quarta-feira, 8 de novembro de 2017

GALERIA DE ARTE SACRA (XXIV)

A VIRGEM VELADA


Num contexto formal, a escultura é a arte de transformar matéria bruta (como uma rocha, madeira ou metal) em formas espaciais definidas, que representam elementos com significado e valores específicos. Como arte, a escultura assume, em diversas situações, expressões impressionantes do talento humano beirando a perfeição. Esse é o caso, por exemplo, da chamada 'Virgem Velada', escultura em mármore de Carrara, executada pelo renomado escultor italiano Giovanni Strazza (1818-1875).

A 'Virgem Velada' é impressionante não apenas por ser um busto de um excepcional trabalho feito em uma rocha tão dura e tão difícil de manipulação como o mármore de Carrara, é muito mais que isso. O artista conseguiu transmutar um bloco único de rocha em uma imagem singular do rosto da Virgem recoberto com um véu diáfano e transparente, que permite vislumbrar as características faciais, as tranças do cabelo, as dobras e os espraiamentos suaves do véu sobre o contorno e as projeções do rosto da Virgem. A arte definitivamente assumiu, neste caso, os limites de uma obra prima.


A escultura possui 48 cm de altura e foi executada muito provavelmente no início da década de 1850, quando o artista estava trabalhando em Roma. Em 1856, a escultura foi transferida para Newfoundland, no Canadá, onde ainda hoje é mantida no Convento da Apresentação, situado junto à Basílica de São João Batista. Por estar em um convento, a escultura não está disponível à visitação pública em geral, mas sob caráter limitado, por solicitação específica e com acompanhamento das irmãs do convento.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

AS DUAS VIDAS DA IGREJA

A Igreja conhece duas vidas, que lhe foram anunciadas por Deus; uma é vivida na fé; outra na visão. Uma no tempo da caminhada; outra, na mansão eterna. Uma, no trabalho; outra, no descanso. Uma, no exílio; outra, na pátria. Uma, no esforço da caridade; outra no prêmio da contemplação.

A primeira é representada pelo apóstolo Pedro; a segunda, pelo apóstolo João. Pedro, o primeiro apóstolo, recebeu as chaves do reino dos céus, com o poder de ligar e desligar os pecados, para que fosse timoneiro de todos os santos, unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, em meio às tempestades desta vida. E João, o evangelista, reclinou a cabeça sobre o peito de Cristo, para exemplo dos mesmos santos, a fim de lhes indicar o porto seguro daquela vida divinamente tranquila e feliz.

Todavia, não é somente Pedro, mas a Igreja universal, que liga e desliga os pecados. E não é só João que bebe da fonte do coração do Senhor, para ensinar com sua pregação que, no princípio, a Palavra era Deus junto de Deus, e outros ensinamentos profundos a respeito da divindade de Cristo, da Trindade e da Unidade de Deus. No reino dos céus, estas verdades serão por nós contempladas face a face, mas na terra nos limitamos a vê-las como num espelho e obscuramente, até que o Senhor venha. Não foi somente ele que descobriu estes tesouros do coração de Cristo, mas a todos foi aberta pelo mesmo Senhor a fonte do evangelho, a fim de que, por toda a face da terra, todos bebessem dele, cada um segundo sua capacidade.

('Dos Tratados sobre o Evangelho de João', de Santo Agostinho)

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

VÍDEOS CATÓLICOS

Um dos mais famosos santuários do mundo dedicados a São Miguel encontra-se localizado na ilha rochosa de Saint Michel na França, cuja foto constitui o símbolo deste blog. O vídeo abaixo é uma visão esplendidamente singular desse santuário e da sua abadia anexa, focado sob diversos ângulos e imagens, incluindo a perspectiva detalhada da figura dourada de São Miguel, assente no pináculo da abadia.


O PENSAMENTO VIVO DE CHARLES DE FOUCAULD (II)

Tenho para mim procurar o último dos últimos lugares, para ser tão pequeno como o meu Mestre, para estar com Ele, para caminhar atrás dEle, passo a passo, como servo leal, discípulo fiel, porque na sua bondade infinita e incompreensível Ele me permite falar assim, em irmão leal, em esposo fiel. Por isso a minha vida deve ser concebida de modo a ser o último, o mais desprezado dos homens, afim de passá-la com o meu Mestre, o meu Senhor, o meu Irmão, o meu Esposo, que foi 'desprezo do povo e opróbrio da terra, um verme e não um homem'. Viver pobre, desprezado, no sofrimento, na solidão, esquecido, para estar na vida com o meu Mestre, o meu Irmão, o meu Esposo, o meu Deus, Ele que assim viveu toda a sua vida, dando-me este exemplo desde o seu nascimento.

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Seguir Jesus é imitar Jesus em tudo, partilhar a sua vida como o faziam a Santíssima Virgem, São José, os apóstolos, isto é, por um lado, conformar como eles a nossa alma à dEle, convertendo o mais possível a nossa alma à sua alma infinitamente perfeita; por outro lado, conformar como eles a nossa vida exterior à dEle, partilhando como eles fizeram, a sua pobreza, a sua humilhação, os seus trabalhos, os seus cansaços, enfim tudo o que foi a parte visível de sua vida... Na dúvida de fazer ou não alguma coisa, perguntar-se o que teria feito Jesus em nosso lugar e fazê-lo. Não imitar tal ou tal santo, mais só a Jesus. 

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A caridade é a essência da religião que obriga o cristão a amar o próximo, isto é todo o ser humano, como a si mesmo. O cristão deve então ser apóstolo: não é um conselho, é um mandamento, o mandamento da caridade. Os leigos devem ser apóstolos para com todos os que podem atingir: primeiro, com os próximos e os amigos, mas não só; a caridade não tem nada de estreito, ela abraça todos aqueles que o coração de Jesus abraça. Com que meios? Por aqueles com que está relacionado, sem exceção: pela bondade, ternura, sentimento fraterno, exemplo da virtude… Com algumas pessoas, sem nunca lhes falar de Deus ou da religião, aguardando com paciência como Deus paciente, sendo bom como Deus é bom, sendo um irmão terno e orante; com outras, falando em função daquilo que podem entender…mas sobretudo ver em todo ser humano um irmão, ver em todo ser humano um filho de Deus'.

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Não há, creio eu, palavra do Evangelho que mais me tocou profundamente e transformou a minha vida do que esta: ‘Tudo aquilo que fazeis a um destes pequeninos, é a Mim que o fazeis.’ Se pensarmos nestas palavras que são do Verbo não criado, da sua boca que disse ‘Este é o meu Corpo…este é o meu Sangue’, com que força seremos movidos a procurar e a amar Jesus nestes 'pequeninos', nestes pecadores, nestes pobres.

domingo, 5 de novembro de 2017

AS BEM-AVENTURANÇAS

Páginas do Evangelho - Solenidade de Todos os Santos


Neste domingo da Solenidade de Todos os Santos, nós somos por inteiro a Santa Igreja de Deus, o Corpo Místico de Cristo: almas peregrinas do Céu da Igreja Militante, almas sob a justiça divina da Igreja Padecente, almas santificadas da Igreja Triunfante, testemunhas da Visão Beatífica e cidadãos eternos da Jerusalém Celeste, nem mais peregrinos e nem mais sujeitos à Santa Justiça, mas tornados eleitos do Pai e herdeiros da Glória de Deus.

Com efeito, Filhos de Deus já o somos desde agora, como peregrinos do Céu mergulhados nas penumbras da fé e nas vertigens das realidades humanas... 'mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é (1Jo 3, 2). Filhos de Deus, gerados para a eternidade da glória de Deus, seremos os vestidos de roupas brancas, enquanto perseverantes na fé e revestidos da luz de Cristo: 'Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro' (Ap 7, 14). 

Na solenidade de Todos os Santos, os que seremos santos amanhã se confortam dessa certeza nos que já são santos na Glória Celeste, vivendo a felicidade perfeita, e indescritível sob o ponto de vista das palavras e pensamentos humanos. Jesus nos fala dessa realidade transcendente na comunhão dos santos e na unidade da família de Deus: 'Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus' (Mt 5, 12). Em contraponto à fidelidade e à fé dos que almejaram ser santos, Deus os recompensará com limites insondáveis de graça, as chamadas bem-aventuranças de Deus.

Bem-aventurados os pobres de espírito, os simples de coração. Bem-aventurados os aflitos que anseiam por consolação. Bem-aventurados os mansos que se espelham no Coração de Jesus. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça. Bem-aventurados os misericordiosos, filhos prediletos da caridade. Bem-aventurados os puros de coração, transformados em novas manjedouras do Sagrado Coração de Jesus. Bem-aventurados os que promovem a paz e os que são perseguidos por causa da justiça. E bem-aventurados os que foram injuriados e perseguidos em nome da Cruz, do Calvário, dos Evangelhos e de Jesus Cristo porque serão os santos dos santos de Deus!

sábado, 4 de novembro de 2017

DOCUMENTOS DE FÁTIMA (VII)

(Revista Fátima 50 International Ano III - N. 25 - 13 de maio de 1969)

O último do grupo

Francisco Marto é primo da Lúcia e irmão da Jacinta. A data das aparições tem 9 anos, é um ano mais novo que a Lúcia e dois mais velho que a Jacinta. No conjunto dos três, embora sendo o único rapaz, aparece-nos em último lugar, talvez pelo seu temperamento retraído e tímido. Lúcia, mais velha e mais desenvolvida, é a chefe do grupo; a Jacinta, muito viva e muito amiga da Lúcia, manifesta-se muito mais que o irmão. Por um impressionante contraste, o Francisco, que podia ser o chefe do grupo, é o último; e por desígnios misteriosos parece o menos protegido da graça: a Lúcia vê Nossa Senhora e fala com Ela, a Jacinta vê e ouve, mas não fala; o Francisco só vê; não ouve nem fala com Nossa Senhora (precisará portanto de acreditar naquilo que a prima e a irmã lhe comunicam). 

Mais impressionante ainda é a diferença de tratamento de Nossa Senhora, naquele primeiro diálogo com a Lúcia: 

- Eu também vou para o Céu?
- Sim vais.
- E a Jacinta?
- Também.
- E o Francisco?
- Também vai, mas terá de rezar muitos Terços.

Às duas meninas o Céu é prometido em absoluto; ao Francisco é posta a condição: terá de rezar muitos terços. Talvez porque o pequeno era preguiçoso na oração. Seja como for, os desígnios de Deus são sempre maravilhosos. A condição posta por Nossa Senhora teve o condão de fazer mergulhar o Francisco num profundo estado de oração, e não apenas de o tornar um repetidor mecânico das fórmulas do Rosário.

Esta situação secundária em que ele está perante as duas pequenas, esta aparente diminuição no tratamento do parte de Nossa Senhora, é compensada por uma graça interior, em nada inferior a que receberam as suas companheiras. Vamos tentar penetrar no segredo desta graça que transformou profundamente o Francisco e o amadureceu tão depressa, que afinal foi ele o primeiro dos três a entrar no Céu.

Notemos, antes de mais, que o Francisco, embora soubesse que a sua entrada no Céu era condicionada à reza de muitos terços, ficou num admirável estado de tranquilidade e confiança. Ficou com a certeza de que em breve iria para o Céu, e já nada mais lhe importava. Mostrou-se desinteressado da escola, não pelo desinteresse natural que algumas crianças mostram naquela idade, mas porque pensava que valia mais aproveitar agora o tempo e fazer companhia a Nossa Senhora.

Quando lhe perguntavam pelo seu futuro, o que desejaria ser, mostrava o mesmo desinteresse; até a perspectiva de poder vir a ser padre nada lhe dizia. Estava convencido de que pouco tempo viveria na terra, e por isso só pensava em ir para junto de Nosso Senhor. Pode parecer estranha esta maneira de encarar a vida, numa criança de 10 anos, a pensar tão calma e tranquilamente na morte; não sei se alguém será tentado a ver no fato algum desequilíbrio psicológico. O pequeno era um serrano sadio, sadios eram seus pais e seus irmãos; em tudo o Francisco mostra um comportamento normal. Por isso o desinteresse que manifesta pelas coisas da terra tem uma explicação muito simples no fato de ele ter sido marcado pelas coisas do Céu. O desinteresse pela escola, o desinteresse pelo seu futuro humano, explica-se pela convicção de que em breve estaria no Céu.

Faz-me lembrar o grande doutor da Igreja, São Tomás de Aquino, que na pujança da idade e do talento, aos 49 anos, depois de uma visão durante a celebração da santa Missa, deixou repentinamente de escrever e de ditar. E ao companheiro e secretário que lhe perguntava o porquê, respondeu: 'Não posso; depois daquilo que vi, tudo o mais me parece palha'. 

A nota dominante na espiritualidade do vidente

Na espiritualidade do Francisco de Fátima, a nota dominante que é costume apontar, é a sua preocupação de consolar Nosso Senhor. Os pastorinhos receberam de Deus uma luz extraordinária sobre o mistério do pecado e o castigo eterno do inferno; eles viram as almas que se condenam, e foram convidados a rezar e a fazer penitência reparadora. Esta visão marcou-os profundamente; daí por diante a sua grande preocupação era a visão do inferno, não por medo pessoal de lá caírem, mas por caridade para com os muitos incautos que ofendem a Deus e se condenam. 

As orações contínuas dos pequenos, como o jejum, a privação de água em pleno verão, a corda com que se apertavam à cintura e tantas outras mortificações, são todas para impedir as almas de caírem no inferno. A pequena Jacinta, sobretudo, parece particularmente impressionada com esta preocupação. O Francisco também, mas na sua espiritualidade há um aspecto que ainda supera este: é o desejo de consolar o Senhor ofendido. Dois episódios são particularmente reveladores desta espiritualidade.

Um dia que o Francisco permanecera retirado, a Lúcia pergunta-lhe o que estava a fazer, e ele responde: 'estava a pensar em Deus que está tão triste por causa dos muitos pecados. Se eu o pudesse consolar!' ... E quando está moribundo, a Lúcia manda-lhe os seus recados para o Céu: 'não te esqueças de lá pedir muito pelos pecadores, pelo Santo Padre, por mim e pela Jacinta'. 'Sim, eu peço, mas olha, essas coisas pede-as antes à Jacinta, que eu tenho medo de me esquecer quando vir Nosso Senhor. E depois antes o quero consolar'.

Consolar o Senhor ! Será uma pieguice de criança? Talvez não falte quem assim interprete esta preocupação do pastorinho. Não esqueçamos, porém, que se trata de um serranito, muito calejado pela dureza da vida. Está muito longe de ser uma criança piegas. Sensibilidade sobrenatural, isso sim. Aliás a teologia espiritual não tem dificuldade em explicar este fenômeno místico. Ele é mesmo uma das mais belas atitudes das almas generosas, marcadas pelas profundas intuições da graça.

O problema do pecado

O problema do pecado, bem concretizado por Jesus na parábola do filho pródigo, não é apenas a tragédia daquele que se afasta da casa do Pai; é também a tragédia dolorosa do Pai que sofre o afastamento do filho. Certamente a linguagem humana tem dificuldade em exprimir as realidades divinas. Quando falamos de Deus ofendido pelos nossos pecados, usamos a única linguagem que temos. A linguagem é humana, mas as realidades que exprimimos são divinas. 

Deus criou -nos para nos fazer felizes, e a nossa felicidade é a Sua felicidade. Quando nos afastamos 
dEle pelo pecado, somos nós os prejudicados; mas Ele fica em situação análoga à do pai da parábola 
do filho pródigo. À falta de melhor linguagem para exprimirmos esta realidade, usamos a que temos, 
dizendo que Deus se ofende e sofre com os nossos afastamentos. É este o mistério do amor de um Deus que nos ama a tal ponto que nos deu o seu Filho e o entregou à morte para nos salvar.

As almas grandes compadecem-se com a sorte dos pecadores e fazem tudo para salvar os seus irmãos em risco de se perderem. Mas as almas verdadeiramente marcadas pela graça do amor de Deus,  sobem mais alto, preocupam-se com as repercussões do pecado no coração de Deus, e procuram consolar o Senhor. Este parece ter sido o carisma do Francisco, mais acentuado nele do que nas suas companheiras. E se foi assim, não temo dizer que o pequenito vidente. situado em segundo plano na história das aparições, aquele que só via, não ouvia nem falava, aquele a quem a entrada no Céu foi condicionada à reza de muitos terços, ergueu-se rapidamente às maiores alturas da espiritualidade cristã. 

O Francisco, apenas com 10 anos de idade, fazendo oração e penitência pela salvação dos pecadores, por causa das almas que ofendem a Deus, sentia-se especialmente atraído pelo amor divino, e a sua grande preocupação era consolar a Nosso Senhor. Pieguice? perguntava eu há momentos. Mas onde está o fundamento teológico desta preocupação? 

O sentido da reparação 

Há no Evangelho uma cena das mais impressionantes. Quando ia para o Jardim das Oliveiras, o Senhor escolheu os três apóstolos mais íntimos para vigiarem e orarem com ele; e esses apóstolos adormeceram. Ainda hoje as almas piedosas gostam de fazer companhia ao Senhor, a recordar em espírito a agonia do Horto. E Pascal dizia que o Senhor está em agonia até ao fim do Mundo. É verdade. A medida da eternidade é diferente da do tempo. Nós, que vivemos no tempo, contamos a agonia a uma distância de quase dois mil anos; mas para Deus o tempo não passa: é sempre presente, é sempre hoje. 

Para Deus (e não esqueçamos que Jesus é o Filho de Deus feito homem), a hora da agonia é a hora do pecado, dura sempre, dura pelo menos desde o pecado de Adão até ao pecado da última criatura humana. Os nossos pecados estão agora presentes a Jesus que agoniza e morre na Cruz, com a presença da eternidade, são presente e não futuro; e para nós, a agonia e morte de Cristo não é passado, é presente: Cristo está em agonia até ao fim dos tempos. 

Mas também a reparação das almas boas entra na mesma contagem do tempo e da eternidade. Os três apóstolos a dormir no Horto não estavam sozinhos. Com eles estavam todas as almas boas, mais ou menos conscientes, mais ou menos despertas. a fazerem companhia a Jesus agonizante. É este o sentido da reparação que nós podemos fazer agora, com uma atualidade de presença que se ergue acima do tempo e tem as características de eternidade. 

Os pastorinhos de Fátima não tinham estudado teologia, mas viviam iluminados pelos dons do Espírito Santo. Não é preciso saber teologia para ter a compreensão intuitiva de que se o pecado ofende a Deus, o bem também O consola. Esta é a grande lição do Francisco Marto. Ainda que mais nada o pequenito vidente nos tivesse ensinado, esta era uma das maiores lições que podemos aprender. Vamos prosseguir na celebração dos Santos Mistérios e vamos pedir ao pastorinho de Fátima que nos alcance do Senhor a mesma graça, o mesmo carisma de compreensão que o inundou a ele, para que também nós possamos erguer-nos às alturas da caridade divina e termos a mesma preocupação que ele teve: Consolar Nosso Senhor. Esta é sem dúvida a melhor parte. Que Nossa Senhora nos ajude a imitar o Seu vidente.

(Excertos da homilia de D. Francisco Rendeiro, então Bispo de Coimbra, proferida na missa de 13 de abril de 1969, por ocasião da celebração do cinquentenário da morte de Francisco Marto)

PRIMEIRO SÁBADO DE NOVEMBRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.