quarta-feira, 29 de junho de 2016

29 DE JUNHO - FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

FUNDAMENTOS DA IGREJA

São Pedro e São Paulo - Jusepe de Ribera (1591 - 1652)

"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16).

“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (II Tm 4,7).

Excertos da Homilia do Papa João Paulo II, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29/06/2000


Jesus dirige aos discípulos esta pergunta acerca da sua identidade, enquanto se encontra com eles na Alta Galileia. Muitas vezes acontecera que foram eles a interrogar Jesus; agora é Ele quem os interpela. A sua pergunta é específica e espera uma resposta. Simão Pedro toma a palavra em nome de todos:  "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Mt 16, 16). A resposta é extraordinariamente lúcida. Nela se reflete de modo perfeito a fé da Igreja. Nela nos refletimos também nós. De modo particular, reflete-se nas palavras de Pedro o Bispo de Roma, por vontade divina, seu indigno sucessor.

2. "Tu és o Cristo!". À confissão de Pedro, Jesus replica:  "És feliz, Simão, filho  de  Jonas,  porque  não  foram  a carne nem o sangue quem to revelou, mas  o  Meu  Pai  que  está  nos  céus" (Mt 16, 17).

És feliz, Pedro! Feliz, porque esta verdade, que é central na fé da Igreja, não podia emergir na tua consciência de homem, senão por obra de Deus. "Ninguém, disse Jesus, conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11, 27). Reflitamos sobre esta página evangélica particularmente densa:  o Verbo encarnado revelara o Pai aos seus discípulos; agora é o momento em que o próprio Pai lhes revela o seu Filho unigênito. Pedro acolhe a iluminação interior e proclama com coragem:  "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo"!

Estas palavras nos lábios de Pedro provêm do profundo do mistério de Deus. Revelam a verdade íntima, a própria vida de Deus. E Pedro, sob a ação do Espírito divino, torna-se testemunha e confessor desta soberana verdade. A sua profissão de fé constitui assim a sólida base da fé da Igreja:  "Sobre ti edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18). Sobre a fé e a fidelidade de Pedro está edificada a Igreja de Cristo.

3. "O Senhor assistiu-me e deu-me forças a fim de que a palavra fosse anunciada por mim e os gentios a ouvissem" (2 Tm 4, 17). São palavras de Paulo ao fiel discípulo Timóteo:  escutamo-las na Segunda Leitura. Elas dão testemunho da obra nele realizada pelo Senhor, que o tinha escolhido como ministro do Evangelho, "alcançando-o" na via de Damasco (cf. Fl 3, 12). Envolvido numa luz fulgurante, o Senhor se lhe havia apresentado, dizendo:  "Saulo, Saulo, por que Me persegues?" (Act 9, 4), enquanto uma força misteriosa o lançava por terra (cf. ibid., v. 5).

"Quem és Tu, Senhor?", perguntara Saulo. "Eu sou Jesus, a quem tu persegues!" (ibid.). Foi esta a resposta de Cristo. Saulo perseguia os seguidores de Jesus e Jesus fez-lhe tomar consciência de que era Ele mesmo a ser perseguido neles. Ele, Jesus de Nazaré, o Crucificado, que os cristãos afirmavam ter ressuscitado. De Damasco, Paulo iniciará o seu itinerário apostólico, que o levará a defender o Evangelho em tantas partes do mundo então conhecido. O seu impulso missionário contribuirá assim para a realização do mandato de Cristo aos Apóstolos:  "Ide, pois, ensinai todas as nações..." (Mt 28, 19).

4. Caríssimos Irmãos no Episcopado vindos para receber o Pálio, a vossa presença põe em eloquente ressalto a dimensão universal da Igreja, que derivou do mandato do Senhor:  "Ide... ensinai todas as nações" (Mt 28, 19). Todas as vezes que vestirdes estes Pálios, recordai, Irmãos caríssimos que, como Pastores, somos chamados a salvaguardar a pureza do Evangelho e a unidade da Igreja de Cristo, fundada sobre a "rocha" da fé de Pedro. A isto nos chama o Senhor; esta é a nossa irrenunciável missão de guias previdentes do rebanho que o Senhor nos confiou.

5. A plena unidade da Igreja! Sinto ressoar em mim a recomendação de Cristo. Deus nos conceda chegarmos quanto antes à plena unidade de todos os crentes em Cristo. Obtenhamos este dom dos Apóstolos Pedro e Paulo, que a Igreja de Roma recorda neste dia, no qual se faz memória do seu martírio e, por isso, do seu nascimento para a vida em Deus. Por causa do Evangelho, eles aceitaram sofrer e morrer e se tornaram partícipes da ressurreição do Senhor. A sua fé, confirmada pelo martírio, é a mesma fé de Maria, a Mãe dos crentes, dos Apóstolos,  dos Santos  e Santas  de  todos  os séculos.

Hoje a Igreja proclama de novo a sua fé. É a nossa fé, a imutável fé da Igreja em Jesus, único Salvador do mundo; em Cristo, o Filho de Deus vivo, morto e ressuscitado por nós e para a humanidade inteira.

São Pedro e São Paulo, rogai por nós!

terça-feira, 28 de junho de 2016

SEIS CONSELHOS PARA FUGIR DO DEMÔNIO

1. Converter-se a Cristo: 'Mudar de vida, quem vive no pecado deve decidir-se por Cristo'.

2. Confessar-se: 'Não há sacramento mais importante que o da confissão, a reconciliação, o perdão. Há muitas pessoas que vivem das consequências do mal por causa do não perdão'.

3. Participar da celebração da Eucaristia: 'Aconselhamos a todas as pessoas a viverem uma vida sacramental, e depois da confissão é necessário o sacramento da Eucaristia dentro da celebração eucarística'.

4. Falar com Deus. A oração é muito importante, porque atrai a graça de Deus e nos protege de muitas coisas. 

5. Aprofundar na nossa fé com a comunidade. 

6. Afastar-se do pecado é afastar-se do diabo. 'Muitas pessoas vêm a nós porque têm medo do diabo, mas não têm medo do pecado'. 

(Walter Cascioli, médico psiquiatra e porta-voz da Associação Internacional de Exorcistas)

120 REVELAÇÕES SOBRE A EXISTÊNCIA DO DEMÔNIO

1. Um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles. (Jó 1, 6)

2. Mas Satanás respondeu ao Senhor: É a troco de nada que Jó teme a Deus? (Jó 1, 9)

3. Pois bem!, respondeu o Senhor. Tudo o que ele tem está em teu poder; mas não estendas a tua mão contra a sua pessoa. E Satanás saiu da presença do Senhor. (Jó 1, 12)

4. Ora, um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, Satanás apareceu também no meio deles na presença do Senhor. (Jó 2, 1)

5. O Senhor disse-lhe: De onde vens tu? Andei dando volta pelo mundo, respondeu Satanás, e passeando por ele. (Jó 1,7;  2, 2)

6. Pele por pele!, respondeu Satanás. O homem dá tudo o que tem para salvar a própria vida. (Jó 2, 4)

7. O Senhor disse a Satanás: Pois bem, ele está em teu poder, poupa-lhe apenas a vida. (Jó 2, 6)

8. Satanás retirou-se da presença do Senhor e feriu Jó com uma lepra maligna, desde a planta dos pés até o alto da cabeça. (Jó 2, 7)

9. Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13São Mateus 4, 10)

10. Se Satanás expele Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, pois, subsistirá o seu reino? (São Mateus 12, 26)

11. Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens! (São Mateus 16, 23)

12. Mas, havendo-os convocado, dizia-lhes em parábolas: "Como pode Satanás expulsar a Satanás? (São Marcos 3, 23)

13. E se Satanás se levanta contra si mesmo, está dividido e não poderá continuar, mas desaparecerá. (São Marcos 3, 26)

14. Alguns se encontram à beira do caminho, onde ela é semeada; apenas a ouvem, vem Satanás tirar a palavra neles semeada. (São Marcos 4, 15)

15. Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens. (São Marcos 8, 33)

16. Jesus disse-lhes: Vi Satanás cair do céu como um raio. (São Lucas 10, 18)

17. Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul. (São Lucas 11, 18)

18. Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado? (São Lucas 13, 16)

19. Entretanto, Satanás entrou em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, um dos Doze. (São Lucas 22, 3)

20. Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo (São Lucas 22, 31)

21. Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe, então: O que queres fazer, faze-o depressa. (São João 13, 27)

22. Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? (Atos dos Apóstolos 5, 3)

23. para abrir-lhes os olhos, a fim de que se convertam das trevas à luz e do poder de Satanás a Deus, para que, pela fé em mim, recebam perdão dos pecados e herança entre os que foram santificados. (Atos dos Apóstolos 26, 18)

24.  O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco! (Romanos 16, 20)

25. seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação do seu corpo, a fim de que a sua alma seja salva no dia do Senhor Jesus. (I Coríntios 5, 5)

26. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência. (I Coríntios 7, 5)

27. Não quero que sejamos vencidos por Satanás, pois não ignoramos as suas maquinações. (II Coríntios 2, 11)

28. o que não é de espantar. Pois, se o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz, (II Coríntios 11, 14)

29. Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. (II Coríntios 12, 7)

30. Pelo que fizemos o possível por ir visitar-vos, ao menos eu, Paulo, em diversas ocasiões. Mas Satanás nos impediu. (I Tessalonicenses 2, 18)

31. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. (II Tessalonicenses 2, 9)

32. É o caso de Himeneu e Alexandre, que entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar. (I Timóteo 1, 20)

33. Algumas já se perverteram, para irem após Satanás. (I Timóteo 5, 15)

34. Eu conheço a tua angústia e a tua pobreza - ainda que sejas rico - e também as difamações daqueles que se dizem judeus e não o são; são apenas uma sinagoga de Satanás. (Apocalipse 2, 9)

35. Sei onde habitas: aí se acha o trono de Satanás. Mas tu te apegas firmemente ao meu nome e não renegaste a minha fé, mesmo naqueles dias em que minha fiel testemunha Antipas foi morto entre vós, onde Satanás habita. (Apocalipse 2, 13)

36.  A vós, porém, e aos demais de Tiatira que não seguis esta doutrina e não conheceis (como dizem) as profundezas de Satanás, não imporei outro fardo. (Apocalipse 2, 24)

37. Eu te entrego adeptos da sinagoga de Satanás, desses que se dizem judeus, e não o são, mas mentem. Eis que os farei vir prostrar-se aos teus pés e reconhecerão que eu te amo. (Apocalipse 3, 9)

38. Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos. (Apocalipse 12, 9)

39. Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. (Apocalipse 20, 2)

40. Depois de se completarem mil anos, Satanás será solto da prisão. (Apocalipse 20, 7)

41. Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno. (São Mateus 5, 37)

42.  quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho. (São Mateus 13, 19)

43. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. (São Mateus 13, 38)

44. Mas o espírito maligno replicou-lhes: Conheço Jesus e sei quem é Paulo. Mas vós, quem sois? (Atos dos Apóstolos 19, 15)

45. Nisto o homem possuído do espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois deles e subjugou-os de tal maneira, que tiveram que fugir daquela casa feridos e com as roupas estraçalhadas. (Atos dos Apóstolos 19, 16)

46. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (Efésios 6, 16)

47. Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno. (I São João 2, 13)

48. Crianças, eu vos escrevo, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o Maligno. (I São João 2, 14)

49. Não façamos como Caim, que era do Maligno e matou seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más, e as do seu irmão, justas. (I São João 3, 12)

50. Sabemos que aquele que nasceu de Deus não peca; mas o que é gerado de Deus se acautela, e o Maligno não o toca. (I São João 5, 18)

51. Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno. (I São João 5, 19)

52. Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. (São João 12, 31)

53. Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em mim. (São João 14, 30)

54. ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado. (São João 16, 11)

55. Ela tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava. (Tobias 3, 8)

56. Tobias replicou: Ouvi dizer que ela já teve sete maridos, e que todos morreram. Diz-se mesmo que foi um demônio que os matou, (Tobias 6, 14)

57. O anjo respondeu-lhe: Ouve-me, e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder: (Tobias 6, 16)

58. são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento, e se entregam à sua paixão como o cavalo e o burro, que não têm entendimento: sobre estes o demônio tem poder. (Tobias 6, 17)

59. Na primeira noite, queimarás o fígado do peixe, e será posto em fuga o demônio. (Tobias 6, 19)

60. Nesse momento, o anjo Rafael tomou o demônio e prendeu-o no deserto do Alto Egito. (Tobias 8, 3)

61. Ele levou-me e trouxe-me em boa saúde; foi receber o dinheiro de Gabael; fez-me ter uma mulher e afugentou dela o demônio; encheu de alegria os seus pais; livrou-me de ser devorado pelo peixe, e fez-te rever a luz do céu; enfim, ele cumulou-nos de toda a sorte de benefícios. Que presente poderia igualar a tudo isso? (Tobias 12, 3)

62. Agora o Senhor enviou-me para curar-te e livrar do demônio Sara, mulher de teu filho. (Tobias 12, 14)

63. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão. (Sabedoria 2, 24)

64. Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio. (São Mateus 4, 1)

65. O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: (São Mateus 4, 5)

66. O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: (São Mateus 4, 8)

67. Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo. (São Mateus 4, 11)

68. Logo que se foram, apresentaram-lhe um mudo, possuído do demônio. (São Mateus 9, 32)

69. O demônio foi expulso, o mudo falou e a multidão exclamava com admiração: Jamais se viu algo semelhante em Israel. (São Mateus 9, 33)

70. João veio; ele não bebia e não comia, e disseram: Ele está possesso de um demônio. (São Mateus 11, 18)

71. O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. (São Mateus 13, 39)

72. E eis que uma cananeia, originária daquela terra, gritava: Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio. (São Mateus 15, 22)

73. Jesus ameaçou o demônio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora. (São Mateus 17, 18)

74. Então os discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsar este demônio? (São Mateus 17, 19)

75. Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum. (São Mateus 17, 20)

76. Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. (São Mateus 25, 41)

77. Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o serviam. (São Marcos 1, 13)

78. À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio. (São Marcos 1, 32)

79. (Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. (São Marcos 7, 26)

80. Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha. (São Marcos 7, 29)

81. Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído. (São Marcos 7, 30)

82. onde foi tentado pelo demônio durante quarenta dias. Durante este tempo ele nada comeu e, terminados estes dias, teve fome. (São Lucas 4, 2)

83. Disse-lhe então o demônio: Se és o Filho de Deus, ordena a esta pedra que se torne pão. (São Lucas 4, 3)

84. O demônio levou-o em seguida a um alto monte e mostrou-lhe num só momento todos os reinos da terra, (São Lucas 4, 5)

85. O demônio levou-o ainda a Jerusalém, ao ponto mais alto do templo, e disse-lhe: Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; (São Lucas 4, 9)

86. Depois de tê-lo assim tentado de todos os modos, o demônio apartou-se dele até outra ocasião. (São Lucas 4, 13)

87. Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: (São Lucas 4, 33)

88. Mas Jesus replicou severamente: Cala-te e sai deste homem. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. (São Lucas 4, 35)

89. Pois veio João Batista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possuído do demônio. (São Lucas 7, 33)

90. Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem; mas depois vem o demônio e lhes tira a palavra do coração, para que não creiam nem se salvem. (São Lucas 8, 12)

91. Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois há muito tempo que se apoderara dele, e guardavam-no preso em cadeias e com grilhões nos pés, mas ele rompia as cadeias e era impelido pelo demônio para os desertos. (São Lucas 8, 29)

92. E quando ele ia chegando, o demônio lançou-o por terra e agitou-o violentamente. Mas Jesus intimou o espírito imundo, curou o menino e o restituiu a seu pai. (São Lucas 9, 42)

93. Jesus expelia um demônio que era mudo. Tendo o demônio saído, o mudo pôs-se a falar e a multidão ficou admirada. (São Lucas 11, 14)

94. Jesus acrescentou: Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio!... (São João 6, 70)

95. Por que procurais tirar-me a vida? Respondeu o povo: Tens um demônio! Quem procura tirar-te a vida? (São João 7, 20)

96. Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. (São João 8, 44)

97. Responderam então os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que estás possesso de um demônio? (São João 8, 48)

98. Respondeu-lhes Jesus: Eu não estou possesso de demônio, mas honro a meu Pai. Vós, porém, me ultrajais! (São João 8, 49)

99. Disseram-lhe os judeus: Agora vemos que és possuído de um demônio. Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua palavra, jamais provará a morte... (São João 8, 52)

100. Muitos deles diziam: Ele está possuído do demônio. Ele delira. Por que o escutais vós? (São João 10, 20)

101. Outros diziam: Estas palavras não são de quem está endemoninhado. Acaso pode o demônio abrir os olhos a um cego? (São João 10, 21)

102. Durante a ceia, - quando o demônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo -, (São João 13, 2)

103. Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele. (Atos dos Apóstolos 10, 38)

104. Filho do demônio, cheio de todo engano e de toda astúcia, inimigo de toda justiça, não cessas de perverter os caminhos retos do Senhor! (Atos dos Apóstolos 13, 10)

105. Não deis lugar ao demônio. (Efésios 4, 27)

106. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. (Efésios 6, 11)

107. Não pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o demônio. (I Timóteo 3, 6)

108. Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do demônio e em muitos desejos insensatos e nocivos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição. (I Timóteo 6, 9)

109. e voltem a si, uma vez livres dos laços do demônio, que os mantém cativos e submetidos aos seus caprichos. (II Timóteo 2, 26)

110. Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, também ele participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio, (Hebreus 2, 14)

111. Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós. (São Tiago 4, 7)

112. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. (I São Pedro 5, 8)

113. Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio. (I São João 3, 8)

114. É nisto que se conhece quais são os filhos de Deus e quais os do demônio: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, como também aquele que não ama o seu irmão. (I São João 3, 10)

115. Ora, quando o arcanjo Miguel discutia com o demônio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor te repreenda! (São Judas 1, 9)

116. Nada temas ante o que hás de sofrer. Por estes dias o demônio vai lançar alguns de vós na prisão, para pôr-vos à prova. Tereis tribulações durante dez dias. Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida. (Apocalipse 2, 10)

117. Mas o restante dos homens, que não foram mortos por esses três flagelos, não se arrependeu das obras de suas mãos. Não cessaram de adorar o demônio e os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que não podem ver, nem ouvir, nem andar. (Apocalipse 9, 20)

118. Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos. (Apocalipse 12, 9)

119. Por isso alegrai-vos, ó céus, e todos que aí habitais. Mas, ó terra e mar, cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta. (Apocalipse 12, 12)

120. O Demônio, sedutor delas, foi lançado num lago de fogo e de enxofre, onde já estavam a Fera e o falso profeta, e onde serão atormentados, dia e noite, pelos séculos dos séculos. (Apocalipse 20, 10).

segunda-feira, 27 de junho de 2016

FOTO DA SEMANA

'Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações' (Ez 36, 25)


domingo, 26 de junho de 2016

26 DE JUNHO - SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ


São Josemaria Escrivá de Balaguer nasceu em 09 de janeiro de 1902 em Barbastro, Espanha. Em 02 de outubro de 1928, durante um retiro espiritual em Madrid, concebeu e fundou o OPUS DEI, atualmente prelazia pessoal da Igreja Católica. A missão específica do Opus Dei é promover, entre homens e mulheres de todo o âmbito da sociedade, um compromisso pessoal de seguir a Cristo, de amor a Deus e ao próximo e de procura da santidade na vida cotidiana. Faleceu em Roma em 26 de junho de 1975. Foi beatificado em 17 de maio de 1992 e canonizado, pelo Papa João Paulo II na Praça de São Pedro, em 06 de outubro de 2002. Sua obra mais conhecida é Caminho, escrita como orientações espirituais em diferentes parágrafos. Outras obras do autor são ForjaSulco e É Cristo que Passa.

A CRUZ NÃO É UM CONSOLO FÁCIL

'A doutrina cristã sobre a dor não é um programa de fáceis consolações. Começa logo por ser uma doutrina de aceitação do sofrimento, inseparável de toda a vida humana. Não vos posso esconder - e com alegria pois sempre preguei e procurei viver a verdade de que, onde está a Cruz, está Cristo, o Amor - que a dor apareceu muitas vezes na minha vida; e mais de uma vez tive vontade de chorar. Noutras ocasiões, senti crescer em mim o desgosto pela injustiça e pelo mal. E soube o que era a mágoa de ver que nada podia fazer, que, apesar dos meus desejos e dos meus esforços, não conseguia melhorar aquelas situações iníquas.

Quando vos falo de dor, não vos falo apenas de teorias. Nem me limito a recolher uma experiência de outros, quando vos confirmo que, se sentis, diante da realidade do sofrimento, que a vossa alma vacila algumas vezes, o remédio que tendes é olhar para Cristo. A cena do Calvário proclama a todos que as aflições hão-de ser santificadas, se vivermos unidos à Cruz.

Porque as nossas tribulações, cristãmente vividas, se convertem em reparação, em desagravo, em participação no destino e na vida de Jesus, que voluntariamente experimentou, por amor aos homens, toda a espécie de dores, todo o gênero de tormentos. Nasceu, viveu e morreu pobre; foi atacado, insultado, difamado, caluniado e condenado injustamente; conheceu a traição e o abandono dos discípulos; experimentou a solidão e as amarguras do suplício e da morte. Ainda agora, Cristo continua a sofrer nos seus membros, na Humanidade inteira que povoa a Terra e da qual Ele é Cabeça, Primogênito e Redentor'.
                                                                                                                         (É Cristo que Passa)

DOS CUIDADOS COM OS MORTOS (IV)

SANTO AGOSTINHO

PARTE III

CAPÍTULO X

Também nos são relatadas várias aparições, que não podemos negligenciar de abordar na presente dissertação. Fala-se que certos falecidos manifestaram-se a pessoas vivas durante o sono ou através de outro modo. E a essas pessoas, que ignoravam o lugar onde jazia os cadáveres insepultos, os mortos indicavam os lugares e pediam para que lhes providenciasse a sepultura da qual foram privados.

Dizer que tais visões são falsas parece-nos afrontar e contradizer testemunhos escritos de alguns autores cristãos, bem como a íntima convicção que têm as pessoas que testemunharam tais fatos. Eis, portanto, a resposta mais sensata: não é necessário pensar que os falecidos agem na realidade, quando parecem dizer, indicar ou pedir em sonho aquilo que nos é relatado, pois muitas vezes as pessoas vivas também aparecem em sonhos, sem disso terem consciência. E será dessas mesmas pessoas a quem apareceram nos sonhos que saberemos terem dito ou feito tal ou tal coisa durante a visão... 

Portanto, alguém pode me ver, durante o sonho, anunciando certo acontecimento passado ou predizendo um fato futuro, sendo que eu mesmo ignore totalmente a coisa, sem poder questionar o próprio sonho que o outro teve, ou se ele estava acordado enquanto eu dormia, ou se ele dormia enquanto eu estava acordado, ou se nós dois estávamos dormindo ou acordados ao mesmo tempo ao ter ele o sonho em que me via.

Logo, o que há de estranho nos vivos verem os mortos em sonhos, que nada sabem ou sentem, dizendo certas coisas que, ao acordarem, percebem que são verdadeiras? Eu estou mais inclinado a crer na mediação dos anjos, que receberiam do alto a permissão ou a ordem de se manifestarem em sonhos para indicar os corpos a serem enterrados, sendo que aqueles que viveram nesses corpos tudo ignoram a esse respeito. Essas aparições podem ter sua utilidade, seja para o consolo dos vivos - que vêem a imagem dos seus falecidos queridos - seja para recordar aos homens o dever de humanidade que é o sepultamento dos falecidos. Isso não traz auxílio para os mortos, mas a sua negligência poderia ser classificada de impiedade culposa.

Algumas vezes ocorrem visões que levam a cometer erros grosseiros aqueles que as tiveram. Imaginemos alguém que teve o mesmo sonho que Eneas [da Eneida, de Virgílio]. O poeta afirma ter visto no inferno, em visão poética e falaciosa, a imagem de um morto que não fora sepultado e põe a mensagem na boca de Palinuro; e quando Eneas acorda, procura e encontra o corpo do defunto no exato lugar em que jazia, como soubera pelo aviso que teve no sonho, e o sepulta conforme o pedido que recebera no mesmo sonho. Como a realidade era igual à que teve no sonho, passou a crer que é necessário sempre enterrar os mortos para que seja permitido às almas atingirem a sua última morada. Sonhou, assim, que as leis do inferno nos impedem de entrar na morada eterna enquanto os nossos corpos não recebem uma sepultura. Ora, se algum homem adotar tal crença, não estará ele se afastando demais do caminho da Verdade?

CAPÍTULO XI

O homem é tão fraco que crê que viu a alma de alguém caso este morto lhe apareça em sonho. Mas se sonha com uma pessoa viva, fica-se demonstrado que não viu nem o corpo nem a alma dela, mas somente a sua imagem, como se os mortos não pudessem aparecer do mesmo modo que os vivos, sob a forma de imagens semelhantes.

Eis a narração de um fato que ouvi em Milão: certo credor reclamava o pagamento de uma dívida e exibia a cautela assinada por um senhor recém-falecido ao seu filho, que ignorava que o pai havia efetuado o pagamento do empréstimo [antes de falecer]. O jovem, muito aborrecido, estranhava o fato de seu pai não ter-lhe falado nada sobre a existência dessa dívida, embora o testamento tenha sido feito. Em sua extrema angústia, eis que vê o seu pai aparecer-lhe em sonho indicando o lugar onde se encontrava o recibo que anulava a cautela; ao encontrar o recibo, mostrou-o ao credor e anulou a reclamação mentirosa, recuperando o documento assinado que não fora devolvido a seu pai quando do pagamento da dívida. Eis aí um fato em que se supõe que a alma do defunto tenha se preocupado com o seu filho, vindo a seu encontro enquanto dormia, para avisar-lhe o que este ignorava, livrando-o de uma séria preocupação.

Praticamente na mesma época em que me contaram esse fato, enquanto eu ainda residia em Milão, aconteceu a Eulógio, ótimo professor de Cartago e meu discípulo nessa arte, como ele mesmo me recordou, o seguinte acontecimento (que ele próprio me narrou quando retornei à África): ele estava fazendo um curso sobre as obras de Cícero e preparava uma lição sobre certa passagem obscura que não conseguia compreender. Tal preocupação não o deixava dormir, mas eis que, de repente, eu lhe apareço durante o sono e explico-lhe as frases que lhe eram incompreensíveis. Ora, certamente não era eu, mas a minha imagem - sem eu o saber! Eu estava bem longe, do outro lado do mar, ocupado com um outro trabalho ou talvez dormindo, sem sentir qualquer tipo de preocupação com as dificuldades dele. Como, então, se produziram tais fenômenos? Não sei. Mas seja como for, por que razão devemos acreditar que os mortos nos aparecem em sonhos, na mesma forma de imagem, como acontece com os vivos? Uns e outros ignoram completamente serem objeto de aparições e também não se preocupam em saber para quem, onde e quando aconteceram.

CAPÍTULO XII

Algumas visões, ocorridas durante o estado de vigília, são semelhantes aos sonhos. Acontecem a pessoas que estão com os sentimentos conturbados, como os frenéticos e os loucos de todo gênero. Conversam consigo mesmos, como se falassem com outras pessoas presentes ou ausentes, vivas ou falecidas, cujas imagens aparecem-lhes à frente dos olhos. Mas os vivos não sabem que essas pessoas imaginam estar conversando com eles, já que de fato não se encontram lá, nem falam nada. Essas visões imaginárias surgem da perturbação dos sentidos. Do mesmo modo, aqueles que já deixaram esta vida aparecem a pessoas que têm o cérebro perturbado, como se estivessem presentes, sendo que, de fato, não estão lá, mas bem longe, e nem supõem que alguém tenha percebido as suas imagens em uma visão imaginária.

Abordemos um outro fato semelhante: existem pessoas que ficam sem o domínio dos sentidos ainda mais do que ao dormir. Absorvidas que ficam em suas visões imaginárias, julgam ver vivos e mortos. Ao retornar ao uso da razão, declaram os nomes dos falecidos que viram, e as pessoas que os escutam acreditam que realmente tal fato se verificou. Os ouvintes, contudo, não percebem que nessas mesmas visões apareceram pessoas vivas que não estiveram lá de verdade e que sequer souberam do ocorrido.

Isso aconteceu com um homem chamado Curma, habitante de Tullium, município próximo a Hipona, que era membro do Conselho Municipal, pequeno magistrado da aldeia e simples camponês. Caindo doente, entrou em profundo estado de letargia e ficou como que morto durante vários dias; como exalava pouquíssimo ar pelas narinas, indicando um grau mínimo de vida, não foi sepultado; mas não mexia nenhum membro e seus olhos e outros sentidos permaneciam insensíveis a qualquer tipo de estímulo. Mesmo assim, tinha visões como aqueles que dormem e as contou alguns dias depois, quando se libertou do sono. 

Assim disse quando abriu os olhos: 'Vão imediatamente à casa do Curma ferreiro e vejam o que está acontecendo por lá'. Ao chegarem lá, ficaram sabendo que esse Curma havia falecido no exato momento em que o primeiro saía do estado letárgico e retornava à vida com sentidos. Interessados pelo ocorrido, os assistentes interrogaram-no e ele lhes disse que o Curma ferreiro havia recebido ordem de comparecer perante Deus no mesmo momento em que ele havia sido reenviado para este mundo. Lá, no outro mundo que voltara, ficara sabendo que não era o Curma da Cúria Municipal que deveria se apresentar à mansão dos mortos, mas o Curma ferreiro. Nas visões que teve durante os sonhos, o Curma da Cúria Municipal reconheceu entre os mortos alguns vivos que conhecera aqui, sendo tratados de acordo com os méritos que cada um teve durante a vida.

Eu talvez acreditaria nessa história se todas as pessoas que viu fossem realmente falecidas, isto é, se o doente não tivesse visto em seus sonhos outras pessoas que ainda vivem, como, por exemplo, clérigos da sua região e, entre outros, um padre que lhe disse para se batizar em Hipona, a quem ele respondeu: 'Eu já fui batizado'. Portanto, em sua visão, ele percebera também padres, clérigos e eu mesmo, ou seja, seres vivos. E entre estes, vira outros mortos.

Portanto, por que não havemos de crer que ele viu esses mortos da mesma forma como viu a nós, isto é, viu uns e outros sem que ninguém soubesse disso e estando todos eles distantes? Pois tivera para si uma representação imaginária de pessoas e lugares; ele viu a propriedade onde aquele padre morava com seus clérigos, viu Hipona onde eu o tinha batizado - como alegara. Mas, de fato, ele não estivera nesses lugares onde tinha a ilusão de ter estado; ele ignorava o que aí se fazia no momento da visão. Se ele realmente tivesse estado ali, certamente saberia o que ali se fazia. Portanto, foi uma espécie de visão em que os objetos não se apresentam como são na realidade, mas sob a sombra de suas imagens.

Finalmente, esse homem ainda contou que, na última das suas visões, ele fora levado ao Paraíso e lá lhe disseram, antes de o devolverem aos seus: 'Ide e faze-te batizar se quiserdes um dia estar nesta morada de bem-aventurados'. Avisado de receber o batismo de minhas mãos, ele respondeu que já o recebera, mas a voz que lhe falava insistiu: 'Ide e faze-te batizar realmente porque o teu batismo é imaginário'. Assim, após sua cura, ele veio a Hipona próximo do tempo da Páscoa; e fez-se inscrever na lista dos aspirantes [ao batismo], sendo desconhecido de mim e de muitos outros. Não confiou suas visões a mim ou a outros padres. Recebeu o batismo e, terminados os dias santos, retornou para a sua casa. 

Fiquei sabendo da história dois anos depois - ou até mais - por um amigo comum que foi fazer uma refeição em minha casa, quando falávamos sobre esse tipo de assunto. Mais tarde, consegui, depois de muita insistência, que me contasse a história, na presença de seus concidadãos, gente honrada, que se apresentaram como testemunhas da realidade dos fatos: a sua estranha doença, seus longos dias de morte aparente, o caso do outro Curma, ferreiro - conforme narrado acima - enfim, todos os pormenores que se lembrava. E todos testemunharam já terem ouvido essa narração de sua boca, à medida que ele a divulgava. Conclui-se, assim, que ele vira seu batismo, a mim, Hipona, a basílica e o batistério não na realidade, mas na imagem, da mesma forma como vira outras pessoas vivas, sem que elas tenham percebido isto. Logo, por que não admitir que ele viu os mortos sem que estes tenham percebido?

('De Cura pro Mortuis Gerenda' - O Cuidado Devido aos Mortos, de Santo Agostinho - Parte IV)