domingo, 31 de dezembro de 2017

ORAÇÃO PARA O ÚLTIMO DIA DO ANO

Obrigado, Senhor,
pelo ano que termina,
porque estou aqui, junto Convosco e com minha família (com meus amigos),
vivendo a alegria de ter vivido um ano mais
em Vossa Santa Presença.

Obrigado, Senhor,
por mais um ano de vida,
por ter tido ainda este tempo para viver 
as santas alegrias do Natal e deste Ano Novo.
Por estar com pessoas que amo
e que compartilham comigo
a mesma fé e o sincero propósito
de viver o Evangelho a cada dia.

Obrigado, Senhor,
por tantas graças recebidas neste ano que passa;
eu Vos ofereço hoje o meu nada
e, dentro do meu nada, todo o meu amor humano possível,
como herança de Vossa Ressurreição.
No meio das luzes do mundo nesse dia de festa,
eu me recolho à sombra da Vossa Misericórdia;
e Vos honro e Vos dou glória nesse tempo
pelos tempos que estarei Convosco para sempre.

Obrigado, Senhor,
por estar aqui na Vossa Presença,
no tempo que conta mais um ano que se vai,
na gratidão da alma confiante
que aprendeu o caminho do Pai.
Das coisas boas que fiz, dou-Vos tudo,
porque as recebi de Vosso Santo Espírito.
E Vos suplico curar com Vosso Corpo e Sangue
as cicatrizes dos meus pecados.

Obrigado, Senhor,
pela caminhada diária com Maria, 
que nos ensina no cotidiano de nossa vidas
a ir ao Vosso encontro todos os dias.
Pelo meu Santo Anjo da Guarda,
pelos meus santos de devoção, 
pelo papa, e pela Vossa Igreja,
eu Vos agradeço, Senhor, e Vos louvo, 
neste último dia do ano.

Obrigado, Senhor,
pelo ano que termina.
Que eu não me lembre nesse tempo
das dores e sofrimentos que passei,
das tristezas e angústias que vivi:
que todo mal seja olvidado agora
na alegria de eu estar aqui Convosco,
e pela resignação à Santa Vontade de Deus.

E que nesta última hora do tempo que se vai,
do ano que chega ao fim:
mais uma vez, não seja eu que viva,
mas o Cristo que vive em mim.
Amém.

(Arcos de Pilares)

sábado, 30 de dezembro de 2017

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Dois incrédulos, visitando certo dia um mosteiro, entraram na cela de um anacoreta. Diante do ambiente singelo e dos instrumentos de oração e penitência, indagaram a ele a razão para uma vida de tanta austeridade. 
- 'Para merecer o Paraíso', respondeu o anacoreta, sem levantar os olhos do seu livro de orações.
- 'Perdão senhor', disse um dos homens sorrindo, 'mas tereis logrado uma vida sem sentido se não existir nada além da morte'.
O santo homem, movido pela compaixão, virou-se para ambos e disse:
- 'Qual terá sido o sentido de vossas vidas se após a morte existir alguma coisa?'

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

BREVIÁRIO DA CONFIANÇA (III)


29 DE DEZEMBRO

FECUNDIDADE DO SOFRIMENTO

O sofrimento é fecundo. 'O sofrimento - escreve a admirável Elisabeth Leseur - atua de um modo impetuoso em nós; primeiro, por uma espécie de renovação interior, e depois, em outros também, muitas vezes longe de nós e sem que saibamos neste mundo o que fazemos por eles. O sofrimento é um ato. Cristo fez mais na Cruz pela humanidade do que falando e trabalhando na Galileia ou em Jerusalém. O sofrimento faz a vida: ele transforma tudo o que toca e tudo o que alcança'. O sofrimento é um ato: que fórmula impressionante! Convém guardá-la. Trabalha quem sofre bem. Assim, pode salvar almas como o apóstolo da palavra, como o sacerdote missionário mais ativo e fervoroso. A grande missionária dos últimos tempos, o Anjo do Carmelo de Lisieux, experimentou o sofrimento pela salvação das almas e pôde dizer: 'Pelo sofrimento e pela perseguição, muito mais do que por brilhantes pregações, Deus quer firmar o seu reino nas almas. Nossos sacrifícios, nossos esforços e os mais obscuros dos nossos atos não estão perdidos, é minha opinião absoluta: todos têm repercussão longínqua e profunda. Este pensamento não dá lugar ao desânimo e nem à covardia. Somos pobres jornaleiros da vida'. Semeemos e Deus fará surgir a colheita. Semeemos o bem na dor e na alegria, no Tabor e no Calvário, no fiat do Getsêmani e nas Aleluias da Ressurreição. Porém, é mais fecundo o bem semeado na dor, no Calvário, no sofrimento; porque, enfim, o sofrimento é um ato. 

30 DE DEZEMBRO

REPARAÇÃO

Conheceis a palavra de Pascal, impressionante e profundamente verdadeira - 'Jesus Cristo estará agonizante até o fim do mundo; não se pode dormir durante esse tempo'? 'Dormir' - comenta o Pe. Plus - 'como pensar assim quando o Mestre está suspenso na Cruz a padecer, para muitos em vão, infelizmente?' 'Como assim?' - dizia Urias a Davi - 'O meu general Joab dorme numa tenda de campanha e eu haveria de ir descansar em um palácio? Não, não aceito este triste privilégio!' À vista do Crucificado, perde-se a vontade de viver sem a cruz. Os santos, como o Apostolo dos Gentios, sofrem todos a sublime loucura da cruz. Sofrem porque não podem sofrer ainda mais. E' a sede de Amor e essa sede só se pode satisfazer aqui no exílio de cruzes, de sofrimentos e de martírios. São Felipe Néri estava à morte, esgotado e já sem forças. O médico mandou-lhe que tomasse um caldo. Começou a tomá-lo quando de repente parou e exclamou: 'Ó meu Jesus, que diferença entre nós! Fostes cravado no duro madeiro da cruz e eu descanso num leito tão cômodo... deram-vos a beber fel e vinagre e a mim enchem-me de cuidados ... em torno de Vós quantos inimigos que Vos insultavam e, junto de mim, tantos amigos que se esforçam por me consolar...' E o santo se pôs a chorar, como Nosso Senhor Crucificado faz apaixonar os santos! Saibamos sofrer em espírito de reparação pelos nossos pecados e olhemos com mais fé, com mais amor, o nosso crucifixo!

31 DE DEZEMBRO

TE DEUM LAUDAMUS

Mais um ano que se passa. Mais um passo de gigante deu a minha vida para a eternidade. Fui feliz? Fui desgraçado? Só Vós, ó meu Deus, sabeis se tantas horas amargas, se tantos golpes que me dilaceraram o coração nestes 365 dias, foram para minha desgraça ou para minha felicidade! Te Deum laudamus! Deo gratias Alleluia! Quantos benefícios me concedeu a Vossa Misericórdia Senhor! Eu Vos agradeço. E minhas dores e lágrimas, todas as chagas que os dias sombrios deste ano me abriram no coração, aceitai-os unidos ao mérito das Vossas Chagas na Cruz, em expiação dos meus inumeráveis pecados. Senhor, Deus dos humildes, dos pobres, dos infelizes, dos que choram, tende misericórdia do meu pobre coração, tão louco e tão seduzido pelas belezas criadas, do meu coração que aspira a uma felicidade, a uma paz verdadeira que nunca pôde encontrá-la fora de Vós, vivendo, entretanto, como louca mariposa, a debater-se e queimar suas asas na falsa luz das belezas criadas. Senhor, dai-me um coração todo Vosso. Deus, ó meu Deus, solução de todos os meus problemas e meu ideal! O' Deus, povoai as solidões mais devastadas, consolai as dores mais pungentes, enchei os vazios mais profundos, aquecei os corações mais frios. Ó Vós, Senhor, que compreendeis todas as aspirações, protegeis todas as liberdades e respeitais todos os sentimentos, restaurais todas as ruínas e amparais todos os nossos esforços. Senhor, acalmai as paixões, fortalecei as vontades, sustentai os fracos, dilatai os corações. Dai-nos a paz, Deus de Misericórdia e da Verdade, meu Deus e meu Tudo! - Deus meus et omnia!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

28 DE DEZEMBRO - SANTOS INOCENTES


Santos Inocentes de Deus,
almas cristalinas,
pousai vossos ternos anelos
nas sombras das colinas;
não inquieteis com vosso pranto
as feras sibilinas,
fitai o esgar dos carrascos
com doces retinas;
que a vida que foge breve,
em  adagas repentinas,
renasça em eternos louvores
nas glórias divinas.
(Arcos de Pilares)

Santos Inocentes de Deus, rogai por nós

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

O DIA EM QUE JESUS NASCEU

Do Evangelho de São Lucas (Lc 1, 5-23):

'Nos tempos de Herodes, rei da Judeia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada.

Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume. Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do perfume.

Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume. Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. Mas o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento ... Zacarias perguntou ao anjo: Donde terei certeza disto? Pois sou velho e minha mulher é de idade avançada. O anjo respondeu-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova.

Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo ... Ao sair, não lhes podia falar, e compreenderam que tivera no santuário uma visão. Ele lhes explicava isto por acenos; e permaneceu mudo. Decorridos os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa'.


O ponto de partida para a definição da data de nascimento de Jesus está nas palavras iniciais do Evangelho de São Lucas, que narra a promessa do Anjo Gabriel a Zacarias, enquanto este fazia as ofertas no Templo de Jerusalém: embora de idade avançada, Zacarias e Isabel teriam um filho, que seria um grande profeta e iria preparar os caminhos da Vinda do Senhor. Incrédulo diante de revelação tão espantosa, ficou mudo e, desta forma, voltou para casa.

O texto bíblico, ao precisar a figura de Zacarias, o declara 'sacerdote da classe de Abias' e, esta referência, aparentemente supérflua, é a chave para o desenvolvimento das datas até o nascimento de Jesus. Já se sabia há tempos que eram 24 as castas sacerdotais que atuavam no Templo (Ne 12, 17) naquele tempo (a classe de Abias era a oitava destas classes), pelo período de uma semana, duas vezes ao ano, em rodízio e por uma ordem fixa e imutável. Recentemente, um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Shemarjahu Talmon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, estabeleceu a sequência exata deste ministério, principalmente com bases em documentos dos essenos descobertos em Qumran.

A classe sacerdotal de Abias prestava serviço litúrgico no Templo na última semana de Setembro, ratificando a tradição oriental que estabelecia uma data entre 23 e 25 de setembro como a do anúncio à Zacarias pelo Anjo Gabriel. Esta data constitui, portanto, o ponto de partida, para uma sequência de eventos extraordinários ao longo dos seguintes 15 meses: concepção de João Batista em seguida; o anúncio pelo mesmo Anjo Gabriel à Maria seis meses depois (25 de Março é a data definida pelo calendário cristão para a Festa da Anunciação); três meses, depois o nascimento de João Batista (em junho) e, seis meses depois (como exposto no próprio Evangelho de São Lucas), em 25 de dezembro, o nascimento de Jesus.

Com efeito, Zacarias e Isabel conceberam João Batista imediatamente após Zacarias servir na sua classe. Isto implica que São João Batista teria sido concebido por volta do final de setembro, colocando assim o nascimento de João no final de junho do ano posterior, o que confirma a celebração da Natividade de São João Batista em 24 de junho. Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria (Lc 1, 36), disse que Isabel já estava no sexto mês de gravidez. Nestes termos, uma vez que João Batista foi concebido em setembro, a Anunciação e a gravidez de Maria ocorreram em março.

Sabemos que após conceber Jesus, Maria foi visitar sua prima Isabel que estava grávida de seis meses de João Batista, ou seja, João Batista era seis meses mais velho que Jesus Cristo (Lc 1, 24-27, 36). Somando-se seis meses à data de nascimento de João Batista (24 de junho), chega-se à data de nascimento de Jesus em 25 de dezembro que, subtraindo-se 9 meses, fornece a data da Anunciação como sendo em 25 de março.

Assim, por vias singulares (referência bíblica aparentemente inócua, documentos descobertos em ânforas escondidas pelos essênios às margens do Mar Morto e estudos de um pesquisador não cristão), a tradição cristã (e também a cultura não cristã) viu ruir o que parecia ser uma mera data de referência para o nascimento de Cristo no lugar do renascer do deus sol, para contrastar com as festas pagãs e substitui-las nos dias do solstício de inverno. E agora sabe um pouco mais além das meras conjecturas humanas: Jesus Cristo nasceu realmente no dia 25 de dezembro!

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (IV)

XIII

DO HOMEM E SUA NATUREZA: ESPIRITUALIDADE E IMORTALIDADE DA ALMA

Há entre os seres corporais algum que forme um mundo à parte ou categoria distinta no conjunto dos demais?
Sim, Senhor; o homem.

Que é o homem?
Um ser composto de espírito e matéria, no qual, de algum modo, se compendiam os mundos espiritual e material (LXXV)*.

Com que nome se conhece o espírito humano?
Com o nome de alma (LXXV, 1-4).

Há, além do homem, algum outro ser corpóreo que tenha alma?
Sim, Senhor; as plantas e os animais.

Que diferença existe entre a alma humana e as almas das plantas e dos animais?
A alma das plantas é exclusivamente vegetativa; a dos animais vegetativa e sensitiva; e a humana, além destas faculdades, possui a inteligência.

Logo, é a inteligência que distingue o homem dos demais seres corpóreos?
Sim, Senhor.

A alma, como princípio intelectual, exerce a sua função própria, independentemente do corpo?
Sim, Senhor (LXXV, 2).

Em que vos apoiais para assegurá-lo?
Em que o objeto do entendimento é o imaterial.

E por que, se a alma exerce a sua função própria independentemente do organismo, se deduz que é incorpórea?
Porque, se não o fosse, não poderia unir-se ao objeto do entendimento, que é o imaterial (Ibid.).

Que se segue desta verdade?
Segue-se que a alma humana é imortal (LXXV, 6).

Poderíeis dar a razão da consequência?
Sim, Senhor; porque se é independente do organismo no obrar, forçosamente há de sê-lo no existir.

E o que deduzis deste princípio?
Deduzo que, se bem que o corpo perece, ao separar-se da alma, a alma, ao contrário, não pode morrer (Ibid.).

Logo, durará eternamente?
Sim, Senhor.

Para que se une a alma ao corpo?
Para formar um todo harmônico e substancial, chamado homem (LXXV, 4).

Não é, portanto, acidental a união da alma com o corpo?
Não, Senhor; porque a alma exige por natureza a união substancial (LXXVI, 1).

Que faz a alma no corpo?
Dá-lhe todas as perfeições que possui: o existir, o viver e sentir, reservando para si, unicamente, o ato de entender (LXXVI, 3, 4).

XIV

DAS POTÊNCIAS OU FACULDADES VEGETATIVAS E SENSITIVAS

Há na alma faculdades distintas ou princípios diversos de operação?
Sim, Senhor; pois quanto no homem há, procede imediatamente de faculdades ou potências do espírito, exceto a perfeição fundamental, o ser corpo, que recebe imediatamente da essência da alma (LXXVII).

Em virtude de que potências vive o corpo?
Em virtude das vegetativas.

Quantas e quais são?
São três: o poder de nutrição, de crescimento e de reprodução (LXXVIII, 2).

Em virtude de que potências sente?
Em virtude das potências sensitivas.

Quereis dizer-me quantas e quais são?
Existem duas classes: cognoscitivas e afetivas.

Quais são as cognoscitivas?
Os cinco sentidos exteriores.

Que nome têm?
Potência ou faculdade de ver, ouvir, cheirar, gostar e apalpar (Ibid.).

Como se chamam os órgãos correspondentes?
Vista, ouvido, olfato, gosto e tato (Ibid.).

Há também faculdades cognoscitivas sensíveis, sem órgão externo?
Sim, Senhor; e são: o senso comum, a imaginação, o instinto e a memória (LXXVIII, 4).

XV

DA INTELIGÊNCIA E DO ATO DE ENTENDER

Há no homem alguma outra faculdade cognoscitiva?
Há outra e é a mais nobre e principal.

Que nome tem?
Inteligência ou razão (LXXIX, 1).

A inteligência e a razão são uma ou duas potências?
Uma só (LXXIX, 8).


Por que tem dois nomes?
Porque há verdades que o entendimento compreende intuitivamente de um só golpe e outras que necessita adquirir mediante o raciocínio (Ibid.).

Por conseguinte, o discurso é o ato característico do homem?
Sim, Senhor; porque nenhum outro ser da Criação pode e necessita discorrer.

É o discurso perfeição da inteligência humana?
Sim, Senhor; porém, revela imperfeição a necessidade de discorrer.

Por que é perfeição, no homem, a faculdade de discorrer?
Porque, por ela, pode o homem conhecer a verdade, inatingível aos seres inferiores, como são os animais privados de razão.

Por que revela imperfeição a necessidade de discorrer?
Porque, se bem que por virtude do raciocínio pode o homem conhecer a verdade, só com tempo e perigo de enganar-se, o consegue; ao contrário, os seres que não o necessitam, como Deus e os Anjos, se apoderam da verdade com uma só visão e assim estão isentos até da possibilidade de se enganarem.

Que significa conhecer a verdade?
Ter conhecimento do que existe.

E que implica o desconhecê-la?
Ignorância ou erro.

Há alguma diferença entre a ignorância e o erro?
Sim, Senhor; e muito grande: a ignorância é a carência do conhecimento de uma coisa; erro é atribuir existência ao que não a teve nem tem.

É um mal viver no erro?
Sim, Senhor; porque o bem próprio do homem consiste na verdade, que é o bem da inteligência.

Tem o homem ciência inata?
Não, Senhor; porque se bem que, desde o princípio, possui inteligência, há de aguardar, para adquirir a verdade, que se desenvolvam as faculdades sensitivas destinadas a servi-la (LXXXIV, 5).

Quando começa o homem a conhecer a verdade?
Quando tem uso de razão, aos sete anos aproximadamente.

Pode a razão humana investigar e conhecer todas as verdades?
Com o exercício próprio de suas forças naturais, de nenhum modo, pode adquirir conhecimento próprio de todas elas (XII, 4; LXXXVI, 2, 4).

Que coisas pode conhecer naturalmente?
As coisas sensíveis e as verdades que deste conhecimento se derivam.

Pode o homem conhecer-se a si mesmo?
Sim, Senhor; porque há nele alguma coisa que pertence ao domínio dos sentidos, e partindo do sensível mediante o discurso, pode investigar o que necessita para saber o que é (LXXXVIII, 1, 2).

Pode conhecer os espíritos puros?
Só de um modo imperfeito.

Por que?
Porque não pertencem ao mundo do sensível, objeto próprio da razão humana.

Pode conhecer a Deus, em si mesmo?
Não, Senhor; porque a sua natureza soberana dista infinitamente do objeto proporcionado à inteligência, no conhecimento natural, que, como dissemos, é o mundo sensível (LXXXVIII, 3).

Logo a razão humana, abandonada às suas próprias forças, como pode conhecer a Deus?
De modo muito imperfeito.

Apesar dessa imperfeição, enobrece ao homem o conhecimento natural de Deus?
Sim, Senhor; em primeiro lugar, porque, por meio dele, se levanta muito acima dos irracionais; segundo, porque o convence que será elevado, mediante a graça, à soberana dignidade de filho de Deus e que, em virtude desse conhecimento, está chamado a conhecê-lo como é, primeiro de modo imperfeito, mediante a fé, depois intuitivamente, pelo Lumen Gloriae** (XII, 4 ad 3).

**[Luz da Glória]: termo técnico dado em teologia ao auxílio suplementar que Deus deve dar à inteligência humana para capacitá-la a gozar da visão beatífica uma vez que a visão beatífica, que constitui a felicidade essencial no céu, está acima da capacidade de entendimento pela inteligência humana.

Em virtude da elevação à dignidade de filho de Deus, igualou-se o homem com os anjos?
Em virtude dessa elevação pode ser igual e até superior aos anjos na ordem da graça, porém sempre inferior na da natureza (CVIII 8).

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular).

domingo, 24 de dezembro de 2017

FELIZ E SANTO NATAL EM CRISTO!


Desejo a todos os nossos amigos visitantes um Santo e Feliz Natal. 
Deseo a todos los amigos y visitantes Felices Navidades. 
I wish to our friends' visitors an happy and Holy Christmas. 
Je désire à tous nos amis un heureux et joyeux Noel. 
Auguro a tutti gli amici uno Santo ed Felice Natale. 
Ich wunshe to unsere Freude eine Wundabar und Stille Nacht.

IGREJA CATÓLICA: ALMA DO NATAL
(Luís Dufaur)


NATAL


Jesus nasceu! e na pequena estrebaria
José apressa-se em fazer a manjedoura
ajunta palha e feno, mudo de alegria,
enquanto a Mãe em êxtase se entesoura

Os animais se aproximam cautelosos
inebriados diante a luz que transfigura
e os pastores de joelhos, jubilosos,
louvam o Criador agora criatura!

Há uma paz imensa nesta noite fria
todos os anjos cantam a doce melodia
que une céu e terra em amor profundo;

É Natal, a Mãe embala seu pequeno filho
e a luz que inunda a gruta tem o brilho
da salvação que libertou o mundo!

                                                                           (Arcos de Pilares)