terça-feira, 12 de agosto de 2014

ORAÇÃO DA SABEDORIA


'O princípio da sabedoria é o sincero desejo de ser instruído por ela, e desejar instruir-se é já amá-la. Mas amá-la é obedecer às suas leis, e obedecer às suas leis é garantia de incorruptibilidade. E a incorruptibilidade aproxima-nos de Deus'

(Livro da Sabedoria 6, 17-19)

Concede-me, Deus misericordioso, que eu deseje com ardor o que Tu aprovas, que o procure com prudência, que o reconheça em verdade, que o cumpra na perfeição, para louvor e glória do Teu nome.

Põe ordem na minha vida, ó meu Deus, e permita-me conhecer o que Tu queres que eu faça, e que eu o cumpra como é necessário e útil para a minha alma. Que eu chegue a Ti, Senhor, por um caminho seguro e reto; caminho que não se desvie nem na prosperidade nem na adversidade, de tal forma que Te dê graças nas horas prósperas e, nas adversas, conserve a paciência, não me deixando exaltar pelas primeiras nem me abater pelas últimas. Que nada me alegre ou entristeça, exceto o que me conduza a Ti ou de Ti me separe. Que eu não deseje agradar nem receie desagradar senão a Ti. Tudo o que passa se torne desprezível a meus olhos por Tua causa, Senhor, e tudo o que Te diz respeito me seja caro, mas Tu, meu Deus, mais do que o resto. Que eu nada deseje fora de Ti. [...]

Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que Te conheça, uma vontade que Te busque, uma sabedoria que Te encontre, uma vida que Te agrade, uma perseverança que Te espere com confiança e uma confiança que te possua enfim. Concede-me ser atormentado com as Tuas dores pela penitência, recorrer no caminho aos Teus benefícios pela graça, gozar das Tuas alegrias sobretudo na pátria pela glória. Tu que vives e reinas pelos séculos dos séculos. Amém.

(São Tomás de Aquino)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

FOTO DA SEMANA


QUANDO O INFERNO É AQUI...

Numa vasta região fronteiriça entre o Iraque e a Síria, terroristas islâmicos pretendem criar um califado, sob as rédeas do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). O vídeo, gravado pelos próprios terroristas, mostra centenas de homens sendo transportados para áreas de execução sumária, seja enfileirados em cova rasa na borda de um deserto, seja na beira de um rio caudaloso, enquanto se louva o trabalho de purificação em curso, com a morte dos 'infieis' (principalmente os pertencentes à chamada minoria yazidi). Cenas dantescas, terríveis, totalmente desaconselhadas para pessoas sensíveis. Cenas que explicitam até que ponto pode chegar a ação diabólica parida em cérebros dementes, quando o inferno é aqui... 


(VÍDEO REMOVIDO DO YOUTUBE)

domingo, 10 de agosto de 2014

'VEM!' (JESUS ANDANDO SOBRE AS ÁGUAS)

Páginas do Evangelho - Décimo Nono Domingo do Tempo Comum


Jesus, antes de despedir a multidão às margens do mar de Tiberíades, ordena aos apóstolos que entrem na barca e façam sozinhos a travessia para a outra margem. Aquele que, momentos antes, fizera a multiplicação dos pães e dos peixes, não se comprazia com o ardor da turba admirada pelo extraordinário milagre, mas refém de um messianismo enganoso e deturpado. Esse mesmo brilho enganoso poderia ter perpassado nos olhos de alguns de seus discípulos. Jesus, ciente destes desvios e interpretações ruinosas, liberta-se dos homens e se isola em oração fervorosíssima em lugar isolado, muito provavelmente para pedir e suplicar ao Pai o pleno cumprimento de sua missão salvífica e redentora, muito além das comoções humanas.

Então, já noite alta, os apóstolos sentiram medo e aflição, sozinhos na barca que se agitava perigosamente nas águas revoltas pelos ventos impetuosos. E o medo se transformou em terror quando julgaram ver um fantasma andando sobre as águas, em direção à barca. Jesus se revelou, então, a eles: 'Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!' (Mt 14, 27). Mas a incerteza e a desconfiança ainda imperavam naquela barca à mercê dos ventos, expressas pelo grito de Pedro: 'Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água' (Mt 14, 28). Ao que Jesus respondeu: 'Vem!' (Mt 14, 28).

'Vem!' Eis o chamado de Jesus a Pedro, aos seus discípulos, a cada um de nós. Ir ao encontro de Jesus, e em Jesus colocar toda a nossa confiança e certeza, é o caminho da plenitude da graça. Ir ao encontro de Jesus, quaisquer que sejam os obstáculos, as provações e as tempestades do mundo, mesmo que pareça que estamos despojados de tudo e de todos, ainda que se tenha de andar sobre as águas de um mar tenebroso. Basta-nos a fé. A fé que faltou, então, a Pedro, quando distanciou o seu olhar do Senhor e se fixou nas marolas do mundo, afundando-se no mar. Mas 'Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14, 3'). E subiram ambos ao barco. 

A frágil embarcação no meio do nada e em completa escuridão é agora o templo de Deus: 'Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!' (Mt 14, 33). Jesus está junto aos seus discípulos, e lhes dá a sua paz. Paz que faz serenar os ventos e as águas, paz que afasta os temores e aflições, paz que inunda os corações da graça divina. Paz que nos foi legada também como desígnio de salvação; tesouro que se encontra quando, na inquietude dos conflitos e incertezas do mundo, somos passageiros da grande Barca (Santa Igreja) que ruma confiante ao encontro do Senhor que Vem. 

sábado, 9 de agosto de 2014

SANTOS E MÁRTIRES (II)

Santa Teresa Benedita da Cruz

Santa Teresa Benedita da Cruz (12/10/1891 - 09/08/1942)

Edith Stein tinha a firme determinação de estudar Filosofia, na deliberada decisão que se impusera de buscar o caminho da Verdade. Nascida em 12/10/1891 em Breslau, na Alemanha, era a caçula de uma numerosa família de judeus. Cursar a universidade e declarar-se ateia eram, na sua juventude, os pressupostos no caminho da verdade. Durante a Primeira Guerra Mundial, tornou-se enfermeira voluntária e recebeu a medalha de honra da Cruz Vermelha. Voltando aos estudos em Friburgo, doutorou-se em Filosofia.


(Edith Stein: enfermeira e doutora em filosofia)

A Providência Divina tinha, entretanto, outros planos para esta jovem judia. E a conversão veio por meio de diferentes acontecimentos triviais, mas associados, que culminaram com a leitura da obra 'A Vida de Santa Teresa de Ávila', como ela mesmo relataria mais tarde: "Comecei a ler e fiquei tão arrebatada que não consegui parar até terminá-lo. Quando o fechei, disse comigo mesma: ‘Esta é a Verdade!'". Foi batizada no dia 1º de janeiro de 1922 e, em abril de 1934, recebeu o hábito carmelitano, com o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz. Morria a filósofa, a doutora, a poliglota em seis idiomas, a professora renomada dos institutos de Spira e de Münster. Junto com a sua irmã Rosa, Teresa encontrara a Verdade e passará agora a trilhar o caminho da santidade.

Aos 43 anos, tem início o seu noviciado tardio, que vai se transformar num caminho de absoluta entrega aos planos de Deus, de profunda pobreza, obediência e humildade à vida do Carmelo, vida de anonimato completo e de completo abandono aos seus títulos e ao domínio das ciências humanas. Não tem mais resquício algum de suas referências acadêmicas, é a serva de todos. Mas o preço a pagar seria alto.

Irmã Teresa Benedita da Cruz

No final da década de 30, explodiu a doutrina do nacional-socialismo de Hitler e tem início a perseguição aos judeus. Diante a situação, Teresa e sua irmã foram transferidas de Colônia para o convento de Echt, na Holanda. Quando, em julho de 1942, os bispos holandeses se manifestaram formalmente contra os nazistas, a reação alemã foi contundente e a perseguição aos judeus tornou-se extremada. Em 2 de agosto, a polícia nazista invadiu o convento e prendeu as duas irmãs que foram, então, deportadas para o campo de concentração de Westerbork, no norte da Holanda, juntamente com outros 242 judeus católicos. Em 7 de agosto, com centenas de outros judeus, foram levadas de trem ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Logo ao chegar, em 9 de agosto de 1942, foram executadas na câmara de gás; seus corpos foram cremados em seguida e suas cinzas espalhadas pelos campos próximos.

No mês de maio de 1987, foi beatificada por João Paulo II em Colônia e, em outubro de 1998, foi canonizada pelo mesmo papa. No ano seguinte, foi proclamada co-padroeira da Europa, junto com Santa Brígida e Santa Catarina de Sena. Ela é venerada sob o nome de Santa Teresa Benedita da Cruz ou apenas Teresa da Cruz.  

(brasão originalmente publicado em www.arautos.org)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

DA VIDA ESPIRITUAL (73)



Parece muito pesada a cruz que carregas para seguir a Jesus? Então, jogue fora os teus ressentimentos, tuas críticas, teus julgamentos, tua vaidade, tuas preocupações, teu ego... E verás como é suave a cruz. Não é o peso da cruz que te comprime os ombros, mas é o lastro inútil das vicissitudes humanas que te pesam os pés...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

VERSUS DA MÚSICA SACRA: SANCTUS X SANTO DOS ANJOS

Na liturgia da Santa Missa, logo no início da Oração Eucarística, a assembleia reunida faz a Aclamação, rezando o Sanctus. Este hino de louvor, em união com os coros celestes, é rezado de forma a proclamar o simbolismo do número 3 conforme as Escrituras o fazem por meio da saudação, contida no livro do profeta Isaías (Is 6, 3): 'Santo, Santo, Santo', ao Senhor Deus dos exércitos (da palavra hebraica Sabaoth, mantida inalterada na tradução latina e que faz referência aos 'exércitos celestiais') ou, como traduzido mais livremente, Senhor Deus do universo.

Sanctus

Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo.
O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hosana nas alturas.
Bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas.

Sanctus em Latim

Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaoth.
Pleni sunt coeli et terra gloria tua.
Hosanna in excelsis.
Benedictus qui venit in nomine Domini.
Hosanna in excelsis.



Uma variante livre do Sanctus é comumente cantada nas nossas Missas, na qual a louvação 'Santo, Santo, Santo' é substituída por outra 'O Senhor é Santo, O Senhor é Santo, O Senhor é Santo', cantada duas vezes. Por outro lado, a invocação 'hosana' (outra palavra hebraica que também foi mantida na tradução latina), súplica pela salvação eterna, é tomada neste caso como uma aclamação triunfal (também repetida três vezes).

Sanctus Modificado

O Senhor é Santo, o Senhor é Santo, o Senhor é Santo
O Senhor é nosso Deus, o Senhor é nosso Pai
Que seu reino de amor se estenda sobre a terra.
O Senhor é Santo, o Senhor é Santo, o Senhor é Santo
Bendito o que vem em nome do Senhor
Bendito o que vem em nome do Senhor
Hosana, Hosana, Hosana.

Uma variante muito forçada e que deturpa extremamente o sentido litúrgico da oração original é o chamado 'Santo dos Anjos', seja lá o que isso queira realmente expressar. A oração sintética, harmônica e litúrgica do Sanctus é substituída por uma cantoria insossa, repetitiva e melódica (muitas vezes acompanhadas de palmas e, infelizmente, de outras tantas 'performances' coreográficas absurdas e inusitadas, que constituem graves distorções  à natureza litúrgica do momento). A rima pobre (está/passará) é repetida à exaustão, e o não, não, não... parece aumentar indefinidamente em outras variantes do 'hino'. As três repetições simbólicas das Escrituras tornam-se, então, duas (e depois quatro), simplesmente para atender a concepção melódica do canto. A pobreza rítmica e caricatural da música é desconsiderada em detrimento à interpretação desvairada de que cantar assim reforça e enfatiza a participação dos fieis na celebração da Santa Missa. Não existem argumentos lógicos para contestar desvarios.

Santo dos Anjos

Santo, santo, santo, dizem todos os anjos
Santo, santo, santo, é o Senhor Jesus
Santo, santo, santo, é quem os redime
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de sua glória está
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de sua glória está
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Não, não, não passará
Não, não, não passará
Hosana a Jesus Cristo, filho de Maria
Bendito o que vem em nome do Senhor
Santo, santo, santo, é quem os redime
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de Sua glória está
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de Sua glória está
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Não, não, não passará
Não, não, não passará