sábado, 4 de novembro de 2017

DOCUMENTOS DE FÁTIMA (VII)

(Revista Fátima 50 International Ano III - N. 25 - 13 de maio de 1969)

O último do grupo

Francisco Marto é primo da Lúcia e irmão da Jacinta. A data das aparições tem 9 anos, é um ano mais novo que a Lúcia e dois mais velho que a Jacinta. No conjunto dos três, embora sendo o único rapaz, aparece-nos em último lugar, talvez pelo seu temperamento retraído e tímido. Lúcia, mais velha e mais desenvolvida, é a chefe do grupo; a Jacinta, muito viva e muito amiga da Lúcia, manifesta-se muito mais que o irmão. Por um impressionante contraste, o Francisco, que podia ser o chefe do grupo, é o último; e por desígnios misteriosos parece o menos protegido da graça: a Lúcia vê Nossa Senhora e fala com Ela, a Jacinta vê e ouve, mas não fala; o Francisco só vê; não ouve nem fala com Nossa Senhora (precisará portanto de acreditar naquilo que a prima e a irmã lhe comunicam). 

Mais impressionante ainda é a diferença de tratamento de Nossa Senhora, naquele primeiro diálogo com a Lúcia: 

- Eu também vou para o Céu?
- Sim vais.
- E a Jacinta?
- Também.
- E o Francisco?
- Também vai, mas terá de rezar muitos Terços.

Às duas meninas o Céu é prometido em absoluto; ao Francisco é posta a condição: terá de rezar muitos terços. Talvez porque o pequeno era preguiçoso na oração. Seja como for, os desígnios de Deus são sempre maravilhosos. A condição posta por Nossa Senhora teve o condão de fazer mergulhar o Francisco num profundo estado de oração, e não apenas de o tornar um repetidor mecânico das fórmulas do Rosário.

Esta situação secundária em que ele está perante as duas pequenas, esta aparente diminuição no tratamento do parte de Nossa Senhora, é compensada por uma graça interior, em nada inferior a que receberam as suas companheiras. Vamos tentar penetrar no segredo desta graça que transformou profundamente o Francisco e o amadureceu tão depressa, que afinal foi ele o primeiro dos três a entrar no Céu.

Notemos, antes de mais, que o Francisco, embora soubesse que a sua entrada no Céu era condicionada à reza de muitos terços, ficou num admirável estado de tranquilidade e confiança. Ficou com a certeza de que em breve iria para o Céu, e já nada mais lhe importava. Mostrou-se desinteressado da escola, não pelo desinteresse natural que algumas crianças mostram naquela idade, mas porque pensava que valia mais aproveitar agora o tempo e fazer companhia a Nossa Senhora.

Quando lhe perguntavam pelo seu futuro, o que desejaria ser, mostrava o mesmo desinteresse; até a perspectiva de poder vir a ser padre nada lhe dizia. Estava convencido de que pouco tempo viveria na terra, e por isso só pensava em ir para junto de Nosso Senhor. Pode parecer estranha esta maneira de encarar a vida, numa criança de 10 anos, a pensar tão calma e tranquilamente na morte; não sei se alguém será tentado a ver no fato algum desequilíbrio psicológico. O pequeno era um serrano sadio, sadios eram seus pais e seus irmãos; em tudo o Francisco mostra um comportamento normal. Por isso o desinteresse que manifesta pelas coisas da terra tem uma explicação muito simples no fato de ele ter sido marcado pelas coisas do Céu. O desinteresse pela escola, o desinteresse pelo seu futuro humano, explica-se pela convicção de que em breve estaria no Céu.

Faz-me lembrar o grande doutor da Igreja, São Tomás de Aquino, que na pujança da idade e do talento, aos 49 anos, depois de uma visão durante a celebração da santa Missa, deixou repentinamente de escrever e de ditar. E ao companheiro e secretário que lhe perguntava o porquê, respondeu: 'Não posso; depois daquilo que vi, tudo o mais me parece palha'. 

A nota dominante na espiritualidade do vidente

Na espiritualidade do Francisco de Fátima, a nota dominante que é costume apontar, é a sua preocupação de consolar Nosso Senhor. Os pastorinhos receberam de Deus uma luz extraordinária sobre o mistério do pecado e o castigo eterno do inferno; eles viram as almas que se condenam, e foram convidados a rezar e a fazer penitência reparadora. Esta visão marcou-os profundamente; daí por diante a sua grande preocupação era a visão do inferno, não por medo pessoal de lá caírem, mas por caridade para com os muitos incautos que ofendem a Deus e se condenam. 

As orações contínuas dos pequenos, como o jejum, a privação de água em pleno verão, a corda com que se apertavam à cintura e tantas outras mortificações, são todas para impedir as almas de caírem no inferno. A pequena Jacinta, sobretudo, parece particularmente impressionada com esta preocupação. O Francisco também, mas na sua espiritualidade há um aspecto que ainda supera este: é o desejo de consolar o Senhor ofendido. Dois episódios são particularmente reveladores desta espiritualidade.

Um dia que o Francisco permanecera retirado, a Lúcia pergunta-lhe o que estava a fazer, e ele responde: 'estava a pensar em Deus que está tão triste por causa dos muitos pecados. Se eu o pudesse consolar!' ... E quando está moribundo, a Lúcia manda-lhe os seus recados para o Céu: 'não te esqueças de lá pedir muito pelos pecadores, pelo Santo Padre, por mim e pela Jacinta'. 'Sim, eu peço, mas olha, essas coisas pede-as antes à Jacinta, que eu tenho medo de me esquecer quando vir Nosso Senhor. E depois antes o quero consolar'.

Consolar o Senhor ! Será uma pieguice de criança? Talvez não falte quem assim interprete esta preocupação do pastorinho. Não esqueçamos, porém, que se trata de um serranito, muito calejado pela dureza da vida. Está muito longe de ser uma criança piegas. Sensibilidade sobrenatural, isso sim. Aliás a teologia espiritual não tem dificuldade em explicar este fenômeno místico. Ele é mesmo uma das mais belas atitudes das almas generosas, marcadas pelas profundas intuições da graça.

O problema do pecado

O problema do pecado, bem concretizado por Jesus na parábola do filho pródigo, não é apenas a tragédia daquele que se afasta da casa do Pai; é também a tragédia dolorosa do Pai que sofre o afastamento do filho. Certamente a linguagem humana tem dificuldade em exprimir as realidades divinas. Quando falamos de Deus ofendido pelos nossos pecados, usamos a única linguagem que temos. A linguagem é humana, mas as realidades que exprimimos são divinas. 

Deus criou -nos para nos fazer felizes, e a nossa felicidade é a Sua felicidade. Quando nos afastamos 
dEle pelo pecado, somos nós os prejudicados; mas Ele fica em situação análoga à do pai da parábola 
do filho pródigo. À falta de melhor linguagem para exprimirmos esta realidade, usamos a que temos, 
dizendo que Deus se ofende e sofre com os nossos afastamentos. É este o mistério do amor de um Deus que nos ama a tal ponto que nos deu o seu Filho e o entregou à morte para nos salvar.

As almas grandes compadecem-se com a sorte dos pecadores e fazem tudo para salvar os seus irmãos em risco de se perderem. Mas as almas verdadeiramente marcadas pela graça do amor de Deus,  sobem mais alto, preocupam-se com as repercussões do pecado no coração de Deus, e procuram consolar o Senhor. Este parece ter sido o carisma do Francisco, mais acentuado nele do que nas suas companheiras. E se foi assim, não temo dizer que o pequenito vidente. situado em segundo plano na história das aparições, aquele que só via, não ouvia nem falava, aquele a quem a entrada no Céu foi condicionada à reza de muitos terços, ergueu-se rapidamente às maiores alturas da espiritualidade cristã. 

O Francisco, apenas com 10 anos de idade, fazendo oração e penitência pela salvação dos pecadores, por causa das almas que ofendem a Deus, sentia-se especialmente atraído pelo amor divino, e a sua grande preocupação era consolar a Nosso Senhor. Pieguice? perguntava eu há momentos. Mas onde está o fundamento teológico desta preocupação? 

O sentido da reparação 

Há no Evangelho uma cena das mais impressionantes. Quando ia para o Jardim das Oliveiras, o Senhor escolheu os três apóstolos mais íntimos para vigiarem e orarem com ele; e esses apóstolos adormeceram. Ainda hoje as almas piedosas gostam de fazer companhia ao Senhor, a recordar em espírito a agonia do Horto. E Pascal dizia que o Senhor está em agonia até ao fim do Mundo. É verdade. A medida da eternidade é diferente da do tempo. Nós, que vivemos no tempo, contamos a agonia a uma distância de quase dois mil anos; mas para Deus o tempo não passa: é sempre presente, é sempre hoje. 

Para Deus (e não esqueçamos que Jesus é o Filho de Deus feito homem), a hora da agonia é a hora do pecado, dura sempre, dura pelo menos desde o pecado de Adão até ao pecado da última criatura humana. Os nossos pecados estão agora presentes a Jesus que agoniza e morre na Cruz, com a presença da eternidade, são presente e não futuro; e para nós, a agonia e morte de Cristo não é passado, é presente: Cristo está em agonia até ao fim dos tempos. 

Mas também a reparação das almas boas entra na mesma contagem do tempo e da eternidade. Os três apóstolos a dormir no Horto não estavam sozinhos. Com eles estavam todas as almas boas, mais ou menos conscientes, mais ou menos despertas. a fazerem companhia a Jesus agonizante. É este o sentido da reparação que nós podemos fazer agora, com uma atualidade de presença que se ergue acima do tempo e tem as características de eternidade. 

Os pastorinhos de Fátima não tinham estudado teologia, mas viviam iluminados pelos dons do Espírito Santo. Não é preciso saber teologia para ter a compreensão intuitiva de que se o pecado ofende a Deus, o bem também O consola. Esta é a grande lição do Francisco Marto. Ainda que mais nada o pequenito vidente nos tivesse ensinado, esta era uma das maiores lições que podemos aprender. Vamos prosseguir na celebração dos Santos Mistérios e vamos pedir ao pastorinho de Fátima que nos alcance do Senhor a mesma graça, o mesmo carisma de compreensão que o inundou a ele, para que também nós possamos erguer-nos às alturas da caridade divina e termos a mesma preocupação que ele teve: Consolar Nosso Senhor. Esta é sem dúvida a melhor parte. Que Nossa Senhora nos ajude a imitar o Seu vidente.

(Excertos da homilia de D. Francisco Rendeiro, então Bispo de Coimbra, proferida na missa de 13 de abril de 1969, por ocasião da celebração do cinquentenário da morte de Francisco Marto)

PRIMEIRO SÁBADO DE NOVEMBRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

ALMA DO PURGATÓRIO


Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que vive agora a pena do fogo purificador,
à espera de ir ao encontro de Deus:
imploro a Misericórdia do Pai para aliviar vossa agonia
e o sofrimento de vossa alma ainda sem Deus.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que anseia encontrar quem já vos encontrou,
na plenitude de todos os tempos:
imploro que o Sangue e Água do Coração de Jesus
lavem as vossas imperfeições e vossos pecados.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tateia nas trevas ansiando a Luz
que esteve perdida em tantas manhãs de sol:
imploro ao Espírito Santo Consolador,
que seja abreviado vosso tempo para a Plena Visão.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que lamenta as penitências não feitas
e o cálice das dores não provadas:
imploro à Santa Virgem Maria, mãe de Deus e nossa,
lançar o Santo Rosário em vosso socorro.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que geme e agoniza desvarios e pecados
na tremenda dor que inteira vos devora:
imploro a todos os Santos e Santas
que intercedam por vós diante do Altíssimo.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tem dívidas a pagar em penas
por tantas graças que não foram recebidas: 
imploro aos coros de anjos e arcanjos,
que movam sem descanso suas asas sobre vós.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
imploro a vós, quando na Infinita Glória,
cercada por muitos a quem imploro agora:
Reze pela minha alma com tanta graça e zelo 
que um dia Deus não tenha que esperar por mim
no Purgatório.
(Arcos de Pilares)




DAS INDULGÊNCIAS AOS FIÉIS DEFUNTOS

Lembrem-se das indulgências especiais que podem ser concedidas às almas do purgatório, particularmente nestes dias:

Indulgência Parcial: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos.

Indulgência Plenária: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos, no período de 1 a 8 de novembro de cada ano.

SOBRE A NATUREZA DA MORTE


Penso que é útil inquirir sobre a natureza da morte, se deve ser classificada como coisa boa ou má. Se for considerada isoladamente, sem dúvida, deve ser contada como coisa má, porque tudo que for oposto a vida não pode ser coisa boa. Mais ainda, como diz o sábio: 'Deus criou o ser humano incorruptível e o fez à imagem de sua própria natureza: foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na os que são do seu partido' (Sb 2,24). Com estas palavras, São Pedro concorda quando diz: 'Pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, através do pecado, a morte; e a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram' (Rm 5,12). Se Deus não fez a morte, certamente ela não pode ser boa, porque tudo que Deus fez é bom, de acordo com as palavras do Gênesis: 'E Deus viu tudo quanto havia feito e achou que era muito bom' (Gn 1,31a).

Embora a morte não possa ser considerada como um bem em si mesma, a sabedoria de Deus a temperou como se assim fosse, pois através da morte recebemos muitas graças. Davi exclama: 'É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus fiéis' (Sl 116, 14) e a Igreja assim proclama na liturgia acerca de Jesus: 'Quem por sua morte destruiu nossa morte, e pela sua ressurreição reconquistou a vida'. Agora, a morte que destruiu a morte e reconquistou a vida não pode ser outra coisa que muito boa. Portanto, senão toda morte pode ser dita boa, pelo menos algumas o são. Por isso Santo Ambrósio não hesitou em escrever um livro intitulado 'Sobre as vantagens da morte', no qual ele claramente prova que a morte, embora produzida pelo pecado, possui vantagens peculiares.

Há ainda outra razão que prova que a morte, mesmo sendo um mal em si mesma, pode, pela graça do Senhor, produzir muitas bençãos. Em primeiro lugar, há esta grande benção, a morte põe um fim às misérias da vida. Jó eloquentemente reclama dos males do seu estado atual: 'O homem nascido da mulher vive pouco tempo e é cheio de muitas misérias; é como uma flor que germina e logo fenece, uma sombra que foge sem parar' (Jó 14,1-2). E o Livro de Eclesiastes diz: 'E julguei os mortos, que estão mortos, mais felizes que os vivos que ainda estão em vida, e mais feliz que uns e outros o aborto que não chegou à existência, aquele que não viu o mal que se comete debaixo do sol' (Ecle 4, 2-3). E ainda se encontra: 'Penosa ocupação foi dada a todos os mortais e pesado jugo oprime os filhos de Adão, desde o dia em que saem do ventre de sua mãe até o dia da volta para a mãe comum: objeto de suas reflexões e temor do seu coração é a descoberta do que os espera, o dia do seu fim' (Eclo 40,1-2). O Apóstolo também fala sobre as misérias da vida: 'Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte?' (Rm 7,24)

Destes testemunhos encontrados nas Sagradas Escrituras fica claro que a morte tem uma grande vantagem: nos livrar dos problemas desta vida. Mas ela ainda possui uma mais alta vantagem, porque é o portão de saída de uma prisão e entrada no Paraíso. Isto foi revelado por Nosso Senhor a São João, quando por sua fé encontrava-se exilado na ilha de Patmos: 'Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem' (Ap 14,13).

Realmente abençoada é a morte dos santos que, por ordem do Rei Eterno, liberta as suas almas da prisão da carne e as conduz aos reinos celestiais, onde as almas dos justos repousam de todos os seus trabalhos, e como recompensa de todos os seus bons trabalhos, recebem a coroa da glória. Para as almas no purgatório, a morte também não é pouco benefício, pois as livra do medo da morte e dá certeza de um dia virem a possuir a felicidade eterna. Até para os pecadores, a morte representa uma vantagem: faz com que deixem de pecar, prevenindo-os de aumentar ainda mais suas punições. Por conta destas excelentes vantagens, a morte para os homens bons não parece terrível, ao contrário, é fruto do amor de Deus. São Paulo assegura: 'Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro' (Fl 1,21) e na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, afirma: 'Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais, como os outros homens que não têm esperança' (1Ts 4,13).

Vivia há algum tempo atrás uma senhora muita santa, chamada Catarina Adorna, de Gênova. Era tão inflamada pelo amor de Cristo, que entre tantos ardentes desejos, o que mais solicitava era ser 'dissolvida' e, então, partir para o seu Amado. Apaixonada pela morte, como era, sempre afirmava ser a mais bela e adorável coisa, reclamando apenas que a morte fugia dela que a desejava, mas encontrava a outros que dela fugiam. Por estas considerações podemos concluir que a morte, quando produzida pelo pecado, é coisa ruim; mas, pela graça de Cristo que sofreu a morte por nossa causa, tornou-se de muitas maneiras saudável, amável e desejável.

(Excertos da obra 'A Arte de Morrer Bem', de São Roberto Belarmino)

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

01 DE NOVEMBRO - DIA DE TODOS OS SANTOS


"Vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão."

LADAINHA DE TODOS OS SANTOS

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós. 
Senhor, tende piedade de nós. 
Jesus Cristo, ouvi-nos. 
Jesus Cristo, atendei-nos. 
Deus pai do céu, tende piedade de nós.
Deus filho, redentor do mundo, tende piedade de nós. 
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós. 
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós. 
Santa Maria, rogai por nós. 
Santa Mãe de Deus, rogai por nós. 
Santa Virgem das virgens, rogai por nós. 
São Miguel, rogai por nós. 
São Gabriel, rogai por nós. 
São Rafael, rogai por nós. 
Todos os santos Anjos e Arcanjos, rogai por nós. 
Todos as santas ordens de Espíritos bem-aventurados, rogai por nós. 
São João Batista, rogai por nós. 
São José, rogai por nós. 
Todos os santos patriarcas e profetas, rogai por nós. 


São Pedro, rogai por nós. 
São Paulo, rogai por nós. 
Santo André, rogai por nós. 
São Thiago (Maior), rogai por nós.


São João, rogai por nós. 
São Tomé, rogai por nós. 
São Thiago (Menor), rogai por nós. 
São Felipe, rogai por nós. 


São Bartolomeu, rogai por nós. 
São Mateus, rogai por nós. 
São Simão, rogai por nós. 
São Tadeu, rogai por nós. 


São Matias, rogai por nós. 
São Barnabé, rogai por nós. 
São Lucas, rogai por nós. 
São Marcos, rogai por nós. 

Todos os santos apóstolos e evangelistas, rogai por nós. 
Todos os santos discípulos do Senhor, rogai por nós. 
Todos os santos inocentes, rogai por nós. 


Santo Estêvão, rogai por nós. 
São Lourenço, rogai por nós. 

São Vicente, rogai por nós. 
Santos Fabiano e Sebastião, rogai por nós. 
Santos João e Paulo, rogai por nós.
Santos Cosme e Damião, rogai por nós. 
Santos Gervásio e Protásio, rogai por nós. 
Todos os santos Mártires, rogai por nós. 


São Silvestre, rogai por nós. 
São Gregório, rogai por nós. 
Santo Ambrósio, rogai por nós.
Santo Agostinho, rogai por nós. 

São Jerônimo, rogai por nós. 
São Martim, rogai por nós. 
São Nicolau, rogai por nós. 
Todos os santos pontífices e confessores, rogai por nós. 
Todos os santos doutores, rogai por nós. 
Santo Antônio, rogai por nós. 
São Bento, rogai por nós. 
São Bernardo, rogai por nós. 
São Domingos, rogai por nós. 
São Francisco, rogai por nós.
Todos os santos sacerdotes e levitas, rogai por nós. 
Todos os santos Monges e eremitas, rogai por nós. 
Santa Maria Madalena, rogai por nós. 


Santa Águeda, rogai por nós. 
Santa Lúcia, rogai por nós. 
Santa Inês, rogai por nós. 
Santa Cecília, rogai por nós. 
Santa Anastásia, rogai por nós. 

Todas as santas virgens e viúvas, rogai por nós. 
Todos os santos e santas de Deus, intercedei por nós. 
Sêde propício, perdoai-nos Senhor. 
Sêde propício, ouvi-nos Senhor. 
De todo o mal, livrai-nos Senhor. 
De todo o pecado, livrai-nos Senhor. 
De vossa ira, livrai-nos Senhor. 
Da morte repentina e imprevista, livrai-nos Senhor. 
Das ciladas do demônio, livrai-nos Senhor. 
De toda a ira, ódio e má vontade, livrai-nos Senhor. 
Do espírito da fornicação, livrai-nos Senhor. 
Do raio e da tempestade, livrai-nos Senhor. 
Do flagelo do terremoto, livrai-nos Senhor. 
Da peste da fome e da guerra, livrai-nos Senhor. 
Da morte eterna, livrai-nos Senhor. 
Pelo mistério de vossa santa encarnação, livrai-nos Senhor. 
Pela vossa vinda, livrai-nos Senhor. 
Pelo vosso nascimento, livrai-nos Senhor. 
Por vosso batismo e santo jejum, livrai-nos Senhor. 
Por vossa cruz e paixão, livrai-nos Senhor.
Por vossa morte e sepultura, livrai-nos Senhor. 
Por vossa santa ressurreição, livrai-nos Senhor. 
Por vossa admirável ascensão, livrai-nos Senhor. 
Pela vinda do Espírito Santo Consolador, livrai-nos Senhor. 
No dia do juízo, livrai-nos Senhor. 

Pecadores que somos, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos perdoeis, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que useis de indulgência conosco, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis conduzir-nos à verdadeira penitência, nós vos rogamos: ouvi-nos.
Que nos digneis reagir e conservar a vossa santa igreja, nós vos rogamos: ouvi-nos.
Que nos digneis conservar a vossa santa religião, o Sumo Pontífice e a todos as ordens da hierarquia eclesiástica, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis humilhar os inimigos da igreja, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis conceder a verdadeira paz e concórdia entre os reis e príncipes cristãos, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis conceder a paz e a união a todo o povo cristão, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis chamar à unidade da Igreja, a todos os que estão alheios a ela, para iluminar todos os infiéis com a luz do Evangelho, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que vos digneis confortar-nos e conservar-nos em vosso santo serviço, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que levanteis nossos corações a desejar as coisas celestiais, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis retribuir, com os bens eternos a todos os nossos benfeitores, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que livreis da morte eterna nossas almas e as de nossos irmãos, parentes e benfeitores, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis dar e conservar os frutos da terra, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Que nos digneis conceder o eterno descanso a todos os fiéis defuntos, nós vos rogamos: ouvi-nos.
Que nos digneis atender-nos, nós vos rogamos: ouvi-nos. 
Filho de Deus, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor. 
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor. 
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós. 
Jesus Cristo, ouvi-nos. 
Jesus Cristo, atendei-nos. 
Senhor, tende piedade de nós. 
Jesus Cristo, tende piedade de nós. 
Senhor, tende piedade de nós. 

Pai nosso... (silêncio) 
E não nos deixeis cair em tentação. Mas livrai-nos do mal. Amém.