domingo, 26 de outubro de 2014

OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS

Páginas do Evangelho - Trigésimo Domingo do Tempo Comum


Eis chegada agora a vez dos fariseus tramarem contra Jesus, após os tentadores de primeira hora, os saduceus, aos quais 'Jesus tinha feito calar' (Mt 22, 34). Cientes das manifestações anteriores das sábias palavras do Senhor e testemunhas de suas respostas demolidoras diante da perfídia e tentativas de manipulação dos saduceus, era preciso adotar desta vez estratégias mais elaboradas e mais ardilosas para induzir Jesus à contradição ou à suspeição da sua observância a algum preceito fundamental da lei judaica.

E, cingidos de todos os cuidados pela astúcia e pela malícia, reuniram-se em grupo, definiram-se pela pergunta mais ardilosa e escolheram 'um deles' (Mt 22, 35) para fazê-la, provavelmente aquele que fosse capaz de apresentar a questão aparentemente de forma mais sincera e espontânea possível: 'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?' (Mt 22, 36). E, diante a insincera indagação do homem fragilizado pelo pecado, a sabedoria divina vai pronunciar que, é no amor a Deus, traduzido em dois grandes mandamentos, que está contida toda a Lei e toda glória humana.

'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento!' (Mt 22, 37). O amor de Deus não contempla divisões, parcelas, frações... impõe-se como a perfeição do todo, na manifestação plena de todos os sentidos e de todos os afetos humanos; não permite partilhas ou ressalvas, é o todo em tudo que fazemos, é tudo em todas as coisas que possuímos. De todo coração, de toda a alma, de todo o entendimento constitui a percepção da plenitude sem concessões de natureza alguma, a síntese de que o amor de Deus só pode ser emanado a partir de todas as forças da vontade humana, de toda a potência da alma entregue e disposta a cumprir, como meta única e definitiva, a Santa Vontade de Deus.

O pleno cumprimento da Vontade de Deus exige o amor incondicional ao próximo: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’ (Mt 22, 38). Amor ao próximo no amor de Deus: a face do irmão refletida no espelho de nossa alma, pois o amor sem medidas tem como princípio a caridade. Nas palavras de Jesus ao Doutor da Lei, afloram os dois grandes mandamentos que constituem a síntese da perfeição do amor que, nascido do coração humano, eleva-se sem máculas e em plenitude até o Coração de Deus.