com interesses espirituais, com a única finalidade de bem estar físico e controle mental. Certamente dirão também que os seus instrutores de ioga nunca (ou raramente) fizeram referências no sentido de que tais práticas poderiam extrapolar princípios de uma teosofia antagônica ao cristianismo. Com certeza, isso lhes seria omitido, deliberadamente ou não, porque é possível que muitos dos próprios instrutores desconheçam na medida exata o real significado das práticas realizadas. Mas que os católicos não subestimem essa realidade: a prática da ioga é uma abertura muitíssimo perigosa para ações malignas, na medida que postula que a libertação do espírito pode ser alcançada com técnicas de meditação que alteram o estado de consciência e mediante a experimentação de posturas que evocam explicitamente a absorção de energias negativas e estranhas.

Quanto aqueles que acreditam que tudo isso parece excessivo e que a prática da ioga pode ser objeto de atuação de católicos interessados exclusivamente em uma boa prática de relaxação e disciplina corporal, seria interessante que eles avaliassem os ambientes onde fazem tal prática, comumente decorados com estatuetas de Buda, imagens do yogi dos sete chakras ou deidades do hinduísmo. Seria muita insensatez pensar que essas imagens foram colocadas ali aleatoriamente ou que constituem apenas peças de decoração padronizada. Ou talvez considerassem tudo isso com mais cuidado diante da típica saudação de despedida de ioga, feita pela palavra sânscrita namastê, cujo significado mais profundo é de natureza absolutamente espiritual: 'a divindade que está em mim honra a divindade que está em você'. Será preciso dizer alguma coisa mais?

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

FOTO DA SEMANA

'O fim de todas as coisas está próximo. Sede, portanto, prudentes e vigiai na oração' (I Pd 4, 7) 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

ORAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE

Ó meu Deus, Trindade que adoro, fazei com que eu me esqueça totalmente de mim, para me fixar em Vós: imóvel, pacífica, como se a minha alma já estivesse na eternidade. Que nada perturbe a minha paz, nem me leve a abandonar-vos, ó meu Imutável, mas que, em cada momento, possa penetrar cada vez mais na profundidade do vosso Mistério. Pacificai a minha alma, fazei dela o Vosso céu, a Vossa morada e o lugar de Vosso repouso. Fazei que nunca Vos deixe só, que esteja totalmente atenta a Vós, acordada em minha fé: uma adoradora perfeita, totalmente entregue à Vossa Ação criadora. 

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, como eu gostaria de ser a esposa do Vosso Coração! Encher-Vos de glória e amar-Vos até morrer de amor! Porém sinto a minha incapacidade. Por isso vos peço que me 'revistais de Vós mesmo', para identificar a minha alma com todos os movimentos da Vossa, para mergulhar, preencher e transformar-me em Vós, a fim de que a minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, Reparador e Salvador.

Ó Verbo eterno, Palavra do meu Deus, quero passar a minha vida a escutar-Vos. Quero ser totalmente dócil aos Vossos ensinamentos, a fim de aprender tudo de Vós. E no meio da noite, do nada, da incapacidade, quero fixar-Vos sempre e permanecer sob a Vossa admirável luz. Ó meu astro amado, fascinai-me para que nunca mais me separe da Vossa irradiação. Ó Fogo consumidor, Espírito de amor, vinde a mim, para que se faça na minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para Ele uma humanidade na qual renove todo o Seu Mistério. 

E Vós, ó Pai, inclinai-Vos para esta Vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com a Vossa sombra, não vejais nela senão o Bem Amado no qual pusestes todas as Vossas complacências. Ó Trindade, meu Tudo, minha Beatitude, solidão infinita, imensidade em que me perco, entrego-me a Vós como uma presa. Sepultai-Vos em mim para que eu me sepulte em Vós, esperando vir a contemplar na Vossa luz a imensidão das Vossas grandezas.

(Beata Isabel da Trindade (1880-1906), monja carmelita)

domingo, 21 de janeiro de 2018

PESCADORES DE HOMENS

Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo do Tempo Comum


Com a prisão e morte de João Batista, tem fim a Era dos Profetas e começa a pregação pública de Jesus sobre o Reino de Deus. O reino de Deus é o reino dos Céus, e não um império firmado sobre as coisas deste mundo. Cristo, rei do universo, começa a sua grande jornada pelos reinos do mundo para ensinar que a pátria definitiva do homem é um reino espiritual, que se projeta para a eternidade a partir do coração humano.

E esta proclamação vai começar por Cafarnaum e nos territórios de Zabulon e Neftali, localizada na zona limítrofe da Síria e da Fenícia, e povoada, em sua larga maioria, por povos pagãos. Em face disso, esta região era a chamada 'Galileia dos Gentios', e seus habitantes, de diferentes raças e credos, eram, então, objeto de desprezo por parte dos judeus da Judeia. E é ali, exatamente entre os pagãos e os desprezados, que o Senhor vai dar início à sua pregação pública da Boa Nova do Evangelho do Reino de Deus: 'O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!' (Mc 1, 15).

Nas margens do Mar da Galileia, Jesus vai escolher os seus primeiros discípulos, Simão e André e, logo depois, Tiago e João, filhos de Zebedeu, num chamamento imperativo e glorioso: 'Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens' (Mc 1, 17). Aqueles pescadores, acostumados à vida dura de lançar redes ao mar para buscar o seu sustento, seriam agora os primeiros a entrarem na barca da Santa Igreja de Cristo para se tornarem pescadores de homens, na gloriosa tarefa de conduzir as almas ao Reino dos Céus. 

Eis a resposta pronta e definitiva dos primeiros apóstolos ao chamado de Jesus: 'E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus' (Mc 1, 18) e 'Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus' (Mc 1, 20). Seguir a Jesus implica a conversão, pressupõe o afastamento do mundo, pois Jesus nos fala do Reino dos Céus. No 'sim' ao chamado de Jesus, nós passamos a ser testemunhas e herdeiros deste reino 'que não é desse mundo', e nos abandonamos por completo na renúncia a tudo que é humano para amar, servir e viver, prontamente e cotidianamente, o Evangelho de Cristo.