domingo, 5 de outubro de 2014

A PARÁBOLA DOS VINHATEIROS HOMICIDAS

Páginas do Evangelho - Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum



O Evangelho deste domingo apresenta mais um evento relativo aos enfrentamentos públicos de Jesus com os mestres da lei e os anciãos do Templo, na terça-feira santa, logo após o júbilo messiânico vivido pelo povo de Jerusalém naquele Domingo de Ramos. Nenhum outro apóstolo detalhou, com maior precisão e rigor, estes últimos acontecimentos que antecederam a Paixão e Morte de Nosso Senhor, do que São Mateus.

Àqueles homens duros de coração, letrados nos textos das Sagradas Escrituras e sabedores por excelência que 'a vinha do Senhor é a casa de Israel' (refrão do salmo 79), Jesus vai proclamar a perda e a devastação desta vinha, que será abandonada pelo seu dono e deixada à mercê das sarças e dos espinhos que a tornarão 'inculta e selvagem' (Is 5, 6). E que, mais além, será restaurada e tornada cultura de raro louvor porque 'o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos' (Mt 21, 43). Trata-se de um testemunho explícito de que o juízo de Deus extrapola apenas o plano individual, mas alcança a dimensão de povos e nações e, portanto, de toda a humanidade por gerações.

A vinha do Senhor foi preparada, cercada, cuidada com zelo; depois, arrendada a vinhateiros para que dela cuidassem com o mesmo esmero e dela produzissem muitos frutos bons. Mas eis que estes maus zeladores corromperam a obra de Deus e produziram na vinha apenas frutos de injustiça e de iniquidade. Sabedores dos suas omissões e desvarios, e ensandecidos pela cobiça e pelo orgulho, fazem morrer não apenas os enviados do Senhor (os grandes profetas), mas o próprio filho do Senhor da vinha. Diante de passagens tão explícitas àqueles tempos e àqueles personagens, estes não parecem perceber que resumem a própria condenação nas suas próprias palavras: (o senhor da vinha) 'mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo' (Mt 21, 41).

Nesta parábola Jesus nos interpela, a cada um de nós, a zelar pela vinha que somos, com zelo extremado de salvação eterna, fugindo das ciladas das vaidades e do orgulho humano dos vinhateiros homicidas. Não podemos matar em nós o puro amor cristão, não podemos matar os dons recebidos e as virtudes do coração, não podemos matar a graça santificadora do batismo, não podemos matar em nós a herança do Reino de Deus; mas devemos nos ocupar 'com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor' (Fl 4, 8) porque, nas vinhas do Senhor, somente florescem as videiras que produzem frutos de vida eterna.