quarta-feira, 3 de maio de 2017

A ORAÇÃO DAS VINTE E QUATRO HORAS

Primeira Hora: Senhor, não me priveis dos Vossos dons celestiais. 

Segunda Hora: Senhor, livrai-me dos tormentos eternos.

Terceira Hora: Senhor, perdoai-me se pequei contra Vós com a mente e com os pensamentos, em palavras e atos.

Quarta Hora: Senhor, livrai-me de toda a ignorância, esquecimento, pusilanimidade e insensibilidade empedernida. 

Quinta Hora: Senhor, livrai-me de toda tentação. 

Sexta Hora: Senhor, iluminai o meu coração turvado pelos desejos malignos. 

Sétima Hora: Senhor, como homem eu pequei, mas Vós, como Deus compassivo, tende piedade de mim e das enfermidades da minha alma. 

Oitava Hora: Senhor, enviai a Vossa Graça em meu socorro para que eu possa glorificar o Vosso Santo Nome. 

**********

Nona Hora: Senhor, escrevei o nome deste Vosso servo no Livro da Vida e concedei-me a graça de uma boa morte.

Décima Hora: Senhor meu Deus, concedei pela Vossa graça que as minhas obras produzam frutos de salvação. 

Décima Primeira Hora: Senhor, derramai sobre o meu coração o orvalho da Vossa graça.

Décima Segunda Hora: Senhor do céu e da terra, no Vosso reino, lembrai-Vos deste Vosso servo pecador, impuro e arrependido.

Décima Terceira Hora: Senhor, aceitai a minha penitência. 

Décima Quarta Hora: Senhor, não me abandoneis. 

Décima Quinta Hora: Senhor, não me deixeis cair em tentação. 

Décima Sexta Hora: Senhor, concedei-me a graça de bons pensamentos. 

**********

Décima Sétima Hora: Senhor, concedei-me o sofrimento, a lembrança da morte e contrição. 

Décima Oitava Hora: Senhor, concedei-me a graça de confessar os meus pecados. 

Décima Nona Hora: Senhor, concedei-me a humildade, castidade e obediência. 

Vigésima Hora: Senhor, concedei-me a paciência, coragem e mansidão. 

Vigésima Primeira Hora: Senhor, fazei florescer em mim a raiz do bem e o temor de Vós em meu coração. 

Vigésima Segunda Hora: Senhor, concedei-me a graça de Vos amar com toda a minha alma e toda a minha mente e fazer em tudo a Vossa Santa Vontade. 

Vigésima Terceira Hora: Senhor, protegei-me dos homens maus, das investidas dos demônios, das paixões e de todas as coisas impróprias. 

Vigésima Quarta Hora: Senhor, Vós que sabeis que tudo se faz segundo a Vossa Santa Vontade, fazei que ela se cumpra também em mim que sou pecador, Vós que sois bendito pelos séculos dos séculos. Amém.

(São João Crisóstomo)

terça-feira, 2 de maio de 2017

A VIRTUDE SE MANIFESTA NO AMOR AO PRÓXIMO

Todos os pecados são cometidos através do próximo, no sentido de que eles são a ausência da caridade, que é a forma de todas as virtudes. No mesmo sentido, o egoísmo, que é a negação do amor pelo próximo, constitui a razão e o fundamento do todo mal. Ele é a raiz dos escândalos, do ódio, da maldade, dos prejuízos causados aos outros.

Diante disto, o cristão luta e se opõe à sensualidade, com empenho a submete à razão e procura descobrir em si mesmo a grandeza de Minha bondade. Inúmeros são os favores que lhe faço. Ao reconhecer que gratuitamente o retirei das trevas e o transferi para a verdadeira sabedoria, no autoconhecimento ele se humilha. Assim, consciente da Minha benevolência, o homem me ama direta e indiretamente. Diretamente, não pensando em si mesmo ou em interesses pessoais; indiretamente através da prática da virtude.

Toda virtude é concebida no íntimo do homem por amor a Mim; fora do ódio ao pecado e do amor à virtude, não existe maneira de me agradar e de se chegar até Mim. Depois de ter concebido interiormente a virtude, a pessoa a pratica no próximo. Aliás, tal modo de agir é a única prova de que alguém possui realmente uma virtude. 

Quem Me ama, procura ser útil ao próximo. Nem poderia ser de outra maneira, dado que o amor por Mim e pelo próximo são uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto me ama, pois de Mim se origina o amor do outro. O próximo, eis o meio que vos dei, para praticardes e manifestardes a virtude que existe em vós. Como nada podeis fazer de útil para Mim, deveis ser de utilidade ao homem.

(Revelações de Santa Catarina de Sena)

segunda-feira, 1 de maio de 2017

01 DE MAIO - SÃO JOSÉ OPERÁRIO


São José, São José carpinteiro,
dai-me o cinzel do entalhador
para que eu molde almas, muitas almas,
com a sagrada face do Senhor...


São José, modelo de virtudes,
imprimi em mim virtuoso labor
para que eu seja luz, luz que alumie,
os santos caminhos do Senhor...


São José, homem de oração,
dai-me a graça da vida interior
para que eu leve ovelhas, muitas ovelhas,
 ao rebanho do Bom Pastor...
  

São José, São José missionário,
guiai-me no apostolado do amor
pelos homens, para que muitos se salvem,
 na infinita misericórdia do Senhor...



 São José, esposo de Maria,
ungi-me a fronte com especial fervor
de levar as almas, todas as almas,
às fontes da graça do Senhor...


São José, São José camponês,
dai-me o arado e fazei-me semeador
que eu possa dar frutos, muitos frutos,
nas vinhas gloriosas do Senhor...


São José, homem justo na fé,
fazei de mim esteio consolador
de todos que sofrem, dos que padecem,
crucificados como o Senhor...



São José, São José operário,
fazei de mim um santo trabalhador
que eu seja obra de muitos nomes
nas moradas eternas do Senhor...

('Poema a São José', de Arcos de Pilares)

domingo, 30 de abril de 2017

NO CAMINHO PARA EMAÚS

Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo da Páscoa


No caminho para Emaús, cidadezinha distante pouco mais de 10km de Jerusalém, Jesus vai manifestar, mais uma vez, a glória da Ressurreição aos seus discípulos. Como que por acaso, Jesus os toma para Si na longa caminhada, numa contemplação aparente de um mero convívio humano, nascido das circunstâncias de três peregrinos na mesma direção: 'quando eles iam conversando e discorrendo entre si, aproximou-Se deles o próprio Jesus e caminhou com eles' (Lc 24, 15). Não há nada de circunstancial ou de mera rotina neste encontro sobrenatural: tal grande manifestação da graça de Deus faz dele um evento singular e extraordinário.

E, de algum modo absolutamente sobrenatural, os discípulos não reconhecem Jesus, a exemplo daqueles que O encontraram às margens do mar de Tiberíades e também não O reconheceram a princípio (Jo 21,4). Movidos pelas emoções humanas, retratam a Paixão e Morte do Senhor àquele 'único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias' (Lc 24, 18). Eles se referiram ao Senhor como um profeta poderoso, muito provavelmente ciente dos riscos de serem denunciados e presos por proclamarem a um desconhecido a condição de serem discípulos dAquele que deveria libertar Israel, de acordo com as suas próprias motivações e perspectivas.

No caminho para Emaús, os dois discípulos expressam, num turbilhão de emoções, os sentimentos de angústia, tristeza, decepção, perturbação e esperança. E é esta esperança que vai torná-los testemunhas do amor. Jesus os repreende pela perturbação que se levanta como o pó da estrada; Jesus os orienta, por meio dos textos bíblicos, no caminho da santificação plena e no entendimento de toda Verdade de Deus. Jesus ilumina para sempre os seus corações, na tarde ensolarada que declina.

E, ficando com eles, o Senhor se vai, manifestando, mais uma vez, o mistério concreto da Santa Eucaristia como a permanência de Deus Vivo entre os homens: 'Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles' (Lc 24, 30 - 31). Como os dois discípulos de Emaús, na Santa Eucaristia, nós reconhecemos e, mais do que reconhecer, nós ficamos com Jesus, na poeira das estradas do mundo, na certeza da caminhada rumo à eternidade com Deus. 

sábado, 29 de abril de 2017

29 DE ABRIL - SANTA CATARINA DE SENA


Santa Catarina de Sena nasceu Caterina di Giacomo di Benincasa na cidade de Sena / Itália, em 25 de março de 1347, de família humilde e numerosa. Desde tenra idade foi cumulada pela Providência Divina de visões místicas e dons sobrenaturais, que incluíram mais tarde a manifestação de estigmas semelhantes aos de Nosso Senhor. Ofereceu-se a Deus desde a infância e, ainda muito jovem, já havia recebido o hábito de penitente da Ordem Terceira de São Domingos.

Reclusa em sua cela, em orações e jejuns constantes, Catarina passou por inúmeras experiências sobrenaturais, que culminaram com a celebração de suas núpcias místicas com o Senhor, na cela de sua reclusão, nas vésperas da Quarta-Feira de Cinzas do ano de 1367. Acostumada a uma vida de rígida abstinência, a comunhão era, muitas vezes, o seu único alimento por vários dias. Mas, segundo o seu confessor e primeiro biógrafo, Raimundo de Cápua, Jesus vai demandá-la a abandonar a vida reclusa e a dedicar-se totalmente a uma missão pública em favor da Igreja.

A Europa à época de Santa Catarina estava marcada pela peste, pela violência e por uma grave crise da Igreja. O papado estava recolhido na cidade francesa de Avignon, sob influência política de diversos reinos e ducados. Catarina tornou-se, então, a servidora humilde de todos, cuidou dos doentes, pregou um apostolado intensivo e lutou incessantemente pelo restabelecimento da paz, mediante visitas pessoais ou envio de cartas a diferentes políticos e governantes, conclamando o próprio papa - Gregório XI - a retomar o seu pontificado a partir de Roma. 

E o retorno do papa a Roma ocorreu em janeiro de 1377. Neste período, tem início os primeiros registros das conversações entre a sua alma e Deus, mais tarde transcritas na obra hoje conhecida como 'Diálogo'. Mas a paz na Igreja não seria longa, sendo marcada por novas revoltas e a morte em seguida de Gregório XI. Em Roma, os cardeais elegem Urbano VI; em Avignon, alguns cardeais franceses dão origem ao Grande Cisma do Ocidente, não aceitando o novo papa de Roma e elegendo o antipapa Clemente VII. 

A angústia e aflição diante destes fatos e da incerteza sobre o futuro da Igreja a acompanhariam até à sua morte prematura, ocorrida em 29 de abril de 1380, aos 33 anos de idade. Sua cabeça foi separada do corpo e é venerada na Basílica de San Domenico em Siena e o corpo encontra-se na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma. Catarina foi canonizada em 1461 pelo papa Pio II e declarada 'doutora da Igreja' pelo papa Paulo VI em 1970, apenas alguns dias depois da concessão da primeira e igual honraria dada à Santa Teresa de Ávila.

(cabeça preservada e túmulo de Santa Catarina de Sena)

sexta-feira, 28 de abril de 2017

28 DE ABRIL - SÃO LUÍS DE MONTFORT

c
Missionário do Espírito Santo e da Virgem Santíssima, São Luís Maria Grignion de Montfort foi o portador da graça divina de uma mensagem de transcendência extraordinária: a necessidade de uma devoção ardente à Mãe de Deus e do conhecimento da missão ímpar de Nossa Senhora no Segundo Advento do seu Filho.

Nasceu em 31 de janeiro de 1637 em Montfort (França), sendo ordenado sacerdote em 1700. Em 1706, foi recebido pelo Papa Clemente XI que, confirmando a sua vocação missionária, outorgou-lhe o título de 'Missionário Apostólico'. Nesta missão, combateu duramente a doutrina jansenista na França, que, crendo na predestinação, apresentava um Deus tirânico e sem misericórdia. 

Fundou três instituições religiosas: a Companhia de Maria (congregação de sacerdotes missionários), as Filhas da Sabedoria (freiras dedicadas à assistência aos doentes nos hospitais e à instrução de meninas pobres) e os Irmãos de São Gabriel (congregação de leigos voltados para o ensino). Escreveu várias obras, dentre ela o 'Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem', referência básica da mariologia cristã. Morreu em 28 de abril de 1716, aos 43 anos e apenas 16 anos como sacerdote, em Saint-Laurent-sur-Sèvre (França). Foi beatificado em 1888 e canonizado em 1947, pelo Papa Pio XII.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

VERSUS: MALDIÇÃO X LOUVOR

Dois caminhos: qual você vai seguir?

Contempla qual será a eterna ocupação do réprobo no inferno. Continuamente odiará e amaldiçoará a Deus, e, amaldiçoando a Deus, amaldiçoará também os benefícios que d’Ele recebeu: a criação, a redenção, os sacramentos, em particular, o batismo e a penitência. Sobretudo amaldiçoará o Santíssimo Sacramento do altar, que ele profanou tantas vezes e recebeu talvez sacrilegamente. O desgraçado odiará todos os Anjos e Santos, especialmente o Anjo da guarda e os seus santos Padroeiros, e mais que todos, a divina Mãe, odiará as três Pessoas divinas e, em particular, o Filho de Deus, morto para o salvar, amaldiçoando-Lhe as chagas, o sangue, os sofrimentos e a morte: O pecador verá e se indignará; rangerá os dentes, e se consumirá; o desejo dos pecadores perecerá.



Ah, meu doce Redentor Jesus! Ah, minha amadíssima Corredentora, Maria! Se jamais meu coração se sentiu enternecido e compungido à vista de suas culpas, eis que agora Vô-lo demonstram as lágrimas que derramo aos vossos pés. Misericórdia! Meu Jesus, misericórdia! Quem me dera nunca Vos ter ofendido! No futuro, quero antes perder mil vezes a vida do que tornar a ofender-Vos. Não é o temor do inferno que me faz falar assim, mas o temor de ter que blasfemar contra Vós nesse abismo.

Ó Meu Deus, se por desgraça me condenar, terei de Vos amaldiçoar eternamente? Os meus lábios que agora Vos bendizem e exortam os outros a vosso louvor, estes lábios terão de sempre Vos amaldiçoar? Ó Senhor, não o consintais! Antes se me seque a garganta, antes se me corte a língua, seja eu antes reduzido a cinza pelo raio de vossa ira; mas protesto que nunca Vos quero amaldiçoar. Desejo ao contrário, ir ao céu para Vos louvar e bendizer, juntamente com Maria Santíssima, com os Anjos e os Santos, por toda a eternidade. Mas deveis ajudar-me com a vossa graça. Ó meu Jesus, fazei-o pelos merecimentos de vossa Paixão e pelas dores de vossa querida Mãe. 

(Excertos da obra 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano', de Santo Afonso de Ligório)