sábado, 4 de março de 2017

PRIMEIRO SÁBADO DE MARÇO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
 DEVOÇÃO PARA O TERCEIRO SÁBADO 


ATO DE DESAGRAVO
AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

 em reparação contra as blasfêmias cometidas contra a maternidade divina de Nossa Senhora

Ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, transpassado de dor pelas injúrias com que os pecadores ultrajam vosso santo nome e vossas excelsas prerrogativas; eis prostrado aos vossos pés vosso indigno filho, que, oprimido pelo peso das próprias culpas, vem arrependido vos oferecer este ato de reparação contra as injúrias, blasfêmias, indiferenças e injustiças cometidas contra vós pela impiedade dos homens que não vos conhecem.

Neste Terceiro Sábado, ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, desejo reparar particularmente as blasfêmias contra a vossa Maternidade Divina. Virgem Maria, mãe de Deus e mãe dos homens, que trouxestes em vosso sagrado seio virginal Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo; por vós, exultam os céus, alegram-se os anjos e os arcanjos e a terra inteira. E contra este tesouro de graças, homens ímpios ousam vos blasfemar... Feliz, porém, aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe Santíssima, e possa proclamar as bem-aventuranças do vosso Santo Nome nos confins de toda a terra. Que este meu pequeno ato de puro amor e devoção seja depositado no repositório de graças da Santa Igreja em desagravo e reparação às blasfêmias e ofensas cometidas contra a vossa Maternidade Divina. 

E que meu ato de amor seja também um ato de esperança e de súplica à vossa misericordiosa mediação: concedei-me, ó Imaculado e Doloroso Coração de Maria, o firme propósito de vos ser fiel todos os dias de minha vida, de defender a vossa honra de todos os ultrajes, de propagar com entusiasmo vosso culto e vossas glórias a todos os homens, de amar Vosso Filho de todo o meu coração  e a graça suprema de estar convosco e com Jesus no Céu por toda a eternidade. Amém. 

(rezar 3 Ave Marias em desagravo ao Imaculado Coração de Maria pelas blasfêmias cometidas contra a maternidade divina de Nossa Senhora)

Orações e Práticas da Devoção neste Terceiro Primeiro Sábado de 2017:

Confissão*
Sagrada Comunhão
Rezar o Terço
Meditação dos Mistérios do Rosário (15 minutos)

* A confissão pode não ser realizada neste sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte. Caso não tenha sido realizada, fazê-la com esta intenção explícita numa próxima confissão.

sexta-feira, 3 de março de 2017

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA (I)

MEDITAÇÃO PARA A PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA

DAS TENTAÇÕES


PRIMEIRO PONTO - A TENTAÇÃO, LONGE DE SER UM MAL, PODE NOS TRAZER UMA GRANDE VANTAGEM

Nenhum mal moral é possível sem que a vontade não o queira: ainda que a porta da vontade esteja cerrada, o demônio e a imaginação podem fazer alarido em torno do coração, mas não podem alterar a sua pureza. Eis aí porque Jesus Cristo e todos os santos suportaram a prova da tentação, sem que a provação causasse o menor ferimento a suas almas. Vede como toda desolação nas tentações se dá sem razão. O ato de se desolar é um desafio do amor-próprio, descontente em se ver miserável, ou uma desconfiança da bondade de Deus, que jamais falta aos que O invocam, ou a pusilanimidade de uma alma, que se vê só na sua fragilidade, e longe dos socorros de Deus. 

Longe de ser um mal, a tentação pode, pelo contrário, trazer-nos uma grande vantagem. Pois: (i) ela nos dá a oportunidade de glorificar a Deus, porque, ao resistirmos generosamente, provamos a nossa fidelidade, derrotamos os seus inimigos e triunfamos; (ii)  leva-nos à humildade, ensinando-nos o lado ruim que existe em nós; ao espírito de oração, fazendo-nos ver a necessidade de recorrer a Deus; à vigilância, advertindo-nos a desconfiar de nossa força e evitarmos a ocasião do mal; ao amor divino, fazendo ressaltar a bondade de Deus. 

Além disso, evita o desânimo, desperta o fervor, dá a virtude de um caráter mais firme e mais rígido; ensina-nos a nos conhecer; e dá mais graça à alma nesta vida e mais glória na outra, na proporção dos méritos que a adornam e a faz mais digna de Deus, como está escrito dos santos: 'Deus os tem provado e os encontrado dignos de Si'.  Eis porque Deus disse ao povo de Israel: 'Eu não queria destruir os cananeus para que tenhais inimigos para combater' e o Papa Leão disse da mesma forma: 'É bom para a alma o temor de cair e de ter constantemente uma luta para sustentar'. 

A alma fiel retira da tentação ao mal o mesmo fruto que da inspiração pelo bem. É esta a oportunidade para ela alcançar a perfeição da virtude com toda a boa vontade de que é capaz. Na tentação dos sentidos, [a alma] se eleva à infinita grandeza de Deus e se levanta. Elevada tão alto, mantém-se acima dos olhares baixos e sensuais; na tentação do espírito, mergulha até o nada; nas tentações do prazer, ama e abraça a cruz. É assim que temos tirado proveito de nossas tentações?

SEGUNDO PONTO - EM QUE CONDIÇÕES A TENTAÇÃO TORNA-SE UM BEM?

Existem certas condições que são necessárias antes, durante e depois da tentação: (i) Antes da tentação, é necessário evitar tudo que conduza ou incline para o mal, por exemplo: lidar com pessoas perigosas, olhares imodestos, modismos e leituras livres, os prazeres de uma vida fútil e e sensual: 'Quem ama o perigo nele perecerá e o que conta com as suas próprias forças será confundido'. A desconfiança é a mãe da segurança e expor-se voluntariamente ao perigo é tentar a Deus, é se fazer indigno do Seu auxílio. Além disso, é necessário não temer a tentação; temê-la a faz nascer; o melhor é não pensar nela e se concentrar apenas no que se tem a fazer. 

(ii) Durante a tentação, é necessário não se envolver por ela, com o pretexto de que será ligeira; de outra forma, ela se apoderaria de nós; antes deve-se descartá-la de pronto, firme e tranquilamente, rechaçando-a com desprezo, sem sequer se dignar a entreolhá-la; e, caso produza algumas impressões, basta desaprová-las suavemente e dedicarmos integralmente à ação presente. Aqueles que a enfrentam, correm o risco de manchar-se e os que a rejeitam com esforço excessivo perderiam a paz do coração, o recolhimento do espírito e a unção da piedade. Se não for possível  ter sucesso assim, é necessário se recorrer humildemente a Deus e dizer: 'Ó Senhor, quão profunda é a minha miséria! Quanto mal ainda tenho com o meu amor próprio! Quão bom sois Vós em amar um pecador como eu! Ó Jesus! Ó Maria! Ó todos os Santos e Anjos de Deus, bendizei ao Senhor, que quer se humilhar no Seu amor até a minha baixeza'. 

(iii) Depois, é necessário esquecer a tentação; a reflexão a faria reviver. É melhor tomar dela o valor de forma pacífica e reparar o mal passado, se este é conhecido, fazendo perfeitamente a ação presente; dirigir o olhar para Deus e envolver-se nos Seus braços com confiança e amor, dizendo como o filho pródigo: 'Pai, pequei contra o Céu e contra Vós', ou como o publicano: 'Meu Deus, tende misericórdia de mim, que sou pecador'. Examinemos, pois, se temos observado estas regras durante e depois das tentações.

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 2 de março de 2017

AS QUATRO TÊMPORAS


É lícito e de grande valia a Igreja proclamar a natureza como obra da excelência da divina criação, mais do que tudo porque a natureza representa o reflexo direto da grandeza e da imensa bondade e amor de Deus por nós. Uma outra razão particularmente relevante nesta celebração da natureza pela Igreja está no contraponto de uma abordagem verdadeiramente cristã ao ecologismo panteísta militante e artificial em voga, edulcorado da retórica vazia de coisas como planeta verde e mãe terra.

Tal visão cristã torna-se ainda mais relevante nestes tristes tempos em que a verborragia do paganismo militante alçou a defesa do meio ambiente a uma escala de religião panteísta, cujos principais dogmas são o aquecimento global, o desmatamento e a poluição urbana. Investida de cenários apocalípticos, os ativistas desta seita universal se escalpelam na defesa intransigente da preservação ambiental dos habitats do mico leão dourado ou das tartarugas em nidação. E incensam, com a mesma determinação frenética, o aborto como um direito da mulher e o sacrifício inocente de milhares de fetos indesejados como conquistas sociais. Aqueles que defendem a natureza com tanta veemência são os mesmos que violam os preceitos mais elementares da vida humana.

A visão cristã da natureza como obra do amor e da misericórdia de Deus remonta às próprias origens de Cristianismo, associada à prática de jejuns sazonais. Os cristãos do primeiro século jejuavam regularmente às quartas (dia em que ocorreu a traição de Judas) e sextas (dia da crucificação e morte de Jesus). Este costume foi se consolidando como eventos sazonais, dando origem às Festas das Têmporas ou Quatro Estações, que passaram a incluir também o jejum aos sábados, dia em que o Senhor jazia no sepulcro. 

As Quatro Têmporas, como períodos específicos de jejum e penitência associados em sintonia ao ciclo da natureza e às quatro estações do ano, foram formalmente estabelecidas pelo Papa Gregório VII. Aplicadas ao hemisfério sul, a primavera contempla as Têmporas de Setembro (terceira semana de setembro), o verão relaciona-se às Têmporas de Dezembro (tempo do Advento, terceira semana de dezembro); ao outono corresponde as Têmporas da Quaresma (primeira semana da quaresma) e, finalmente, o inverno compreende as Têmporas de Pentecostes, que ocorrem dentro da Oitava de Pentecostes (primeira semana de pentecostes). Nos jejuns sazonais dos judeus ou nas Têmporas cristãs, manifestava-se o amor incondicional das criaturas pela natureza e suas estações, como louvor à obra do Criador.

Como expressões dos ciclos da natureza, as Têmporas passaram a representar, no âmbito litúrgico, tempos especiais de retiro espiritual e de amor à natureza como obra do Pai, caracterizados por intensos períodos de jejum e de oração. Assim, durante quatro épocas do ano, na mudança das estações, três dias da semana – quarta, sexta e sábado – eram devotados ao jejum e à oração, de modo a agradecer os bens naturais recebidos e evocar as graças e as bênçãos de Deus para a nova estação que então se iniciava. E, em função do antigo costume cristão de se impor o jejum antes das ordenações sagradas, estas consagrações ocorriam comumente durante os sábados das Têmperas, porque os ordenados constituem por excelência as primícias do povo cristão.

E, como as estações da natureza material, as Têmporas produziram sementes e frutos espirituais de grande relevo na história da Igreja. E, como tantas outras colunas de pedra, forjadas no rigor da fé e das tradições da civilização cristã, estas também ruíram em nome da praticidade de se ajustar a Igreja aos tempos e aos modismos dos homens, a ponto de restar atualmente pouquíssimo zelo pela sua prática e reavivamento*.

* um exemplo dessas enormes perdas litúrgicas são os repetidos e recorrentes temas das recentes campanhas da fraternidade, inseridas sempre num contexto de base social ou ambiental, tão ao gosto dos princípios da nova ordem mundial da globalização e do ecumenismo e de uma perda crescente dos valores da autêntica civilização cristã.

quarta-feira, 1 de março de 2017

QUARTA DE CINZAS


Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris

'Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás!' (Gn 3,19). A Quarta-Feira de Cinzas é o primeiro dia do tempo da Quaresma, quarenta dias antes da Páscoa. Neste dia por excelência refletimos sobre a nossa condição mortal nesta vida e a eternidade de nossas almas na vida futura. Num tempo em que se valoriza tanto a dimensão física, a beleza do corpo, a imposição das cinzas nos desvela a dura realidade do nosso corpo mortal: apenas pó que há de se consumir em cinzas.

Esse dia dá início, portanto,  a um tempo de profunda meditação sobre a nossa condição humana diante da grandeza e misericórdia de Deus. Tempo para fazer da nossa absurda fragilidade, sustentáculos da verdade e da fé; tempo para fazer de nossa pequenez e miséria, um templo de oração e um arcabouço de graças; tempo para transformar a argila pálida de nossos feitos e conquistas, em patamares seguros para a glória de Deus. Um tempo de oração, jejum e caridade. Um tempo de oração, desagravo, conversão, reparação. E um tempo de penitência, penitência, penitência...

A penitência é traduzida por atos de mortificação, seja na caridade silenciosa de um pequeno gesto, seja na determinação silenciosa de um pequeno 'não!' Pequenos gestos: uma visita a um amigo doente, uma palavra de conforto a quem padece ausências, um bom dia ainda nunca ofertado; ou um pequeno 'não': à abstinência de carne ou refrigerante ou ao fumo; abrir mão de ter sempre a última resposta ou para aquela hora a mais de sono; simplesmente dizer não a um livro, a uma música, a uma revista, a um programa de televisão. 

Propague o silêncio, sirva-se da modéstia; invista no anonimato, não se ensoberbeça, pratique a tolerância, estanque a frivolidade, consuma-se na obediência. Lembra-te que és pó e todas as tuas ações, aspirações e pensamentos vão reverberar em ti as glórias de Deus.

Abre-se hoje o Tempo da Quaresma: 'convertei-vos e crede no Evangelho'. Pois é no Evangelho (Mt 6, 1-6.16-18) que Jesus nos dá os instrumentos para a realização de uma autêntica renovação interior: oração, jejum e caridade. Com estas três práticas fundamentais, o tempo de penitência da quaresma é convertido em caminho de santificação ao encontro de Jesus Ressuscitado que vem, na Festa da Páscoa.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A CURA DE TODOS OS MALES

E assim como os médicos quando fazem curativos sobre as feridas não o fazem de modo inábil, mas com cuidado, de modo que a utilidade do curativo venha acompanhada de certa estética, do mesmo modo a medicina da Sabedoria divina tomando forma humana aplicou seu remédio a nossos males. Ela trata certas feridas com remédios contrários e outras com remédios semelhantes. Desse mesmo modo é que o médico cuida de uma lesão do corpo empregando certos elementos contrários, como o frio contra o calor, o úmido contra o seco, ou ainda servindo-se de procedimentos de gênero semelhante. Assim, vemos o médico empregar certos produtos que se assemelham ao mal, como curativo redondo para uma ferida circular, alongado para uma chaga longa. Ele não faz enfaixamento igual em todos os membros, mas ajusta elementos semelhantes às coisas semelhantes.

Ora, a Sabedoria divina não age de modo diferente quando cuida do homem. Apresentou-se em pessoa para curá-lo. Ela própria é o médico e ao mesmo tempo o remédio. Posto que o homem caiu por orgulho, recorreu à humildade para o curar. Nós, que fomos enganados pela sabedoria da serpente, seremos libertados pela loucura de Deus. Ora, assim como a Sabedoria parece loucura para os contestadores de Deus, do mesmo modo o que chamamos loucura é sabedoria para os vencedores do demônio.

Usamos mal da imortalidade e isso nos fez morrer. Cristo usou bem da mortalidade e isso nos faz viver. Pela alma corrompida de uma mulher entrou a doença. E do corpo íntegro de outra mulher veio a saúde. A esse gênero de contrários pertence também a cura de nossos vícios, graças ao exemplo das virtudes de Cristo. Eis agora os remédios semelhantes aplicados como ataduras a nossos membros e a nossas feridas: nascido de uma mulher, ele libertou aqueles que tinham sido enganados por uma mulher. Homem, libertou os homens. Mortal, libertou os mortais. Morto, libertou os mortos.

(Excertos da obra 'A Doutrina Cristã', de Santo Agostinho)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O MAOMÉ DE SÃO JOÃO BOSCO

Nasceu este famoso impostor em Meca, cidade da Arábia, de família pobre, de pai gentio e mãe judia. Errando em busca de fortuna, encontrou-se com uma viúva negociante em Damasco, que o nomeou seu procurador e mais tarde casou-se com ele. Como era epilético, soube aproveitar-se desta enfermidade para provar a religião que tinha inventado e afirmava que suas quedas eram outros tantos êxtases, durante os quais falava com o arcanjo Gabriel.

A religião que pregava era uma mistura de paganismo, judaísmo e cristianismo. Ainda que admita um só Deus, não reconhece a Jesus Cristo como filho de Deus, mas como seu profeta. Como dissesse com jactância que era superior ao divino Salvador, instavam com ele para que fizesse milagres como Jesus fazia; porém ele respondia que não tinha sido suscitado por Deus para fazer milagres, mas para restabelecer a verdadeira religião mediante a força.

Ditou suas crenças em árabe e com elas compilou um livro que chamou Alcorão, isto é, livro por excelência; narrou nele o seguinte milagre, ridículo em sumo grau. Disse que tendo caído um pedaço da lua em sua manga, ele soube fazê-la voltar a seu lugar; por isso os maometanos tomaram por insígnia a meia lua.

Sendo conhecido por homem perturbador, seus concidadãos trataram de dar-lhe morte; sabendo disto o astuto Maomé fugiu e retirou-se para Medina com muitos aventureiros que o ajudaram a apoderar-se da cidade. Esta fuga de Maomé se chamou égira, isto é, perseguição; e desde então começou a era muçulmana, correspondente ao ano 622 de nossa era.

O Alcorão está cheio de contradições, repetições e absurdos. Não sabendo Maomé escrever, ajudaram-no em sua obra um judeu e um monge apóstata persa chamado Sérgio. Como o maometismo favorecesse a libertinagem, teve prontamente muitos sequazes; e como pouco depois se visse seu autor à frente de um formidável exército de bandidos, pôde com suas palavras e ainda mais com suas armas introduzi-lo em quase todo o Oriente. Maomé depois de ter reinado nove anos tiranicamente, morreu na cidade de Medina no ano 632.

(São João Bosco, em sua 'História Eclesiástica')